Afasto um pedaço do que acho ser uma asa de um planador da Cidadela da minha frente com a mão, fico um pouco surpreso por conseguir identificar uma nave apenas por um pedaço dela destruída e negra do disparo que a atingiu, não faz muito tempo que essa aventura começou, mas aqui estou, flutuando no meio do que sobrou do campo de batalha no vazio do quarto planeta que libertamos desde que nosso ataque começou.
Havia muitos outros destroços, um anel inteiro deles ao redor do mundo azul abaixo, um planeta com noventa e cinco por cento coberto por água, com apenas algumas ilhas de terra firme, só que diferente do primeiro mundo que salvamos, chegamos um pouco tarde nesse, metade das ilhas habitadas, que não são muitas, foram destruídas pelas Quimeras, que foram cuidadas por mim e os Ômega Man, logo depois da nossa chegada enquanto as naves cuidavam das naves no espaço.
Move minha mão para esquerda e uma força invisível puxou outro grupo de destroços junto de alguns corpos partidos e congelados para minha esquerda, deixei eles irem depois disso, sem gravidade, e com a pouca força que usei, eles vão continuar se afastando por muito tempo.
Avancei lentamente para o espaço aberto que limpei até chegar em outra nave destruída dos Psions, essa ficou relativamente inteira mesmo sendo atingida no seu centro fazendo com que ela se partisse em duas metades, entrei naquela que ficou com a parte da frente da nave, e mais uma vez, tive que afastar alguns corpos reptilianos congelados da minha frente enquanto continuava meu caminho até a sala de comando, que também estava uma bagunça.
Na sala de comando, achei o console e liguei nele um pequeno aparelho que me foi dado pela equipe de espionagem do General, o aparelho tinha energia o suficiente para ligar o painel e roubar algumas informações da nave, se tivermos sorte de algo tenha sobrado depois desse ataque. Não sou o único fazendo isso, tem uma equipe inteira de Tamaraneanos voando entre os destroços usando capacetes para respirar, diferente de mim, todos eles tentando conseguir informações das naves destruídas, tudo é útil, desde seus movimentos antigos até o relatório de suprimentos da nave.
Claro, eu poderia estar fazendo outra coisa e deixar esse trabalho para os soldados, talvez ajudar o planeta atacado, mas eu não ajudaria muito lá, as Quimeras acabaram com as ilhas que foram atacadas não deixando sobreviventes, e ficar tanto tempo em uma nave, mesmo uma tão grande quanto a K'Norfka, é cansativo, e acabei ganhando um certo gosto por essas caminhadas espaciais, mesmo as fazendo no meio de um cemitério.
Olhei mais dez naves antes de voltar para o K'Norfka, agora conheço melhor a nave, então entrei numa entrada lateral e não pelo hangar e após fazer todo o processo de despressurização e descontaminação, dei o equipamento que coletou as informações das naves destruídas para um soldado já me esperando e fui direto para meu quarto, quero cuidar de algumas coisas antes de ir falar com Kori e os outros, fiquei cinco horas flutuando no espaço, eles já devem ter conseguido alguma direção do que vamos fazer agora.
Andei calmamente pelos corredores indo pela esquerda, não querendo atrapalhar o movimento frenético dos soldados e outros trabalhadores no local, não demorou para eu encontrar a porta do meu quarto que se abriu sozinha quando me aproximei dela. Não fiz grandes mudanças no lugar como a Ravena, que colocou velas flutuantes por todo lugar, mas me livrei da cama, precisava do espaço.
Quanto a dormir, já fiz isso mais do que o bastante, na verdade, nunca dormi tanto nesses anos quanto dormi desde o início dessa missão, claro, também não me feri tanto em tão pouco intervalo de tempo quanto me feri nessa missão.
