Chapter 95 - Entrevista.

O despertar foi gentil.

Diferente da minha vida passada, quando eu sempre acordava com um dispersador para logo depois correr como um louco para tomar banho, tomar café da manhã e correr até um ponto de ônibus e depois para o trabalho de uma forma totalmente frenética, tempos assim ficaram a muito, muito tempo atrás, é uma liberdade e uma sensação incrível não precisar correr para todo lugar.

Quanto tempo faz que não durmo?

Acho que quatro messes.

O tempo passou desenvolvendo ainda mais meus poderes enquanto meu corpo amadurecia ao seu auge, isso também aumentou minha familiaridade, já estou completamente acostumado a ficar sem dormir ou comer, meu recorde foi de meio ano sem dormir, então cada acordar é uma sensação única e apreciada, ainda mais se eu estiver com companhia.

Diane, a elfa de longos cabelos loiros trançados soltos por cima do seu corpo nu abraçado ao meu, contínua dormindo, gosto de escutar ela respirando de forma irregular, ou fazendo pequenos movimentos inconscientes, acho bem fofo isso. Sendo ela a minha principal contato com a venda e compra de artefatos mágicos e materiais, nos dois nos envolvemos dessa forma algumas vezes sempre depois que uma grande compra acontece, essa elfa ama dinheiro, vender ou trocar algo de grande valor a deixa muito, muito animada, foi o que aconteceu ontem quando comprei materiais alquímicos de alto valor, isso levou ao um bar, e depois a minha cama.

No percorrer dos anos, troquei, vende e comprei muita coisa, comecei por baixo, itens simples, mas no decorrer dos anos cresce lentamente, e isso elevou o nível de comerciante dela, agora Diane, é muito respeitada no nosso pequeno círculo, não só ela, eu também sou reconhecido por onde ando, ganhei até mesmo alguns nomes novos na comunidade sobrenatural depois de algumas situações que me forçaram a agir de forma agressiva.

De qualquer forma, é gostoso acordar com alguém do meu lado me abraçando, ela também não foi a minha única companhia feminina durante esses anos, eu não sai por aí dormindo com qualquer mulher que me deu mole como um protagonista de harém, não procurei muito, por assim dizer, mas sempre que senti alguma conexão física ou mental que foi correspondida, isso continuou, mas nunca namorei sério, não depois da minha primeira tentativa que só durou um mês, não foi algo sério, para minha vergonha, não vou mentir, foi uma experiência que pode ser considerada mais uma ficada seria que um namoro, algo que não evoluiu, nos dois éramos mais como amigos que amantes, acabamos muito bem.

Com um pensamento, perguntei para minha Casa, que horas são, ela animadamente respondeu, nove horas da manhã, não tenho nada para fazer hoje cedo, meus compromissos nesse dia de folga são de tarde e noite, então tudo bem ficar mais algumas horas assim, vou até mesmo pedir café na cama. Os Aurae, já estão o preparando, só vou pedir para mudar o local.

"Hmmmm." Diane, começou acordar, movendo seu corpo lentamente contra o meu até finalmente abrir seus belos olhos azuis e olhar para mim.

No mesmo segundo, ela levantou a parte de baixo do seu corpo fazendo o lençol branco cair revelando seu belo busto, ainda com a cara tomada de sono, ela levantou seus dois braços acima da cabeça bocejando por alguns segundos, até cair de volta na cama colocando meu braço entre seus seios nus.

"Que horas são?" Perguntou ela em voz baixa.

Diane, nunca foi uma pessoa matinal.

"Nove horas da manhã, você bateu seu recorde." Brinquei com ela, da última vez que ela dormiu aqui em casa, ela só acordou de tarde.

"Vamos dormir mais então." Falou ela, caindo no sono logo em seguida.

Estou com inveja de seres místicos como ela que podem dormir tão facilmente, mas bem, parece que meu café da manhã na cama vai demorar mais algumas horas se eu fosse esperar. Com cuidado, me livrei sem muita vontade do abraço dela, depois sai da cama quase que sem fazer nenhum barulho, isso é uma mentira, não fiz nenhuma barulho, dobrei as sombras para apagar minha presença, não sou nenhum Batman, mas duvido que até mesmo espiões treinados e com experiência me veriam.

