Um mês havia se passado desde que todo o Caos se começou, as criaturas surgiam cada vez mais, as cidades agora em muitos lugares no mundo não passavam de escombros, provas do grande poder de destruição das criaturas.
Mas então aqui, próximo a costa do mar, longe de grande parte desse caos e destruição das cidades, estava um farol, repleto de marcas profundas de queimado, ele até poderia ser considerado abandonado, se não fosse por um adolescente que parecia estar em seus 14-15 anos, vivendo nele.
O adolescente tinha curtos cabelos pretos, grandes olhos castanhos, uma pele morena, e uma estrutura física magra. Esse adolescente era Octávio, que estava atualmente tentando pescar peixes na costa, e levando a falta de peixes ao seu redor dava para se perceber que ele não esta indo bem com isso.
Frustrado com os repetidos fracassos na pesca, Octávio sentiu a raiva crescer em seu peito. Ele chutou uma pedra com força, vendo-a rolar e desaparecer entre as rochas mais à frente. Resmungando baixinho, ele começou a andar de volta para o farol, sentindo o vento frio da costa bater em seu rosto.
...
Enquanto Octávio avançava, o ambiente se tornava cada vez mais perturbador. A ausência das pequenas criaturas que sempre rondavam ali deixava o cenário ainda mais sombrio, e o silêncio pesado parecia sufocar cada som. O vento carregava consigo um cheiro ácido e pútrido, tão forte que fazia sua cabeça girar. Cada passo que ele dava em direção ao farol tornava o odor mais intenso, mas ele insistiu em seguir, determinado a chegar até seu refúgio.
Foi então que, ao levantar os olhos, ele congelou.
O farol, antes robusto, estava agora destruído, grandes pedaços de sua estrutura haviam desmoronado. Mas o pior não era o estado do farol, e sim o que o havia causado. Diante dele estava uma criatura colossal, com cerca de 9 metros de comprimento e 3 metros de altura. Seu corpo era coberto por escamas, e sua boca estava cheia de fileiras de dentes afiados, prontos para dilacerar. Sobre sua cabeça, próximo aos olhos, uma elevação óssea lhe conferia uma aparência ainda mais ameaçadora. As garras afiadas da criatura brilhavam sob a luz do dia.
O medo paralisou Octávio. Seus músculos travaram, e ele mal conseguiu processar a tela de luz que surgia diante dele, revelando os detalhes da criatura.
[Nome: Drake]
[Nível: 20]
[Status: faminto, irritado]
Octávio estava preso em um transe de pavor, incapaz de reagir enquanto a criatura o observava, seus olhos famintos fixados nele como sua próxima presa. Octávio só voltou a si quando a criatura começou a se mover em sua direção. Cada passo do Drake fazia a terra tremer, e Octávio sentia o impacto ressoar por todo o seu corpo. A visão da monstruosidade avançando parecia surreal, como se estivesse preso em um pesadelo.
Por que ele ainda estava ali? Por que não fugiu? A resposta era simples: não havia para onde correr. Não havia como escapar de algo tão poderoso e implacável. Fugir era inútil.
Aceitar a morte? Não. Octávio, embora apavorado, não se entregaria tão facilmente. Se não havia fuga, então o único caminho era lutar.
Ele cerrou os dentes, o medo ainda vibrando em seus músculos, mas sua determinação começava a crescer. Desembainhou a espada, levantando-a contra o gigantesco Drake, e respirou fundo, tentando se acalmar. O monstro, em resposta, soltou um rugido ensurdecedor que fez suas pernas tremerem involuntariamente.
O ataque do Drake foi tão rápido quanto brutal. A criatura colossal, com sua mandíbula cheia de dentes afiados, avançou sobre Octávio como se estivesse determinada a esmagá-lo em um único movimento. Porém, nos momentos finais, o instinto de sobrevivência de Octávio gritou mais alto, forçando-o a rolar para o lado com agilidade surpreendente, escapando por um fio da morte certa.
Quando o ataque do Drake falhou, Octávio viu uma breve oportunidade. Sem hesitar, ele atacou a lateral da criatura com um golpe pesado e feroz, mirando nas escamas que cobriam o corpo do monstro. No entanto, assim que a lâmina de sua espada tocou as escamas duras e brilhantes, ela foi imediatamente repelida com uma força inesperada, como se um choque percorresse o metal. O impacto foi tão forte que quase fez a espada escapar de suas mãos. Octávio sentiu seus braços formigarem com a reverberação do golpe falhado, percebendo que o Drake era ainda mais resistente do que ele imaginava.
A fúria do Drake era palpável. Seus olhos fixaram-se em Octávio com uma intensidade selvagem enquanto ele avançava, desferindo uma série de golpes com suas garras afiadas. Octávio, ágil e ligeiro, conseguiu escapar por pouco de cada golpe, mas não completamente ileso. Cortes superficiais surgiam em seus braços e pernas, resultado da proximidade perigosa das garras. A diferença de tamanho e peso entre eles lhe dava alguma vantagem em velocidade, mas a cada esquiva sentia o cansaço acumulando.
Com a frustração crescente, o Drake rugiu de raiva, avançando mais uma vez com uma mordida. Octávio viu a mandíbula poderosa se aproximando e, com esforço e reflexo rápido, conseguiu esquivar-se no último segundo. O ar ao seu redor pareceu cortar com a força do ataque, deixando-o ofegante e com o coração acelerado.
