Chapter 146 - Pistas.

A mensagem do meu primeiro professor dos caminhos místicos, John Peril, não foi clara, só tive alguns segundos antes da ligação ser cortada pelo som das balas e explosões, mas ele foi inteligente e me passou o que eu precisava, mesmo sendo muito pouco para me guiar, ainda mais na África, um continente que não tenho muita familiaridade.

Tentei é claro, localizar a bola de cristal que dei para ele, mas não consegui nenhum sinal, isso significa que ela foi destruída ou o feitiço não funcionou, não é uma surpresa, elas não foram feitas ou pensadas para poderem serem localizadas dessa forma.

Eu sabia que eles estão próximos de Johannesburgo, indo na direção de Maputo, mas o caminho não ficou claro, e a muitos caminhos. Abri um portal aparecendo acima dos céus de Johannesburgo e depois voei em alta velocidade na direção de Maputo em linha reta quase quebrando a velocidade do som. Meus olhos estão de olho em tudo, todos os sentidos no máximo, mesmo assim, vai ser difícil encontrar.

"Galateia, você encontrou alguma coisa!?" Gritei em voz alta para minha voz não ser abafada pelo som do vento contra meu corpo.

{Negativo, há poucas câmeras nessa zona.}

Não estamos em Londres onde a uma câmera em cada rua, aqui as coisas são mais complicadas e selvagens, mesmo assim, continuei voando cortando o ar com meu golem cobrindo meu corpo usando a escuridão para me proteger dos efeitos do vento para aumentar um pouco mais minha velocidade sem quebrar a velocidade do som, estou muito próximo do chão para isso, tenho que ficar de olho em tudo.

Voei até Maputo e não encontrei nada, por isso fez a volta indo por um caminho diferente, o pior deles, não peguei essa opção antes por que achei que John estava numa missão oficial da A.R.G.U.S ou procurando algum tipo de artefato ou livro místico, o que ele faz muito, foi meu erro não considerar que ele possa estar fugindo deles.

Estava na metade do caminho e quase perdendo minha fé quando vi algo no canto do meu olho, alterei minha posição e vi sinais de batalha no horizonte, continuo longe, segundos depois, meus sentidos conseguem ver com mais detalhes a confusão próxima de uma cidade bem simples ao oeste de onde eles estão.

Um carro tombado com as rodas para cima em chamas assim como parte da vegetação rasteira próxima, sinais de explosões por todo o chão, havia jipes militares e um caminhão para transporte de soldados parados ao redor de duas pessoas de joelhos no chão, eles estão cercados por homens afro-americanos vestidos com roupas militares camufladas, mas todas as roupas estavam desleixadas, muito diferente de um exército normal, mercenários.

Todos estão armados com rifles e metralhadoras ao redor dos dois de joelhos, menos um deles que está na frente dos dois segurando um celular, eles estão filmando isso, uma execução, foi nesse ponto que outro homem se moveu ficando atrás dos dois ajoelhados segurando uma pistola, esse é diferente dos demais, sua jaqueta tem mais detalhes e ele está usando uma boina, claramente o homem no comando.

Estou mais próximo agora, posso os reconhecer, um deles é John Peril, ele parecia bem nas suas roupas casuais e uma única ferida visível está no seu ombro, a camisa está manchada de sangue, não reconheci a mulher do lado dele até o homem armado com a pistola agarrar sua peruca loira e a puxar revelando um cabelo curto negro com uma mecha branca, era Victória October.

O que eles estão fazendo aqui?

Como eles acabaram nessa confusão?

Essas perguntas vão ficar para depois, tenho que parar uma execução agora.

Vamos lidar com o primeiro problema, a velocidade, estou indo rápido demais e eles estão próximos demais dos mercenários, se eu me aproximar dessa forma vou acabar matando ou ferimento todo mundo, mas ainda bem que trenei com a melhor em combate aéreo dos Titãs, sei muito bem como reduzir bruscamente a velocidade assim não preciso me preocupar em não chegar a tempo.

