Chereads / Assassino de Heróis / Chapter 7 - Capítulo 6 - Poder único

Chapter 7 - Capítulo 6 - Poder único

Ethan acorda assustado, estendendo seu braço para cima e ofegando bastante. Ele acaba notando que não havia mais um buraco em sua mão, ficando confuso por um momento e até mesmo se esquecendo de seu aparente pesadelo. O garoto fica olhando para sua mão por mais alguns instantes antes de notar que estava em uma casa e deitado numa cama, algo que ele não via há tempos.

- Ethan. – Mary o chama e o menino a vê logo ao lado, sentada no chão com duas xícaras de café em sua frente. Uma delas a moça estava bebendo, e a outra, estava guardando para o garoto.

- M-Mary, onde estamos? – Ethan senta-se e começa a olhar em volta, colocando a mão na frente do rosto após ficar na altura da janela, pois o Sol já estava visível.

- Eu explico logo, primeiro se levante e vá tomar um banho, depois tome seu café. – Mary diz enquanto deixava a xícara do menino num criado-mudo ao lado da cama.

- Banho? – Ele acaba reparando no banheiro que havia logo atrás de si, apontando para ele para confirmar se era, e a moça apenas acena positivamente. Por fim, Ethan se levanta e ainda ficava fascinado por sua mão estar se mexendo, tanto que ele aproveita para estralar os dedos. O garoto encontra sua mochila e vai na direção do banheiro, ainda bem confuso de onde estavam.

Dessa vez, Ethan quem retira a roupa, ele se olha um pouco no espelho e fica um pouco enojado por causa do cheiro que estava exalando depois de batalhar e sangrar. Seu corpo era bem atlético para um garoto tão novo, ainda mais por causa dos poucos músculos dele estarem definidos ao ponto de se destacarem na pele dele, como peitoral, braços e pernas. Mas, ainda assim, era um corpo de um pré-adolescente, então ainda era pequeno e precisava de muito treino.

Após terminar de se banhar, ele coloca um conjunto de roupa praticamente igual ao que estava antes, só que de outra cor e sem a jaqueta. Ele então sai do banheiro e pega a xícara de café, bebendo um gole.

- Mary... Onde estamos? – Ele pergunta, com um olhar um pouco receoso, mas calmo, já que sua mestra também estava.

- Na cidade dos Cicatrizes. – Mary diz enquanto se ajeitava.

- Chegamos? Ah... Não foi muito fácil? Eles até nos deram uma casa.

- Não foi fácil. Primeiramente, você tá crescendo e ficando mais pesado. E eles só concederam essa casa e a ajuda deles caso ajudemos de volta. – Mary termina de beber seu café.

- Ah, tá. Então... O que eles precisam? – Ethan pergunta, como se seu olhar já demonstrasse que estava disposto a ajudar. Mary o olha com uma certa relutância, ela então o chama para sentar-se perto dela.

- Ethan, sente aqui um pouco, preciso falar com você. – Mary indica para ele se sentar em sua frente.

- Ah... Ok? – Ele então vai e, enquanto tomava seu café, senta-se em frente a sua mestra.

- Ethan, é um caminho perigoso, passamos dois anos aperfeiçoando suas habilidades, mas seu treinamento não acabou ainda. Eu acho que você não está pronto – Mary dizia de maneira calma, tentando não afugentar o menino, mas mesmo assim ele fica surpreso e até confuso com a resposta.

- P-por que não? Mary, eu consigo, eu vou continuar treinando, eu posso ajudar. – O garoto quase se desespera, mas se contém com um simples sinal de "espere" de Mary.

- Não está pronto ainda, Ethan. Se eu te perder, mais duas coisas eu perco junto. Eu vou ajudar eles contra os Ghouls, mas você ficará aqui por enquanto. – Mary se preparava para se levantar, na visão dela aquela discussão havia acabado. Porém, antes dela se levantar de vez, o menino deixa seu café no chão e salta na direção dela, abraçando-a. A singular fica confusa, e bem surpresa de começo, tentando afastar o garoto com gentileza. – Ethan.

- Não... Não me abandona também... – Ethan diz, era possível ver ele se agarrando mais na roupa de Mary, talvez como uma forma de impedi-la de ir, junto de algumas lágrimas se formando. Mary iria tentar tirar Ethan do abraço, porém ela lembra de algumas coisas.

Uma era como o garoto lembrava em muitos aspectos seu falecido irmãozinho, até mesmo no modo como ele era apegado a Mary, abraçando-a e não querendo que ela fosse para a escola porque iria sentir saudade dela. Mesmo que não quisesse dizer isso para Ethan, foi um fator a mais para a albina se apegar mais facilmente ao garoto. A sensação de ter que proteger e ser responsável por alguém novamente dava uma certa nostalgia a ela.

Mary então suspira e pensa um pouco, pois, mesmo que quisesse fazer bom uso das habilidades de Ethan, era complicado naquele mundo. Não era difícil morrer, ainda mais se você não tivesse poderes ou se os seus não fossem grande coisa. Além de não querer perder uma chance enorme de cumprir seu objetivo, não queria arriscar a vida de Ethan.

