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Chapter 4 - O Ciclo

De repente, me senti mal, com tonturas e enjoos. Pensei em chamá-lo de volta para dizer o que estava sentindo, mas desisti. Afinal de uma coisa podia ter certeza; não morreria por estar me sentindo assim. Deitei e comecei a lembrar de mamãe, e as lágrimas começaram a caírem pesadas. Pensei em meu noivo e sem que desse conta, comecei a compará-lo com Gabriel. Uma comparação sem lógica, claro. Eu e Júlio éramos felizes, nunca brigávamos. Ele era o sinônimo de amizade, gentileza, compreensão, calor humano... Já Gabriel, era grosso, pretensioso, arrogante, tinha os olhos de um verde sem igual, uma pele linda... Parei. O que estava fazendo? Dei um soco no travesseiro. Porque tinha que pensar nele o tempo todo? Afinal era um desconhecido... De repente me lembrei da conversa que tivemos e fiquei intrigada... Porque aquela pergunta mexeu tanto com ele? Será que ainda não tinha se conformado por estar ali? Quanto tempo será fazia que havia chegado ali? Eram tantas perguntas sem respostas... Então me dei conta de que não sabia mesmo nada sobre ele, além do nome... E foi pensando em Gabriel que adormeci novamente.

Acordei ouvindo vozes. Não abri os olhos, fingindo que continuava dormindo, pois reconheci a voz de Antônio e Gabriel, pareciam discutir e o assunto era de alguma pessoa que desconfiava, fosse eu.

_ Tem certeza que deve deixá-la sobre meus cuidados? - Era a voz de Gabriel. Parecia ameaçadora.

_ Gabriel...

_ Devia ter me avisado que era ela! Deu-me seus dados, mas omitiu de quem se tratava! Nunca imaginei que em uma distração, ela seria trazida para cá... E estou muito surpreso com a decisão de vocês de coloca-la sob meus cuidados, sabendo o que penso e sinto... Será que são tão tolos a ponto de acreditar que vai sair algo de bom disso? O final pode decepciona-los.

_ Fala como se soubesse algo sobre ela.

. _ Não sou idiota! Espero-a a tempo demais para nosso ajuste de contas, e descubro que estava tratando com ela numa entrevista... É claro que a reconheci assim que soube seu nome.

_ Como pode ter tanta certeza?

_ Porque ainda tenta esconder? Sinto que é ela. A ligação instantânea que tive com ela agora faz sentido...

_ Não deva guardar tantos rancores...

_ Claro. É fácil falar, para quem não sofreu tudo que sofri.

_ Na verdade pensei que ficaria feliz em revê-la. – Antônio disse revelando enfim que Gabriel estava certo sobre a pessoa de que falavam.

_ Claro que fiquei feliz! Mas não pelos motivos que acredita... E por outro lado, significa que, com a presença dela aqui, é chegada à hora de eu retornar para algum mundo, e não sei se estou preparado para isso. Na verdade, não quero isso.

_ Não tema. Tudo vai dar certo.

_ Não creio... Sabe tudo que passei para chegar até aqui... Tudo que ela me fez passar! Não quero ter que passar por tudo novamente. Não quero que se repita.

_ Entendo. Mas agora alcançaram outro nível espiritual, acho improvável que regridam. Não vão cometer os mesmos erros eternamente. Sabe bem que esse ciclo tem que parar...

_ Não é bem assim.

_ Claro que é! Pense! É a primeira vez que se encontram aqui na colônia. Sempre que trocavam de corpo só se encontravam no céu quente ou em meio a tormentos em algum mundo. É obvio que houve uma grande progressão. Tem que tentar enxergar essa mudança como algo bom...

_ Mas ainda tenho muitos sentimentos negativos. Sinto vontade de machucá-la, para que ela sinta cada dor que passei, só de imaginar que ela está perto de mim novamente... Ela veio para que pudessem me testar não é mesmo?

