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Chapter 11 - Capítulo 11

Kado estava cansado, demasiado cansado para perceber que atrás de si estavam demónios a levantarem-se para o atacarem de novo, tinha as costas ensanguentadas, uma das suas asas estava fraturada com certeza e no peito tinha um rasgão feito com as unhas enormes envenenadas de um dos demónios que lhe tinha lançado uma emboscada. Se ele não fosse um Shinigami de certeza que não ia conseguir sobreviver, mas como era, ele sabia que no dia seguinte estaria como novo, pronto para a desforra, mas mais valia acabar com aquele confronto ali e dar logo um exemplo para quem o quisesse desafiar novamente.

Era ele que mandava ali, mas ninguém queria saber disso e estavam a desafiar a autoridade dele constantemente. Para ele, às vezes os demónios conseguiam ser mais desprezíveis que os humanos, já não havia honra entre eles e definitivamente não se podia confiar na palavra de alguns demónios.

Um demónio cheio de olhos e com mãos enormes aproximou-se pelas suas costas e agarrou-o tentando mantê-lo imóvel para que outros que estavam a levantar-se pudessem juntar-se novamente á luta.

Kado tentou sem sucesso lutar para se soltar, estava a ser muito difícil respirar. Ou ele ia arranjar uma maneira de se soltar rapidamente ou arriscava entrar em sérios problemas. Embora fosse imortal podia morrer e ressuscitar de novo, o pior no meio disso tudo é que ao voltar tinha de volta algumas memórias da sua vida passada coisa que ele não queria ter de maneira alguma. Kado tinha recebido o castigo máximo que podia haver para um humano, tinha-se tornado Shinigami após matar a sua família e tirar a sua vida. Ele não tinha memória do que se tinha passado, tinha carregado sempre consigo a culpa que tinha sido um monstro, e, agora como era um monstro, isso bastava-lhe, não queria ter de se recordar o rosto de humanos que tinham sido a sua família, muito menos reviver as suas mortes.

- Eu ia a perguntar se precisavas de ajuda, mas como estás sempre a dizer que és o chefe não deves precisar de ajuda, vou deixar-te o controlo da situação… - disse Hiro acabado de chegar ao submundo deparando-se com Kado imobilizado e demónios a juntarem-se á sua volta. Kado olhou para ele, suspirou e riu-se abanando a cabeça:

- Eu devo ter um karma qualquer contigo, ainda não sei qual será, mas hei-de descobrir um dia! – em seguida ficou muito sério e com um olhar feroz, parecia como o de um animal - Seja eu o chefe ou não, anda lá ajudar-me que eu estou a ficar farto destes demónios!!! – gritou-lhe tentando novamente soltar-se de quem o agarrava. Só nessa altura é que os demónios se aperceberam da presença de Hiro, estavam demasiado distraídos até aí tirando á sorte quem ia deferir o golpe "final" em Kado.

Um dos demónios, o que devia ser um dos mais antigos que parecia um felino, estava levantado sob duas patas como se fosse a coisa mais natural do mundo, falou para Hiro:

- Segue o teu caminho, não te intrometas em coisas que não te dizem respeito! – disse ele fazendo com que Hiro o fosse olhar mais de perto. Ao chegar perto dele o demónio de nome Kasha recuou admirado com o atrevimento dele.

- Tu és um demónio que rouba corpos, certo? Sempre tive curiosidade em ver vocês…

- Porquê? – questionou Kasha ficando confuso. Os outros demónios começaram a prestar mais atenção ao que se estava a passar ali e acabaram por desviar as atenções de Kado que ainda se continuava a tentar libertar sem sucesso.

- Então, vocês roubam corpos de pessoas menos boas, retiram a vossa energia de cemitérios… sempre pensei que aqui em baixo deveriam existir imensos, mas é a primeira vez que vejo um de vocês!

- Sou o último da minha espécie. – Comunicou Kasha mantendo-se nas duas patas: ele parecia uma autêntica raposa, o focinho era longo como o delas, as patas eram pretas e o pelo era castanho-claro. Hiro chegou a pensar mesmo que para um demónio ele até era bem amoroso, mas como era óbvio não iria dizer-lhe isso. Hiro olhou para ele e durante um ou dois segundos teve pena dele: os humanos tinham encontrado maneira de matar muitos demónios, havia hoje em dia pessoas que tinham como maneira de ganhar a vida caçar criaturas do submundo, ele saba disso, já tinha lidado com alguns, mas nunca tinha visto o último de uma espécie de demónios.

- Se és o último ganha juízo! – exclamou ele – Kado é o vosso chefe neste momento, pode não ter ainda os poderes de Shinigami supremo, mas é ele quem está a tentar resolver esta embrulhada. Queres que sejam os deuses lá do plano superior a resolverem?!

O demónio que agarrava Kado largou-o como se agarrar nele fosse agora insuportável e o estivesse a ferir de alguma maneira. Kado esfregou os braços e respirou fundo durante alguns momentos antes de tirar da sua gabardine uma espada digna de um samurai, ele raramente usava a sua Katana, a espada que maior parte dos Shinigamis usavam quando se deparavam com almas que não lhes obedeciam e lhes causavam problemas na sua captura ,esta tinha inscrito uma frase "no meu fio só passarão impuros". Kado olhou para a sua Katana que brilhava e empunhou-a na direção dos demónios que estavam a olhar para ele agora com puro terror no olhar. Todos recuaram inclusive o demónio Kasha. Desta vez quando Kado falou a sua voz tinha assumida a voz tinha mudado de tom e tinha assumido a sua forma de Shinigami:

- Que seja a última vez que alguém interfere no meu trabalho, não vou tolerar mais faltas de respeito, submetam-se a mim ou morram!!!

Os demónios olharam uns para os outros á espera que Kasha falasse alguma coisa, mas ele foi o primeiro a ajoelhar-se perante Kado seguido dos outros. Hiro sorriu, sabia que Kado podia ser terrível quando queria, que até àquele momento tinha tentado evitar conflitos com os demónios, mas até a paciência dele se esgotava.

Os demónios foram-se todos embora e depois de alguns momentos Kado assumiu a sua forma humana novamente, ele não gostava da sua forma de Shinigami, dizia que era uma forma muito cruel de se apresentar aos humanos: ou morriam segundo o que lhes estava destinado ou morriam de susto por o verem.