Entrei no gigantesco banheiro que não mudou nada no decorrer dos anos, parecendo, mas um parque aquático em miniatura que um banheiro, mesmo assim, passei muitos bons momentos de relaxamento nesse lugar, por isso o amo, a única coisa que sempre adiciono e retiro aqui é uma pequena pia com espelho que uso para escovar os dentes e pentear meus cabelos, isso some logo depois dessa tarefa por que não combina com o local.

Após escovar só dentes só de cueca bóxer preta, fecho a torneira e levanto minha cabeça para me olhar no espelho.

"Dezenove anos, estou vivo nesse mundo já há tanto tempo."

Sim, não é muito, mas levando em conta o quão perigoso é o mundo em que vivo, ainda mais na minha linha de trabalho escolhido, isso é uma grande conquista, e agora que finalmente cheguei no ápice da minha forma física e finalmente entrei na idade adulta, isso quer dizer que nunca mais vou envelhecer, vou ficar sempre com essa aparência, e a vendo no espelho, decido que não é ruim.

Meu rosto ficou mais masculino no formato diamante, com o queixo um pontudo e o resto dele reto nas laterais, ele se alargou um pouco, assim como o resto do meu corpo, meus cabelos ainda são brancos lisos e finos da cor da neve intocada como antes, só que agora eles estão um pouco mais brilhante quando a luz os acerta, mudei o penteado alguns meses atrás, cortei as laterais e a atrás quase que completamente, deixando apenas uma fina camada de pelo e o topo muito maior sempre penteado para trás. Quando ao corpo em si, meus ombros ficaram mais largos, e agora tenho um metro e noventa e nove de altura, a estrutura dele ficou mais definida, só tenho músculos e mais músculos, mas ele manteve o aspecto não muito forte, um corpo musculoso feito para a velocidade e não só força bruta.

Após sair do banheiro, coloco algumas roupas simples, camisa branca com um short preto curto, e vou para andar de baixo. Gostaria de comer junto da elfa dormindo na minha cama, mas ela demorar para acordar e eu tenho meus rituais, mesmo não precisando de comida, estou tão acostumado a comer de manhã, que realmente sinto um vazio se não o fizer, claro que isso só acontece quando não estou virando a noite emendando com o dia no meu laboratório ou na minha vida de herói.

Sentei na minha mesa já servida com abundância e variedade de comida para quatro, meus servos sempre exageram um pouco, mas não posso culpá-los, eles adoram fazer qualquer serviço relacionado a casa, inclusive cozinhar, mas como nem sempre como, eles aproveitam a chance quando isso acontece.

Panquecas, ovos fritos, ovos cozidos, bacon, salsichas e muitos tipos de sucos, tudo isso na minha frente, tudo feito com produtos sem nenhuma química, isso garanto, gasto uma pequena fortuna para conseguir esses ingredientes, já que meu paladar consegui sentir produtos químicos e isso dificulta minha alimentação, por isso, uma vez a cada três meses, viajo pelo mundo para garantir uma dispensa sempre cheia do melhor, e como dizem, não é barato comer saudável.

Por que não comprar em mercados de agricultores ou produtos certificados do mesmo tipo? Eles são cada vez mais comuns e populares.

Porque a maioria é mentira.

Quem vai sentir um produto químico usado no adubo do alimento se você não tiver um paladar como o meu?

No final do café da manhã que durou meia hora, pego minha caneca de café colombiano e ando até a parta da frente que se abre para mim sem eu precisar pedir. Esse é mais um dos meus rituais diários que criei nos últimos anos.

A primeira coisa que sinto é o cheiro da grama molhada que parece ter sido recém cortada, o vento gentil de verão me acerta em seguia, a luz dourada do sol e o barulho de alguns pequenos animais vem depois. Meus sentidos não vão mais longe que isso, já que a Casa está estacionada no meio de um campo aberto num terreno de duzentos metros quadrados. Fora dessa limitação e espaço não há nada, apenas o vazio.

Estou na dimensão que antes pertenceu e foi criada pelo Ares, e agora, depois de dois anos de muito sangue, suor e lagrimas, se tornou meu Local de Poder.

Por que eu trouxe a Diane, para um local tão íntimo e pessoal?

Porque aqui, eu sou deus.

