Capítulo 17 - FINAL
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1 HORA DEPOIS
18:00PM
Na Instalação/casa de Yuma.
Depois de ser arremessado contra a parede de seu próprio quarto e desmaiar em sua cama por cerca de uma hora, Nero começa a recobrar sua consciência, abrindo seus olhos lentamente e enxergando aos poucos que está deitado em sua cama.
Ele se encontra com uma expressão confusa, se perguntando o que aconteceu, e então se lembra de ter sido arremessado por Akechi, para que fosse impedido de treinar.
E lembrando disso, sua expressão se torna levemente enraivecida e ele diz baixo num tom de mau humor.
Nero: Filho da Puta!... – xingando Akechi.
Nero começa a se levantar devagar e se senta em sua cama, e percebe estar respirando e se mexendo bem melhor do que a umas horas atrás, dando a entender que o tempo necessário para ele se recuperar foi finalizado enquanto dormia.
Então, Nero se levanta e antes de sair de seu quarto, ele começa a alongar seus braços, pernas e etc, para que possa voltar a andar da melhor maneira possível.
Ele se abaixa para pegar as suas Glaives jogadas no chão e então, se dirige para a porta de seu quarto para que possa sair do mesmo, enquanto coloca a Glaive de sua mão direita em sua mão esquerda para que possa usar sua mão direita para abrir a porta com mais facilidade.
Então, estando de frente para a porta, Nero gira a maçaneta da porta para que possa passar pela mesma, mas a porta não abre.
Nero estranha a porta não abrir e faz uma expressão confusa, e continua girando a maçaneta para que a mesma abra a porta, mas não consegue de maneira alguma.
Então ele começa a bater na porta com sua mão enquanto diz.
Nero: Eiii, tem alguém me ouvindo???
Sem resposta.
Nero: Caralho, Akechi! Abre Essa Porra!!!! – começa a bater na porta com mais força.
Sem resposta.
Então, Nero deixa sua outra Glaive sua mão direita novamente e começa a chutar a porta seguidamente e ao falhar, ficando cada vez com mais raiva, ele grita.
Nero: QUE INFERNO, ABRE!!!!!!!!
Sem resposta e Nero permanece respirando ofegante e com seus dentes rangendo, demonstrando o quanto de raiva ele está agora por estar se sentindo preso e impedido daquilo que ele tão almeja fazer, sentimento esse que ele já sentiu em ocasiões com seu sensei e "avô", Kuroshi.
Ano, 2327.
Aos seus 14 anos, Nero estava despertando uma vontade excessiva de treinar, na qual não faria bem para seu corpo. Mas seguindo o desejo de sua obsessãopor lutar, Nero ignorava isso, diferente de Kuroshi.
Seu avô/sensei teve de começar a trancar seu aluno/neto, Nero, em seu quarto, para lhe impedir de gastar as energias de seu corpo mais do que deveria. E por mais que isso fosse para o bem de Nero, isso o deixava frustrado e com a sensação de incapacidade, pois se sabia que se tivesse nascido com uma fração sequer de Gou, teria mais força e habilidade para sair de seu quarto trancado e justamente por não ter, que Kuroshi não tinha de se preocupar tanto com as possibilidade que Nero tinha de conseguir sair de seu quarto, pois eram poucas.
Ano, 2332.
Da mesma maneira que ele tem poucas possiblidades de conseguir sair de seu quarto atual, trancado por Yuma e Akechi.
Ao começar a pensar nessas memórias com Kuroshi e associar a situação atual, Nero se vira de costas para sua porta e começa a atacar tudo que vê pela frente em seu quarto. Destruindo sua cama, seu armário, suas roupas e etc.
Tudo isso, enquanto o mesmo grita.
Nero: EU JÁ PROVEI O MEU VALOR A PARTIR DO MOMENTO QUE MATEI AQUELES MERDAS! EU TREINEI! EU MATEI! EU FIZ TUDO PRA CONSEGUIR ISSO! POR MINHA FAMÍLIA, PELA MINHA CIDADE! EU TINHA QUE ESTAR FELIZ POR COMPRIR MEU OBJETIVO, ENTÃO PORQUE EU NÃO ME SINTO ASSIM!?!??!?! PORQUE PARECE QUE TEM UM GRANDE VAZIO NO MEU PEITO QUE PARECE QUE NUNCA VAI SE PREENCHER?!?!?! EU SÓ CONSIGO DESCONTAR TUDO ISSO QUE EU SINTO TREINANDO OU MATANDO QUEM MERECE IR PRO INFERNO, ENTÃO ME DEIXEM SAIR E DESFERIR ESSES CORTES PRA QUEM MERECE!!!!!!
