Em meio a uma densa floresta repleta de vida, uma luta pela sobrevivência se desenrolava. De um lado, uma matilha de quatro lobos vermelhos, seus corpos ágeis e pelagens ardentes se movendo em sincronia letal, liderada por um Lobo Vermelho Gigante, cuja presença dominadora irradiava poder e autoridade.
Do outro lado, um solitário Javali venenoso mantinha-se firme. Sua pele verde acinzentada, coberta por uma camada de musgo e pequenos galhos, o camuflava parcialmente com o ambiente. As presas, enfeitadas com ramos entrelaçados, pareciam prontas para perfurar qualquer adversário que se aproximasse demais.
Ambos os lados se encaravam atentamente, a tensão crescendo a cada segundo. Com um rosnado profundo, o Lobo Vermelho Gigante deu a ordem, e dois lobos vermelhos avançaram, suas garras rasgando o chão e dentes à mostra em um brilho ameaçador. O Javali venenoso, percebendo o ataque iminente, rapidamente assumiu uma postura defensiva, posicionando-se firmemente com suas patas.
Os lobos atacavam com ferocidade, tentando cercar o Javali de ambos os lados. Mas o Javali venenoso, com precisão calculada, desferia poderosos golpes com suas presas, cada golpe ameaçava trazer uma ferrida profunda. Os lobos eram continuamente afastados, obrigados a recuar brevemente antes de tentar outro avanço. Seus ataques eram rápidos e incessantes, mas o Javali se movia com uma força e agilidade que desafiavam sua aparência maciça.
O Lobo Vermelho Gigante, percebendo que a atenção do Javali venenoso estava focada nos dois lobos que ele havia enviado, começou a se aproximar sorrateiramente pelo ponto cego do Javali, acompanhado por mais dois de seus subordinados. Seus passos eram silenciosos, quase imperceptíveis, enquanto se preparava para o ataque final. O Javali venenoso, alheio ao perigo iminente, continuava a afastar os dois lobos à sua frente com avanços vigorosos.
De repente, o Lobo Vermelho Gigante saltou, suas garras estendidas e os dentes afiados prontos para cravar na carne do Javali. O ataque era rápido e impiedoso, não dando tempo para o Javali venenoso reagir. Mas antes que seus dentes pudessem penetrar a pele da criatura, um som feroz rasgou o ar. Das moitas próximas, um novo par de dentes emergiu e cravou no pescoço do lobo gigante.
Surpreso e sem tempo de reagir, o Lobo Vermelho Gigante sentiu a pressão das mandíbulas em seu pescoço aumentar até que, com um estalo terrível, seu pescoço foi quebrado. Seu corpo caiu pesadamente ao chão, enquanto seus olhos se apagavam.
Os dois lobos vermelhos que o acompanhavam ficaram paralisados de incredulidade, testemunhando a morte rápida e inesperada de seu líder. A raiva tomou conta deles, e com um uivo de fúria, eles avançaram contra o agressor.
No entanto, antes que pudessem atingir seu alvo, uma figura humanoide surgiu, bloqueando seu caminho.
— Sério, Luna, eu sei que você sente falta da sua cama, mas se meter de cabeça em uma luta já é demais! — disse a figura, revelando-se como Octávio, com um sorriso meio cansado enquanto observava atentamente os lobos.
um dos lobos recua, mas o outro ainda mantém seu impulso, e salta em direção a o pescoço de Octávio, mas com grande agilidade, ele facilmente se esquiva dando dois passos para o lado. Em um movimento mortal, Octávio desembainha sua espada, e separa a cabeça do lobo de seu corpo antes que ele tocasse o chão.
Porém, ao executar essa manobra, Octávio deixou uma abertura. O lobo que havia recuado anteriormente aproveitou a oportunidade, investindo de surpresa. Suas mandíbulas se fecharam firmemente em torno da perna de Octávio, tentando causar o máximo de dano possível. Ele sacudia a cabeça violentamente, tentando derrubar seu oponente.
Mas Octávio não demonstrou nenhum sinal de dor ou desconforto. Seus olhos tinham uma expressão serena. O motivo disso: os dentes afiados do lobo não conseguiam penetrar a pele de Octávio, pós ela estava sobre o efeito da habilidade Carapaça de Granito, a forma evoluída de sua antiga habilidade Pele de Pedra. A dureza de sua pele agora era como uma rocha impenetrável.
Octávio, aproveitando a distração do lobo, agiu rapidamente. Com precisão, ele estocou sua lâmina no crânio do lobo, finalizando o confronto rapidamente. O corpo do lobo caiu ao chão com um baque surdo, o som abafado pelos guinchos e choramingos dos lobos e do javali que ainda estavam em confronto.
Sentando-se ao lado de Luna, que experimentava a textura do pelo do falecido Lobo Vermelho Gigante, Octávio observa seu braço levemente rígido e murmura — Ainda não estou pronto para empunhá-la plenamente. Parece que terei de intensificar o meu treinamento ainda mais.