Me aproximei da mesa comum larga de madeira solida, ocupando de uma parede a outra no centro do meu quarto no lugar onde ficava minha cama, em cima dela, equipamentos de vários tipos, a maioria usado em laboratório, também havia peças de maquinário simples e muitas ferramentas jogadas em todo lugar. Como ficamos com bastante tempo livre durante nossas viagens pelo hiperespaço, já que a muitas pessoas para lidar com qualquer tipo de problema banal e muitas outras planejando nossos poços, fiquei com bastante tempo para descansar não precisando dormir, coisa que odeio, é ficar com tempo livre, então trouxe para o quarto algumas peças do meu laboratório na Casa, e comecei a trabalhar em algumas poções e também em algum material para rastrear o paradeiro da Galateia, dentro da nave-mãe, sim, vamos voltar para lá, ainda mais com a confirmação que ela está viva.
Peguei o becker cheio com um líquido vermelho forte que estava até esse momento sobre o fogo e o levei até quatro pequenos balões de fundo chato, recipientes que uso para guardas as poções de cura, após os encher, os tampo com rolhas comuns e os faço desparecer da minha mesa, agora tenho mais quatro poções, mas elas estão longe de chegar ao meu nível atual de refinamento, essas foram feitas nas presas.
"Toc!" "Toc!" "Toc!"
"Entre."
A porta se abri, e sem eu me virar, sei que é a Alisand'r.
"Desculpe interromper seu descanso, mais o General Ph'yzzon, convocou uma reunião com a Princesa Koriand'r, que o convocou, parece que eles têm mais novidades da pesquisa sobre as Quimeras, a também a reunião a seguir com os outros Reis e Lideres, eles finalmente escolheram o próximo alvo." Falou Alisand'r.
"E eu achando que teria um pouco de tempo para tomar um banho." Falei sorrindo me virando para ela, que também está sorrindo.
"Posso pedir para eles esperarem um pouco, você vai ser o primeiro estrangeiro a fazer tal pedido para uma Princesa de Tamaran e o Lider Supremo do nosso exército, vai ser uma história incrível." Ela brincou comigo.
"Por favor, não, sei muito bem como a Kori, vai agir, vamos lá." Antes de sair, me lembrei de apagar o fogo que estava cozinhando minha poção fazendo toda a mesa desaparecer em seguida, deixando minha cama de volta no lugar, se sei bem, as próximas horas vão ser muito agitadas para fazer poções ou trabalhar em outra coisa que não seja a batalha.
"Sempre me surpreende ver sua magia de perto." Comentou ela enquanto andamos calmamente pelo corredor lado a lado, por conveniência, meu quarto fica próximo a um acesso direto até a ponte de comando, então não precisamos correr.
"Não tem magos ou feiticeiros em Tamaran?" Perguntei curioso, até agora, não encontrei muitos outros usuários de magia no espaço, o que era uma pena, afinal, ver feitiços que literalmente eram de outro mundo, teria sido uma grande oportunidade para os estudar.
"Apenas nas grandes lendas, dizem que a própria deusa X'Hal, tinha um manipulador como segundo em comando, mas não há provas disso, e como até hoje não nasceu outro com aptidão natural para isso, ficou claro para todos que não temos esse dom em nosso sangue."
Parece pouco provável, mas também não é tanto improvável, afinal, um povo tão sintonizado com suas emoções teria dificuldade em usar um poder que necessita de muito controle emocional. Poderia ser até mesmo um grande desastre, feitiços alimentados com fortes emoções humanas já são muito instáveis, imagine isso com a Kori.
E um povo inteiro sem aptidão para as artes místicas não é algo novo, os kryptonianos, são um exemplo disso.
"Tem mais algum povo com feiticeiros no sistema?" Perguntei ainda curioso, afinal, esse assunto não passou pela minha mente até agora.
"Só os Euforianos e a Guida das Aranhas, infelizmente."
Já vi a magia dos Euforianos graças à Kalista, mas não posso me basear só nisso, pode ser apenas um ramo de um todo assim como é na Terra, e como ela gosta bastante de resolver seus problemas da forma mais, física, isso é provavelmente correto.