Enquanto Nero está descontando sua raiva em todos os seus móveis, Yan está passando pelo corredor de seus quartos e quando está para se dirigir ao seu, ele escuta os gritos de Nero e muda sua rota para o quarto do mesmo.
Ele está de olhos fechados, vestindo uma camisa branca e por cima, um moletom preto de mangas compridas que estão puxadas até seus antebraços.
Uma calça moletom bege e em seus pés, tênis pretos, que estão sobre meias brancas de tamanho comum.
Escutando a última frase de Nero, não resta dúvidas para Yan de que Nero está fazendo isso por estar preso.
Então, ele abre seus olhos vermelhos vibrantes, trazendo uma grande onda de Gou pelos corredores e olha para as câmeras do corredor e diz, esperando que seu pai, Yuma, ouça.
Yan: Pai, abre a porta!
Yuma: Ele está descontrolado, a gente tem que esperar ele se acalmar! A gente não pode deixar ele sair agora. – responde da sala de câmeras.
Yan: Esperar não vai adiantar em nada, a gente tem que acalmar ele!
Yuma: Você tem certeza?
Yan: Sim, deixa comigo!
E não prestando atenção na conversa que está havendo do lado de fora, Nero só continua atacando e gritando tudo que vê pela frente, até que fica de frente para sua porta novamente e diz.
Nero: VOCÊ DIZIA QUE ESSA SERIA MINHA NOVA CASA, MAS VOCÊS SÓ QUEREM ME DEIXAR PRESO! – e o mesmo desfere um chute novamente em direção a sua porta.
E enquanto seu chute se aproxima de sua porta, a mesma entra na batente direita e seu chute começa a ser direcionado para Yan, que consegue receber o chute de Nero segurando o pé do mesmo com sua mão direita e não esboçando qualquer reação sobre o ataque do mesmo que por coincidência acabou sendo direcionado a ele.
Ambos se mantém num curto silêncio, Yan olha para Nero com uma expressão neutra, enquanto Nero olha para Yan ainda com sua expressão enraivecida e nota que o mesmo está de olhos abertos, vendo seus olhos vermelhos pela segunda vez e novamente, seu Gou Monstruoso passa despercebido pelos sentidos de Nero.
Mas ele não deixa de lembrar de que Yan lhe disse uma vez que mantém seus olhos fechados para controlar seu Gou.
Nero: Tsk! – começa a abaixar seu pé para o deixar firme no chão e Yan não faz questão de impedir.
Ambos continuando se olhando, até que Nero decidi se desviar do mesmo e seguir em frente no corredor, porém, Yan coloca sua mão direita sobre o peito do mesmo, impedindo que Nero passe.
Com isso, Nero sobe seu olhar novamente para Yan com muito ódio nos mesmos e lhe diz num tom ameaçador.
Nero: Tira sua mão de mim, Yan!
Yan: É bom você sentar e conversar sobre o que tá sentindo, antes que saia por aí fazendo besteira!
E enquanto termina sua frase, Nero tira a mão de Yan de seu peito e olha no fundo dos olhos do mesmo e grita com todas as suas forças.
Nero: VOCÊ ACHA QUE SÓ PORQUE NASCEU COM O MONTE DE GOU ENFIADO NO CU, EU VOU TER MEDO DE VOCÊ?!?!?!? EU NUNCA VOU TER MEDO DE NINGUÉM, POR TER NASCIDO DO JEITO QUE EU NASCI!!!!!!!!!
Yan fica por poucos segundos em silêncio e diz com tranquilidade em sua voz para Nero.
Yan: Tá!
E dizendo isso, Yan usa sua aerocinese para manipular o ar ao redor de Nero e flutuar o mesmo até o fundo de seu quarto, enquanto começa a andar em direção ao quarto e fecha a porta para que Nero não passe e ao chegar no fundo quarto, Yan começa a descer o mesmo para o chão e desfaz sua aerocinese ao redor de Nero.
Enquanto Nero olha para Yan com uma expressão enraivecida, o mesmo continua com seu humor tranquilo e lhe diz.