Enquanto Octávio se perdia em pensamentos, o confronto entre o javali e os lobos chegou ao fim, com a vitória do javali. Durante o embate, o javali envenenou os lobos com suas presas afiadas. Agora, com seus atacantes derrotados, ele se virou ameaçadoramente para Octávio e Luna. Porém, após trocar um olhar com Luna, o javali recuou, fugindo para dentro da floresta em desespero. Luna, por sua vez, não demonstrou qualquer intenção de persegui-lo; seu interesse estava mais voltado para fazer Octávio criar sua nova cama com o pelo do Lobo Vermelho Gigante.
Choramingando lamentavelmente, Luna tira Octávio de seus pensamentos, levantando o corpo do Lobo Vermelho Gigante para ele. Octávio solta um suspiro cansado, coloca o corpo do grande lobo em seu ombro, amarra os demais com uma corda em sua cintura, e começa a arrastá-los para dentro da floresta.
Após alguns minutos de caminhada, eles chegam a um espaço parcialmente limpo de árvores, onde havia uma pequena cabana de madeira, visivelmente recém-construída. Ao chegar em frente à cabana, Octávio solta a corda que prendia os corpos dos lobos e entra na cabana. Ele retorna logo depois com uma grande tigela de pedra nas mãos, que ele coloca sob um galho robusto de uma árvore. Em seguida, pendura o corpo do Lobo Vermelho Gigante de ponta cabeça no galho, abre um corte no pescoço do lobo, e o sangue remanescente começa a escorrer lentamente para a tigela.
Octávio observa o sangue cair e diz para Luna ao seu lado — Quando o sangue parar de cair, me chame. Vou pendurar os outros e sair um pouco para treinar. — Após dizer isso, ele se afasta, enquanto Luna permanece imóvel no lugar, observando o pelo do Lobo Vermelho Gigante balançar ao vento.
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Algumas horas se passaram desde que Octávio saiu para treinar, e, durante seu treinamento com a espada, Luna apareceu agitada atrás dele, chamando-o insistentemente. Preocupado com a agitação dela, Octávio rapidamente a seguiu até o local onde havia pendurado os lobos anteriormente.
Chegando lá, ele viu o motivo da inquietação de Luna: os lobos vermelhos, que antes estavam mortos, haviam voltado à vida como Lobos-zumbi. Eles se debatiam violentamente, tentando se soltar das cordas que os prendiam, seus olhos brilhando com um brilho macabro, enquanto emitiam rosnados baixos e ameaçadores.
"— Estranho, pelo o que eu sei sobre o surgimento dos mortos-vivos, deveria pelo menos demorar duas semanas para que um cadáver possa se tornar um. Pelo menos foi essa a informação que Priscila me deu," — diz Octávio calmamente, enquanto observa os Lobos-zumbi se debaterem violentamente, tentando se libertar das cordas que os mantinham pendurados. Seus olhos permanecem fixos nos movimentos erráticos das criaturas, ponderando sobre o motivo desse evento anômalo.
"— Bem, a carne já se foi, mas pelo menos ainda sobrou a pele para uso," — diz Octávio, abrindo um largo sorriso para a assustada Luna. Ele se aproxima dos Mortos-vivos pendurados e, com uma perfuração precisa em seus corações, finaliza cada um deles. Enquanto realiza o ato, ele comenta: "—Há várias formas de derrotar um morto-vivo, mas a mais eficiente é simplesmente destruir sua fonte de vida, ou melhor, seu núcleo mágico. Foi a partir da contaminação dele que a criatura se tornou um morto-vivo."
Octávio observa as criaturas ficarem inertes e, então, se volta para Luna, que começa a relaxar ao vê-lo retomar o controle da situação. O silêncio retorna ao ambiente com a eliminação dos mortos-vivos, mas Octávio não percebe um detalhe importante: enquanto ele finalizava os Lobos-zumbi, um estranho gás escuro saía de suas narinas e bocas enquanto ainda estavam "vivos". Assim que os núcleos mágicos foram destruídos, o gás se dissipou rapidamente no ar, sem deixar rastros visíveis.
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Próximo às margens de um riacho, o corpo de um javali venenoso jazia morto, vítima de ferimentos profundos e perda de sangue. Seu corpo inerte, caído no cascalho à beira d'água, foi subitamente arrastado para dentro da floresta por um vulto negro. Lá, nas profundezas da floresta o cadáver foi envolto por um denso nevoeiro negro que girava e pulsava, ocultando tudo que ocorria em seu interior.
Em questão de minutos, o nevoeiro se dissipar, revelando a nova forma do javali. Que agora, era um javali zumbi, seus olhos vazios brilhando com uma luz sombria. De sua boca e narinas, um gás escuro se espalhava pelo ar. O javali zumbi ergueu-se lentamente do chão, seus movimentos eram rígidos, enquanto avançava com passos pesados pela floresta, a procura de qualquer ser desafortunado, que possa cruzar o seu caminho.