Ficamos conversando sobre isso e acabamos chegando sem perceber, e as portas duplas da ponte de comando foram abertas por dois guardas reais, postos aqui sobre ordem do Rei e Rainha de Tamaran, para proteger sua filha, os dois com certeza, ficaram assustados com o que aconteceu com ela na última batalha e tomaram essa ação.
Próximo da cadeira de comando está o General Ph'yzzon, em pé do lado da Kori, que está sentada nela, mas um pouco a esquerda, Primus está de olhos fechados com as mãos atrás das costas, provavelmente com a mente flutuando em algum ponto da nave fazendo alguma coisa graças a sua telepatia.
"Quais são as novidades?" Perguntei para os dois, chamando sua atenção.
Ph'yzzon, foi quem respondeu.
"Acabamos de receber um relatório final do Cientista-Chefe, eles finalmente encontram algo para usar, infelizmente, como sempre, não é fácil."
"Eles têm alguma fraqueza então?" Perguntou Primus, abrindo os olhos.
"Sim, e não!"
"Como?" Perguntei.
"As Quimeras, como você mesmo as nomeou, não têm uma fraqueza simples, seus corpos podem ser uma bagunça, mas é uma bagunça bem estruturada e robusta."
"Tudo isso graças ao código genético que nunca vimos antes?" Perguntou Primus.
"Correto, mas esse código também se revelou ser uma fraqueza."
"É melhor deixar o Cientista-Chefe Galfore, explicar melhor!" Kori, chamou nossa atenção apertando algum botão no braço da cadeira, que criou um holograma de tamanho real bem no centro da sala entre nós.
{Ah, Princesa Koriand'r e General Ph'yzzon!} Galfore, o Tamaraneano vestido com roupas simples e muitos sujas, com cabelos mais do que rebeldes mesmo para um de sua raça, fez uma reverência rápida para os dois líderes no lugar e voltou a levar sua atenção para algo à sua esquerda fora do holograma.
"Galfore, você poderia por favor explicar o que aprendeu com sua pesquisa?" Pediu Kori.
Não importa qual seja a raça ou universo, se você pergunta a um estudioso sobre suas conquistas acadêmicas, ele vai ficar mais do que feliz em as relatar em detalhes para você.
{Foi uma descoberta incrível, quem imaginaria que o controle sobre as Quimeras fosse feito de forma tão esperta!}
"Que seria?" Perguntei agora um pouco mais irritado do que feliz com a descoberta.
{O código genético mantendo esses clones funcionas com tanto poder é simplesmente incrível, mas isso também cria o problema de controle sobre essas criações, como as Quimeras não possuem inteligência para tomar decisões, elas não podem ser manipulados mentalmente, e qualquer método biológico de controle como drogas, não funcionaria graças ao seu sistema imunologio aumentado, então eles ligaram todas suas criações com o sujeito inicial.}
"Como uma ligação telepática, só que genética?" Perguntou Primus.
{Exatamente. E aí está a beleza, em uma das naves Arca está o portador do código genético preso uma antena amplificadora que transmite seu sinal biológico para as outras naves Arca controlando assim as Quimeras, então, quando elas não são mais necessárias após fazer seu trabalho desagradável, eles simplesmente cortam o sinal enviado as matando.}
Eles criaram uma chave liga e desliga e a mantêm sempre juntos deles, o que faz sentido, já que assim que esses monstros morrem, eles precisam fazer mais, por isso manter o sujeito próximo a eles, fora também que com apenas um deles ligado a máquina, não tem como criar ou perturbar esse sinal biológico.
É inteligente, mas também uma baita fraqueza, tudo que temos que fazer para deter as Quimeras e destruir ou roubar esse código genético da arca.
"Tem como saber em que arca ele está?" Perguntei, temos três alvos e seria muito bom escolher o certo de primeira e não gastar recursos ou tempo tentando explodir as três ao mesmo tempo, não com a defesa exageradamente robusta delas.
{Não temos como perturbar o sinal, mas é fácil fazer isso, tudo que temos que fazer é mirar onde o sinal está mais forte, estamos construindo um dispositivo para fazer exatamente isso agora, então, se todos vocês me derem licença!} Exigiu o Cientista-Chefe.