O homem de boina gritou com o que estava segurando o celular que se afastou alguns passos ainda gravando, ele está querendo o melhor quadro antes de atirar na cabeça dos meus amigos, prova de morte, então ele levantou o braço colocando o cano da pistola contra a parte de trás do crânio do John, ele gritou algo que não consegui ouvir por conta do vento nos meus ouvidos e puxou o gatinho lentamente.

O tiro não aconteceu, estou parado do lado do mercenário líder com minha mão em cima da sua arma, meu dedo indicador está entre o cão e a arma, parando assim a bala do revolver de seis tiros com cano longo.

"Oi pessoal, desculpe a demora." Falei em voz alta para todo mundo que está congelado olhando para mim.

John e Victória, que já estavam esperando sua morte, olharam por cima dos ombros e suspiraram em alívio.

"Mate ele!" Gritou o líder acordando os mercenários.

Todos os mercenários na minha frente começaram a levantar suas armas, mas antes delas estarem totalmente erguidas, eu já estava me movendo, primeiro torci o pulso do homem segurando a arma até escutar seus ossos quebrando como gravetos, arranquei o revólver de sua mão e bate com o cabo dele bem no nariz do mercenário o fazendo cair para trás.

"Todo mundo para o chão!" Avisei meus amigos que me obcecaram imediatamente se jogando no chão.

"BLAW!" "BLAW!" "BLAW!" "BLAW!" "BLAW!" "BLAW!" "BLAW!" "BLAW!" "BLAW!" "BLAW!" "BLAW!" "BLAW!" "BLAW!" "BLAW!"

Passei por eles ficando na frente dos dois com o escudo levantado os protegendo e a mim das chuva da balas, eles estão atirando como se o seu líder não estivesse caído atrás de mim, para eles isso não importa.

"TONNNNNNNNNNNNNNNNNNN!"

Bate com a arma que ainda estava segurando atrás do meu escudo emitindo uma explosão divina que jogou todo mundo a frente no chão, apertei a arma na minha mão amassando ela e a joguei para em seguida apontar para os homens a vinte metros de distância de mim agora se levantando.

"Επικαλούμαι το κρύο της θλίψης του ποταμού Cocyte!" {Eu Invoco o Frio da Tristeza do Rio Cócito!}

A nevoa negra da cor do piche voou dos meus dedos e avançou como uma onda passando por cima de todo mundo no chão deixando para trás uma camada de gelo cobrindo quase cem por cento dos corpos, deixei apenas suas cabeças para fora do gelo, em um segundo, tirei vinte homens armados da batalha.

Virei de costas e vi os outros já se aproximando, meu trabalho ainda não acabou.

"É melhor vocês ficarem aqui por mais alguns segundos." Falei com meus amigos ainda jogados no chão enquanto movia a névoa negra do meu feitiço ainda presente na minha mão a fazendo tomar a forma de um iglu com os dois dentro, o gelo vai os proteger das balas, mas não das RPGs.

"Atira nele logo!" Gritou um dos mercenários ordenando dois outros que estavam de joelhos apontando dois lanças foguetes para nós.

"BLAW!" "BLAW!"

Os foguetes voaram lado a lado próximos do chão enquanto eu avancei em alta velocidade, no momento que estava no meio do caminho fiquei entre os dois e usando minha telecinese, alterei seu curso os afastando só um pouco.

"BLOMMMMMMMMMM!" "BLOMMMMMMMMMM!"

Eles voaram para extrema-esquerda e direita acertando o chão, nesse exato momento, já estava na frente dos dois que dispararam os mísseis, girei meu escudo para esquerda e direita atingindo a cabeça deles e depois girei meu corpo fazendo o mesmo com o terceiro que deu as ordens. Antes mesmo deles voarem para longe, já estava soltando sobre o próximo grupo, cai bem no meio deles que foram espertos se escondendo atrás do caminhão camuflado, antes deles conseguirem virar seus corpos, puxei minha espada e ataquei como um relâmpago cortando suas armas e dando para todos alguns cortes, nada grave, mirei nos membros inferiores em lugares não fatais, mas isso vai ser o bastante para os tirar da luta por meses.

Em mais alguns segundos, vinte e sete mercenários no chão.

