Kado ficou aliviado ao saber que Hiro já tinha falado com Joshua e que ele já estava a começar a procurar o humano. Não saber qualquer informação adicional sobre o humano era uma coisa que nunca lhes tinha passado pela cabeça que pudesse atrasar o processo de investigação. Normalmente para eles procurar um humano nas suas horas finais era muito fácil, pois bastava-lhes seguir a cor da aura que eles imitiam, era simples, não havia complicações. Porém naquele caso, a pessoa em questão, ainda não estava na sua hora, por isso para eles era extremamente difícil encontrarem-no. A menos que houvesse algum acontecimento nefasto que o pusesse às portas da morte eles não iam conseguir saber de quem se tratava.
Já tinham mandado imensos Shinigamis atrás dele, ou dela, pois nem sabiam se era um homem ou uma mulher, mas os resultados eram sempre os mesmos. Houve quem tivesse até mesmo sugerido falar com os antepassados dessa pessoa, mas como se soubessem que iam ser interrogados tinham arranjado maneira de se oferecerem para um banquete a um demónio devorador de almas, sendo eles o prato principal.
Havia outras maneiras mais radicais para encontrar a pessoa, mas implicava usar um cão com três cabeças que ia com certeza fazer o seu melhor, ou pior para encontrá-lo, mas o medo de usá-lo era maior do que pensar sequer no que poderia acontecer caso Joshua falhasse na sua missão.
Kado ficou de passar a informação que já estava alguém a procurar a alma perdida a Izanami, mas antes ia descansar, estava ferido ainda devido á luta, e havia já alguns dias que não parava, havia sempre algum problema para ele ter de lidar. Hiro quis acompanhá-lo até sua casa, não lhe custava nada ajudar ele, afinal ele tinha ficado com a batata quente nas mãos graças e ele, e o seu dever era ajudá-lo, mas Kado negou precisar de ajuda, não queria ser acompanhado por ele, estava sempre a dizer que não queria sentir que ele tinha pena dele, não necessitava disso. Hiro já conhecia Kado o suficiente para saber que algo ali se passava, por isso fingiu que entendia que ele não quisesse a sua ajuda e seguiu-o de longe. Kado seguiu cansado para a porta onde tinha a passagem para o mundo dos humanos, passou a passagem deixando de ser visto por Hiro. "Será que ele ainda vai buscar alguma alma?", pensou Hiro seguindo-o rapidamente parando rapidamente á entrada do portal: ele não tinha como escolher um local para onde ir se não sabia qual tinha sido o destino de Kado. Pensou, tornou a pensar, mas não teve nenhuma ideia de onde ele poderia ter ido.
- Então colega, não vais sair? – perguntou um Shinigami ao chegar ao pé dele olhando para o portal. – Não funciona?
- Funciona, podes passar. Eu estava a ir atrás do Kado, ele esqueceu-se de uma coisa e eu ia dar-lha, mas perdi-o no portal…
- Não o seguiste porquê? – perguntou o Shinigami curioso.
- Porque não sei para onde ele foi. – explicou ele. O colega olhou por um momento, parecia estar a achá-lo muito estranho. – O que foi? – perguntou Hiro começando a sentir-se incomodado.
- Colega, se não sabes para onde ele foi basta no portal focares-te nele, tipo, no Shinigami que ele é e o portal vai-te mandar para lá. Como achas que fazíamos ao início nos nossos primeiros dias de trabalho? A maior parte de nós era demasiado lento para seguirmos os nossos formadores, isso era logo a primeira coisa que nos ensinavam. Não te lembras?
Hiro bateu com a mão na testa ao recordar-se desse pormenor. Realmente era uma das primeiras coisas que lhes eram ensinadas era a aprenderem a localizar sempre os chefes caso precisassem de ajuda. Despediu-se do colega e entrou no portal apressado. Saiu na floresta como de costume e lá focou-se em encontrar Kado, ele estava ferido, poderia estar a precisar de ajuda.
Quando deu por si, estava de novo em Tokyo, estava no bairro de Shibuya, uma das zonas mais ricas de Tokyo. Estavam imensas pessoas na rua mesmo já sendo três da manhã. O que Hiro adorava em Tokyo era a mistura de várias culturas, vários povos se juntavam não importava a hora, a tecnologia era de ponta e o formato dos edifícios fascinava-o: os edifícios modernos eram altíssimos, autênticos arranha-céus, nas paredes desses arranha-céus estava sempre a passar alguma informação do que se estava a passar no país, algum anúncio, alguma banda estava ali a tocar. Tokyo era uma cidade que transbordava cultura. Depois de ter respirado toda aquela atmosfera Hiro voltou a focar-se em encontrar Kado. Fechou os olhos, visualizou Kado novamente e quando os voltou a abrir estava na porta de um apartamento que pelas contas dele ficava num dos arranha-céus que ele tinha estado a admirar até á bem pouco tempo. Nervoso, pois não sabia o que ia encontrar bateu á porta.
- Bem vocês no folheto diziam que entregavam em menos de dez minutos Yakisoba, mas não pensei que fossem assim tão rápidos…- veio uma voz estranhamente familiar de dentro do apartamento. A porta abriu-se deixando aparecer um Kado de roupão e toalha de banho na cabeça.