Kori, apenas desligou a ligação, o que com certeza, não ofendeu o Galfore, esse cara provavelmente agradeceu por ter evitado o desperdício de tempo de mais uma frase de despedida deles para voltar para sua pesquisa.
"Boas notícias." Falei em fim.
"Sim, boas notícias, agora, vamos nos preparar para a reunião, prevejo que os Reis, Rainhas e os outros líderes, não tenham tantas boas notícias assim." Infelizmente, acho que o General Ph'yzzon, está correto.
XxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxXxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxX
Para acomodar tanta gente de forma confortável, nós fomos para a mesma sala de reunião que conversamos com o General Ph'yzzon, pela primeira vez, só que a mesa com os aperitivos foram trocadas, agora havia outra mesa redonda com tamanho e lugares o bastante para acomodar todos.
{A boa notícia, é que a guerra está prestes a chegar ao seu fim.} Começou a Rainha Lykan, e mesmo lutando numa guerra, ela não perdeu sua graça real vestida impecavelmente com um longo vestido vermelho cheio de joias.
"A má notícia, é que não é nos nossos termos." Completou o Rei Myand'r, pai da Kori, um homem que tem uma barba e cabelos vermelhos como fogo com um físico de um deus Nórdico.
O Rei Myand'r, veio junto da Rainha Luand'r, da outra nave que os dois estavam alocados, trazendo com eles o Comandante Karras, parado bem atrás deles com as costas coladas na parede quase invisível.
{Os Psions estão se preparando para atacar o Mundo Natal da Cidadela!} Completou a Rainha Lykan.
Era muito cedo para isso, mas todos sabiam o que levou a Cidadela a fazer isso.
"Isso não faz sentido, é verdade que a Cidadela está frágil no momento, mas eles ainda têm forças espalhadas por todo o território, atacar seu planeta mais bem defendido vai fazer com que eles se juntem num só ponto, e com as defesas do planeta, eles vão ter a vantagem absoluta!" Primus, sabe melhor do que ninguém saber as defesas da Cidadela, ele foi um dos poucos que conseguiu passar por elas e pisar no mundo natal da Cidadela escapando com vida depois, mas isso foi uma missão com poucos, estamos falando aqui de fazer o mesmo com um exército, e não temos a opção de entrar sorrateiramente.
"Concordo, mas Lorde Primus, você está pensando como um comandante do nosso lado, os Psions não ligam para a vida dos seus subordinados, eles não são como a Cidadela, isso é claro, mas mesmo assim, se a recompensa for alta, eles aceitam o dano sem hesitar usando seu método frio para tomar decisões."
"Ph'yzzon, está correto, infelizmente, ele está certo." Rainha Luand'r, balançou a cabeça lamentando tal descaso com a vida.
{Eles vão sangrar, isso é certo, mas se eles vencerem, o império da Cidadela vai cair num só golpe, tudo que eles têm que fazer para isso acontecer após destruir as defesas do planeta é jogar aquelas malditas coisas nele, assim que o Complexo-complexo for destruído, é o fim.} O Senhor da Guerra de Okaara, comentou.
Esse é o problema de ser ter um império comandado por uma AI.
"Falando nele, qual é o plano que o Complexo-Complexo, sugeriu?" Perguntou Primus.
{Algo previsível e esperado, uma união entre nossos dois lados, mas é claro, ele propôs nos colocar numa zona bem perigosa próxima das suas defesas e do inimigo, chamaríamos bastante atenção vamos sangrar por isso.} Respondeu o Senhor da Guerra.
"Tirando essa estratégia, é verdade que devemos nos juntar a eles nessa batalha, mas onde e quando é o importante, afinal, o Mundo-Fortaleza não vai cair tão rapidamente." General Ph'yzzon, falou em seguida.
"Essa também vai ser a primeira vez que lutamos juntos." A Rainha Luand'r, chamou a atenção para outro problema.