Lavei e virei mais uma vez olhando para trás, ainda havia alguns deles no último carro, todos em posição mirando na minha direção.

"Vocês querem fazer isso mesmo?" Perguntei para os últimos quinze homens em pé capazes de lutar.

"BLAW!" "BLAW!" "BLAW!" "BLAW!" "BLAW!" "BLAW!" "BLAW!" "BLAW!" "BLAW!" "BLAW!" "BLAW!" "BLAW!" "BLAW!" "BLAW!"

Eles atiraram em resposta.

"Então que seja." Falei avançando com meu escudo levantado.

Depois de cuidar dos últimos mercenários, deixando todos no chão gritando de dor, congelados ou inconscientes, andei calmamente pela confusão até o iglu solido que não foi perfurado ou explodido, só havia alguns buracos de bala nele, mas tenho certeza que nenhuma passou. Com um movimento dos meus dedos, o gelo magicamente descongelou escorrendo pela vegetação.

"Estava frio aqui!" Victória gritou se levantando do chão com ajuda do John, ela perdeu sua bengala durante a confusão.

"De nada." Falei para ela brincando enquanto conjurava uma bengala cinza feita de puro ectoplasma sólido, tomei uma pequena liberdade artística colocando um crânio de olhos vermelhos na sua ponta, acho que ela gostou disso e já estava usando para se manter em pé sozinha.

"Obrigada Dio, mas realmente, estava bem frio….." John, o mais educado, tentou agradecer, mas ele acabou calado após perceber a pequena bagunça que fiz.

"Você exagerou um pouco, não acha?" Ele falou olhando para os feridos.

"Deixa de ser mole, são mercenários, eles merecem." Victória não se importou em nada com a cena.

"Eles estão vivos, já avisei as autoridades, elas vão chegar para prestar socorro e ninguém vai morrer por perda de sangue, agora só faltam as provas." Conjurei o celular que o mercenário estava filmando a execução, o peguei antes de tudo, deve ter alguma prova aqui para deixar todo mundo preso por um bom tempo, vou pedir para Galateia analisar e depois enviar qualquer coisa de útil para as autoridades assim que voltar.

"Bom para você, podemos sair daqui agora antes dela mandar jatos ou algo assim?" Perguntou Victória sarcasticamente.

"Eu posso escutar eles se aproximando, antes disso, vamos cuidar dos ferimentos." Falei olhando para o ombro do John.

"Eu estou bem, é só um corte." Ele garantiu movendo seu ombro para provar isso.

"Ele me protegeu quando o carro foi atingido." Comentou Victória de forma bem leve, o que é raro para ela.

"Bom, se não é grave, podemos cuidar disso num lugar seguro, a conversa também vai acontecer lá!" Falei enquanto apontava para a minha esquerda, um portal negro de três metros de altura surgiu do nada.

"Um portal, nunca vi um antes, você com certeza avançou muito." Riu John feliz, ele ama a magia e tudo que envolve ocultismo, mas não tem o talento real para praticar a arte, mesmo assim, ele a pesquisa com muito afinco.

"Eu não vou atravessar isso." Comentou Victória apontando para o buraco negro da minha porta.

"Vai ficar aqui?" Perguntei para ela enquanto andava junto do John em direção do portal.

"Achei que ela ficaria feliz com um bom banho depois de tanto tempo, até mesmo uma refeição decente, se não for pedir muito, é claro." Comentou o bom doutor.

"Um banho quente e uma boa refeição não é pedir demais." Garanti.

A palavra banho já tinha ganhado ela, água quente a fez quase correr em direção ao portal.

"Onde estamos?" Ela perguntou assim que surgirmos dentro da minha dimensão, no campo aberto de frente para minha Casa.

"No meu local de poder, aqui é seguro, posso garantir."

"É uma casa no meio de um campo vazio, dá para ver ela do espaço!" Victória não entendeu o que quis dizer.

"Não, um Local de Poder é praticamente uma realidade separada da nossa, nenhum mercenário, assassino ou máquina pode entrar aqui sem a permissão do Dio, precisaria de um mago muito poderoso para conseguir invadir esse lugar." John explicou.