Claro, estou exagerando um pouco, não posso criar coisas do nada, nem que seja uma pequena pedra, mas fora isso, qualquer simples feitiço que uso aqui sai com a força de uma bomba atômica, usando o sol, nuvens e o vento desse lugar como exemplo, tudo isso é uma poderosa e fraca ilusão, já que não posso criar essas coisas do nada. Fraca, por que isso foi criado usando um feitiço simples, se tal feitiço fosse usado do lado de fora desse lugar, o máximo que vou conseguir fazer é só alguns truques de festa, mas aqui? Tenho luz, vento, um sol e as nuvens.

Dois anos para chegar nesse ponto, e depois desses dois anos, quando finalmente consegui, só precisei de um estalar de dedos para limpar todos os entulhos, os transformando em poeira, deixando apenas o chão reto destruído, depois disso, tive que buscar grama do lado de fora junto de alguns pequenos animais, foi um processo bem rápido que no final criou esse lugar calmo, como se eu estivesse morando numa fazenda isolada no interior, isso também é uma ilusão, a outras construções ao meu redor, só as deixo invisível por que gosto mais da vista assim.

É uma visão extremamente calmante para mim, por isso fico aqui alguns segundos todo dia tomando meu café lentamente, fiquei assim hoje também, até algo envolver meu corpo por trás, Diane, não me pega de surpresa, não tem como eu ser pego de surpresa no meu Local de Poder, posso literalmente sentir uma pequena formiga se movendo pela grama a dois metros na minha frente tentando arrancar uma folha para levar ao formigueiro um metro de distância a esquerda.

"Você agora, com certeza, bateu seu recorde." Brinquei com ela.

"Meu travesseiro sumiu, vem para cama." Falou ela com o rosto enterrado nas minhas costas.

"Não quer tomar café da manhã logo e depois dormi mais uma pouco?" Perguntei, fazendo meu café desaparecer.

"Estou com fome, mas não disso." O tom dela é único.

Sem dizer mais nada, ela segura minha mão e me puxou lentamente para as escadas, e de lá para meu quarto, terminando então na cama.

Essa, é uma boa forma de passar o tempo.

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Dou uma olhada nas horas enquanto coloco minha luva preta, vejo que já são três e cinquenta, falta vinte minutos para meu compromisso. Estou vestindo uma roupa completa de frio, casaco preto com capuz, gorro cobrindo apenas o topo da minha cabeça e botas para neve, equipamento padrão para o inverno para onde vou. O frio não me incomoda, mas andar por ruas cheias de neve usando roupas leves chama muita atenção, isso já aconteceu comigo uma vez, realmente fica bastante fácil ignorar as estações ao seu redor quando você não as sente como os outros.

Recentemente mandei Diane, para casa, nos despedimos depois de algumas atividades, e de um almoço que acabou a pouco, ela tinha que fazer alguns negócios com outros clientes, e também sabia do meu compromisso daqui a pouco.

Finalmente, consigo colocar a maldita luva na minha mão, é uma coisa bem desagradável, odeio as usar, mas a ilusão tem que ser mantida.

Alguns passos à frente da porta da minha Casa, levanto minha mão coberta pela luva apontando para frente do meu corpo, o meu objetivo é claro, dobrar o espaço a minha vontade.

A uma infinidade de feitiços de teletransporte de longo alcance, até mesmo rituais dos mais diferenciados tipos, o da Zatanna, é algo bem especial, ela abre não apenas um túnel, e sim dobra o espaço como uma folha, ligando o ponto A, com o ponto B criando um portal com aparência de algo bem grande, um vórtice do tamanho de uma pessoa de pura energia roxa, e um feitiço é muito sutil e preciso, algo que magos e feiticeiros devem se preocupar nesse tipo de feitiço.

Como sempre, tive que fazer minhas próprias mudanças para fazer meu feitiço portal funcionar, demorou bastante, mas agora posso ir para qualquer lugar no mundo, desde que eu já tenha ido lá uma vez ou saiba as coordenadas, e graças ao GPS do meu celular, isso se tornou uma tarefa bem fácil.

Diferente do portal da Zatanna, o meu é muito sutil, uma porta negra de três metros de altura e dois de largura que surgi bem na minha frente sem som ou alarde, não é muito chamativo visualmente comparado ao da minha professora, mas olhar para escuridão do portal pode ser desconcertante para a maioria das pessoas, meus amigos, por exemplo, aqueles que não tem familiaridade com magia, evitam passar por ele, de acordo eles, dava uma sensação de pular num buraco negro.

É um exagero na minha opinião, não há nada do outro lado do portal a não ser o destino.

