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Chapter 2 - ADELE E O FUTURO ARREPENDIMENTO

Segundo o dicionário o sofrimento é algo que lhe causa dor, bom neste momento era a única coisa que Rafaela sentia uma dor gigante como se seu coração tivesse sido arrancado do peito e pisado. A decepção do primeiro amor, parece realmente o fim do mundo. Fernanda disse pra ela "amor não se pede" e isso não fez Rafaela parar de chorar.

Os fones ouvido soavam altamente uma música triste de Adele, acompanhado pela voz chorosa de Rafaela, ela cantava de forma desafinada Someone Like You. Seus olhos ardiam depois de tanto chorar.

Novamente tinha passado uma noite acordada pensando nele, aquele idiota do Gustavo.

Durante a aula a única coisa que ela fez foi engolir seco a dor das lágrimas e trocar mensagens com a sua amiga. Fernanda havia se tornado a melhor amiga de Rafaela e depois que se encontraram se tornaram inseparáveis de uma forma inexplicável, já fazia pouco tempo mas era como se todos os momentos de sua vida Fernanda fizessem parte.

Ela era a pessoa mais confiava na vida e lamentava todos os problemas da sua vida, apesar de pouco tempo já não imaginava algum momento de sua vida que Fernanda não estava presente ou algo que aconteceria em sua vida sem que ela ficasse sabendo.

A cada palavra da cantora de Adele ela apenas conseguia chorar mais ainda, a voz da moça era cada vez mais alta como se ela fosse explodir de tanto chorar. Maldito o dia que ela viu o Gustavo, que ele conversou com ela. Ele havia a cativado com o seu jeito de falar manso e romântico e trazido pra ela sensações diferentes.

— Você está chorando novamente por causa dele? — a voz de Fernanda soou mais alto que as notas de Adele — sabe que ele é feio né.

A moça havia entrado no quarto de sua amiga, jogou sua mochila no canto de seu quarto e sentada na cama. Fernanda saiu mais cedo de casa para passar na casa de Rafaela e ver como ela estava, sabia que Gustavo tinha dado o bolo em Rafa novamente.

Era irônico como ele conseguia manipular Rafaela, ele havia terminado com ela há um tempo e mesmo assim quando era conveniente e quando ele ficava carente aparecia magicamente com uma nova desculpa. Ele não queria um relacionamento com Rafaela, mas ela servia para um step quando ele estava sozinho.

Novamente ela estava ali, sofrendo por ele, o que causava um estresse em Fernanda.

— Ele não é feio — Rafaela respondia com os olhos cheios de lágrimas

— Ele é feio e você está sofrendo por um cara feio, ele nem é grande coisa. Um dia vai se arrepender pelas lágrimas que gastou com esse otário.

— Você é tão grossa. — Ela olhou pra Fernanda, com os olhos vermelhos e molhados de lagrimas.

— Só não gosto de te ver sofrendo por alguém que não te merece.

Fernanda se jogou na cama grande de sua amiga, pegou o bicho de pelúcia que ficava lá, um sapo que Rafaela havia ganhado de seus pais, a garota que apesar de sua aparência desenvolvida ainda era uma menina.

— Um dia você vai entender como me sinto? — Respondeu Rafaela voltando a olhar pra tela do computador acompanhando o clipe em preto e branco.

— hurum — a garota apenas fez um barulho.

Ambas ficaram em silêncio, não era algo constrangedor. Fernanda estava apenas irritada como sempre, seja pela vida vida ou pelo fato da Rafaela sofrer por um homem feio que não merecia ela e não dava valor suficiente.

Ela simplesmente sufocava suas emoções apesar da vontade de bater em sua amiga ser maior pra ver se ela entendia a situação era maior.

— Vai ficar deprimida até que horas? — ela perguntou

— O resto da vida.

Rafaela respondeu, ela sabia por qual motivo Fernanda estava brava. Ela entendia que sua relação com Gustavo era ligeiramente complicada, talvez fosse o fato dele ter simplesmente largado ela sem aviso prévio ou dele sempre preferir os amigos deles quando estava em público.