_ Comete um grande erro a pensar assim. Essa sua obsessão, e ódio só vão acabar destruindo você mesmo. Trate-a com carinho...

_ Ela já me destruiu! – Gabriel o interrompeu. – Agora é minha vez!

_ Será que não entende que tudo que fizer contra ela, o ferirá também? Entenda de uma vez que esse não é o caminho! Não deixe o ódio dirigir suas atitudes, mas permita o amor que está aí dentro libertar-se. O que fizer contra ela vai refletir em você...

_ Pare com isso! É uma questão de honra, destruí-la! Já que se preocupa tanto, arrume outro para cuidar dela.

_ Infelizmente não posso, é uma ordem diretamente celestial. Mas pense bem no que vai fazer. Você é um bom espírito, caso contrário, não estaria aqui. Cuide dela com carinho, sem deixar que mágoas passadas envenenem você. Está confuso agora, pela emoção de revê-la, sem esperar por isso. Mas essa missão é muito importante para sua volta.

_ Não me fale em volta!

_ Mais cedo ou mais tarde terá que falar sobre isso. Talvez, quem sabe, ela irá ajudá-lo?

Senti que se afastavam, então, abri os olhos. Fiquei muito confusa ao descobrir que não era ali que conversavam, apesar de parecer que estavam do meu lado. Talvez estivessem em outro quarto, ou no corredor, ou quem sabe até em uma outra ala? Não sei a extensão que temos aqui no sentido da audição. Lamentei que não estivessem ali, pois estava curiosa para saber de quem falavam, poderia ser de mim, mas não citaram nomes. Algumas coisas que ele dissera me levavam a acreditar que era eu essa pessoa. Quando ele ouviu meu nome, ele mudara muito. Já não era mais o mesmo.

A porta se abriu e pensei que era Gabriel, mas felizmente era papai, Geisa e uma outra mulher que não conhecia. Meu coração se encheu de alegria e corri a abraçá-los.

_ Que bom que vieram!

_ E então? Como está se sentindo minha filha?

_ Melhor agora com vocês aqui. – Disse olhando para a moça que estava os acompanhando.

Caminhamos até a cama onde papai me ajudou a cobrir. Aproveitei para observá-lo. Por alguma razão, ele estava nervoso. Vi quando ele se virou para moça e lhe lançou um olhar curioso. Geisa estava a um canto, com olhar distante e pensativo. A moça que os acompanhavam, devia ter a minha idade. Era muito bonita, e alta.

_Liza...

_ Papai, não vai me apresentar à moça?

_ Claro. - Ele foi até ela e pegando em sua mão, a trouxe para mais perto.

_ Meu nome é Alexia. – Ela disse estendendo a mão, antes que papai dissesse alguma coisa. Aceitei a mão com desconfiança.

_ Bonito nome, assim como você. – Eu disse sincera.

_ Obrigada.

_ Filha... Alexia e eu... Bem, já nos conhecemos de outras vidas... E...

_ Entendo. - Disse abaixando a cabeça. Não queria ouvir o que desconfiei assim que a vi.

_ Se importa Liza? – Ela perguntou, parecendo preocupada com minha reação.

_ E porque me importaria? – Disse com lágrimas nos olhos.

_ Porque choras? – Indagou Alexia se aproximando e sentando na cama.

_ Desculpe... Não pude evitar...

_ Se lembrou de mamãe, não foi?

Todos olhamos para Geisa, que entrava pela primeira vez na conversa.

_ Sim, minha irmã, me lembrei dela sim. Tenho saudades... Ainda se lembra dela?

_ Claro! Mas eu a vejo sempre...

_ Como? – Liza perguntou intrigada com aquela informação.

Geisa olhou para papai, como a lhe pedir desculpas.

_ Tenho que ir. - Ela disse e saiu correndo.

Queria perguntar para papai como Geisa podia ver mamãe. Mas senti que havia um clima de muita tensão no ar, e preferir calar sobre esse assunto por ora. Decidi que voltaria ao assunto anterior e depois pediria satisfações sobre o que dissera Geisa.

