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A salvação do Shinigami

🇵🇹AngelikaAustin
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Synopsis
Ser um Shinigami, para ele, era tudo o que ele sabia fazer. Acompanhava as almas até ao seu destino. Por muito que lutassem, ou tentassem justificar que ainda não tinha chegado o dia deles, nada valia a pena, pois os seus destinos já tinham sido traçados. Porém, um dia, em mais um dia de trabalho, onde tinha a simples missão de ir buscar mais uma alma, algo correu mal. E ele viu-se sem poderes, e pior ainda, obrigado a ficar com os humanos até que alguém se lembrasse que ele já tinha cumprido o seu castigo e readmiti-lo.
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Chapter 1 - CAPÍTULO 1

"Andar no meio dos humanos nunca foi o meu objetivo, pergunto-me até quando terei de aguentar este castigo…só cumpri as minhas funções."- era este o pensamento de Hiro, um Shinigami, que outrora acompanhava as almas até ao submundo para serem julgadas, mas que por obra do destino, tinha sido castigado, por sem se aperceber salvar a vida de um humano.

Ser um Shinigami, para ele, era tudo o que ele sabia fazer. Acompanhava as almas até ao seu destino. Por muito que lutassem, ou tentassem justificar que ainda não tinha chegado o dia deles, nada valia a pena, pois os seus destinos já tinham sido traçados.

Porém, um dia, em mais um dia de trabalho, onde tinha a simples missão de ir buscar mais uma alma, algo correu mal. E ele viu-se sem poderes, pior ainda, obrigado a ficar com os humanos até que alguém se lembrasse que ele já tinha cumprido o seu castigo e readmiti-lo.

Ele não tinha nenhuma ideia de quem tinha salvo, do que se tinha passado, pois a sua memória tinha sido apagada, para que ele se juntasse aos humanos, ele só sabia que tinha errado, apenas isso.

Já se tinham passado dois séculos, dois longos séculos e todos os dias ele olhava á sua volta, cada vez mais desprezando os humanos: eles não tinham qualquer amor á vida, sempre que as coisas lhes corriam mal, eles punham termo á própria vida, isso para ele era o maior pecado que podia haver, pois a vida era uma dádiva divina, e cada pessoa tinha o seu destino a cumprir.

Naquele dia Hiro tinha saído de casa para ir trabalhar. A sua vkida estava reduzida a trabalho, casa, casa, trabalho. Ele não conhecia os vizinhos, não tinha o mesmo trabalho durante muito tempo, nem ficava a viver na mesma casa muito tempo, porque como era imortal não podia correr o risco de alguém começar a notar que ele não envelhecia.

Os trabalhos que ele arranjava eram sempre por poucas horas, era sempre em restaurantes de fast food, pois esses lugares tinham sempre pessoas a entrar e sair, e ele podia fazer o horário noturno, podendo dormir durante todo o dia. Ele não era nenhum vampiro, mas sempre tinha preferido a noite ao dia, e naquele momento a única coisa que tinha acontecido de bom em ser castigado, era que agora podia dormir as horas que quisesse sem ter de ter um superior a chamá-lo á atenção por chegar mais um dia atrasado.

Hiro chegou ao trabalho e como sempre foi para os balneários trocar de roupa, ele odiava a farda, mas não havia nada a fazer, era um sacrifício a fazer, ele tinha de ter dinheiro para pagar a renda do seu apartamento e poder comprar roupas. Ele sendo imortal não tinha a necessidade de comer, por isso só tinha de se preocupar com as despesas que tinha pois viver em Tokyo era muito dispendioso.

Prender o cabelo enorme negro que lhe dava pelas costas, era uma luta diária para ele, mesmo estando preso numa trança, ele tinha sempre de arranjar maneira de o esconder dentro do seu horrível boné. Depois de vencer mais uma luta, ajustou os seus óculos (não que ele precisasse deles) e suspirou olhando-se ao espelho.

- Bem, vamos lá. Um dia isto há-de acabar.

No turno da noite havia sempre muitos clientes para atender, mas verdade seja dita, a maior parte eram mulheres. A sua pele pálida que fazia inveja aos seus colegas do sexo masculino e o seu ar misterioso fazia com que várias raparigas lá fossem só mesmo para o verem. Isso irritava-o. Como elas podiam ser tão fúteis? Iriam lá na mesma se soubessem que seria ele um dia a ir buscar as suas almas? Só de pensar nisso ele sorria, sem se aperceber que o seu sorriso estava a fazer derreter meio restaurante, cheio de raparigas, suas admiradoras.

- Hiro, um dia vamos ter de falar sobre estas tuas admiradoras! – dizia o supervisor dele em tom de brincadeira e Hiro acenava com a cabeça enquanto atendia uma senhora idosa que aparentemente estaria naquele momento a pensar que havia alguma promoção especial, devido a tanta afluência.

- Cansado da vida de Shinigami?

Hiro estava a despedir-se da senhora idosa, quando ouviu essa pergunta, vindo de alguém que estava atrás dela. O seu coração que tinha um batimento semelhante ao dos humanos, para o caso de alguém desconfiar dele, deu um pulo, e todos os seus sentidos entraram em alerta. A "pessoa" rapidamente se revelou.

Alto, com cabelo curto ás cores parecendo um arco iris, olhos negros como a noite e pele muito pálida, vestido com um impecável fato preto e uma gabardine até aos pés, avançou até á caixa de pagamento onde estava Hiro sorrindo.

- O que fazes aqui? – perguntou de imediato Hiro desconfiado, a sua frente estava um colega seu de trabalho, da sua antiga vida de Shinigami, com quem ele nunca se tinha dado muito bem por terem modos diferentes de verem as vidas que ceifavam.

Koda olhou para ele, o sorriso não desvaneceu.

- Vim buscar-te.

- Buscar-me? – Tudo o que ele tinha nas mãos deixou cair, chamando á atenção do seu chefe que foi ver o que se passava, se ele necessitava de ajuda. – Está tudo bem, peço desculpa, fiquei um pouco tonto, apenas isso. – explicou a ele.

- Faz uma breve pausa lá fora, depois volta senão as tuas fãs vão embora. – disse-lhe o seu supervisor enquanto lhe piscava o olho.

Desorientado, mas no fundo bastante esperançoso, Hiro foi com Koda para as traseiras do restaurante para poderem falar com mais calma.

- Explica-me o que se passa.

- Claro meu caro, bem, uma das descendentes da pessoa que salvaste á seculos atrás encontrou uma maneira de fugir de nós. Não sei como aconteceu, ou como o está a fazer, mas a alma dela já devia ter sido colhida á pelo menos dois meses e até agora não a encontrámos. Já enviamos vários colegas, mas ninguém teve sucesso. Por isso, como a culpa disto tudo é no fundo tua, o teu novo chefe decidiu que se concluísses essa missão com sucesso podias ter a tua "vida" de volta.

- Novo chefe?

- Sim, eu.