Quanto a funcionalidade do portal, ele é muito parecido com os demais feitiços do tipo, ligando o ponto A ao ponto B.

Sem mais tempo para conversa, fui até o portal, sentindo o frio familiar e confortável dele.

Assim que atravessei a porta, que estava conectada a parede de um beco escuro sem ninguém, a porta se fechou, e agora estou do outro lado do mundo, bem, não é assim, na verdade, meu Local de Poder estava próximo dessa cidade.

Esse é um beco comum entre dois prédios tão altos, que um humano comum não poderia ver o final deles ao olhar para cima, com dois metros de espaço, um beco desse é usado apenas para travessia rápida, mas esse é um beco sem saída, e quase ninguém presta muito atenção em lugares como esse, a não ser quando querem ter alguma privacidade, mas ainda é dia, por isso usei esse lugar como ponto de saída.

Após enfiar minhas duas mãos nos bolsos da frente do meu casaco, andei de cabeça baixa na direção da saída pisando na nave branca fazendo barulhos bem confortáveis. Essa talvez é a primeira neve do inverno na cidade, a mais bonita, e por todos os deuses, com nave é linda. Se alguém já viu a foto de um floco de neve no microscópio sabe como eles são bonitos e únicos, agora imagine ter minha visão, e ver todos eles dessa mesma forma caindo ao meu redor lentamente derretendo no ar antes de tocar o solo.

Acho que vou fazer nevar por alguns dias em casa.

Ao sair do beco o barulho da cidade grande me acerta com força. Estou quase que no centro dela, o seu local mais movimentando, com gente indo e vindo na calçada andando ou correndo, fazendo de tudo para não baterem um contra o outro, a calçada é larga, mas deve haver quarenta pessoas constantemente indo de lá para cá ou mesmo tempo sem parar, todas elas vestidas com belas roupas de inverno no seu estilo próprio, e na estrada, carros e mais carros, mas em vez de trânsito lento, o que era de se esperar, o movimento está bem fluido.

Estou morando em Nova York há muitos anos, nessa realidade e na minha antiga ela é uma das maiores cidades do mundo, já realizei incontáveis salvamentos e lutas nela, conheço muito bem seus becos e lugares escondidos, como os túneis, de qualquer forma, mesmo sendo uma das cidades mais populosas do mundo, ela não é a primeira do país como na minha realidade antiga, esse lugar foi tomado por Metrópolis.

Estou pensando em algo sem sentido de novo, tenho que ir, odeio me atrasar.

E assim, como se tivesse entrado numa dança, avancei contra a maré de pessoas indo para todos os lados entrando no ritmo delas para não ser afogado, não fico preocupado em ser reconhecido, mudei a cor do meu cabelo, olhos, pele, algumas características do meu rosto e diminui minha altura alguns centímetros usando uma ilusão simples. Não demorou muito para chegar no meu destino, o portal me deixou perto do meu destino, foi aí que sai da dança, ficando parado na entrada de um dos prédios na rua que é tomada por eles, esse pode não ser o maior deles, mas é com certeza é o mais chamativo, e isso pode ser falado com orgulho, sendo uma cidade tão rica, todos os edifícios foram erguidos por arquitetos famosos, todos eles têm seu próprio brilho, obras de arte urbanas únicas em vez de coisas genéricas vistas em outros lugares.

O edifício em si parece ter sido arrancado diretamente dos anos sessenta, direto de um filme marfioso em preto e braço, ele foi bem cuidado é claro, pintado em cinza sem muitas cores ou adornos na sua construção, acho que todo o dinheiro que deveria ser gasto nisso foi usado para construir o maldito globo, sim, uma esfera gigante de bronze bem no topo do telhado brilhando sobre o sol refletido nela, a um anel girando na diagonal do globo com o nome escrito em dourado ao seu redor, uma clara tentativa de afirmação que esse jornal, é o que cobre as notícias do mundo inteiro, bem, o Planeta Diário, com certeza é o jornal mais lido no mundo.

Entrei pelas portas duplas e me encontrei em outra bagunça, só que num ritmo ainda mais frenético do que nas ruas, gente correndo para todo lado carregando em sua maioria papeis, quase fui atropelado por duas mulheres de terno feminino, sim, isso sim é um local animado. Com tanta confusão, não me surpreendeu que ninguém foi falar comigo suspeitando minha vinda aqui, caminhei lentamente até os dois elevadores próximos das escadas no fim da entrada, ninguém falou nada.