É verdade que estamos numa aliança com a Cidadela, mas até agora não lutamos juntos, e isso foi perfeito para nossa situação, ninguém reclamou dessa aliança até o momento, só que agora vamos ter que lutar em conjunto, e isso pode criar alguns problemas, é uma péssima hora isso acontecer exatamente na batalha final.
"Minha Rainha está correta, mas não temos opções. Estamos enrolando aqui, e sem informações, digo para enviar uma mensagem para o Complexo-Complexo, faça ele enviar as informações da sua defesa, com isso, vamos poder montar uma estratégia melhor!" Sugeriu o Rei Myand'r, com sua mão sobre sua longa barba quase tocando o chão com um sorriso sanguinário no rosto.
{Isso pode ser pedir demais.} Disse a Rainha Lykan.
Aliados são aliados, mas nem mesmo os povos que estão aqui hoje, que são aliados a gerações, o que deve ser milhares de anos, compartilharam as informações detalhadas das defesas dos seus mundos natais, pedir isso para um inimigo, é realmente um pouco demais, afinal, algumas defesas não podem ser mudadas tão facilmente, as mais importantes, no caso.
"Vamos tentar, é uma boa chance."
Assim que o General Ph'yzzon, disse essa palavras, a reunião mudou para o que podemos fazer antes de mover as frotas.
"Quanto tempo temos?" Perguntou o Pai da Kori, para o General.
"Duas rotações e meia."
Olhei para Kori, que me ajudou a traduzir falando em voz baixa para ninguém a não ser eu escutar. Seis Dias, temos seis dias até que todas as forças dos Psions, se reagrupem e cheguem até o mundo natal da Cidadela. Depois de uma olhada rápida no mapa marcando onde estamos, e graças à minha experiência viajando pelo hiperespaço, acho que estamos mais ou menos três ou quatro dias de distância, então temos um bom tempo para nós preparar.
E assim, a reunião continuou e durou mais quatro horas.
Os temas eram sempre os mesmo, como atacar? Quando atacar? Como recuar?
E por aí vai, também passamos para os relatórios sobre o que tínhamos, nossas vitórias até o momento foram quase perfeitas, não perdemos quase nada do contingente total, mas gastamos algumas armas demais, por isso, tínhamos que ter o relatório.
De qualquer forma, no final, a reunião finalmente acabou, e os líderes saíram da sala de conferências para passar suas ordens e fazer tudo acontecer deixando só os mais novos, ainda sentados nas mesas para termos outra reunião, só que agora temos bebidas alcoólicas nas mesas.
"Minha cabeça está me matando!" Gritou Kalista, bebendo seu segundo copo e prestes a encher o terceiro.
"Estou surpreso de que você tenha aguentado tanto tempo sem falar nada." Brincou Primus.
Tomei um gole da minha bebida, e mais uma vez, fiquei surpreso com quanto ela é forte e gostosa ao mesmo tempo, lembra um pouco o rum, só que mais forte e com um gosto de uma fruta que desconheço.
Olhei para esquerda e vi a Kori, segurando seu copo com as duas mãos dando apenas pequenos goles nele, minha amiga parecia um pouco, pensativa, mas não desanimada.
"O que foi?" Perguntei para ela.
"Só não estou acreditando que finalmente vai acabar, de um jeito ou de outro." Ela respondeu.
Olhei para meus amigos, e todos eles concordaram com o que foi falado, foi realmente uma longa viagem até aqui, passando por um Lanterna Verde e muitos planetas diferentes, nem tudo foi ruim, consegui marcar muitas coisas da minha lista, foi só quando chegamos nesse sistema amaldiçoado que tudo começou a ir ladeira abaixo.
"Vocês estão falando do fim, mas continuo com raiva por perder todo o meio da história!" Gritou Charis-Nar, seu corpo tinha o dobro do tamanho do nosso e seu copo era quase um balde que ele tomou num só gole deixando metade da bebida cair pelos lados da sua boca.
"Não fique assim Charis-Nar, você vai estar lá para o final, isso é que importa!" Felicity, tentou animar seu amigo, e realmente deu certo.
