"Isso vai causar muitas, repercussões." Falei a última palavra com cuidado, tentando passar o mesmo significado da frase, imenso problema.
"Eu sei, mas é o certo a se fazer agora." Falou Diana, vestida com uma toga branca e um vestido azul por baixo, a única parte que ela está usando da sua armadura, é a tiara dourada com a estrela vermelha no centro e os dois braceletes prateados.
Ela andou pelo chão destruído evitando os buracos que estão por todo lugar, estamos aonde antes era o castelo da Rainha das Amazonas, que agora não passa de um monte de entulho, o chão ainda tem as marcas do meu feitiço de gelo, depois que ele evaporou, tudo que ficou para trás foram os buracos.
Diana, andou até a beirada do topo do ponto mais alto de Themyscira, tendo uma visão completa de toda sua cidade, me juntei a ela, olhando para as Amazonas que estão trabalhando desde que amanheceu sem descanso por quase seis horas agora, apenas na limpeza, tudo que elas fizeram antes foi para achar os mortos e ajudar os feridos, agora elas estão limpando os entulhos se preparando para a reconstrução, e essa limpeza, vai demorar muitos dias. Isso tudo após ter se passado apenas um dia desde o velório e a festa.
"Meu povo precisa de mim agora." Falou Diana, olhando ainda para as amazonas.
Não tenho coragem de dizer nada que vá contra sua decisão, sei muito bem que a falta da Mulher-Maravilha no mundo, vai ser gigantesca, estamos falando aqui de uma das maiores heroínas da Liga e do mundo, uma das três grandes, um símbolo para todas as mulheres de força e liberdade, também uma heroína que salva diariamente muitas vidas, só sua presença no mundo evita centenas de crimes, mesmo sabendo disso tudo, depois de ver o estado da sua casa e povo, não posso dizer nada, também sei que sua ausência vai durar muito. As Amazonas podem ser superiores fisicamente a pessoas comuns, mesmo assim, vai demorar muito tempo para reconstruir tudo que foi destruído, anos talvez.
"E o Steve?" Perguntei o mais difícil, ainda mais para uma recém-casada.
Diana, abaixou a cabeça e me responde num murmúrio.
"Não quero ser egoísta, mas espero que ele aceite ficar aqui comigo e me ajudar."
Ela estaria literalmente pedindo para seu novo marido para se mudar para um lugar completamente isolado e passar dias e mais dias ajudando na reconstrução sobre o olhar da sua mãe, a namorada da sua mãe e tia, que não gostam nada dele, junto também das outras Amazonas, eles podem aceitar muito bem nossa presença masculina aqui brevemente, mas ainda não sabemos o efeito de uma permanência tão longa.
E mais uma vez, não vou dizer nada, não tenho o direito, em vez disso, uso humor.
"Diana, você vai pergunta para o Steve, se ele quer morar numa ilha cheia de belas mulheres, sendo ele o único homem, o que você acha que ela vai dizer?" Perguntei para ela dando um sorriso.
"HaHaHaHa!"
Sim, consegui um riso longo e feliz, tudo que um médico poderia receitar para a tristeza e a possível negação do pedido, que nesse caso, seria o fim do seu breve casamento, mas claro, não acho que nem em um milhão de anos, Steve, vai dizer não para sua mulher, ainda mais agora que ele está sem trabalho.
"Está na hora, eu tenho que ir." Falei em fim, depois deu um momento de alegria.
"Já?" Perguntou ela, sabendo muito bem que vai demorar um pouco para nosso reencontro.
"Quero visitar a mãe da Van, ver se tá tudo bem do lado de fora." Falei para ela.
Diana, acenou com a cabeça e se virou para mim, fiz o mesmo, e ficamos de frente separados por alguns centímetros.
"Você vem? Para avisar os membros da Liga?" Perguntei.
"Eu já os avisei, voei para fora da barreira e mandei uma mensagem para eles explicando brevemente o que aconteceu e minha decisão, também marquei um encontro com o Steve, na praia mais próxima, vamos conversar amanhã."
"Então, acho que vou sozinho."
Diana, me pegou de surpresa com um abraço, ela apertou com força, o bastante para quebrar os ossos de um mortal, dei um abraço na mesma medida nela, ficamos assim, por um bom tempo, até ela falar no meu ouvido.