A uma pequena fina nas portas do elevador que se abriu assim que cheguei, e todos correram para dentro tentando encontrar um local confortável, fiquei próximo da porta, e vi que quase todos os botões representando os andares foram apertados a minha esquerda, sai antes das portas se fecharem.

Tenho que ir para o décimo quinto andar, em vez de esperar, é melhor ir pela escada.

Sim, fiquei um pouco impaciente, mas quando se pode correr na velocidade de uma bala ou subir uma montanha sem ficar cansado em segundos, esperar um elevador que não vai direto para seu destino é o limite da paciência.

A falta de segurança humana até aqui me pegou de surpresa, mas havia câmeras e mais câmeras no lugar, até mesmo nas escadas, por isso andei sem ir muito além da velocidade humana, mesmo assim, estou subindo num ritmo vigoroso que faria qualquer atleta suar depois de alguns degraus.

Finalmente no décimo quinto andar, abro a porta e encontro outra confusão, essa na forma de mesas e papeis espalhados para todo lugar, a sala está tomada de jovens estagiários, e mesmo nessa confusão, encontrou meu compromisso bem a minha esquerda, no fim da sala numa mesa simples com o rosto de frente para o notebook e seu corpo curvado.

Fui até a mesa, e sentei na cadeira na frente dela sem fazer muito barulho tendo cuidado para não derrubar nenhuma pilha de papeis em cima da mesa, mesmo assim, ela deu um pequeno pulo na sua cadeira pega de surpresa.

Após ajeitar seus óculos de lente redonda, ela olha para mim e depois para o relógio digital do lado do seu notebook em cima de uma pilha de papel.

"Já é a hora?" Perguntou ela.

"Sim, cheguei até atrasado." Falei para ela rindo.

"Ohh, desculpa por isso, mas isso é uma total loucura!" Falou ela em voz baixa, cobrindo seu rosto com as duas mãos.

"Se você quiser podemos adiar por algumas horas, posso encontrar com você hoje à noite, ou outro dia, as coisas estão um pouco calmas ultimamente." Falei para ela, qualquer um que já foi um estagiário, sabe que esse é apenas um nome politicamente correto para escravo.

"Não! Tem que ser hoje!" Falou ela quase gritando, mas com tanto barulho a sua volta não importou muito.

"Por quê?" Perguntei achando graça dela, que logo ficou envergonhada pelo seu grito.

"Eu meio que posso ter dito ao Chefe, sobre a entrevista…" Ela respondeu em voz baixa.

"Oh, isso foi arriscado, poderia ter acontecido algo." Falei brincando com ela, também a provocando um pouco, não posso evitar.

"Não foi por querer, falei para uma amiga minha, e lá estava ele atrás de nós como um fantasma!" Aí estava, o motivo por eu gostar tanto dela, ela realmente é fofa.

Lisa Lombard, é uma bela mulher, rosto redondo e fofo com bochechas predominantes, olhos castanhos e longos cabelos loiros, ela não está usando maquiagem, e nem precisa, só um batom de cor vermelha era o bastante. Recém-formada em jornalismo, mais uma mulher que seguiu os passos da duas vezes ganhadora do Pullitzer, Lois Lane.

"Deve ter sido assustador." Brinquei ainda mais sorrindo muito.

"É foi! Ele segurou meus dois braços e quase me levantou do chão de tão animado, agora tenho que entregar a entrevista até o fim do expediente, ela vai ser impressa no jornal de amanhã."

Uma situação difícil, não se decepciona o chefe assim, ainda mais se você for um estagiário que acabou de entrar no ramo.

"Tudo bem, mas vamos fazer isso aqui?" Perguntei olhando ao redor.

O barulho era grande demais para ninguém prestar atenção no que estamos falando, mas não é um clima legal para perguntas e respostas.

"Não, eu conheço um lugar calmo, vem comigo!" Falou ela quase pulando da sua cadeira fechando o notebook em cima da mesa e o colocando em baixo do braço.

Sem me esperar, ela correu pela sala o máximo que sua saia longa preta podia aguentar até a porta, fui logo atrás, e para minha má sorte, demos de cara com ele, assim que ela estava saindo pela porta.