_ Espero que não fique ressentida, Alexia, mas é que... Bom, não é nada contra você, mas mamãe acredita que quando morrer, vai ficar junto de papai... Sei que é uma bobagem, até tentei dissuadia-la, mas ela não ouve ninguém quando o assunto é esse... Mas sabe, no fundo, também acreditava nisso, e fico pensando na sua decepção, quando ela chegar aqui e ver papai amando outra mulher. Eu ficaria furiosa no lugar dela e como filha me sinto decepcionada... Posso imaginar bem como ela vai se sentir, como se fosse comigo...

_ Sua mãe, não está sozinha. Nós estamos sempre lhe enviando consolo com muito carinho. – Alexia disse com ternura e isso desarmou Liza. – Não comandamos nosso coração. Tenho certeza que se seu pai tivesse opção, escolheria amar ela da forma que me ama. Mas o amor que nos une é único. É especial e você está perto de entender isso, pois vai encontra-lo também... Ele não a deixou de amar... Só descobriu em mim um amor diferente...

_ Não duvido disso. - Disse sincera. – Mas realmente sou muito leal. Jamais farei com que Júlio chegue aqui e me encontre nos braços de outro, depois de ter me esperado por muitos anos. Isso é covardia. Nenhum amor me fará mudar de ideia. Meu caráter é um só. Papai viveu feliz sem esse tipo de amor que sente por você e poderia continuar assim. Ficar com você é sim, uma escolha dele. E essa escolha envolve a dor de outra pessoa...

_Sabe, aqui as coisas são parecidas, mas funcionam um pouco diferentes. O amor que seu pai sente por sua mãe, jamais há de ser apagado ou esquecido, pois é fundamental que nos amemos uns aos outros. Quando ele estava na Terra, sentia por sua mãe os amores carnais, comuns a todos os seres humanos. E ele foi fiel a esse amor, e ainda o é. O que mudou agora é que ele encontrou o amor espiritual, que é o que nos completa. Hoje nos unimos e nos transformamos num único ser, ou seja, somos completos agora. Fomos divididos para que assim conhecêssemos o vazio e nos voltássemos ao Mestre Divino buscando-o sempre e nos amando uns aos outros, tentando assim ocupar o vazio e cumprir o mandamento, e agora nos reencontramos para juntos progredirmos. Se não houver pendências em nenhuma das partes. E amo muito sua mãe, que o presenteou com amor devoto, puro e verdadeiro. Não é errado amar Liza. Mas é errado deixar de viver um amor, por causa de uma pessoa que desperta em outra, um tipo diferente de carinho. Eu e seu pai, vivemos outro tipo de amor. É algo mais profundo... E sua mãe vai amar a pessoa que já espera por ela, assim que a vir. Ela vai entender imediatamente que o amor por seu pai, não é o que ela procura de verdade. Não é o que ela esperava. E isso vai acontecer assim que ela colocar os pés aqui...

_ Como podem ser parte um do outro e suas idades se desencontram de forma gritante? Tu és muito mais nova que papai! Deve ter uns dezenove anos...

_ Isso porque quando fomos divididos, seguimos rumos diferentes e nossos erros fizeram com que nós fossemos e voltássemos em mundos e em épocas diferentes. Estou aqui há mais de quarenta anos esperando por seu pai, mas o espero há mais de duzentos anos. Somos o que vocês chamam de alma-gêmea.

Alexia falava com tanto carinho e ternura que acabou por me contagiar... Como uma pessoa de bem podia nos consolar tanto só com suas palavras... Era tudo tão mágico... Mas não pude deixar de pensar em quem consolaria mamãe. Será que eu ainda estaria por ali quando esse momento chegasse? Esperava que sim.

Papai se aproximou e tomando a mão de Alexia ajudou-a a se levantar.

_ Temos de ir agora.

_ Voltará para me visitar? – Perguntei preocupada com a urgência na voz de papai.