"Correto."

"Você tinha me falado que tinha conseguido roubar a realidade criada pelo Deus da Guerra, mas a ver é muito diferente de apenas saber, foi um grande ganho e conquista." Como falei, ele era um pesquisador do místico, ele sabe muito bem o quão grande foi conseguir transformar essa realidade no meu Local de Poder.

"Chega de conversa por enquanto, tome isso." Dei para ele uma de minhas poções que ele tomou sem fazer cerimônia.

"Acho que deu certo."

"Bom, quero escutar a história de vocês, mas vamos fazer isso após o banho e comer algo, vocês estão fedendo e parecem bem famintos também." Comentei rindo da situação deles.

"Tente se manter bem alimentado e limpo enquanto foge por semanas."

Com essa deixa, os levei para dentro da Casa e os mostrei os banheiros criados naquele mesmo momento, normalmente só deixo um deles no meu quarto, mas não é trabalho nenhum criar mais dois, também consegui algumas roupas limpas. Os deixei sozinhos e pedi para os Aurae preparar uma refeição bem farta.

Segundos depois que eles entraram no banho e eu cuidei dessas pequenas tarefas, entrei em contado com minha equipe e os avisei que estava tudo bem e que eu poderia voltar, mas a evacuação estava acontecendo sem problemas em ritmo acelerado, Dick me liberou para ficar de fora, mas estou com o comunicador caso eles precisem de ajuda. Isso foi um pedido meu, tenho um pressentimento de que algo importante aconteceu envolvendo os dois cientistas, algo que precisa de atenção imediata, o que significa que não são boas notícias para nós, espero estar errado sobre isso.

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Eles passaram quase uma hora dentro do banho, não posso os culpar, os banheiros são réplicas exatas do meu, o que significa uma banheira do tamanho de uma piscina de água quente, não tem como não relaxar após entrar lá, ainda mais depois de ficar semanas em um banhod digno, acho que eles acabaram dormindo, o que foi algo bom, já que assim que eles saírem usando suas roupas novas e limpas deram de cara com um banquete já pronto na mesa de jantar, os Aurae trabalharam rápido e perfeitamente como sempre, a comida estava uma delícia e eles comeram e beberam muito bem.

Tive paciência, come com eles e esperei eles acabarem, tínhamos tempo agora, nesse meio tempo em que eles estavam no banheiro, pedi para a esfera drone da Galateia que está aqui comigo dar uma olhada no celular que peguei dos mercenários, ela demorou só alguns segundos para burlar o sistema e me dar um resumo completo dos dados que haviam no telefone, o que não era muito, apenas alguns arquivos e contatos, as fotos e vídeos foram o verdadeiro tesouro, provas de assassinato e sequestro, isso junto dos contatos foram enviados para as autoridades que os prenderam.

O que era importante para mim foi o número mais novo, o que eles pretendiam enviar o vídeo da morte dos dois, um número que não podia ser rastreado, não por que ele era um pré-pago, e sim por que tinha uma camada bastante sofisticada de criptografia do governo o protegendo, isso é o fato deles não terão chamado apoio da A.R.G.U.S, me deu a resposta de quem os queria mortos, o que falta é o porquê disso.

"Então, por que Amanda Waller quer vocês mortos?" Perguntei em fim.

Victória abaixou o copo de café que ela estava tomando depois do jantar antes de começar a explicar.

"As coisas mudaram quando o Steve e seus amigos saíram da A.R.G.U.S, sem um freio, Amanda finalmente podia fazer o que queria, demorou anos, mas ela transformou a A.R.G.U.S de uma força que deveria auxiliar os heróis para uma força de ataque contra ameaças, ou pelo menos foi essa a ideia que ela vendeu para os superiores, eles adoraram." Ela parecia muito mais controlada agora depois de um banho e de comer, voltando ao seu eu original.

"Já encontrei com algumas dessas medidas, um pequeno esquadrão de vilões atacou Themyscira anos atrás."