Yan: Luta comigo!
Nero: Que?!?! – pergunta confuso com o que seu amigo lhe pediu.
Yan: Você acabou de dizer que não tem medo de ninguém e muito menos de mim, então luta comigo agora pra passar por essa porta!
Nero olha confuso e enraivecido para Yan por alguns segundos, mas não demorou para fazer o que lhe pediu e avançar em direção de Yan e no meio do caminho, dobrar os seus joelhos para deslizar no chão enquanto se aproxima de Yan para lhe direcionar dois ataques laterais com suas Glaives em suas pernas.
Assim que Nero avançou em direção a Yan, Yan fez o mesmo e correu em direção à ele. E quando as Glaives de seu amigo vinham em direção às suas pernas, Yan passou seu braço esquerdo por cima de Nero e apoiando sua mão no chão que está nas costas de seu amigo, Yan usa a força de sua mão esquerda para dar um salto por cima de Nero e evitar suas Glaives e consegue esquivar com sucesso, descendo seu corpo logo em seguida e colocando seus pés no chão novamente, estando de frente para às costas de Nero que está de joelhos no chão.
Sem perder tempo, Nero começa a se levantar enquanto se vira para a frente de Yan girando para a esquerda e direcionando um corte diagonal debaixo para cima com sua Glaive esquerda no abdômen e peitoral de Yan, mas o mesmo da um passo para trás com seu pé direito e consegue se esquivar do ataque de Nero, após errar, Nero segue se levantando enquanto ergue seu braço direito para cima e direciona um corte diagonal de cima para baixo com sua Glaive direita no peitoral e abdômen de Yan, mas novamente, Yan dá um passo para trás com seu pé esquerdo e esquiva.
Nero finalmente está de pé e dá um passo em direção a Yan para insistir em dar mais um ataque lateral com sua Glaive esquerda no abdômen de Yan, mas o mesmo dá um curto pulo para trás afastando seu abdômen da Glaive de Nero e se esquiva, novamente.
Obviamente, Nero se frustra a não estar acertando um mero golpe em Yan e lhe direcionando um ataque frontal no centro de seu peitoral com sua Glaive direita, Nero grita para Yan com sua expressão extremamente enraivecida.
Nero: ATACA, SEU MERDA!!!!!!
Yan: Estou estudando meu oponente para saber como lutar com ele!
Nero: VOCÊ JÁ ME VIU LUTANDO, NÃO TEM O QUE PENSAR!
E com sua Glaive direita, fazendo um ataque debaixo para cima, Nero direciona seu ataque no centro do peitoral de Yan.
Com o ataque vindo em sua direção, da mesma maneira que Yan fez a 1 dia atrás contra os Comandantes, Yan da passos a frente para o ataque de Nero e quando seu peitoral e a lâmina de Nero estão para entrar em contato, Yan desfaz parcialmente seu corpo com sua aerocinese e atravessa não só a Glaive como o próprio Nero e se vira para as costas dele novamente e diz para ele, enquanto ambos se viram.
Yan: Não tem porque eu agir em base do pouco que eu sei, se eu posso saber muito mais!
E ambos se mantém neste ciclo de luta em que Nero o ataca sem pensar duas vezes e Yan segue apenas desviando e bloqueando seus ataques.
Eles passam alguns minutos lutando, enquanto tem o seguinte diálogo.
Nero: PARA DE BRINCAR COMIGO, YAN!
Yan: Você precisa se acalmar se quiser me vencer, Nero!
Nero: EU VOU TE VENCER DO JEITO QUE EU QUISER!
Yan: E acha que agindo assim teria chegado até os Comandantes?
Nero: FOI DESSE JEITO QUE VIVI ATÉ AGORA E NÃO É AGORA QUE EU VOU MUDAR E NÃO É POR CAUSA DE VOCÊ QUE EU VOU MUDAR!!!
Yan: Então, tá!
Então, Yan toma distância de Nero e estende suas mãos para frente, juntando as mesmas e cruzando seus dedos, logo usando seu Gou de Gelo para fazer uma auréola ao redor dos braços, abdômen de Nero, predendo o mesmo e fazendo com que ele solte suas Glaives.
Yan: Nero, preciso que você me escute!
Nero: EU NÃO QUERO OU- - antes de terminar sua frase, Yan faz uma auréola ao redor de sua boca.