"Vá em paz, meu pequeno irmão, e saiba que se o mundo dos homens precisar, ou só você, estou a um pensamento de distância."
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Todos meus assuntos pendentes acabaram na Ilha Paraíso, estava na hora de deixar as Amazonas realizar sua reconstrução em paz, mas antes disso, falta mais um assunto para resolver. Por isso, após me despedir da Rainha e da Diana, e de ganhar sua permissão para sempre que eu quiser poder voltar a essa Ilha, algo que não vou abusar, mas aguardo a chance de ver a cidade mais uma vez, dessa vez reconstruída e pacifica, voei para fora da ilha principal, até encontrar uma pequena ilha deserta a esquerda.
Pousei na praia, bem em cima de uma grande pedra pontuda, local perfeito, com o mar azul brilhando na minha frente e uma floresta atrás de mim, o vento era forte e frio, a muitas nuvens cobrindo a luz do sol, mas isso não importa, o clima sempre está bom para mim.
"Estamos sozinhos agora, por que não aparece? Temos que conversar!" Falei em voz alta e baixa.
Nada aconteceu, ainda só escudo o som das ondas e o vento fazendo as árvores atrás de mim balançarem.
"Você me salvou mais uma vez, só que agora, você não foi muito sorrateiro!" Voltei a gritar, e nada aconteceu.
Sim, fui salvo. Isso aconteceu no momento que matei o filho do Ares, depois da explosão que levou metade da sua cabeça embora, acabei ficando por alguns momentos sem força, e cai na praia, estava prestes a ser esmagado por toneladas de carne morta coberta por escamas negras, quando algo apareceu e me salvou, empurrando meu corpo para fora da zona de impacto.
Essa foi a segunda vez que fui salvo da mesma forma misteriosa, a primeira, foi durante minha luta contra o vampiro feiticeiro, daquela vez foi uma pequena ajuda que poderia passar facilmente despercebida, tentei é claro encontrar a fonte dessa ação, mas não consegui achar nada, quem fez isso é ótimo em se esconder.
"Ninguém pode sair das proteções da Ilha Paraíso, sem autorização da Rainha, no momento que você sair comigo, vai acabar se revelando de qualquer forma." Uma mentira descarada.
De certa forma, é possível sair sim da barreira sem chamar atenção da Rainha, ela foi projetada para deixar as coisas do lado de fora não entrarem, não evitar que elas saiam, claro, que a certas medidas defensivas, mas isso pode ser burlado com um pouco de inteligência.
{Ah, parece que finalmente você me pegou…} Falou uma nova voz etérea, que ecoou pela praia.
Na minha frente, alguns metros de distância, algo começou a aparecer, mudando sua forma de visível e invisível rapidamente, como se estivesse lutando para se tornar real, demorou um pouco, mas a forma começou a mostrar algumas características masculinas, e no final, um homem está parado na minha frente.
{É um prazer finalmente o conhecer formalmente.} Falou a voz, que ecoava como se estivéssemos numa caverna, mas ela era de certa forma fraca, ele está lutando para se manter visível, posso ver isso, mas não vou o subestimar por isso, sua postura grita duas palavras, poder e realeza.
Sim, a um homem descalço na minha frente com quase dois metros de altura, um corpo magro e musculoso com ombros largos, vestido apenas com uma toga branca cruzando seu ombro e nada abaixo, deixando seu outro ombro e parte do seu peito e cintura amostra, sua pele, é tão branca quanto a minha, assim como seus olhos negros, seu rosto e fino com um queixo um pouco mais largo, um rosto lindo quase que andrógino de tão belo, e por fim, chifres negros, quatro deles, dois saindo das laterais da sua cabeça apontados para cima e mais dois saindo da frente da sua testa, esses são menores e menos grossos, e por fim, preso na sua testa quase numa volta perfeita acabando um pouco antes de a completar na parte da frente, uma coroa de louros da vitória grego, feito com folhas vermelhas da cor do pôr do sol.
"Quem é você?" Perguntei, querendo confirmar algo que já sei.
Sim, sei muito bem, posso sentir ele, mesmo sendo apenas um fantasma, sinto o seu poder e aura, quase que igual ao meu.