- Ethan... Pode me soltar. – Ela diz olhando para os lados.

- Não, eu não vou te deixar ir. – O menino diz enquanto continuava segurando-a.

- Você vai comigo, pode me soltar. – Assim que ela diz isso, Ethan levanta seu rosto e olha para ela, ainda cheio de lágrimas.

- Eu vou...?

- Vai, mas, para vir comigo, vai ter que se esforçar, e me prometa algo Ethan. – O garoto a solta, permitindo que Mary levante-se e, na sequência, Ethan também. Ela então apoia a mão em seu ombro e diz. – Se a situação apertar e você vir que não tem mais chance, prometa para mim que você vai fugir.

- M-mas- – Ethan é interrompido antes de terminar a frase.

- Me prometa. – Mary diz, agora colocando as duas mãos nos ombros dele.

- T-tá. Eu prometo. – Ele responde com um certo receio e um pouco de medo de sua mestra.

- Certo, então se vista para treinar, você vai conhecer a nossa equipe. – Quando Mary diz isso, Ethan abre um sorriso e engole seu choro, pois há tempos que ele não conversava com mais pessoas além de Mary e Drake. Estava animado.

Após se vestirem, os dois saem da casa em que estavam, e Ethan pôde enfim ver como era a cidade dos Cicatrizes. Apesar de pequena, ela funcionava em partes como qualquer outra comum.

Ele conseguia ver pessoas usando seus poderes de água e moverem objetos para arar terra e plantar, poderes relacionados à força para ajudar a carregar coisas pesadas. Na praça, os singulares usavam para acalmar seus filhos com poder da melodia, contar histórias para crianças com criação de ilusões pequenas, e, mais ao longe, nos morros que rodeavam a cidade, uma pessoa começando a andar no ar para fazer vista do local aos fundos, além de humanos comuns, apenas ajudando e vivendo suas vidas.

Ethan olhava para isso e ficava um pouco confuso e com um calor no peito ao mesmo tempo, pois nunca tinha visto um local como aquele, porém era bonito de se ver e ele fica bem curioso a respeito.

- Mary, é isso que você dizia ser "vida normal"? – Ethan pergunta.

- É... Quem sabe um dia você possa ter, Ethan. – Ela responde, colocando a mão na cabeça dele e continuando em frente, na direção de um estabelecimento retangular até que grande que tinha mais para o canto da cidade.

Assim que adentraram no local, ambos conseguiram ver um salão enorme, vários bonecos de teste feitos de madeira, em volta haviam paredes grossas de concreto e um teto relativamente alto. Os dois conseguiam ver uma moça ruiva com o cabelo preso e um rapaz de cabelo azul cacheado, aparentemente só estavam se alongando para treinar, até que percebem a presença de Mary e mais um garoto.

O casal vai na direção deles e a troca de olhares entre David e Mary continua não sendo das mais amigáveis.

- Então é ele? Por que um garoto está usando pistolas? – David pergunta, reparando no coldre que o menino tinha nas costas, que só o deixa mais desconfiado, tanto que sua mão direita já começava a ficar com uma cor mais pálida, sendo possível até mesmo ver o ar que saía dela de tão gelada que estava ficando. Ethan já fica assustado, recua um pouco e Mary se coloca na frente, dizendo da mesma forma calma.

- É ele sim, e tem uma boa justificativa para eu tê-lo salvo e cuidado dele. – Os dois singulares ficam frente a frente, encarando-se próximos um ao outro. A aura de intimidação que Mary impunha sobre David apenas no olhar era tremenda, tanto que ele só não considerava ir para cima dela porque sabia do que ela era capaz, mas Lucy ainda teve que segurar o ombro dele para acalmar as coisas.

- Qual é o poder dele para ser tão requisitado ou especial assim? – Lucy pergunta, tentando evitar um confronto.

- Ele pode anular o uso de habilidades. Cancelamento. – Mary diz. Os dois olham como se aquilo tivesse sido uma piada sem graça.

- Você ouviu isso, Lucy? Ah, conta outra. – David responde, acenando negativamente e apontando para Ethan. – Você tá querendo me dizer que ele consegue impedir qualquer singular de usar seus poderes? É isso?

- Se ele tocar na pessoa, sim. – Mary responde.

- Até parece... – David continua duvidando, tanto que ele já estava pronto para aceitar aquilo como uma brincadeira e voltar ao treinamento.

- Vocês lembram o meu poder, não é? – Mary pergunta.

- Mjölnir, você puxa objetos marcados de volta para sua mão. – Lucy responde, colocando uma das mãos na cintura.

Mary então retira sua faca militar dos shorts de poliamida e a gira na mão.

- Observem. – Ela então arremessa a faca longe, no meio do salão de treinamento. Após isso ela pede para Ethan segurar a mão dela e ativar seu poder, dito e feito, e em seguida, a albina estende a mão e tenta puxar de volta a faca que jogou, sem sucesso, e era até mesmo possível ver seu braço tremendo um pouco e uma expressão de esforço nela.