_ Claro, querida.

_ Papai, antes de irem gostaria que me esclarecessem algumas dúvidas, se não for atrasá-lo, é claro.

_ Que dúvidas?

_ Bom... Para começar; estamos no paraíso?

_ Não. Ainda não. Estamos num lugar onde chamamos de Colônia. Alguns chamam de céu temperança. Mas o significado é o mesmo. Estamos onde precisamos estar para rever parentes ou ir para algum mundo... Os motivos variam conforme a pessoa vai passando os dias aqui...

_ E estamos aqui, porque não fomos bastante bons para estar no paraíso?

_ Não. Tire a ideia de paraíso de sua cabeça. Estamos aqui para revermos nossos entes queridos e se necessário voltamos ao lar terreno, seja em qual mundo for, para nos redimirmos de nossos erros. Como já lhe disse. É também importante que nos encontramos com nossa alma-gêmea aqui para podermos viver sem o ciclo interminável de idas e vindas. Existem três etapas para que possamos viver nesse lugar preparado para os que merecerem; uma delas é a que vivemos nos vários mundos que nos cercam, por várias vezes até corrigirmos cada detalhe e sejamos dignos de entrar nesse lugar reservado para nós. Somente uma vida de amor e humildade podem nos tirar das idas e vindas aos vários mundos. Porque primeiro precisamos aprender a nos perdoar, para podermos amar uns aos outros. É a fase mais difícil, pois não se sai dela fácil. Sempre há algo que se deve. O credor, cedo ou tarde, paga aquele a que se deve. A segunda fase é aqui, onde receberá uma tarefa, somente se não for devedor e ter que retornar a algum mundo, mas não é proibido que tenha uma tarefa de forma alguma, mas se tiver que voltar é bom que se foque nisso. Essa tarefa, que tu mesmo vais escolher, ou ser escolhida por ela, deve ser cumprida com amor e boa vontade, e assim que se reencontrar com sua alma-gêmea poderá então chegar à terceira fase, que é o tão esperado altar onde fica o trono de Deus. E para chegarmos lá perfeitos e sem vazios, é necessário, sua outra metade. Lembrando que existe um vazio em nós que só pode ser preenchido por Ele. Saberá quando sentir falta d'Ele e somente dEle. Nesse dia, estará pronta para ir e viver para sempre em paz e harmonia.

_ Entendi... Mas, então... Porque ainda está aqui? Vai retornar para algum mundo? Afinal você tem tarefas aqui... E segundo suas próprias palavras, quem tem uma tarefa é porque não precisará retornar... Você já sente o vazio de qual falou?

_ Estou aqui porque pretendo rever todos meus entes queridos pela última vez, pois assim que passar dessa fase, jamais nos reencontraremos. Apesar de sermos almas afins e estarmos ligados por toda a eternidade... E sim. Já sinto o vazio. Mas ele não é algo que machuca. É algo que me falta. Posso resistir até a hora certa...

_ Sabe, sei que posso parecer egoísta, mas depois que descobri minha nova situação, desejei que todos eles viessem para cá, onde não sentiriam mais dor e nem morreriam para deixar aflitos aqueles que os rodeiam... – Eu disse pensativa, pois as palavras de papai não faziam sentido para mim.

_ Engana-se, minha filha. Aqui há dor e solidão. Há dúvidas e rejeição. Há medos e todos os sentimentos comuns a nós, humanos.

_ E as pessoas que aqui estão não ficam ansiosas para mudar de fase? Sair de uma vez por todas desse ciclo?

_ Na verdade não. Algumas pensam que por terem a eternidade pela frente, não se preocupam... Alguns até retornam ao último lugar de que vieram sem necessidade.

_ Parece que não as aprova.

_ Não mesmo. Estão aqui para seguirem em frente e prepararem-se para um novo tempo, uma nova etapa, novos sentimentos... Isso de andar para trás não é uma boa coisa...

_ E eu que não acreditava em reencarnação...

