VAGAS LEMBRANÇAS PART.1
Olhando em seus olhos azuis, um oceano de mistério e melancolia, fui arrebatado por um sentimento de encantamento e familiaridade. Era como se já tivesse visto aqueles olhos antes, mas em um contexto diferente. Uma faísca de lembrança acendeu dentro de mim, e percebi que a aparência de Izabella era idêntica à da moça que frequentava meus sonhos. No entanto, havia uma sutil diferença, uma aura de maturidade que envolvia sua presença.
A pergunta sobre seu nome permanecia em suspenso no ar, enquanto minha mente tentava assimilar a magnitude dessa revelação. Como poderia ser possível? O encontro de duas realidades tão distintas, um enlace entre sonho e vigília. Minha curiosidade finalmente superou minha perplexidade, e decidi perguntar-lhe seu nome. Com um olhar profundo e penetrante, Izabella respondeu suavemente: "Izabella, e o seu?"
"Ray", respondi, mantendo meus olhos fixos nos dela. Houve um breve momento de silêncio, como se o universo contivesse a respiração, e então sua voz ecoou novamente.
"Neste mundo em que nos encontramos, Ray, não há um caminho para sair. Estamos presos aqui, em uma realidade que transcende a compreensão humana."
Aquelas palavras ecoaram em minha mente, como um sino que tocava a melodia de uma verdade indesejada. Uma sensação de inquietação se apoderou de mim, enquanto eu lutava para absorver essa nova informação. Tantas perguntas surgiram em minha mente. Como chegamos a esse lugar? Por que estávamos aprisionados aqui? E, mais importante, como poderíamos escapar?
Enquanto eu permanecia imerso em meus pensamentos, meu olhar se desviou para o rosto de Izabella. Seu semblante carregava uma expressão de solidão profunda, uma tristeza que parecia ter se tornado uma parte inalienável de sua existência. Era um olhar vazio, desprovido de esperança, e me questionei como alguém poderia continuar vivendo com tamanha desolação. Aqueles olhos eram um espelho da minha própria jornada, um reflexo das profundezas de desespero que eu uma vez experimentava.
Relembrar meu próprio passado de desesperança trouxe à tona as lembranças dolorosas. Recordo-me nitidamente da época em que a vontade de viver me abandonou por completo. Perguntava-me, em meio ao abismo sombrio da minha existência, por que eu ainda estava aqui. Era uma angústia atroz habitar um mundo que eu abominava, até que um encontro inesperado mudou o curso da minha vida.
Haru, esse era o nome daquele que me resgatou da beira do abismo. Sua presença trouxe uma luz tênue para a escuridão que me envolvia. Ele me ensinou a enxergar a beleza oculta nas pequenas coisas, a encontrar esperança mesmo nos momentos mais sombrios. Haru se tornou minha âncora, um farol que me guiou para fora das profundezas da minha própria desolação.
Continua...