{Eu sou Zagreu, filho de Hades!} Respondeu ele com orgulho, olhando para meus olhos, e na escuridão deles, vi os brilhar como estrelas negras, um brilho que passou rápido, mas nesse pequeno segundo, vislumbrei o que ele era antes de ficar assim.
Antes de falar mais, sai da pedra que estava sentado e ficou na frente dele, olhando para cima, ainda sou baixo comparado.
"Antes de qualquer coisa, obrigado por salvar minha vida duas vezes." Foi um agradecimento sincero, e acho que isso agradou um pouco ele, já que o vi abrir um sorriso.
{É um pouco estranho escutar tal frase vinda da boca de um semideus masculino, a maioria deles tem uma grande falta de humildade, mesmo assim, não precisa agradecer.} Falou ele.
Zagreu, um irmão que até agora, nunca passou pela minha mente existir, diferente da Melinoë, ele não possui muito material escrito, tudo que sei dele, é que em muitas versões ele foi visto como filho de Zeus e Perséfone, mas em poucos casos ele foi citado como filho do Hades, acreditei mais na versão dele ser filho do Zeus, durante minhas pesquisas sobre a história do meu pai, mas aqui estamos.
{Ainda surpreso por ter outro irmão?} Perguntou ele, ainda bem-humorado.
"Não vou mentir, coloquei todas minhas apostas que você era filho de Zeus."
{Não posso te culpar por isso, Zeus, é bem, vamos dizer, aposta mais segura quando o assunto são filhos divinos, e não divinos também.}
"Lamento perguntar, mas já que você é filho do Hades, e está me ajudando, quer dizer que sua mãe não é a Per…"
{Não fale o nome dela me voz alta!} Ele me parou.
{Não estamos no Submundo, e mesmo que aqui seja o mundo mortal, essas ilhas tem um forte presença dos deuses, ela pode escutar se for chamada.} Avisou Zagreu.
Sim, Hermes, me avisou disso uma vez, mas achando estar seguro no mundo mortal, acabei esquecendo que essa é um dos poucos lugares no planeta que os deuses, ainda se dão o trabalho de ficar de olho.
"Você é filho da Rainha, como dito nas lendas?" Perguntei, mudando o nome.
{As lendas estão certas, mas também erradas sobre meu nascimento.}
Ele explicou então, como nasceu num caso entre Hades, e um dos seres do Submundo, no momento que o Deus dos Mortos, estava na forma de uma serpente gigante, e assim, nasceu Zagreu, o único filho homem do Deus do Submundo naquele momento, um filho divino e muito, muito amado.
"A Rainha, também foi a responsável pela sua morte?" Arriscando entrar num assunto sensível, perguntei tal coisa.
{Sim, nunca suspeitei dela.} Respondeu ele, abaixando o rosto parecendo triste.
"Lamento."
{Faz muito tempo, no início, a Rainha era uma mulher gentil, cuidou de mim desde que nasci sobre o olhar constante do meu pai, até que num dia, depois de uma das reuniões no Olimpo, aonde meu pai participou, ela me convenceu que Zeus, Rei dos Deuses, foi desrespeitoso com ele.}
"Ela te provocou."
{Eu era tão jovem, tão confiante dos meus poderes, fui facilmente deixado furioso, então me transformei num gigante dragão alado, e voei para fora do Submundo, o local mais seguro para mim, seguindo o caminho dado pela própria Rainha, um caminho seguro até o Olimpo, aonde eu iria vingar meu pai.}
"Uma armadilha."
{Acabei entrando direto numa toca cheia de Titãs, tentei escapar mudando de forma, mas no final eles me capturaram, e na forma de um simples boi, eles me devoraram, só meu coração imortal sobrou quando meu pai, chegou para me ajudar, dizem, que para conter a fúria do Deus dos Mortos naquele momento, foi preciso seis dos Olimpianos, isso é claro, depois dele lidar com os Titãs.}
"Tudo isso, por inveja de não gerar um filho homem." Falei também me sentindo triste.
{Não há nada mais perigoso do que ser alvo da inveja de um deus.}
A origem dessa versão dele, se parece uma junção das lendas que já li com algumas mudanças, no lugar de Hades, teríamos Zeus, destruindo os Titãs, e tomando o coração dele que foi dado para uma mulher mortal, e dela, nasceu Dionísio. Essa parte ainda pode ser igual, mas com Hades, sendo o responsável por isso de alguma forma, mas isso não importam muito no momento.
