Ele sabia um pouco sobre as guildas. Eram espaços físicos onde pessoas de uma mesma classe de trabalho se reuniam para todos os tipos de fins. Talvez as guildas fossem como uma espécie de sindicato desse mundo, ponderou Lakan. Tinha guildas de pescadores, de navegadores, e, pelo visto, existia uma para os magos também.
— Isso mesmo, garoto. — O homem barbudo assentiu, e então continuou: — Meu companheiro aqui está falando da guilda de magos de Belas.
O velho careca aproveitou a vez do seu amigo falar para encher a boca com um bocado de cerveja das mais vagabundas disponíveis por essas bandas da favela. Lakan fez o mesmo com o seu copo.
— Ei, você não é muito novo para beber aqui? — indagou o homem careca.
— Isso não é da sua conta.
Apesar da sua aparência, Lakan pensava em si mesmo como um homem de trinta e cinco anos. Além do mais, não havia regras que proibissem jovens da idade dele de beberem. E seguir as regras do outro mundo seria ilógico, apesar de tudo.
Em seguida, ele encarou o homem, e disse:
— Fale mais sobre essa guilda de magos. Onde eu posso achá-la?
— No centro da cidade alta — respondeu o homem barbudo. — E o maior prédio daquela área, então não tem como você não achá-la… mas se quer mesmo fazer o teste, é melhor levar uma boa grana.
O homem careca encarou o seu colega, e comentou:
— Se ele tivesse isso, não beberia esse mijo de cavalo nessa porcaria de lugar, não acha?
— Grana? — Lakan perguntou a fim de confirmar os seus pensamentos.
— Você não acha que eles vão te testar de graça, acha, garoto? — indagou o careca. — Sabe o quanto de gente idiota se testa lá todos os dias, na esperança de terem desenvolvido a magia? — falou com zombaria. Claro, ele estava incluindo Lakan nesse grupo de idiotas. — É óbvio que os magos lucrarão com isso. Afinal, são um bando de gananciosos!
— Que eu lembre, você também fazia isso quando era mais novo — murmurou o barbudo.
— Cale a boca, idiota! — retrucou o careca, com seu rosto corado de embriaguez e constrangimento.
"É como eu imaginei", ponderou Lakan. Isso teria um custo. Guildas eram boas sanguessugas de dinheiro, essa era mais uma semelhança com os sindicatos. Ele então pensou, ganhava entre duas ou quatro moedas de prata por um dia inteiro de trabalho no porto, dependendo do nível de trabalho. Mesmo que essa taxa custe uma boa parte do seu suado salário diário, ainda valeria a pena tentar, pelo menos, uma vez.
"Ser um mago, é isso que irá me tornar rico neste mundo fantasioso."