Fernanda era a única que sabia como a relação deles funcionavam, ela era a única que passava a maior parte do tempo com raiva de ver como a amiga estava sofrendo também.

— Como foi seu dia? — Rafaela perguntou deitando ao lado de Fernanda na cama

— Como sempre — Fernanda respondeu sem muito interesse de falar como havia sido o dia dela.

— Eu acho que a gente dá certo por isso, eu falo muito e você não fala nada.

Rafaela riu, era verdade a moça falava pelos cotovelos e Fernanda costumava ouvir e falar muito pouco, na realidade ela não gostava de falar já que sua vida não era lá grande coisa, ela estudava e ia para igreja.

— Eu acho que eu tenho problemas, estou aqui só pra te ver sofrer, isso faz sentido?

— Você nunca sofreu por amor?

Fernanda fica em silêncio, elas olhavam para o teto deitada na cama. Talvez fosse o fato dela ser uma garota que gostava de garotas e ninguém de sua família extremamente religiosa saber disso, ela sabia que no momento que fosse se assumir o idiota machista de seu pai a colocaria para fora, sem contar a decepção de sua mãe. Fernanda nunca conseguiu se sentir uma garota normal, tendo crescido na igreja pra ela gostar de mulher seria um pecado e ela iria pro inferno.

Ela tinha casos, casos rápidos com garotas, algumas ela simplesmente depois de um tempo se esquecia da existência, menos Sara.

Sara era uma garota um pouco mais velha que ela, Fernanda acabou se envolvendo com Sara que parecia gostar mais dela do que qualquer pessoa, e tudo que a garota fez pra ela era sofrer.

Ela sabia o quanto ela tinha sido idiota com Sara e as vezes se sentia um pouco culpada, na época ela estava confusa em relação a suas emoções saber se gosta de meninas ou de meninos pode ser um tempo estranho.

— Eu acho que estou sofrendo por amor — Fernanda disse, ela mexia os braços do sapo de pelúcia — Fui muito estúpida pra gostar de uma garota hetéro.

— Entendo.

Rafaela engoliu seco neste momento, Gustavo sempre dizia que Fernanda era apaixonada por ela, apesar de nunca ter falado nada pra Rafaela e ela sempre negar isso "somos amigas" ela sempre disse isso, todos os dias e todas as horas.

— Uma hora isso vai passar, tudo passa — Fernanda disse.

Uma hora iria mesmo passar? Sim, no futuro essa paixão que ela sente por Rafaela iria passar, iria ser esquecida deixada para trás. A ironia da vida era ver Rafaela chorando por um homem e Fernanda chorava por ela, isso era o ciclo da adolescência.

— Você vai com a gente ao shopping? — Rafa ia ao shopping com suas amigas do colégio, suas duas melhores amigas. Demorou muito tempo para ela se acostumar com o fato de ter melhores amigas, mas agora ela tinha.

— Sabe que eu tenho cursinho.

— Você está sempre muito ocupada — Rafaela disse — tudo isso pra agradar sua família?

— Talvez seja isso.

— Você é só adolescente, não precisa fazer tantos cursos.

— Eu quero entrar no ita — Fernanda respondeu séria — é meu objetivo

— Você é meio nerd, fico feliz da gente não estudar juntos.

Fernanda e Rafaela riram juntos, ela nunca pensou como seria estudar junto com Rafaela, será que algo seria diferente? Sim, provavelmente ela não teria as notas perfeitas que estava acostumada a ter.

O celular de Rafaela piscou, o nome do Gustavo apareceu na tela, fez o coração da menina bater mais rápido e todas as lágrimas foram esquecidas já que ele digitou em uma mensagem "me desculpe por não aparecer", sim ele tinha dado um bolo em Rafaela, mas havia um bom motivo, ela sabia disso. Estava sofrendo atoa, ela sabia que ele tinha os problemas deles, família de pais separados e um irmão mais novo muito apegado a ele.

— Não acredito que você vai cair do papinho deste idiota. — Fernanda olhou pra Rafaela que agora os olhos marejados tinham se tornado um sorriso.

— Ele está explicando, eu deveria tentar entender o lado dele.