"Irmãzinha!" Gritou um homem mais velho que parecia um urso, abrindo seus braços como se Lisa, fosse se jogar neles para ele a balançar como uma criança.

Essa super demonstração de carinho, foi subitamente parada assim que ele me viu atrás da sua irmã, parada olhando para os lados claramente envergonhada com seu irmão.

"Olha se não é o Magrelo, que feriu o coração da minha irmã, devo dar uma lição em você agora!?" Falou ele rispidamente.

"Você pode tentar como já tentou antes, mas o resultado vai ser o mesmo." Brinquei com ele o dando um sorriso seco.

Steven Lombard, é o total contrário da sua irmã, metido, arrogante, idiota, um completo bully. Ele é aquele tipo de cara que teve o que queria no colégio, e isso subiu à cabeça dele demais, Steven, ainda pensa estavar vivendo naquele tempo, mesmo que a única coisa que ele ainda tem daqueles dias é seu corpo, medindo dois metros de altura de puro músculo, ombros largos, cabelos loiros lisos altos na altura do queixo e um bigode cheio, parecido com aqueles usados pelos pistoleiros no velho oeste.

"Da vez que você me pegou de surpresa? Irmã, por que esse idiota está aqui?" Perguntou ele.

"Ele veio visitar a cidade e aproveitou para me entregar algumas coisas que deixei na casa dele, agora vamos dar uma volta, vou mostrar um pouco do jornal, Dio, talvez queira investir no lugar."

Lisa, é um anjo, mas não se engane, ela tinha garras escondidas e muito inteligente que ela sabe usar muito bem, ela não gosta nada quando seu irmão agi dessa forma com ela ou com outros, ainda mais num lugar tão público, por isso Lisa, disparou duas vezes contra seu irmão agora.

Ela dormiu comigo, e eu sou rico, muito rico.

Irmão nenhum no mundo, gostaria de ser lembrado do primeiro tiro, e o segundo, só é para ferir seu ego ainda mais. Durante um dos nossos encontros, ele tentou demostra a diferença de um reporte bem pago a alguém como eu, que me apresentei como um desempregado, pagando a conta de uma restaurando muito caro, durante um encontro que ela invadiu. Fiquei tão feliz com o ato dele, desmotrei isso pagando a conta de todos que estavam comendo comigo no momento, e aqueles que ainda vão comer naquele dia, ninguém acreditou nisso, até eu mostrar o cartão sem limites preto.

A pequena ação da Lisa, foi um acerto critico, mas como eu disse, ele é um idiota, e assim que uma das outras estagiárias passou do lado dele, seu sorriso voltou.

"Ei linda, que tal sair comigo hoje? Tenha ingressos para o jogo."

A estagiaria simplesmente o ignorou, como falei, ele é um idiota, todo mundo sabe disso, e se ele não fosse tão bom no seu trabalho de repórter esportivo, ou se tivesse passado do limite aceitável só um pouco, as mulheres se juntariam para jogar ele pela janela, com o apoio do seu Chefe, e de todos os outros homens, mas fazer o que, ele é o melhor no seu trabalho..

"Vamos Dio!" Gritou Lisa, segurando minha mão a puxando na direção da porta, passando de lado do seu irmão que me olhou muito feio, para nossa alegria.

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"Antes de começarmos, realmente quero agradecer, não gosto nada disso, mas era uma boa chance, e como a Lois Lane, falou uma vez, uma repórter sempre tem que agarrar as chances." Falou Lisa, se sentando na cadeira numa pequena sala como um armário, uma mesa e duas cadeiras e espaço para apenas duas pessoas.

Ela está tentando se tornar uma repórter focada nas notícias tecnológicas, mas sendo apenas uma estagiária, ela não pode escolher nada e tem que seguir o fluxo até seu Chefe, confiar nela o bastante após ela provar seu valor, isso leva tempo, a não ser que você consiga uma chance de muita sorte colocando as mãos numa notícia quente, que no caso sou eu, um herói que até hoje não deu nenhuma entrevista, e não querendo me gabar, sou bastante conhecido.

Não é como se eu evita-se sempre os reportes, respondi uma ou duas perguntas depois de uma luta ou salvamento, mas sempre neguei uma entrevista particular como essa, não por não gostar, mas por que nunca encontrei um reporte que me fez sentir seguro, não é como se todos no mundo gostassem de mim, trabalhei muito duro para criar minha reputação hoje, é duro manter isso intacto, e dar uma entrevista para uma pessoa que não é de confiança que pode mudar minhas palavras é algo para se ter cuidado.

