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Chapter 12 - Início 1: Estrela viajante (3)

Dias haviam se passado desde o confronto brutal com o Drake, e Octávio vagava pelo ambiente desolado, sem rumo ou destino. A fome e a sede eram companheiras constantes, corroendo sua força física e mental. Ele não tinha mais um abrigo seguro, e o clima, sempre imprevisível e implacável, tornava qualquer tentativa de descanso impossível. Em grande parte do tempo, ele ficava imóvel no topo das árvores, observando o mundo abaixo com olhos vazios, o espírito quebrado pelas provações que havia enfrentado.

A natureza ao seu redor estava cada vez mais hostil, e Octávio sentia sua vida se esvaindo lentamente. Sabia que, se continuasse assim, sem comida, sem água, ele não sobreviveria por muito mais tempo. Sua mente, que antes estava focada na sobrevivência, agora estava à beira do desespero. Ele estava preso em um ciclo de exaustão física e mental, sem saber o que fazer a seguir.

Foi então que, em um ato desesperado, tomou a decisão de voltar para a cidade. Ele sabia que estava tomada por criaturas perigosas, que os monstros rondavam as ruas e becos que antes eram familiares. Mas, ao mesmo tempo, sabia que ali poderia encontrar o que precisava para sobreviver: comida, água e talvez até algo para se proteger.

Ao cruzar a fronteira da cidade devastada, cada passo era um risco, cada som uma ameaça. Os prédios destruídos e as ruas cobertas de destroços eram lembranças de uma vida que parecia distante, quase irreal. Octávio sabia que o perigo espreitava em cada esquina, mas não tinha outra escolha. Era arriscar tudo ou definhar e morrer lentamente.

Com o coração acelerado e os sentidos em alerta, ele avançou pelas ruínas da cidade, ciente de que qualquer erro poderia ser fatal. O medo e a adrenalina eram seus únicos guias, enquanto seus olhos varriam o ambiente em busca de suprimentos e, acima de tudo, uma chance de continuar vivo.

Após duas horas e meia de caminhada, Octávio conseguiu chegar em segurança a um supermercado destruído, felizmente ele não teve nem um encontro fatídico com as criaturas em seu caminho.Entrando no supermercado e observando as prateleiras destruídas caídas ao chão com alguns alimentos e bebidas espalhados, uma expressão feliz e esperançosa se formou em seu rosto, seus olhos brilhavam em vida novamente, sem perder tempo com sutileza ele começou voraz-mente atacar todos os alimentos e bebidas que encontrava em seu caminho. Octávio, satisfeito pelo banquete que havia consumido, congelou ao sentir o chão tremendo sob seus pés. Seus instintos, aguçados pela sobrevivência, o alertaram de que algo muito errado estava acontecendo. Ele olhou ao redor, percebendo as prateleiras caídas balançando e os fragmentos de vidro chacoalhando no chão. O supermercado parecia estar à beira de desabar, e ele sabia que precisava sair dali o mais rápido possível.

Com o coração disparado, ele correu em direção à saída, tentando manter o equilíbrio enquanto o chão tremia violentamente. Seu corpo, ainda cansado das últimas semanas, protestava a cada passo, mas o medo de ser soterrado o impulsionava. Quando finalmente alcançou a porta quebrada do supermercado, saiu para a rua e foi recebido por um cenário igualmente caótico.

Os tremores não estavam limitados ao supermercado — toda a cidade parecia estar sendo abalada por uma força misteriosa. Edifícios em ruínas balançavam perigosamente, rachaduras profundas se formavam no asfalto e o som de estruturas desabando ecoava pela distância. O céu, antes nublado, agora era marcado por estranhas formações de nuvens, como se a própria atmosfera estivesse reagindo à catástrofe.

Octávio parou por um instante, ofegante, tentando processar o que estava acontecendo. Ele sentia uma mistura de pânico e impotência. O que estava causando os tremores? Era um fenômeno natural ou algo ainda mais perigoso, uma nova ameaça surgindo do caos que já dominava o mundo? Sem respostas, ele sabia que o tempo estava contra ele.

Mesmo relutante em deixar os suprimentos para trás, Octávio tomou a decisão de fugir. O supermercado, assim como a cidade, já não era mais um lugar seguro. Ele precisava encontrar abrigo em outro lugar, longe dos prédios que desmoronavam e dos perigos que ele mal compreendia.

Enquanto corria pelas ruas da cidade destruída, desviando dos escombros e tentando manter o foco, sua mente trabalhava freneticamente em busca de um novo plano. E repentinamente ele para bruscamente, os pés escorregando levemente no asfalto rachado enquanto seus olhos fixavam na criatura no beco. A visão era grotesca — o corpo mutilado, com partes faltando, e o sangue seco marcando o caminho que a criatura provavelmente havia percorrido antes de encontrar seu destino final. A criatura estava imóvel, seu rosto contorcido em dor ou raiva, mas isso não era o que prendia a atenção de Octávio.

O machado de um gume que estava preso ao ombro da criatura parecia brilhar sinistramente sob a luz fraca do céu coberto de nuvens escuras. Era uma arma imponente, com o cabo desgastado, mas claramente ainda funcional, e a lâmina larga e afiada, manchada de sangue. Naquele momento, Octávio sabia que essa arma poderia ser sua única chance. Sua espada havia sido destruída, e ele estava praticamente indefeso. Mas ao mesmo tempo, algo dentro dele gritava para que se afastasse.

Sua respiração ficou irregular, seus pensamentos em conflito. O que fazer? Ele podia continuar correndo, deixando para trás a arma. Mas e se os tremores fossem apenas o início de algo ainda pior? E se ele precisasse lutar novamente, sem nada para se defender?

"Agarrar a vida," pensou ele, os olhos estreitando. Sua sobrevivência até agora tinha sido baseada em suas decisões, por mais arriscadas que fossem. O mundo estava contra ele, mas a única forma de continuar era adaptando-se, pegando o que quer que pudesse ajudá-lo a sobreviver, mesmo que isso significasse desafiar seus próprios medos.

Com o coração acelerado, Octávio avançou lentamente, mantendo os olhos na criatura, pronto para reagir a qualquer sinal de movimento. Quando chegou mais perto, ele prendeu a respiração e estendeu a mão, agarrando o cabo do machado. Ele puxou com força, sentindo a resistência inicial, mas, após um momento de luta, a arma cedeu, se soltando do corpo da criatura.

Ao segurar o machado nas mãos, ele sentiu o peso e a força da arma. Era pesado, mas manejável. Um sorriso tenso e incerto se formou em seu rosto. E sem olhar para trás, Octávio se virou e continuou sua corrida, o machado agora firmemente em suas mãos.