Yan: Isso não cabe mais a você decidir!
Não podendo mais usar a maestria de suas mãos, Nero decide usar a de seus pés, erguendo uma de suas Glaives com seu pé e enquanto a mesma está no ar, a chuta em direção ao rosto de Yan.
Yan mexe sua cabeça um pouco para a direita e consegue parar a Glaive segurando com sua mão esquerda, mas ela consegue acerta sua bochecha levemente, fazendo um pequeno arranhão na qual escorre uma linha de sangue.
Após isso, Yan também congela as pernas de Nero no chão para que o mesmo não consiga mais se mover.
Nero começa a se mover bruscamente tentando se soltar e murmurando ao tentar falar com a auréola em sua boca.
E enquanto faz isso, Yan se aproxima e diz.
Yan: Nero, tudo o que nós lutamos e conversamos agora é uma referência de como você decidiu seguir sua vida! Ao invés de recuar um pouco e perceber que sua vida poderia ser muito mais do que só vingança, você só decidiu atacar e matar os Comandantes a todo custo porque só assim aqueles que você amava ficariam "felizes". Você se deixou ser uma peça de Vingança sendo que você podia ser muito mais do que isso, você é forte e pode proteger a si mesmo, mas o mais forte é aquele que protege os outros! Não porque se sente no dever de ser compensado com agradecimentos e sorrisos, mas sim porque escolheu proteger e sabe que é o certo. Teus pais devem estar felizes porque atingiu seu objetivo, mas também tristes porque você se permitiu esquecer de si mesmo, por isso está sentindo esse vazio agora. Deve se ajudar a preenche-lo para perceber que a felicidade estava e está muito além do que o sangue dos Comandantes nas suas Glaives! Você me entendeu?
Conforme Yan foi falando, Nero foi deixando de se debater e começando a prestar atenção na sua fala, até prestar atenção completamente e ser atingido pelas palavras do mesmo em completo silêncio.
E após Yan perguntar se ele entendeu, ele fica alguns segundos em silêncio e depois balança a cabeça dizendo "Sim".
E então, Yan começa a desfazer as auréolas do corpo do corpo de Nero lentamente, até se desfazerem por completo e o mesmo alongar um pouco dos braços e pernas por não ter consigo move-las por um curto tempo, e em seguida, Nero olha nos olhos de Yan e diz.
Nero: Você não tá errado.
Yan: risos acho que não..
Nero: Foi mal pelo transtorno.
Yan: Tá tudo bem.. vou preparar o jantar, quer vir comigo?
Nero: Vamo.. desculpa pelo arranhão!
Yan: Que arranhão? – e o mesmo usa seu Gou para fechar a ferida que Nero fez.
Vendo isso, Nero revira seus olhos e começa a sair do Quarto, e Yan o segue dando algumas risadas e fechando seus olhos.
MINUTOS DEPOIS...
Depois de uma hora nas ruas da Cidade, Akechi chega em sua casa de cabeça baixa, pensando e expressando estar confuso com seu rosto e se dirigindo diretamente para seu quarto.
Ele passa pela visão de Nero e Yan, que estão na cozinha e o observam andar para seu quarto, enquanto o mesmo não dirige seu olhar ou uma palavra para eles.
Então, Nero se dirige até ele e fica do lado do mesmo, perguntando.
Nero: Ei, sei que tu é comilão e deve ter comido na rua, mas não quer jantar com a gente?
Akechi: Não... – E o mesmo entra em seu quarto, se sentando no centro de sua cama e de costas para a parede, em posição fetal e dizendo – Porta! – e do lado esquerdo da batente surge uma porta fechada, impedindo por um instante que Nero prossiga ao seu lado.
Então, Nero se vira confuso para Yan para ver como o mesmo reage a situação, mas ao se virar, vê que Yan não está lá, o que o deixa mais confuso.
Sabendo que a porta está fechada, mas não trancada, Akechi se levanta para trancar a mesma e após isso, ele dá as costas para a mesma e vê Yan em seu quarto saindo de um dos seus portais, que se desfazem no ar segundos depois, enquanto Yan olha para Akechi esperando algo.
Desinteressado em reagir quanto a isso, Akechi apenas se dirige para sua cama e se senta da mesma maneira e olhando para frente, e então Yan se dirige para o mesmo e se senta do seu lado, olhando para ele e dizendo.
