Chereads / Contrato de Amor / Chapter 3 - Capítulo 3

Chapter 3 - Capítulo 3

-Sr. Anderson quer que o espere no quarto. -Um dos seguranças falou, ameaçador.

-...-Hyou bateu a porta na cara do mesmo, respirando fundo várias vezes, começando a se sentir nervoso, indo correndo para a janela, pensando se poderia ir para o quarto do lado, mas notando que nem a parede de vidro facilitava, e estava numa altura considerável que qualquer erro, poderia ser fatal.

Voltou para o meio da cama, sentindo-se vulnerável, indo mexer em seus aparelhos... Ambos descarregados. Estava em um beco sem saída, e a única era esperar o empresário regressar. Mas o que raios havia acontecido na noite anterior? Parecia... Ele já havia transado com mulheres ômegas em heat, e apesar de ser a primeira vez com um homem... Mas... Ele tinha 29 anos... E já tinha feito o exame de sexo secundário, e tudo indicava que era um Beta... Provavelmente foi alguma droga que o outro lhe dera, não era possível.

Praticamente berrou de susto ao ver Kristofer adentrar o quarto, engolindo em seco, tentando se recompor, mas não demorando a sentir o corpo reagir ao sentir o cheiro do outro, indagando-se se havia ficado louco de alguma forma.

-O... O que tá acontecendo comigo?!-Exigiu uma resposta.

O jovem empresário arrumou uma de suas luvas e depois arrumou o cabelo para trás como de costume.

- Você está em heat. Algo comum de vocês ômegas terem e por isso achei que já sabia.

O sueco se sentou em uma poltrona afastada do outro e arrumando seu sobretudo antes de se sentar. Levou uma mão a uma pasta que trazia e a abriu retirando papéis dela e uma caneta de seu bolso.

- Bem senhor Hernandez, verifiquei a sua ficha criminal e ela é bastante...interessante. Vários cartões roubados os quais você vive deles.- se arrumou na poltrona cruzando as pernas e apoiando a cabeça sobre uma mão.

- Mas felizmente eu não vim te causar problemas quanto a isso... Gostaria de lhe fazer uma proposta senhor Hernandez, uma que irá beneficiar a nós dois.

O rapaz ofereceu ao outro o documento em mãos para que este o pegasse e lê-se. Aguardou um tempo a reação do outro.

O mais velho estranhamente, ouvir que o outro sabia seu nome verdadeiro não lhe surpreendeu, mas ouvir sobre ser um ômega, sim. Na mesma hora se levantou em protesto, mas voltando a se sentir tonto, tendo que se sentar mais uma vez.

-...Mas... Mas eu sou um Beta!-Disse com a maior certeza do mundo. -Sou filho de um Beta com um Ômega...! Isso é delírio seu. -Completou, pegando o documento, ainda o encarando desconfiado, fazendo uma coleção de expressões a cada vez que lia, até no final, rir.-Senhor Anderson. O seu contrato não faz sentido algum, se desde o começo, eu NÃO SOU UM OMEGA. A menos, que queira que eu finja ser um.

- Você acha mesmo que estou brincando?

O jovem empresário encarava seriamente o outro. Mas ele observou toda a reação de Hyou e parou para analisar aquilo por um instante.

- É possível que... você não sabia que era um ômega?

O jovem indagou incrédulo ao outro a sua frente. Ele se levantou e se aproximou o máximo que podia do meio oriental e inspirou um pouco de seu perfume natural.

- Não, eu não tenho dúvidas de que você seja mesmo um ômega. Eu não tenho como permanecer ao seu lado nesse sem tomar inibidores, inclusive.

Se afastou de Hyou se dirigindo até a porta a abrindo, permitindo que um homem de jaleco branco entrasse no local com uma maleta e continuou a falar:

- ...E quanto mais cedo você aceitar isso, será melhor para nós dois sr. Hernandez.

O médico colocou a maleta na cama e a abriu, revelando alguns medicamentos.

- Sr. Hernandez, esses são remédios inibidores. Irão ajudar a você, principalmente nesse seu período atual, para seu controle.

O médico mostrou a Hyou cada remédio e como funcionava enquanto o empresário apenas acendia um cigarro e fumava observando o mestiço atentamente.

O latino sentia como tivesse recebido um soco na cara, novamente o corpo reagindo a aproximação do empresário. Parecia que havia se perdido no tempo e espaço, despertando para a realidade apenas quando ouviu o médico falar sobre os inibidores, começando a balançar a cabeça em negação, até se levantar.

-...Não. Não. Você está fazendo joguinhos com a minha mente. Eu fiz meu teste de sexo secundário no colégio, e disse que eu era um beta. Isso é impossível. Eu já tenho 29 anos. -Tentou procurar lógica.