_ Como eu já disse, existe um ciclo que deve ser cumprido. Se esse ciclo foi interrompido por algo que fez e não por vontade do Mestre Divino, terá que voltar para terminar esse ciclo. Por isso é que muitas vezes uma criança nasce com câncer e com poucos anos morre ou até meses ou semanas, é só um exemplo, para abreviar o máximo seu tempo na terra e cumprir seu ciclo interrompido quase no fim, lembrando que essa é uma escolha da própria pessoa, que depois de conhecer a colônia não quer ficar longe daqui por muito tempo.

_ Quer dizer que ainda posso retornar?

_ Para a Terra? Em um corpo?

_ Claro! E de que outra forma seria?

_ Em espírito. Pois acredito que não retornará mais para nenhum mundo. Mas posso estar enganado e você decidir... Ou ser necessária... Não podemos andar certos de nada nesse lugar. O que acontece é imprevisível.

_ Porque não? Ainda não sinto o vazio de qual falou... E estou muito confusa ainda. Gosto da Terra. Minha vida lá foi muito boa...

_ O vazio não será sentido por você até que esteja pronta. Não me pergunte quando estará pronta, pois não sei responder. Ele aparece de repente... Posso estar enganado e você ainda não terminou seu ciclo, mas espero que sim... Talvez por eu desejar que não passe mais pelo tormento da morte, eu tenha a esperança que tenha acabado para você, assim como acabou para mim. Afinal é minha filha e desejo o melhor para você.

_ Pai, não sabe o que é melhor para mim. Eu sei. E eu quero voltar lá. Não daqui há anos, mas agora. Posso ir lá em espírito?

_ Com certeza.

_ E quando será isso?

_ Só seu médico poderá lhe dizer.

_ Mas pai, já estou bem...

_ Sinto muito Liza, mas só seu médico poderá julgar se seu estado psicológico, está preparado para rever as pessoas que ama sem sofrer um abalo emocional que poderia comprometer sua evolução ou até mesmo sua estada aqui.

_ Entendo... - Resmunguei desanimada cruzando os braços. Sem entender nada na verdade.

_ Estou recebendo apelos de nossos irmãos... Preciso ir imediatamente! Assim que for possível, voltarei. - Ele disse e saiu acompanhado por Alexia, que se despediu com um sorriso.

Nunca me senti tão sozinha como naquele momento. Será que era assim que passaria a eternidade? Sempre sozinha? Dependendo de Gabriel para fazer qualquer coisa?

Ouvi uma batida na porta e logo depois Gabriel entrou.

_ Como vai minha paciente predileta?

Se não tivesse ouvido a conversa dele com Antônio, realmente acreditaria que realmente estava preocupado. Peguei o travesseiro e joguei nele com raiva. Ele me olhou confuso, enquanto recolhia o travesseiro do chão. Sabia que estava sendo infantil e descontando nele toda minha frustração. Mas era inevitável. Como se eu fosse obrigada a agir segundo meus impulsos mais irracionais.

_ Saia daqui! Não quero te ver! Seu cretino! Falso! Odeio você!

_ Hei... Espera ai! O que foi que fiz? – Ele perguntou com confusão no olhar.

_ Não passa de um hipócrita!

_ Porque diz isso?

_ E por que você finge que se preocupa comigo?

_ Não finjo. Não me preocupo mesmo. Não disse a você que me preocupo, disse?

Essas palavras foram como um banho de água fria na minha ira.

_ Então porque perguntou...

_ Como estava? É de praxe. Porque me importaria? Não significa nada para mim.

Uma lágrima rolou em meu rosto, apesar de meu esforço para não demonstrar o quanto àquelas palavras me aniquilaram, me deixaram totalmente fragilizada. Não devia tê-lo atacado. Sabia que ele me tratava assim por me considerar uma criança mimada. Via-me como uma criança e como tal, não levava a sério minhas palavras. Ao pensar nisso, fiquei mais furiosa ainda.