Octávio, ainda com a ideia fresca em sua mente, perguntou ansiosamente: "Você tem Pele de Pedra?"
Ele mal conseguiu esconder sua excitação enquanto esperava a resposta de Priscila, uma habilidade tão útil para aumentar sua resistência poderia fazer toda a diferença na luta contra as criaturas que enfrentava diariamente. Priscila, divertida com a reação dele, deu uma risadinha e bateu suas asas suavemente no ar.
"Ah, Pele de Pedra," ela murmurou, girando no ar com um sorriso astuto. "Sim, eu tenho essa habilidade em minha posse. Uma habilidade clássica de sobrevivência, não é mesmo? Ela torna a pele tão dura quanto pedra, protegendo você de golpes que poderiam ser fatais. Muito útil para alguém como você."
Octávio sentiu uma onda de alívio misturada com entusiasmo, seus olhos brilhando com a ideia de ter algo tão poderoso ao seu alcance. No entanto, Priscila pousou à sua frente, e sua expressão divertida se tornou um pouco mais séria.
"Mas habilidades como essa não vêm de graça, garoto. Ela exigirá um preço mais alto do que os corpos de goblins que você me deu antes. A questão é: o que você está disposto a oferecer em troca dessa valiosa habilidade?"
Octávio sabia que a negociação agora entrava em um território mais delicado. Ele precisava tomar cuidado com o que ofereceria, já que os preços no submundo eram imprevisíveis. "Qual seria o preço por essa habilidade?" ele perguntou, tentando esconder a tensão em sua voz.
Priscila sorriu levemente. "Ah, isso depende. Mas para Pele de Pedra não é muito cara, eu poderia pedir... um pouco de seu sangue, ou talvez uma pequena tarefa, algo que você precise fazer por mim no futuro." Ela o observou atentamente, esperando sua reação.
Octávio ponderou, seu coração batendo mais rápido. dar sem sangue era arriscado, mas o que seria essa "pequena tarefa" que ela mencionou? Cada escolha parecia ter suas consequências ocultas, e ele precisaria decidir qual risco estava disposto a correr.
"Quanto seria esse pouco de sangue?"
"hum?" Priscila pondera um pouco antes de o responder, " Que tal 40 Ml de sangue, não é muito"
Octávio visivelmente pondera sobre concordar com essa oferta, mas ainda hesita dar-la seu sangue, percebendo a hesitação de Octávio, Priscila lhe faz uma oferta muito tentadora, "Que tal você me da 40 Ml de seu sangue e eu te dou não apenas uma habilidade mais duas, e uma boa oferta né?"
Octávio sentiu o peso da proposta. A ideia de dar sangue já o deixava desconfortável, mas o pensamento de ganhar duas habilidades ao invés de uma era extremamente tentador. Ele olhou para Priscila, que agora o encarava com um sorriso de pura satisfação, como se já soubesse o que ele estava pensando. Ela parecia saber exatamente como manipular a situação.
"Quais seriam essas duas habilidades?" ele perguntou, com uma mistura de curiosidade e desconfiança.
Priscila, batendo suas asas levemente, deu uma pirueta no ar. "Ah, Pele de Pedra, como você pediu... e algo especial para completar o pacote. Que tal Reflexos Rápidos? Uma habilidade que aprimora seus sentidos, permitindo que você reaja a perigos com velocidade e precisão. A combinação perfeita para garantir sua sobrevivência em um mundo cheio de monstros e ameaças inesperadas."
Octávio refletiu. Pele de Pedra aumentaria sua resistência física, enquanto Reflexos Rápidos poderia fazer toda a diferença em batalhas, permitindo que ele se desviasse ou contra-atacasse antes que seus inimigos o acertassem. Era uma combinação poderosa, e Priscila sabia disso.
Ainda assim, o preço o incomodava. Dar 40 ml de sangue parecia pouco, mas em um mundo onde magia e forças desconhecidas estavam envolvidas, quem sabe o que Priscila poderia fazer com seu sangue? Seria realmente seguro?
"Você promete que essas habilidades me ajudarão a sobreviver?" Octávio perguntou, olhando seriamente para a pequena mercadora.
Priscila sorriu largamente, seus olhos vermelhos brilhando. "Eu prometo, jovem sobrevivente. Elas farão mais do que isso. Elas podem salvar sua vida em momentos cruciais. Mas, é claro, a escolha é sua. Você pode aceitar essa oferta agora, ou continuar sem essas habilidades e ver o que o destino lhe reserva."