-Hmm...-O médico ponderou. -Provavelmente, o sangue de Beta tenha suprimido seu gene de ômega, já que seu DNA é misto. É raro de acontecer, rapaz, mas acontece. E por conta disso, é perigoso não tomar sua medicação, pois como sua heat foi suprimida até então, provavelmente ela virá mais forte do que normalmente se espera quando acontece na adolescência. Bem. Aqui estão os remédios, vou deixar anotado a frequência de cada, mas tente tomar religiosamente. -Finalizou, anotando de quantas em quantas horas/dias precisava tomar, deixando as caixas na cabeceira. -Também aconselho usar um anticoncepcional. Acredito que por ter despertado tardiamente, sua fertilidade esteja com 100% de força.- Recolheu a maleta, pedindo licença para o empresário sueco, e saindo do quarto.

-...-Permaneceu em silêncio, ainda processando toda a informação, até dirigir os orbes mel voltarem-se na direção do contrato, logo indo encarar o empresário. -No documento você me diz garantir segurança e uma casa. Eu só preciso fingir que estamos juntos, não é?-Sentiu os olhos arderem, agora a raiva se transformando em tristeza, nunca esperando aquele desfecho para si.-Eu não quero transar a força.

- E você não o fará.

Falou o mais novo agora de novo sentado na poltrona.

- Eu não faço sexo com quem não deseja o fazer. Até mesmo em nossa situação...irei fazer o possível para sempre me manter controlado. Não se preocupe.

Kristofer permanecia se controlando mesmo naquele momento, mesmo tendo usado inibidor antes de entrar no quarto.

Fechou os olhos e apertou com os dedos a têmpora.

- Vou te tratar sempre da melhor forma possível. Agora, por favor, tome seu remédio e me diga se aceita o contrato?

Hyou novamente ficou em silencio, fechando os olhos, ainda parecendo ponderar. Bem. Havia sido expulso de casa por seus pequenos delitos, e agora vivia sem um local fixo como um andarilho. Se o empresário fizesse ao pé da letra tudo que tinha no contrato, teria uma fonte de sustento sem precisar roubar por algum tempo, e de fato a situação parecia ser vantajosa para si.

-...-Voltou a se sentar na cama, olhando a medicação, pegando uma e verificando a frequência que o médico havia passado, voltando a encarar o empresário mais uma vez, até finalmente tirar um comprimido e engolir.

Aparentemente, iria precisar de um inibidor de feromônios, e um supressor de heat, tomando os outros comprimidos que deveria, agora indo pegar o contrato.

-...Onde eu assino?

- Ao lado das minhas assinaturas.

Disso o outro agora observando calmamente o mais velho. Pegou de sua maleta uma caixa e a abriu revelando um colar adornado com o emblema da casa nobre que pertencia.

- E isso é para você usar durante todo o período de nosso contrato. Vai servir para afastar inconvenientes para nós e inclusive até para facilitar meu autocontrole.

Levou o colar até o outro e se afastou novamente.

- ...e, ah! Iremos morar juntos, claro. Como seria um relacionamento se não fosse dessa forma?

O moreno assinou onde havia sido indicado, arregalando os olhos ao ver o colar, engolindo em seco. Era irônico como algum tempo atrás caçoava de ômegas que precisavam usar colares, e cá estava ele com um que inclusive demarcava a quem pertencia. Colocou o adorno ao pescoço, ouvindo o click, dando a entender que só poderia ser tirado com algum tipo de senha, suspirando resignado.

-...Vou precisar pegar minhas coisas no meu kitnet.-Avisou, ainda parecendo absorto em pensamentos, se indagando por que foi roubar a carteira justamente dele. -Imagino que eu vá precisar ir com você conhecer sua família... Mas já aviso que não tenho noção nenhuma de etiqueta, sua família vai pirar quando descobrir que está com um vira lata qualquer.

- Não se preocupe com a minha família, o que importa é o que eu penso. E se depender de mim, você raramente os verá, pois...são pessoas difíceis de lidar.

O jovem empresário tirou um cartão da carteira e o entregou a Hyou.

- Esse é um cartão que você pode usar para seus gastos. E quanto as suas coisas, designei uma segurança para ficar o acompanhando e o levar onde quiser sempre que precisar.

Kris pegou o contrato e o guardou na pasta enquanto falava. Voltou as orbes azul acizentadas para o mais velho e terminou a fala:

- Você será levado até meu apartamento hoje. Mas eu não aconselho que saia por esses dias em sua atual situação... peça tudo o que quiser a ela que ela providenciará . Não se preocupe com nada. O tratarei o melhor que posso.

O jovem se dirigiu até a porta e parou enquanto segurava a maçaneta.

- Ah! eu não poderei o "visitar sexualmente" durante esse seu período atual. Você deve compreender. O vejo em casa mais tarde.

Hyou sentiu as bochechas corarem ao ouvir sobre "visitar sexualmente", crispando os lábios de leve, afinal, não era isso que estava esperando que o outro fizesse. Apenas ouviu todas as instruções concordando, até ver o outro sair do quarto.

Kristofer saiu do local e retornou a empresa para trabalhar e contar a novidade a seu pai. Voltou a olhar o resultado do exame de sangue. Hyou era seu fated partner assim como dizia no papel. Resolveu ocultar isso do outro pois ele mesmo não sabia o que fazer corretamente quanto a aquilo. Mas ele sabia que não podia evitar aquilo e que tinha que revelar essa verdade a pessoa que ele mais confiava: seu pai.