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Chapter 5 - C 04 - O demônio Prata se chama Narciso

Dois de Março de 047 - Pós Hecatombe

Narciso encarou os demônios correndo e voando em sua direção fervorosamente, ele cerrou os punhos e se jogou para frente rachando o chão em sua passada.

Sua aura prateada explodiu e dançou junto a seus cabelos ao ar. A intenção de destruir aquela horda era nítida em sua face.

"EU MANDAREI CADA UM DE VOCÊS PARA O SEU QUERIDO INFERNO!"

Sua voz parecia um rugido de uma besta, naquele momento o olhar calmo de Narciso pareceu ter morrido, ele não parecia racional, ao se movimentar, era como um fera que simplesmente desejava defender seus filhotes.

Em algum momento ele começou a voar em direção a horda criando uma onda de choque poderosa, o infeliz do primeiro demônio que se assemelhava a um ser humanoide com asas mal desenvolvidas, teve seu crânio perfurado por um soco e seu bico rachou e cravou em sua face.

Cada soco dele quebrou ossos e amassou a carne, se ele usasse chutes as ondas de ar eram tão poderosas que criavam feridas nas criaturas e até as jogavam ao vento.

Sua força por sí só era colossal, porém o que realmente o beneficiava era as distorções de espaço que ele gerava em volta de seu braço.

Juntando com a velocidade e força, ao atingir o alvo era como uma pinça ou estrela da manhã, as distorções causavam um efeito onda que esmagavam e esticavam os membros dos inimigos.

Apesar de seu estilo de lutar semelhante ao de um monstro, a tática era realmente eficaz e adaptada a lidar com muitos seres de uma vez só. Algo adquirido após passar décadas limpando sozinho invasões de escala menores.

As criaturas antropomórficas tentavam de todos os modos agarrar, cortar, o espetar com suas armas de bronze porém de todos os modos ele parecia inalcançável.

Antes mesmo delas estarem em um alcance ideal, ele se voltava para os demônios e atacava fervorosamente sem piedade, ele dançava em meio a horda, criando caminhos de sangue e carne moída

Então Buer que estava relativamente atrás da horda, fez uma expressão como se fosse gritar, sua face se distorceu e ao mesmo tempo as criaturas ficaram mais fervorosas como abelhas cercando um invasor.

Palavras antigas que soavam como um chiado estranho saíam do fundo de sua garganta, os demônios menores se encheram de tumores e gritavam juntos criando uma estranha ressonância.

O ar em volta do campo de batalha vibrava, e então o andar de Narciso vacilou, feridas se abriram em seu corpo, eram enfermidades trazidas pelas palavras de Buer junto aos ferimentos das armas que cortavam sua pele.

Porém ele não diminuiu seu impeto voraz.

Mesmo quando os pus que saia dos corpos dos demônios caía em sua pele, e o deixava cada vez mais doente, o mesmo não demonstrou fraqueza.

O herói agarrou uma criatura que tentou cravar suas garras semelhantes às de um falcão em seu peito, e apertou o abraçando até poder ouvir o estalo alto dos ossos daquele ser.

Então ele voou para cima deixando para trás um rastro cintilante prateado, e em seguida desceu como uma estrela cadente em direção ao solo.

Os demônios voaram juntos e indo de encontro com Narciso, parecia que uma ponte de formigas se formou se olhasse de longe.

Finalmente houve o impacto, o ar parecia se comportar como uma onda, era possível ver seres sendo arremessados em pedaços de várias direções.

Sua aura não diminuiu o ritmo, parecia uma espada que foi fincada na terra, explodindo fazendo uma cratera que jogou detritos em todas as direções, acertando até mesmo os demônios próximos e os matando na hora.

Porém isso não parou o ímpeto infernal, a maré constante continuou a avançar, e a batalha não parecia ter fim, ele estava em uma batalha contra o tempo, tentando diminuír a distância entre ele e Buer cada vez mais.

Narciso estava visivelmente mais lento, parecendo cansado, chegou um momento que as feras se sobreporam a ele, e os encantos de Buer minaram suas forças.

Isso durou por alguns instantes até que houve uma calmaria, de lá era possível ver os demônios levantar o grande corpo todo ensanguentado e sujo.

Os braços e pernas estavam moles e haviam cortes profundos em seus membros, além das terríveis inflamações em seu corpo.

"Formidável abominação criada para nos combater, imaginar que ele seria tão parecido conosco, ele conseguiu matar milhares sem nem mesmo cansar, porém ainda assim é um mísero humano."

Buer falava casual e baixo, as criaturas ainda ficavam fazendo um som baixo de dor toda vez que ele proferia uma frase.

"Tragam o troféu"

As criaturas levantaram seus membros superiores e fizeram um mar no qual o corpo de Narciso vagou, seu corpo era direcionado pouco a pouco até chegar no Grande Demônio que liderava a horda.

"Ele... O que é você?"

Ele se perguntou olhando para o corpo do homem, que apesar de parecer humano ainda tinha algo oculto. Ele o aparou e o levantou na altura dos olhos usando dois de seus membros e abriu sua boca afiada e cheia de dentes podres.