Yan: Aconteceu alguma coisa?
Akechi: Não... – segue olhando para frente.
Yan: Tem certeza?
Akechi: Eu não quero conversar agora!
Yan fica alguns segundos em silêncio encarando o mesmo, pois com sua última frase, é possível entender que algo ocorreu com Akechi, ele apenas não se sente confortável para conversar sobre isso no momento, e então diz.
Yan: Tá bom... Eu vou ir jantar com Nero e Yuma e depois passo aqui, mas se quiser conversar antes disso, não à problema.
E Akechi segue em silêncio, enquanto seu irmão se retira de seu quarto.
Então, após Yan sair de seu quarto, Akechi continua sentado em posição fetal em sua cama, apenas olhando para frente, mas diferente de seu corpo, sua mente se mantém inquieta.
Os pensamentos de Akechi são cada vez mais recorrentes e acelerados.
Pensamentos estes que seriam sobre ele já ter tido uma boa mãe, um pai que infernizou sua vida, que ele teve uma irmã mais velha e não tinha um laço sequer com Yan na época.
Que já foi uma pessoa completamente diferente de quem é hoje... ensinando a arte da katana e do Gou para jovens, lutando de maneira mais cautelosa e de mãos preenchidas com a Katana de Kalila.
E tudo isso foi tirado de seu "atual pai", Yuma.
Que segundo Kalila, foi o responsável por ter o salvado da Morte que teria na luta contra O Rei de Tétis, Nação da Água.
São muitos momentos, muitas informações e muitos laços queridos e quebrados para uma história... Para a História que Akechi mal sabia que seria a sua.
Pensando em tudo isso, Akechi começa a debater seu pé em sua cama e aos poucos, suas mãos também começam a tremer.
Reparando nisso, Akechi encara sua mão por alguns segundos e em seguida, começa a fechar a mesma, enquanto sua respiração começa a ficar ofegante.
Com tudo isso, Akechi se levanta rapidamente de sua cama e vai em direção a parede na qual a mesma está próxima, e ficando de frente para a parede, Akechi começa a bater na mesma com seus punhos fechados.
A cada soco, seus pensamentos são mais presentes e marcantes em sua mente.
Mais ouvir sua história, não foi o suficiente para lhe trazer velhas memórias ou ao menos resquícios delas.
Então a cada soco que Akechi dá em sua parede, ele tenta se lembrar de como Fuyuki era, do rosto de Mariko e também tenta lembrar de seu verdadeiro pai, Shin, mas especialmente de como ele fez a cicatriz que ele tem em seu olho esquerdo.
Tenta lembrar de momentos felizes, dele ensinando alguma coisa para algum aluno, da maneira que ele é Kalila se conheceram.
Lembrar de quem ele era é a coisa que ele mais deseja, mas não é o suficiente para lhe trazer mais velhas memórias para sua mente e seus pobres olhos azuis raivosos e tristes.
E com essa frustração, a momentos em que Akechi grita por não conseguir lembrar de seu verdadeiro eu e se sentindo culpado, ele grita.
Akechi: AAAARRRGGHH.. ARRRRGHH, ME DESCULPA!!!! DESCULPAAA!!!!! ARGGGGHHH, ARRRGHHHHH!!!!!!
Sua parede, revestida de metal, treme e começa a ser amassada e manchada pelo sangue das mãos de Akechi que se machucam a cada soco, mas se curam rapidamente por conta de Kalila que regenera seu corpo instantaneamente.
Com suas mãos quebrando e se regenerando frequentemente, Kalila assiste de seu trono, com uma expressão neutra e levemente triste, seu companheiro descontando tudo o que sente nesta pobre parede.
Kalila não consegue pensar em uma maneira de ajudá-lo a não ser regenerando suas mãos, pois o que ela poderia dizer ou fazer após ter contado para seu companheiro que tudo o que ele vive é uma mentira?
Mesmo que tenha sido para o bem dele, não à como decidir a maneira que ele iria reagir, ainda mais com a sua personalidade atual, muito mais descontrolada do que sua personalidade antiga.
E julgar a maneira que ele está reagindo certamente seria inútil, dizer para ele parar, seria em vão, dizer para continuar, o deixaria mais motivado a se machucar.. e fazer com que o mesmo adormeça ou pegar o controle de seu corpo, apenas o deixaria mais frustrado e não só com raiva de Yuma, como raiva dela também, e essa é definitivamente uma das poucas vezes que Kalila se importa com isso.