Antes que Octávio pudesse reagir e contra-atacar, o Drake provou que sua agilidade não era limitada pelo tamanho. Com uma rotação rápida e inesperada de 180 graus, o monstro girou seu corpo colossal, usando sua cauda massiva como uma arma.
O impacto da cauda do Drake foi devastador. Octávio, pego completamente de surpresa pela repentina rotação da criatura, tentou desesperadamente se defender. Em um reflexo quase automático, ele levantou a espada em um esforço de bloquear o ataque, mas subestimou a força bruta da criatura. A cauda colidiu com a lâmina, partindo-a ao meio com um estalo aterrador, como se fosse feita de vidro.
A força do golpe foi imensa. Octávio foi lançado violentamente para trás, seu corpo voando pelos ares antes de colidir com uma rocha a vários metros de distância. O impacto contra a pedra arrancou o ar de seus pulmões, e uma dor aguda percorreu suas costas e costelas. Por um momento, tudo ficou embaçado, e a espada quebrada caiu de suas mãos, os pedaços espalhados pelo chão.
Lutando para se levantar, o corpo de Octávio tremia de exaustão e dor. Ele sabia que estava em uma posição crítica, sem arma e à mercê do furioso Drake, que em sua fúria implacável, avançava sem parar, destruindo tudo em seu caminho com suas pisadas poderosas. Octávio, sentindo o chão tremer a cada passo da criatura, lutou para se levantar, sua mente ainda atordoada pelo impacto anterior. No último segundo, com uma explosão de adrenalina, ele conseguiu rolar para fora do caminho, escapando por muito pouco.
A criatura colidiu com força contra a rocha onde Octávio estivera momentos antes, causando um estrondo ensurdecedor. O choque deixou o Drake momentaneamente confuso, sua cabeça balançando enquanto tentava se recompor. Foi nesse breve momento de alívio que a visão de Octávio começou a clarear, e ele notou algo refletindo a luz do sol próximo a ele: uma granada de gás lacrimogêneo, que ele havia pego na delegacia antes de fugir. Aquilo era sua chance.
Sem perder tempo, Octávio correu para pegar a granada. O tempo parecia desacelerar enquanto ele a pegava e, sem hesitação, arremessava em direção ao Drake. A criatura, ainda confusa e cheia de raiva, mordeu o objeto em pleno ar, quebrando-o entre suas mandíbulas poderosas. No mesmo instante, o gás lacrimogêneo foi liberado dentro da boca da criatura.
O rugido do Drake ecoou pela área enquanto a criatura, desesperada, tentava se livrar do gás lacrimogêneo que sufocava sua garganta e queimava seus olhos. Ele balançava sua cabeça violentamente, agitando seu corpo colosal em todas as direções. Em meio a essa luta frenética, seus pés enormes esmagaram algo no chão – o misterioso cristal que Octávio havia pego tempos atrás. O som de vidro quebrando foi quase imperceptível em meio ao caos, mas as consequências foram imediatas.
Assim que o cristal se despedaçou, uma gosma negra e grotesca começou a surgir dos fragmentos espalhados. A substância escura parecia ter vida própria, pulsando e se estendendo como tentáculos viscosos, envolvendo os pés do Drake que, ainda debilitado pelo gás, não percebeu o que estava acontecendo.
A gosma se agarrou à criatura, rastejando rapidamente sobre suas escamas, prendendo-se em suas garras e pernas com uma força quase sobrenatural. O Drake tentou se mover, mas a substância viscosa começou a endurecer, tornando seus movimentos mais lentos e pesados. Seus rugidos, antes furiosos, agora se misturavam com uma sensação de pânico e confusão enquanto a gosma negra subia pelo seu corpo.
Octávio não hesitou. A pequena janela de oportunidade criada pela gosma grotesca que aprisionava o Drake era tudo o que ele precisava. Sentindo o coração disparado no peito e o peso da exaustão em cada músculo, ele se virou e correu, fugindo da criatura colossal. Enquanto seus pés batiam contra o chão, ele ainda podia ouvir os rugidos furiosos do Drake ecoando ao fundo, misturados com o som viscoso da gosma que tentava imobilizar a fera.
A adrenalina o mantinha em movimento, e mesmo sem um destino certo, ele sabia que precisava se afastar o máximo possível daquele lugar. Suas mãos estavam feridas, o corpo coberto de pequenos cortes, e a sensação de dor começava a se espalhar. No entanto, o som ameaçador dos rugidos ao longe o forçava a continuar.
Enquanto corria, a mente de Octávio estava repleta de perguntas e incertezas. As imagens dos últimos eventos giravam em sua cabeça. O Drake, a gosma negra, o cristal... tudo parecia tão surreal e aterrador. Ele não conseguia evitar a sensação de estar preso em algo além de sua compreensão. Foi então que uma pergunta atravessou seus pensamentos, tão clara quanto o rugido do monstro atrás dele:
"Será esse o inferno?"
O Caos ao seu redor, a brutalidade das criaturas, e a constante luta por sobrevivência faziam com que essa ideia ganhasse peso em sua mente. Seria possível que ele estivesse preso em uma versão distorcida de um inferno? Cada passo que dava parecia afundá-lo mais nesse pesadelo sem fim.