"A Força Tarefa X não tem nada a ver com isso, era apenas algo que ela já tinha trabalhado antes de assumir a A.R.G.U.S, mas você pode pensar neles como o que a A.R.G.U.S se tornou agora, um bando de soldados armados com a melhor tecnologia totalmente leais a Waller." Continuou Victória.

Isso é um inferno, mas também não inesperado.

"No decorrer dos anos recebíamos cada vez menos trabalho, estávamos sendo cortados, mas ela ainda nós mantinha por perto, não era só das tarefas que estávamos sendo cortados, o quartel-general inteiro tinha agora zonas que não estávamos mais autorizados a entrar, e isso foi aumentando com o tempo, antes de tudo explodir só tínhamos autorização para ir ao elevador direto para os andares onde estão nossos escritórios e nada mais." Continuou John.

"Essas medidas devem ter protegido vocês de saber demais e levar uma bala na cabeça, o que mudou?" Perguntei e a Victória respondeu.

"Seis semanas atrás Amanda veio pessoalmente falar comigo, ela queria que eu confirmasse algumas pesquisas que outro laboratório estava realizando sobre como o cérebro humano controla os poderes, o que não é uma pesquisa nova, ela me deu os dados brutos sem nenhuma informação, passei dias tentando entender tudo, mas tudo mudou quando descobri duas coisas."

"O que?"

"Primeiro, todos os exames e pesquisa foram realizados em cérebros de metahumanas com o gene não ativado, e o segundo, todos eles eram jovens, crianças. Depois disso não demorou muito para eu juntar os pontos, o desaparecimento das crianças foi notícia no mundo inteiro." Ela não levou sua xícara até a boca ao terminar de dizer suas descobertas, Victória parecia estar com nojo.

"Eles estão vivos?" Perguntei sem tirar os olhos da taça de cheia de vinho na minha frente.

"Não. Havia amostras no material que ela me deu, pedaços dissecados e preservados de cérebros." Victória para mim sempre foi uma cientista louca querendo um pedaço do meu corpo para analisar, mas isso tudo era por amor a descoberta, ela sempre teve os mais altos padrões quando o assunto é ética médica, só de lembrar lembrar disso, vejo que ela está prestes a vomitar.

"Pouco depois disso Victória veio até mim escondida e me contou tudo, estávamos naquele ponto totalmente cortados dos sistemas da A.R.G.U.S, então não podíamos procurar nos arquivos digitais, tentamos descobrir algo da forma antiga, olhando os papeis, mas também não encontramos nada útil." Continuou John dando tempo para sua amiga respirar um pouco.

"Todo esse tempo eu achei que os desaparecimentos das crianças tinha algo a haver com a Igreja de Sangue, o lado místico, e aqui estamos, realmente, mesmo conhecendo a Waller e sabendo do que ela é capaz, ainda não acredito que ela usou crianças, o que mais vocês encontraram?" Perguntei tomando num só gole minha segunda taça cheia de vinho para encher a terceira em seguida.

"Nada, procuramos por dias qualquer informação da forma mais discreta possível, não encontramos nada, então tentamos algo mais drástico, tentamos invadir o sistema do quartel-general, foi quando eles descobriram." Falou John, para Victória continuar em seguida.

"Deixamos tudo para trás e corremos, conseguimos escapar só porque conhecemos aquele lugar melhor que todo mundo, subimos até o hangar e o John roubou uma das aeronaves, conseguimos cruzar metade da cidade até sermos atingidos, depois disso foi só fuga e mais fuga."

Sem provas não vamos poder fazer nada legalmente, e a única forma de conseguirmos elas é invadindo o quartel-general de uma das maiores organizações militares do mundo, armados com o melhor equipamento tático construído pelo próprio Lex Luthor, não, não vai dar certo.

Garanto que a Liga não vai querer se envolver nisso, então vai sobrar só para os Titãs invadirem esse lugar e conseguirem alguma prova, o que vai ser com certeza, uma armadilha da Waller, ela já deve saber que resgatamos os dois e agora está apagando qualquer prova e preparando alguma surpresa para nós, não, é muito arriscado tomar uma atitude tão drástica.