"Lisa, eu te conheço, não aceitaria fazer algo assim se não fosse por isso." Falei tentando a tranquilizar, parece que deu certo, ela já está abrindo o notebook demostrando um ar mais profissional.

Conhece a ela por meio da Vanessa, elas estudavam na mesma universidade sendo a Lisa, um ano mais nova que minha irmã, as duas se conheceram por meio de outras amigas, nos encontramos pela primeira vez durante a festa de formatura da minha irmã, quando eu tinha dezessete anos, naquele momento, já tinha crescido e não parecia em nada um adolescente, e como achei a Lisa, muito fofa e divertida, acabei me interessando, e as coisas aconteceram naturalmente depois disso, "namoramos" por algum tempo, e nos separamos um pouco antes dela se mudar para Metropolis, foi um término mutuo, e gosto de pensar nela como amiga agora.

"Então, posso começar?" Perguntou ela, com as duas mãos em cima do teclado.

"TICK!"

Andes de dizer qualquer coisa estalei meus dedos, e uma onda incolor do som saio dos meus dedos levantados envolvendo toda a sala de desaparecendo logo em seguida como se nunca tivesse acontecido.

"O que foi isso?" Perguntou ela confusa, mas não assustada, essa não é a primeira vez que usei magia na frente dela.

"Um simples isolamento acústico." Parece idiota, mas uma pessoa pode não ser escutada tendo uma conversa sensível ao redor de outras conversando em voz alta, mas num lugar silencioso como esse, é fácil escutar a conversa.

"Tinha esquecido como você pode ser paranoico." Ela riu disso.

"Vamos começar!" Falei um pouco ofendido, não sou paranoico, só estou tomando medidas de segurança apropriadas.

"Claro Kírix, que tal perguntas e respostas rápidas? Depois disso posso escrever uma mateira usando as respostas." Falou ela de forma brincalhona o meu nome de herói.

"Namoramos" por pouco tempo, e ela descobriu minha identidade secreta, para ser justo, não fiz muitos esforço para esconder isso, mas também não tinha como evitar aquela situação, uma criança estava em perigo prestes a ser acertada por um parafuso que se desprendeu de um brinquedo durante nosso encontro no parque de diversões, me move como uma bala e peguei o pequeno parafuso, a criança não perceber, mas como eu estava do lado dela, ela somou um mais um.

"Você é a repórter, confio em você."

Ainda animada, Lisa, se ajeitou mais uma vez na sua cadeira velha de ferro, até levar suas mãos mais uma vez para o teclado do notebook e olhar diretamente para mim.

"Vamos começar devagar, qual é seu nome?"

"Vocês me conhecem como Kírix."

"Você tem algum parentesco com sua professora, a Mulher-Maravilha?"

"Parentesco é algo complicado para os deuses, todos eles são família, mas também não são, tecnicamente, ela é minha prima."

"Então, é verdade que seu pai é um deus?"

"Sim, Hades, Deus dos Mortos e Senhor do Submundo."

"Quem é sua mãe?"

"Uma mulher comum, não vou dar o nome dela por motivos de segurança."

"É verdade que você pode falar com os mortos?"

"Falar, conjurar, os controlar em um certo nível, isso dependendo de algumas circunstâncias."

"Por que você quis se tornar um herói?"

"Por muitos motivos, na verdade, começou com respeito, por exemplo o Batman, um homem que sozinho e sem nenhum poder se levantou para lutar contra o crime numa cidade já a beira do colapso, a vários outros motivos, mas no início, eu só queria ajudar."

"Como assim?"

"Imagine que você está cominando pela rua, e do nada alguém cai na sua frente se machucando, alguns podem simplesmente ir embora, outros podem pedir ajudar e continuar no seu caminho, outros vão realmente ajudar, eu sou esse tipo de pessoa, o diferente é que posso dar uma gama muito maior de ajuda, e o alcance dos meus sentidos também é mais extenso."

As perguntas continuaram por um bom tempo, elas não seguiam uma ordem ou assunto, eram misturadas, mas não foi um problema para mim, respondi todas elas da melhor forma que podia, mas tive que mentir para proteger minha família ou amigos em algumas delas, Lisa, sabia disso, mas aceitou mesmo assim.