"Você está muito calado, alguma coisa aconteceu?" Ravena, perguntou para Dick, que não falou desde o fim da reunião, ele só estava concentrado na bebida.
"Vocês me conhecem, não gosto de não ter controle sobre o plano." Respondeu nosso destemido líder.
"Tem alguma coisa errada com o plano?" Perguntou Kalista, que deve ter desligado sua mente durante a explicação.
"Não é um plano complicado, e não tem nada de errado com ele, vai ser um ataque direto, mas ele depende demais da boa vontade da Cidadela, se eles não revelarem suas informações, vamos ter que ir do mesmo jeito, e eles sabem disso, de qualquer forma, isso está acima de nós."
"Você está certo." Concordei.
Realmente, não temos experiencia nem capacidade de dizer qualquer coisa sobre uma batalha espacial desse magnitude, é melhor isso ficar nas mãos de pessoas mais competentes, nossa missão é mais pessoal, isso quer dizer que vão haver duas missões com o mesmo objetivo acontecendo no mesmo momento de forma paralela.
"Vamos focar na nossa parte." Disse Primus, nos levando ao motivo de ainda estarmos aqui.
Foram confiadas duas missões a nós, e num gesto de grande confiança, os reis e líderes nos deram carta-branca para criar qualquer plano, por isso estamos aqui sozinhos com dois objetivos para completar.
O primeiro, é destruir a nave Arca central dos Psions, e só podemos fazer isso de dentro dela.
Pode ser sem sentido fazer esse movimento caso o nosso lado da batalha espacial vença, mas não temos certeza de nossa vitória, e aquela maldita nave é uma fortaleza voadora, é possível que ela escape mesmo se vencermos, não podemos deixar que uma arma como aquela fuja e seja um problema para depois.
O segundo objetivo, é invadir a nave mãe da Cidadela que a Blackfire, tomou controle.
É verdade que os Psions estão sendo o centro desse espetáculo, mas é a Blackfire, que controla tudo, todos sabem muito bem disso, e ela mostrou mais de uma vez o quão boa ela é na Arte da Guerra, se ela escapar, é certeza, que ela vai usar a situação final ao seu favor de alguma forma.
"Temos dois objetivos, vários heróis aqui, podemos nos dividir e misturar os dois grupos, tudo que falta é um plano para sabermos como fazer isso." Continuou Dick, esquecendo um pouco da sua falta de controle sobre a batalha espacial e focando naquilo que ele pode controlar.
"A estratégia, como Kírix, chamou mesmo? Kamikaze, a estratégia kamikaze para entrar na nave-mãe da Cidadela não vai funcionar de novo, minha irmã é esperta demais, ela já deve ter cuidado dessa fraqueza."
"A Princesa está certa, Komand'r, tirou as maiores notas na academia militar de Tamaran, no assunto defesa espacial." Alisand'r, faz parte desse grupo agora, mas ela também é nossa ligação com o General, isso não é secreto, foi até mesmo informado por ele, qualquer coisa que precisarmos da nave ou dos militares, é Alisand'r, quem vai nos ajudar a conseguir.
"A estratégia para se defender de milhares, não funciona para se defender de apenas alguns, é um ditado comum no nosso mundo natal." Falou Primus, enquanto apertava a mesa redonda criando um holograma acima de nós, nem precisou ele explicar para eu saber o que estava vendo, era o mundo natal da Cidadela.
"Todas essas defesas, não são tudo?" Perguntei surpreso.
"Isso é a informação que a aliança juntou ao longo dos anos, mas mesmo assim, não temos nada sobre as últimas camadas de defesa deles, a mais do que isso, garanto." Falou Alisand'r.
Dick, se levantou da cadeira e deu uma olhada mais de perto no planeta até falar em voz alta.
"A batalha vai acontecer no meio disso tudo, vai ser perigoso, mas também vai ser fácil não sermos notados no meio de tudo."
"É magia? Pode nos ajudar?" Perguntou Primus, olhando para mim e a Ravena.
Fiquei pensando um pouco, mas a Ravena, respondeu primeiro.