"E nosso Pai, ele não descobriu que a Rainha, foi a responsável por isso tudo?"
{Claro, mas os casamentos entre deuses são um vínculo eterno, mesmo soltando sua ira sobre ela de outras formas, ele não poderia a tirar de sua posição ou a machucar diretamente.}
Sim, se não fosse um vínculo eterno, Hera, já teria pedido divórcio há muitas eras, mas não antes de castrar, Zeus.
{Depois da minha morte, nossa amável e gentil irmã Melinoë, passou centenas de anos juntando os pedaços da minha alma, para formar o que está aqui na sua frente agora.} Explicou ele por fim, dando seu último relato.
Deuses não podem morrer, quer dizer, eles podem, mas é difícil ao extremo conseguir isso, mas a muitas formas de lidar com eles por muito, muito tempo, devorando a carne e separando a alma divina é uma dessas formas, se Melinoë, não tivesse ajudado, ele levaria até o fim dos tempos para se juntar.
"Depois de tanto tempo, você agora achou sua chance para vingança?" Perguntei agora os motivos dele me ajudar, de uma forma não nada gentil, devo reconhecer.
{É tão difícil imaginar que estou ajudando você por simpatia?} Perguntou ele me dando um sorriso no rosto.
"Eu agradeço mais uma vez, mesmo assim, acho que você quer vingança, e esteja me usando para isso."
{Isso importa? No cominho que você está, a alguma chance de reconciliação entre você e a Rainha?} Perguntou ele, com o mesmo sorriso no rosto.
Meu silêncio, só fez seu sorriso aumentar.
Claro que não tem chance de paz entre mim e a Perséfone, o problema dela comigo é com a minha própria existência nesse mundo, qualquer outra coisa que não seja minha morte, não vai a fazer parar, sei disso, deuses não são conhecidos por seu pensamento racional, principalmente os gregos.
"Como vai ser?" Só tenho mais essa pergunta.
{Já não es mais uma criança, correndo por aí sem saber se defender, a ajuda que posso dar nessa forma, também é muito limitada.} Para provar isso, ele levantou seu braço, que vibrou e tremeu no ar como uma ilusão lutando para se manter.
"Você está chegando no seu limite." Entende a situação dele, as duas únicas vezes que me ajudou, drenaram muito seu estado, ele confirmou isso com um aceno de cabeça.
{O poder da nossa irmã é a única coisa que me mantém inteiro, fiquei muito tempo longe dela.}
"De volta para o Submundo então?"
{Isso, ou a segunda opção.} Ele levantou seu olhar para cima do meu ombro, primeiro pensei que ele estava olhando para algo atrás de mim, até entender que sua visão estava na minha espada.
"Tem certeza disso?" Minha espada pode armazenar e manipular num certo nível almas, mas nunca coloquei alguém totalmente consciente dentro dela, a alma de um deus, mesmo muito enfraquecida, também é diferente de uma mortal, muita coisa errada pode acontecer.
{Acho que nosso pai sabia que esse momento poderia acontecer, isso talvez tenha sido um dos motivos dele forjar sua espada com essa habilidade assustadora, vou ficar mais do que bem dentro dela, e como pagamento do meu aluguel, como os mortais fazem, você vai ter meu conhecimento.}
Sim, tem alguém de confiança como ele do meu lado com o conhecimento que ele tem, pode sim ser uma grande vantagem para mim. Os deuses, tem uma consciência universal, eles naturalmente compreendem como o universo funciona, ele foi morto muito jovem, mesmo assim, seu conhecimento é uma mina de ouro.
Sobre seu sorriso, saquei minha espada a enfiando no centro do peito do Zagreu, e toda sua forma foi sugada para dentro da minha lâmina numa velocidade incrível e quase natural.
Virei minha espada de lado e toquei a lâmina com meus dedos, vasculhando as almas ainda presas nela, até achar uma especial, rica em poder e muito diferente das outras comuns, diferente até mesmo da alma negra do vampiro feiticeiro, quando a toquei, a alma vibrou e me respondeu, sim, isso pode funcionar.
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"Como ela está?" Perguntei em voz baixa entrando no quarto do hospital.