Então tudo que resta para Kalila é permanecer em silêncio, infelizmente assistir isto, mas não permitir que o mesmo se machuque fisicamente, já que machucado mentalmente é algo que ela não consegue o ajudar.
E se passando alguns minutos, finalmente, Akechi se cansa de descontar toda a sua raiva do mundo.. toda a sua raiva de "seu pai", Yuma.. e lentamente abaixa suas mãos sem nenhum dano e segue respirando ofegante, com seus olhos para baixo.
Enquanto se recupera de seu cansaço, ele olha para frente e vê sua parede amassada e cheia de seu sangue, então, recompõe sua postura e diz, enquanto se dirige para sua cama.
Akechi: Parede!
E então, um buraco do teto se abre e dele surgem duas mãos brancas e robóticas segurando parafusadeiras e indo em direção aos parafusos que prendem a parede que está amassada e manchada de sangue, após retirarem os parafusos, surgem outras duas mãos para subir com a parede e em seguida, as mesmas descem com uma parede idêntica a que Akechi amassou e após posiciona-la, elas sobem e descem novamente segurando parafusos e as posicionando corretamente para que as mãos que ainda seguram as parafusadeiras possam prende-las para que a parede nova fique presa e firme.
Enquanto esse processo acontece, Akechi se sentou em sua cama com suas costas contra a parede, com seu joelho direito dobrado e deitado e seu joelho esquerdo dobrado para cima e apoiando seu braço esquerdo nele, enquanto ele olha para baixo, com um olhar de frustração e desânimo.
Aos poucos, ele olha para suas mãos e percebem que não estão machucadas de uma maneira sequer, mexendo todos os seus dedos da maneira que bem entende sem sentir uma mínima dor.
Olhando confuso para suas mãos, ele deduz que a única que poderia ter feito isso é a Kalila, então o mesmo decide ir para seu mundo.
Ainda sentado da mesma maneira que a da realidade, Akechi segue olhando para frente e mesmo não vendo Kalila, ele sabe que a mesma escuta quando ele diz.
Akechi: Obrigado.
E surgindo atrás do mesmo, Kalila está de pé e põe sua mão direita no ombro esquerdo de Akechi e olhando para frente com uma expressão neutra, diz.
Kalila: Foi nada, chapa.
Akechi segue em silêncio, enquanto Kalila dobra seus joelhos, ficando nas pontas dos pés e do lado de Akechi, dizendo.
Kalila: Tenta relaxar...
Akechi se mantém em silêncio, e direciona seu olhar para baixo..
Kalila também se mantém em silêncio por alguns segundos, mas em seguida, olha para Akechi e pergunta.
Kalila: Diz aí.. O que tu vai fazer agora?
Em silêncio, com seu olhar baixo e então, Akechi olha para a sua esquerda, ao escutar dois toques de sua porta no mundo real.
E escutando.
Yan: Akechi, posso entrar?
Akechi fica em silêncio por alguns segundos, mas então se levanta e se dirige até sua porta, destrancando e abrindo a mesma, a deixando entre aberta e dizendo.
Akechi: Pode! – enquanto se dirige até sua cama novamente.
Yan: Eu fiz o seu prato favorito, caso sinta fome mais tarde! – diz isso enquanto entra no quarto de seu irmão, com seus olhos fechados.
Akechi: Obrigado... – diz isso com seu olhar para baixo.
Yan: Você quer conversar?
Akechi: A gente pode falar disso amanhã? – ergue sua cabeça e olha para seu irmão.
Yan: Claro.. eu venho de manhã.
Akechi: Valeu..
Yan: Boa noite! – diz isso acenando rapidamente e saindo do quarto.
Akechi: Boa noite, Yan! – acena de volta.
NO DIA SEGUINTE.
07:00AM.
Nero se encontra dormindo tranquilamente em seu quarto, mas é acordado com empurrões fracos e vozes de Yan.
Yan: Ei Nero, acorda aí! Nero..
Nero começa a abrir seus olhos e vê Yan, de olhos abertos, ao seu lado tentando lhe acordar e ao conseguir, Nero se levanta frustrado e diz.
Nero: Aaahh por que ninguém me deixa dormir até o horário que eu quero????