- Sei... – David cruza os braços.

Os dois ainda ficam bem desconfiados, mas ainda não acreditam totalmente no que Mary estava fazendo. Após um tempo e não conseguindo ativar seu poder, os dois soltam as mãos.

- E após ele soltar esse usuário, em dez segundos, a pessoa já pode usar seu poder novamente, ou seja... – Mary estende a mão novamente. Como havia passado o tempo necessário, a faca que ela jogou começa então a se mexer um pouco, até que ela volta girando para a mão da singular, que a agarra e mostra para os dois.

Ainda não convencidos de tal façanha, dessa vez Lucy se aproxima, fura seu polegar direito com o dente e agacha na frente do menino.

- Ethan, né? – Ela dizia com uma certa calmaria, um tom meio acolhedor, para não o assustar.

- Sim... É Lucy o seu, né? – Ele responde um pouco tímido ainda.

- Muito bem... – Ela sorri e oferece a mão esquerda para o garoto, que segura. A ruiva então tenta controlar o sangue saindo de seu dedo, fazer qualquer coisa com ele, mas nada adiantava, nenhum movimento havia acontecido fora o líquido descer pela mão dela como sangue normal. Lucy vai ficando mais surpresa, ela tenta durante um tempo e não consegue usar sua hemocinese de jeito nenhum. Ela olha para seu namorado com uma expressão chocada.

David também fica em choque, porém ele decide testar também para ver se não estava delirando. O rapaz envolve sua mão esquerda em gelo e segura a mão de Ethan com a direita, e como já esperado, seu membro começa a voltar ao normal, sem gelo e sem coloração pálida. Sua criocinese também não estava funcionando. E após 10 segundos que soltaram, eles conseguem usar normalmente seus poderes.

O casal se olha e após pensarem um pouco, acenam positivamente.

- Ok, ele realmente tem um poder único, mas agora, parando para pensar, Mary, ele precisa tocar na pessoa para fazer efeito, certo? – Lucy pergunta.

- Correto.

- Como ele vai chegar perto de singulares que tem poderes a distância, ou que podem alternar entre curta e longa distância? – David questiona.

- Isso que venho ensinando a ele, ele deve ser ágil, saber improvisar corretamente e usar as pistolas que ele encontrou. – Mary diz enquanto Ethan sacava suas pistolas do coldre nas costas e as girava nas mãos. – Estão descarregadas só para saberem.

- Não é uma ideia ruim, mas olha para ele, é uma criança ainda, quantos anos ele tem? – Lucy pergunta.

- Catorze. – Ethan responde, abaixando o olhar. A ruiva e seu companheiro se olham um pouco receosos. Eles se perguntam como uma criança iria enfrentar singulares poderosos, ou até pior, por causa de Mary, ele teria que encarar os Heróis, contra os quais nem mesmo certas facções poderosas ousavam se voltar, de tão temidos que eram esses singulares.

- E você vai levar ele? – Lucy pergunta.

- Sim, ainda tem muito a aprender, mas ele quer entender dessa maneira, então irei ensiná-lo em combate também. – Mary responde com uma certa frieza até questionável, porém o mais surpreendente era que Ethan não demonstrava hesitação em aprender com ela, mesmo tendo ficado 2 anos ao lado dela e saber os objetivos e jeito dela.

Os dois então se olham mais um pouco e, vendo que Mary, do jeito que ela era, não iria voltar atrás em sua decisão de querer acabar com os Heróis, acabam apenas aceitando a decisão dela, e, antes de voltarem ao treinamento, David fala para a albina.

- Só espero que um dia você perceba o que vai ter feito com a vida dele, não vai ser surpresa se Ethan acabar que nem o Ryan. – Ele diz enquanto virava as costas.

- Você sabe que eu não tive escolha. – Mary diz.

- É, é, é o que você disse antes e o que continua dizendo. Se quer me provar que seu ponto está certo, essa é a chance. – David diz enquanto se afastava um pouco mais e então se posicionava, alongando-se para treinar e dando um sorriso com uma mistura de raiva. - Manda ver, se é que não está enferrujada ainda.

Mary o encara com um certo desprezo, como se alguém tivesse tocado em um ponto fraco dela e agora ela estivesse ansiando por um desafio. A albina então, desacopla a bainha de sua katana de sua cintura e a deixa com Ethan, que se assusta de primeira e depois fica confuso com o que ela estava fazendo.

Mary então vai se aproximando de David, que continua com o sorriso provocativo, alongando-se, e simplesmente do nada, a mestra de Ethan começa a se alongar também, levantando sua perna esquerda até ela encostar ao lado de sua cabeça, e, ainda por cima, ela deixa o membro esticado, demonstrando que, apesar de ser incrivelmente forte, ainda se mantinha ágil e flexível. O mais interessante era ela estar se alongando dessa forma de pé.

- Você quem pediu. – A albina responde com um olhar tenebroso.