Na minha frente, deitada numa cama hospitalar vestindo roupas do mesmo tipo coberta até o pescoço por um lençol branco está Julia, dormindo tranquilamente com uma pequena mangueira transparente ligada ao seu pulso até o soro pendurado do seu lado esquerdo junto de outras máquinas, medindo sua pulsação e oxigênio no sangue.
"Muito fraca, ela acorda e vai embora, só voltando após horas." Respondeu Vanessa, sentada numa cadeira de aparência bastante confortável do lado direito, vestida com um longo vestido preto com os cabelos despenteados e um rosto ainda sujo, ela claramente acordou agora, mesmo sendo de tarde.
Deu tempo, conseguimos criar o maldito medicamento que ela precisava, mas Julia, ficou muito tempo naquela situação, e acabou ficando muito fraca, a mulher de cinquenta anos, parecia ter setenta agora, com cabelos brancos e um rosto magro e enrugado.
"Eu trouxe isso para ela." Levantei minha mão, mostrando um belo buque.
Não era um buque comum de rosas, e sim de jacintos, uma flor típica da Grécia de cor forte roxa com várias pétalas juntas na forma de um bastão, também é a flor preferida da Julia, e não foi fácil encontrar elas, mas estou feliz por ter conseguido.
"São lindas!" Falou minha irmã, saindo da sua cadeira e as pegando delicadamente da minha mão, depois as levando para parede esquerda, aonde a uma estante cheia de livros e outros objetos, ela pegou um jarro vazio.
Após curar o problema da Julia, a próxima coisa que fiz assim que voltei depois de ter a certeza que seria seguro para ela, foi a mover para um novo lugar mais confortável possível, achei literalmente o melhor hospital e alugue um quarto só para ela, custa uma pequena fortuna por dia, mas vale a pena, melhor atendimento com médicos e enfermeiras sempre de plantão, assim como um quarto com cama, banheiro e até mesmo cozinha, para aqueles que ficam com os doentes.
"Obrigado Dio, ela vai amar quando as ver." Van, colocou o jarro com as flores bem do lado da cama, e depois voltou a se sentar na sua cadeira.
"Como está o Mal? Não perguntei como foi a conversa, depois que ele viu aquilo tudo no casamento." Percebi o casaco vermelho dele do outro lado do quarto, pendurado na parede.
"Nas conversamos sobre tudo, não com muitos detalhes, minha cabeça não estava muito boa naquele momento, mas ele parece ter aceitado bem, até mesmo me implorou para conseguir alguns autógrafos dos Titãs que ele é fã." Brincou ela sentada sorrindo.
"Até o meu?" Perguntei sorrindo, andando até o outro lado da cama, ficando bem próximo da Julia, colocando minha palma aberta alguns centímetros sobre sua testa.
"Oh não, antes ele tinha medo de você, agora que ele sabe dos seus poderes, Mal, está completamente apavorado!" Ela falou aquilo achando graça, mas é bom mesmo que ele tenha medo.
Fecho meus olhos por alguns segundos, lendo aura da Julia, um feitiço simples de suporte para a arte da cura, que serve apenas para fazer uma leitura não muito aprofundada do paciente sem envolver nenhuma cura real.
"O que você está fazendo?" Perguntou minha irmã curiosa.
"Um feitiço simples de leitura, Julia, está bem, ela só precisa descansar por mais algum tempo." Fui otimista demais.
"Messes Dio, os médicos falaram que ela vai ficar de cama por messes, até conseguir andar sozinha, e isso só depois da fisioterapia."
Sim, já sabia disso, os médicos me avisaram assim que levei ela para esse quarto, um dia depois da minha volta, um dia que não parei quieto, primeiro voei para a Torre, teve uma reunião com alguns membros da Liga, para dar meu relatório mais aprofundado dos eventos ocorridos, já que é o Robin e a Starfire, só participaram de partes do evento e a Raven, se isolou no seu quarto para se recuperar desde que voltou da ilha, Zatanna, tecnicamente não faz parte da Liga, então ela nem se deu o trabalho de aparecer.
"Eu sei, por isso mesmo já estou tomando providencias." Falei para ela.