Yan: Você viu Akechi??
Nero: Por que veria a cara dele à essa hora??? – se deitando de costas para Yan e se embrulhando com seu cobertor para dormir novamente.
Yan: Ele sumiu.
Nero faz uma expressão surpresa por alguns segundos e se vira para Yan, se sentando e estando bem mais acordado do que antes e perguntando.
Nero: como assim sumiu??
Yan: Ele disse pra gente conversar sobre o que houve de manhã, mas procurei ele pela base inteira e não o achei. E ele te deixou essa carta! – diz isto pegando uma folha que estava no chão.
Nero pega a folha das mãos de Yan e ainda com uma expressão confusa e surpresa, diz.
Nero: Como sabe?
Yan: Estava no chão, começa com o seu nome e tem a letra dele.
Nero encara a folha por alguns segundos, se questionando do que deve estar acontecendo e do que deve estar escrito, e para descobrir, ele diz para Yan.
Nero: senta aí pra gente ler! – logo, Yan senta na cama e do lado de Nero.
E então, Nero finalmente abre a carta e começa a ler.
"Oi, Nero! Foi mal estar sumindo e te dando essa carta assim do nada, mas eu preciso ir embora por um tempo pra fazer algo extremamente importante, porque eu descobri uma coisa definitivamente impossível de ignorar! Eu descobri que eu não sou esse Akechi que nós conhecemos.. à uns anos atrás, eu era diferente. Era mais calmo, fechado, mal tinha uma ligação sequer com Yan.. Era mestre de um dojo e tinha o artefato de Askkadia, que foi roubado pelo Rei De Tétis. Descobri tudo isso por causa da demônio que eu tenho dentro de mim, demônio na qual tem ligação com minha katana roubada e com minha mente, por isso ela se lembra dessa minha vida que foi roubada pelo Yuma, meu suposto pai. Queria poder inventar uma desculpa muito foda pra sumir por um tempo pra ele não suspeitar de nada, mas ele vai conseguir descobrir, é inevitável e quando esse momento chegar, dou meu jeito. Eu sei que ele também deve ter feito a cabeça do Yan pra ser alguém que não é e seríamos melhores estando mais juntos do que nunca agora para lidarmos com Yuma, mas eu tenho que fazer uma coisa que não dá pra esperar e que eu preciso fazer sozinho. Uma das coisas do meu passado é que tenho uma irmã mais velha e ela é a Rainha de Askkadia, eu preciso ir atrás dela.. ir atrás do meu passado.. de quem eu era. Eu não sei se vai dar certo, mas se vai dar ou não, tenho que descobrir isso agora. Acho que quando nos vermos, eu não serei mais a mesma pessoa e sim quem eu era antes, não tenho que me preocupar em esquecer vocês, porque sei que a Kalila lembraria por mim, mas mesmo assim, foi muito massa conhecer você e o Yan com essa personalidade! Aparentemente, a minha antiga não encheria tanto o saco de vocês e teria uma cara de bunda igual a sua e seria calmo como o Yan.. eca! Fala pro Yan que agradeço por ter aprontado minha comida favorita pra mim, nunca vou conseguir esquecer como a comida dele é boa e que graças à ele, eu soube como é ser um irmão mais velho.
É isso, "Akechi foda" se despedindo e quem sabe o "Akechi merda" dá um "Oi" um dia desses."
"Ah! Quase esqueci, olha embaixo da cama"
Nero instantaneamente solta a carta e se deita no chão e olha debaixo de sua cama e vê o que parece ser um celular, com um papel em cima.
Ele pega o celular da capa branca e vê que em cima da tela está um papel branco preso por uma fita, escrito.
"Presente do Akechi foda!:D(e pro caso de eu querer ajuda, eu ligo;-;)."
ENQUANTO ISSO...
Askkadia, Nação do Fogo.
Cidade das Brasas do Inferno.
Do mesmo jeito que tudo começou, Akechi se encontra de joelhos no telhado de uma casa, observando tudo e todos ao seu redor com uma expressão neutra, mas dessa vez, sem sua máscara e segurando com sua mão esquerda, uma pequena caixa da qual tem.
2 Bolinhos de arroz, macarrão parafuso e um pequeno copo de chá.
E com sua mão direita, se alimentando de um dos bolinhos de arroz, da qual Yan, aquele que sempre será seu irmão, fez para ele.