O fedor descrito poderia ser descrito, como enxofre e carne apodrecendo. Ele levou o corpo pouco a pouco até que chegou um ponto em que seu torso estava completamente em sua garganta, ele então a fechou rapidamente porém tudo que sentiu foi uma dor latente.

Narciso subitamente tinha aberto seus olhos e sua aura explodiu, em sua mão o tridente translúcido foi invocado, e o rapidamente o usou para fazer um corte brutal na arcada superior da criatura demoníaca.

A arma de Narciso era especial e única, se tratava de uma personificação de sua vontade, ele poderia a materializar novamente em sua mão mesmo que ele a tenha jogado a milhas de distância, e toda vez que ele matava uma criatura demoníaca poderosa a sua aparência se tornava mais sólida e vivida, os outros efeitos daquela extensão de Narciso eram até então desconhecidos.

Narciso entre os Heróis, era aquele que possuía a maior versatilidade de habilidades de combate, sem sua arma ele lutava igual uma criatura feroz que ataca de todos os ângulos. Com sua arma ele era um açougueiro implacável com um alcance assustador e brutal, e por causa da característica da arma era impossível prever sua trajetória.

O demônio inclinou seu estranho corpo para trás e deu um terrível grito, ao mesmo tempo os ouvidos de narciso sangraram e seus olhos se injetaram em sangue, e algumas feridas profundas surgiram em seu corpo.

Narciso não tinha medo da morte, porém ele sabia que deveria causar o maior dano possível para impedir aquela horda com capacidades aladas de invadir a cidade flutuante.

Então ele não vacilou e trouxe a suas mãos novamente a peculiar arma, executando outro golpe já do solo em um dos cinco membros. O efeito de laceração foi terrível para o grande Demônio, metade do membro foi cortado como um vegetal de camadas e girou em torno de si mesmo! O mesmo estava sendo usado como um apoio e o ataque o derrubou.

Narciso então saltou no ar e brandiu sua arma contra a criatura tentando usar a força centrífuga para estourar sua face como uma bala de alto calibre faria.

Porém a criatura, mesmo em uma agonizante dor, não hesitou e usou dois de seus membros para acertar ele como uma prensa hidráulica, batendo de duas direções diferentes usando seus cascos.

Narciso então não aguentou e cuspiu sangue, era possível ver alguns ossos tentando perfurar sua pele na altura das costelas, e seus braços estavam com a pele toda queimada por causa do atrito com os cascos.

Antes de cair ele se impulsionou no ar e fugiu, fazendo um arco ascendente no ar, e empunhou sua arma translúcida com um braço e mergulhou novamente.

"NUNCA ISSO IRÁ FUNCIONAR! NÃO SEJA ESTÚPIDO!"

O grande demônio gritou e sua voz parecia um rugido, alguns demônios menores que estavam perto dele, morreram e viraram carne podre logo em seguida.

Narciso ganhava um aspecto doente e magro a cada instante que se aproximava, quando estava a alguns metros dele ele perdeu a consciência e tombou para o lado caindo a alguns metros de Buer com força.

Ao ver a cena, o demônio sorriu porém algo estava estranho, seus membros não respondiam como ele gostaria, ele não conseguia virar os olhos para ver o corpo do homem.

A lâmina de Narciso tinha perfurando exatamente no centro do crânio, feito um corte limpo e vertical, se alojando lá dentro e tornando o cérebro do demônio uma sopa gelatinosa.

Narciso estava de bruços respirando com força, ele sentia que iria morrer, suas pálpebras estavam pesadas e seu corpo estava dormente, a dor latente veio em uma súbita onda, sangue escorria por sua boca e seus longos cabelos estavam ao chão jogados e sujos de seu sangue e dos inimigos.

Seu olhar era triste, porque do chão ele viu algo se destacar das nuvens, estava muito longe porém só existia algo daquele tamanho naquela região.

O Jardim suspenso estava totalmente destruído, ele viu aquilo e sentiu desgosto por si mesmo, ele se sentiu responsável por aquilo e se culpou, ele imaginou quantas vidas foram ceifadas por ele ser fraco.

Então o bastião da humanidade caiu, saindo do seu alcance de visão, porém ele viu um clarão e em seguida ouviu um som quase indescritível, aos ouvidos humanos normais causariam ferimentos extensivos graves, a onda de choque da explosão varreu tudo alguns instantes.

E Narciso enfim fechou os seus olhos.

Ao mesmo tempo Zaya, Marcos, Wang e Iakami chegaram do salto espacial que fizeram. Porém a primeira coisa que viram foi apenas um Martelo de Bronze tão grande quanto a cidade flutuante, a esmagando e desaparecendo em uma luz Branca rápida.

Iakami não pensou direito, ele só conseguia pensar em Vanessa, ele mergulhou e ao mesmo tempo Zaya e Marcos que estavam mais próximos tentaram o impedir, mas já era tarde e rapidamente o mesmo cruzou por edifícios e estruturas retorcidas.

Ele viu o local do palácio dos 17, e dele viu Vanessa com Mary ferida em seus braços subindo em um arco Ascendente.

Ele voou atrás, mas ao olhar para baixo foi momentâneamente cegado por um forte clarão, quase no mesmo instante uma terrível onda de impacto que varreu seu corpo o arremessou para longe.