"Com tanta energia que vai ser disparada, não vou conseguir levar todo mundo usando um teleporte, também não podemos aparecer dentro da nave já que eles têm escudos de energia, não tenho como ajudar."
Cheguei na mesma conclusão, teleporte não vai funcionar, temos que ser criativos, ainda bem que a magia e maneável como o ar.
E assim do nada, tenho uma ideia bem criativa e perigosa ao mesmo tempo. O engraçado, é que na maioria das vezes, são esses os planos que usamos nas missões e dão certo.
"Bem, acho que posso ter uma ideia."
XxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxXxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxX
Contei minha ideia em seguida para eles, depois disso, passei mais meia hora os convencendo que daria certo, mas essa ideia só foi aceita no final por que ninguém tinha um plano melhor para embarcar nas naves inimigas.
Assim que descobrimos o como, ficou fácil dividir os grupos, não houve muita conversa depois disso, todos temos uma boa ideia das habilidades de cada um aqui, por isso deixamos em aberto como cada grupo vai conseguir seu objetivo que é quase igual.
E assim, os dois líderes de cada grupo, Primus e Dick, saíram para se preparar, mesmo faltando ainda dias para a missão de fato, alguns outros foram junto fazer tarefas diferentes, no final, ficamos só a Ravena, Kori e eu, sentados na mesa bebendo nossa bebida.
"Dio, vai ficar tudo bem?" Kori, perguntou preocupada, minha ideia, é meio que, perigosa.
"Não é minha primeira vez fazendo algo assim, também já esteve do outro lado dessa ideia louca, junte isso a benção de um deus grego e o poder do meu irmão, é sim, é possível." Menti um pouco na última parte, ainda não sei se minha fusão com Zagreu, pode ajudar nisso, mas vou perguntar mais tarde.
"Do ponto de vista mágico, é possível, e sendo filho do Submundo, você tem uma porta permanente, mesmo assim, fazer com tantos ao mesmo tempo, vai ser um grande feito, se você conseguir." Comentou Ravena, a única que realmente entende o que estou querendo fazer em sua totalidade, talvez até mais do que eu, seu conhecimento magico sempre foi maior entre nós dois.
"Você vai estar lá comigo, qualquer problema, é só me parar." Olhei para ela que balançou sua cabeça em concordância para em seguida desaparecer na sua sombra me deixando apenas com a Kori.
"Mudando de assunto, como você está, com a ideia do fim?"
Kori, pegou seu copo e passou seus dedos por ele olhando para a bebida até me responder erguendo a cabeça e olhando diretamente para meus olhos.
"Estou pronta. E dessa vez não vou chorar mais de tristeza, apenas de alegria!"
Em seguida, ela abriu aquele sorriso, o sorriso que só agora percebo não ver já a bastante tempo, o sorriso de pura alegria, e ela não estava forçando isso.
Já falei várias vezes sobre minha fé nela, que tudo isso só a deixaria mais forte, e aqui está, agora, ela só tem que resolver as coisas com sua irmã pessoalmente, e pelos deuses, Blackfire, errou muito a deixando escapar, ela vai perceber isso mais tarde.
"Agora!" Ela gritou se levantando com outro tipo de sorriso no rosto.
"Vou arrastar meu amante para o quarto à força, e juntos, vamos reconectar nossa paixão e a fazer queimar!"
"Vai lá pega-lo." Foi tudo que consegui dizer para minha amiga que voou em disparada na direção do Dick.
Meu amigo queria cuidar da missão, agora ele tem outro problema em mãos, boa sorte para ele.
Quanto a mim, tenho que ir direto para meu quarto e começar a trabalhar, na verdade, vou ficar mais ocupado que todo mundo até o dia da missão, por sorte não preciso dormir ou comer, vai ser útil agora.
Após esvaziar meu copo e pegar o resto do jarro ainda meio cheio de bebida no centro da mesa, criei um portal do meu lado e o atravessei surgindo diretamente no meu quarto, não tenho tempo a perder.