Octávio respirou fundo, ponderando mais uma vez. Era arriscado, mas as habilidades oferecidas pareciam valer o preço. Ele olhou para Priscila, ainda hesitante, mas ciente de que essa poderia ser uma das únicas oportunidades que teria de fortalecer suas chances de sobrevivência.
"Está bem," ele disse finalmente. "Aceito a oferta. 40 ml de sangue em troca de Pele de Pedra e Reflexos Rápidos."
Priscila sorriu, satisfeita. "Excelente escolha, querido. Agora, vamos começar." Ela estendeu uma de suas pequenas asas, e, com um gesto suave, um pequeno frasco apareceu em suas garras, pronto para a coleta.
....
Três horas se passaram desde o encontro inesperado de Octávio com Priscila, a mercadora viajante do submundo. Mesmo depois de algumas horas, o estranho evento ainda estava gravado em sua mente, mas ele decidiu não pensar muito sobre o que havia acontecido. As habilidades que ele adquiriu — Pele de Pedra e Reflexos Rápidos — provaram ser inestimáveis em sua luta pela sobrevivência.
Durante esses horas, ele testou suas novas capacidades em várias situações. A Pele de Pedra permitiu que ele resistisse a ataques das garras dos goblins, Já os Reflexos Rápidos o tornava mais ágil, permitindo que ele se desviasse de investidas inesperadas e reagisse com uma velocidade impressionante, quase instintiva.
Octávio, no entanto, não estava completamente à vontade com o preço que pagou. Ele ainda não sabia o que Priscila faria com seu sangue, e isso o incomodava. Mas a sobrevivência vinha em primeiro lugar, e ele tinha de admitir, que essa troca realmente foi lucrativa para ele.
...
Um Mês depois
...
Octávio se encontrava ansioso dentro da Delegacia, ele estava se preparando para abandona-la. Pós a poucos dias atrás ele havia descoberta uma colônia de criaturas sanguinárias semelhantes a mariposas perto da delegacia, isso era um sinal claro de que seu refúgio temporário estava para ser comprometido. Mesmo com as habilidades que ele havia adquirido — Pele de Pedra e Reflexos Rápidos —, ele não subestimava essas ameaças. Era hora de abandonar a segurança relativa da delegacia e buscar outro lugar onde pudesse reorganizar seus planos e preparar-se para os desafios que viriam.
Enquanto ele ponderava arrumava suas coisas, um local específico surgiu em sua mente: o velho farol desativado, localizado na costa, afastado da cidade e, até onde ele sabia, distante das áreas mais perigosas. O farol, apesar de isolado, poderia oferecer uma defesa natural contra as criaturas e seria mais fácil de monitorar em caso de aproximação inimiga. Além disso, sua posição elevada poderia ser útil para observações e planejamento de futuras rotas de fuga ou exploração.
Determinado, Octávio começou sua jornada após ter pego tudo que poderia ser útil para ele. com o peitoral de couro de Coiote Veloz em seu peito, e a zweihander parcialmente degradada em mãos. Seu coração pesava com a incerteza do que encontraria ao longo do caminho, mas ele sabia que ficar onde estava seria a pior decisão.
Enquanto Octávio deixava a delegacia, algo muito distante estava acontecendo. Em um dos becos da cidade agora tomada por criaturas após o desaparecimento dos humanos, um pequeno grupo de goblins enfrentava sua própria batalha desesperada.
Três goblins, feridos e encurralados em um beco, estavam sendo caçados por um casal de coiotes velozes. O líder dos goblins, com as costas cobertas de feridas, mal conseguia se manter de pé. Os outros dois goblins estavam em situação ainda mais crítica, com membros mutilados e à beira da morte.
Os coiotes brincavam com suas presas, cercando-os com latidos zombeteiros e fingindo ataques, como predadores que se divertem antes de dar o golpe final. Mas então, algo interrompeu os coiotes: barulhos vindos da entrada do beco.
Distraídos, os coiotes hesitaram, mas um deles não pôde resistir ao impulso de perseguir o goblin que tentava escapar. Enquanto o coiote avançava sobre o goblin em fuga, os dois se aproximaram da entrada do beco — e foi ali que uma presença invisível os observava de perto.
Octávio, agora em sua jornada para o farol, não sabia dos eventos que se desenrolavam na cidade devastada, mas o mundo ao seu redor estava se tornando mais selvagem, e tanto ele quanto as criaturas que nele habitavam estavam evoluindo, adaptando-se, a essa nova e brutal realidade.