Vou falar com tudo mundo assim que a missão acabar, mas tenho certeza até esse momento que a melhor forma de conseguir pegar a Waller é deixando o Detetive Chimp fazer seu trabalho, ele pode responder Quem? Por que? E Como?

Afinal, duvido que tenham sido os homens ligados diretamente a Waller que fizerem o trabalho sujo, deve ser mais fácil conseguir informações com eles, duvido que eles sejam tão cuidadosos como ela.

"Tentamos pedir ajuda para você Dio, mas não conseguimos entrar em contado e acabamos deixando para lá, até hoje." John acabou seu relato.

"O que vocês querem fazer agora?" Perguntei para os dois em seguida.

John olhou para sua companheira de fuga, claramente eles não pensaram tão longe.

"Só estávamos preocupados em fugir esse tempo todo, nem pensamos nisso ainda, então acho que é impossível sair daqui sem a fuga começar de novo, não com a Waller no poder." Comentou John.

"Vocês podem ficar aqui, não garanto que vão poder sair tão cedo, mas prometo que vamos fazer o que podemos, também podemos tentar arrumar identidades falsas para vocês, mas isso também não é garantido." Sugeri.

"Vamos ficar aqui por algum tempo, temos que descansar e colocar as ideias no lugar." Diz Victória se levantando da cadeira.

"Agora, se você poder dizer onde ficam os quartos, vou dormir por alguns dias, espero você lá." Ela falou em voz baixa tocando o ombro do John.

"Só pegar qualquer quarto no andar de cima ou de baixo, use o elevador." Apontei para porta do outro lado da cozinha, ela apareceu agora, tinha esquecido da dificuldade dela de se locomover com a bengala, por isso o elevador.

Victória acenou para mim e foi embora me deixando apenas com o John, que parecia um pouco sem graça.

"Então, vocês dois?" Perguntei com um sorriso.

"Aconteceu durante a fuga, situação estressante, você entende." Ele falou ainda mais envergonhado.

"Fico feliz por você, agora é melhor ir atrás dela, mulheres não gostam de esperar."

John quase correu na direção das escadas me deixando sozinho na mesa com meus pensamentos escuros. As coisas vão ficar complicadas, finalmente vamos ir contra a Amanda Waller.

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"Isso é sério? Não podemos fazer nada!?" Rugiu Wally se levantando do sofá onde estava sentado a pouco.

Depois da missão, que foi um sucesso sem nenhuma necessidade de uma batalha, os Titãs passaram mais duas horas ajudando no que podiam no novo local depois disso para então voltar para casa, e assim que eles voltaram, convoquei essa reunião geral, todo mundo está aqui, até mesmo a esfera da Galateia flutuando próxima das lâmpadas, com todos juntos, expliquei tudo que aconteceu na Africa assim como a história que o John e a Victória me contaram, eles não reagiram bem sobre isso, isso é claro.

"Infelizmente, eu concordo com o Dio nisso, não podemos fazer nada." Comentou Dick encostado na parede do outro lado da sala, ele também não está feliz, ninguém está.

"E se pedirmos ajuda da Liga? Sei que ninguém quer fazer isso agora, mas eles podem ajudar." Sugeriu Kaldur, ele ficou em pé caminhando de um lado para o outro.

"Não somos infantis, vamos contar tudo que aconteceu aqui para a Liga, mas duvido que eles vão fazer qualquer coisa sem provas." Dick respondeu exatamente o que pensei antes.

"Por que estamos conversando? Já deveríamos estar na nossa nave indo invadir aquele maldito lugar e enfiar uma flecha no coração seco e murcho daquela ******!"

"BLAW!"

Roy gritou explodindo em fúria jogando uma lata de refrigerante que ele tinha em mãos contra o chão da cozinha, normalmente, o comportamento explosivo dele deixa todo mundo um pouco desconfortável, mas estamos falando aqui de crianças, e todo mundo quer fazer exatamente isso, invadir a A.R.G.U.S e arrancar a cabeça da cobra.