— Aham — Fernanda respondeu com o coração cheio de ódio, esse otário fazia ela de gato e sapato, eles nem estavam juntos — eu já vou, só queria saber se você estava bem.

— Estou ótima.

Rafaela nem olhou Fernanda sair, estava empolgada vendo a nova mentira de Gustavo. Novamente Fernanda partiu sem parecer ter relevância na vida da idiota da Rafaela.

Ela se despediu da mãe de Rafaela que estava na cozinha e saiu pelo portão, apenas pisar o pé pra fora seus olhos se encheram de lágrimas, lágrimas de ódio, como ela não há via? Ali do lado dela, por que não poderia ser ela?

Ela olhou o relógio de seu celular e foi para seu cursinho estudar e tentar tirar aquela garota de sua mente. No caminho as músicas no fone de ouvido da garota faziam a lembrar de Rafaela, maldito momento que ela apresentou a músicas tão legais, na verdade muita coisa na vida de Fernanda tinha haver com Rafaela.

Fernanda era uma pessoa ocupada, ela vivia ocupada, tocava violão, piano e teclado, ela cantava às vezes na igreja mas tinha vergonha de sua voz. Ela estava na escola e já fazia cursinho pré vestibular, ela já tinha vivido seus dias mais loucos quando era mais jovem, apesar de ter apenas 17 anos ela já tinha entrado em coma alcoólico.

Ela mudou de escola e resolveu levar uma vida mais tranquila, suas amigas eram apenas garotas da igreja, era chato ouvir ela falando de homens e de casamento parecia um tanto quanto fútil para Fernanda. Ela foi uma das primeiras a chegar no cursinho, se sentou em uma cadeira no fundo e não tirou os fones de ouvido.

Rafaela havia mandado uma mensagem, ela já estava feliz novamente por causa do Gustavo a mensagem escrita "está tudo bem, ele se explicou" fez Fernanda querer matar Rafaela.

Como ela poderia ter cometido essa gafe, se apaixonar por uma garota heterossexual e pior de tudo uma garota que estava apaixonada por um cara feio, ele nem tinha um carro. Ela merecia bem mais que ele, Fernanda pensou no barulho da risada de Rafaela, era fofo, o jeito que ela falava era fofo. Rafaela estava constantemente em sua mente, seu lado racional gritava amigas e outra parte sentia seu coração bater mais forte toda vez que Rafaela a abraçava, por qual motivo a garota tinha que ser tão gentil?

As horas no cursinho passavam devagar, ela ouvia seu professor explicar fórmulas de física, matemática pra ela era fácil e entediante.

Depois das longas horas de aula, Fernanda conseguiu voltar para casa, sua amiga estava online mas não a respondia deveria estar novamente babando ovo daquele macho escroto, a garota foi para seu quarto e ligou seu videogame, matar alguns zumbis poderia aliviar seu estresse.

Em meio a um jogo de pura violência e tiros ela sentia seu estresse sumir, talvez fosse pelo fato dela imaginar os zumbis com a cara do idiota do Gustavo, se sentia mal pelo zumbi já que o zumbi era mais bonito Gustavo e as vezes via eles com a cara de idiota de Rafaela. Os barulhos do tiro pareciam acalmar Fernanda.

— Você está irritada? — Sua irmã mais nova perguntou ao ver os olhos de Fernanda cheia de raiva e ela gritando "morre seu desgraçado" para a TV.

A garota observava Fernanda relativamente de perto, Fran sempre foi muito curiosa em relação a Fernanda e sua mãe sempre dizia que ela era um modelo para sua irmã mais nova e a garota de tanto ouvir isso às vezes imitava sua irmã mais velha, o que na opinião de Fernanda era bem ruim.

— Tive um dia difícil.

— Posso jogar com você?

A menina de cabelos que tinha cabelos pretos que pareciam miojo de tão enrolados perguntou, sua irmã ainda não sabia jogar direito apesar disso Fernanda deixou ela jogar o que se arrependeu amargamente já que elas perdiam toda hora.

Ninguém considerava Fernanda uma pessoa paciente, nem ela mesmo. Mas ela tinha autocontrole para não matar aqueles que estavam à sua volta.