"Não, não podemos, se atacarmos agora sem provas vamos acabar lutando não apenas contra a A.R.G.U.S, mas também contra todo o governo americano e até mesmo alguns heróis, isso é exatamente o que ela quer, não vamos atacar, assim não." Nosso líder bateu o martelo, ninguém gostou da decisão, mas ela era correta nesse momento.

"Então, o que fazemos?" Perguntou Kori sentada junto da Ravena nas escadas.

"Precisamos de informação, vamos focar toda nossa atenção na A.R.G.U.S, não precisamos ser discretos, eles já sabem que sabemos. Galateia, você pode invadir os sistemas deles?" Dick perguntou olhando para esfera flutuando acima dele no meio da sala.

{Eu verifiquei o sistema deles assim que fui informada da situação, e não, não posso acessar nenhum arquivo remotamente, preciso estar conectada diretamente aos computadores deles para isso.}

"Foi o que imaginei, o quartel-general da A.R.G.U.S é como uma fortaleza, todo seu conhecimento está sendo mantido seguro lá fora da rede, Dio, não acho que a Waller vá deletar as provas, ela é arrogante demais para pensar que podemos invadir seu castelo." Comentou Dick.

"Exceto caso esse seja o plano, ainda acho que atacar o quartel é a última coisa que podemos fazer agora, temos que ir atrás do elo mais fraco primeiro, ela não trabalhou sozinha." Dei minha ideia.

"Eu concordo, temos que ir atrás do lado mais fraca dessa, barbaridade." com Kaldur do meu lado, o mais centrado de todos, a decisão já foi tomada.

"Muito bem, vamos investigar isso com novos olhos, agora sabemos que linha seguir, o que leva para próxima tarefa, quem vai relatar isso para Liga?" Perguntou Dick.

"Eles já devem saber, aposto que eles estão nos vigiando de novo." Comentou Roy de forma agressiva e debochada.

{Incorreto, fiz uma análise de toda Torre antes do Dio começar a relatar o ocorrido como pedido, não há nenhum aparelho espião ou qualquer conexão foi comprometida, isso eu garanto.}

"Você achou que ainda estávamos sendo vigiados?" Perguntou Wally.

"Não pela Liga, Waller, só estava sendo cuidadoso."

"Concordo, Galateia, você poderia fazer análises como essa constantemente?" Perguntou Dick.

{Claro, será feito.} A esfera acima de todos confirmou enquanto mantinha seu lugar próximo às luzes.

"Sobre a Liga, eu vou, devo informar isso pessoalmente, não é algo que se diga durante uma ligação." Comentou Kaldur se aproximando de mim.

"Vou mandar uma mensagem para uma reunião de emergência para eles, acho que você deveria esperar todos os líderes, então pode demorar um pouco." Comentou Dick movendo seus dedos pelo teclado preso ao seu pulso ligado ao computador da Torre.

"Sou paciente e preciso de um tempo para digerir tudo isso." Falou Kaldur parado na minha frente.

"Tem mais uma coisa que preciso dizer para todos aqui, antes de saber de tudo isso, eu coloquei um Detetive particular no caso das crianças, também quero avisar a ele o que aconteceu." Falei antes do Kaldur ir embora.

"Você colocou um Detetive particular num caso que nem mesmo o Batman conseguiu desvendar?" Perguntou Wally sorrindo.

"Ele não é qualquer detetive, ele é o melhor detetive." Eles já sabiam do Chimp, e muitos queriam conhecê-lo por diversos motivos, Dick sabia do seu histórico de casos e queria conversar sobre isso, Wally achou engraçado um macaco falante vestido como Sherlock Holmes, Roy queria zoar e Kori o abraçar, os outros estavam mais neutros.

"Nunca o conhece, mas conheço sua fama, e como ele já está envolvido nisso, não tem por que esconder isso dele." Confirmou Dick, os outros também não falaram.

"Para a sede?" Perguntei enfim para o Kaldur que acenou para mim.

Abri um portal do meu lado e ele atravessou.

"Bom, ainda não temos provas, mas quando isso acontecer temos que nos mover rápido, então vamos começar a planejar o contra-ataque agora." Falou Dick apontando para o centro da sala onde está o sofá, temos um plano de ataque para bolar.