"Tenho que passar na faculdade mais tarde, vou trancar meu curso até que ela fique boa, também vou passar no banco, não tenho acesso à conta da mãe, vou falar com o gerente, não posso ficar dependendo do seu dinheiro, Dio."
Vanessa, nunca precisou de muito dinheiro, ela recebe uma mesada da mãe, e tem acesso a vários cartões dela, mas isso não basta para manter sua mãe, e como ela é orgulhosa, não vai me deixar pagar tudo por messes.
"Não!" Neguei tudo que ela falou um pouco mais alto do que deveria, mas era preciso chamar sua atenção para isso.
"O quê?" Perguntou ela confusa, mas também com total atenção mim.
"Não, você não vai largar a faculdade, também não vai se meter em nenhuma loucura burocrática para conseguir acesso às contas da sua mãe, você sabe muito bem que não precisa do dinheiro dela, sou infinitamente rico, dinheiro não é problema."
"Dio! Olhe para ela, quem vai cuidar dela!" Gritou minha irmã, se levantando da cadeira e apontando para sua mãe ainda dormindo profundamente.
Conheço muito bem minha irmã, por isso sabia que isso iria acontecer, não vou permitir que ela pause sua vida por messes, para só ficar cuidado da sua mãe, não quando tenho recursos.
"Já aluguei um apartamento perto da sua faculdade, Robin, está fazendo uma lista do que vamos precisar para manter ela lá, estou literalmente construindo um hospital dentro do apartamento para ela, só para de deixar tranquila, e garanto a você, os equipamentos médicos que o Robin, tem acesso, são melhores do que esse hospital possui."
Na verdade, comprei o apartamento, ou melhor, estou comprando. Já estava de olho nele há muito tempo, seria minha casa, mas ganhei a Casa do Mistério, e ficou sem sentido comprar outra, como casas de valor milionário demoram para serem vendidas, consegui pôr em movimento a compra só agora. Provavelmente vou colocar ela no nome da Van, mas só vou dizer isso depois que ela acabar a faculdade, como um presente de formatura.
"Mas…"
"Não Van, também vou contratar enfermeiras, cuidadoras e médicos, o seu único trabalho vai ser cuidar da Julia, vinte e quatro horas por dia, talvez até mesmo um chef, para lidar com sua dieta."
"Eu não vou deixar minha mãe ser cuidada por estranhos!" Ela quase gritou, mas se conteve no último segundo.
"Você vai, porque eles são profissionais, e vão fazer isso melhor que você, e como o apartamento fica perto da faculdade, você pode morar lá se quiser, a casa tem muitos quartos, mas Van, você não vai largar a faculdade." Isso foi uma ordem, Van, percebeu isso e não gostou, mas não tem como ela obedecer se eu não for duro com ela
"Isso vai custar uma fortuna, não posso deixar você pagar por tudo isso!" Ela sabe muito bem que não vou mudar de ideia, por isso mesmo, tentou sua última resistência enquanto voltava a se sentar.
Ela não está errada sobre isso custar uma pequena fortuna, essa cidade é cara, muito cara, gastei o que tinha no banco quase tudo nas últimas horas só para colocar esse plano em movimento, como sempre vendi as joias que encontrei no Submundo de forma cuidadosa, escolhendo as menos valiosas e nunca as vendendo em abundância, e também não gasto muito, faz um tempo desde minha última venda, por isso tenho literalmente uma pequena montanha de joias empilhadas esperando por mim dentro da Casa, sim, criei um cômodo só para as joias, esse cômodo não está conectado a qualquer porta, mas posso o fazer aparecer assim como o cofre em qualquer lugar, era isso ou deixar essa pilha de joias naquela caverna.
Para provar que o dinheiro não importa, e que agora já tenho mais experiencia no meio da venda para fazer isso sem chamar muita atenção, fiz um diamante azul bruto do tamanho de um ovo de galinha aparecer na minha mão, bem na altura do seu olhar.
"Esse é um dos maiores, vale cerca de trinta milhões, é para você!" Joguei para ela como se não fosse nada, porque realmente, isso não é nada para mim.
Vanessa, pegou o diamante completamente assustada como se ele fosse uma granada, e depois ficou olhando para ele sem palavras. Claro que falei para ela como o Submundo é rico, mas nunca mostrei para ela dessa forma.
"Te conheço, Van, você vai recusar ajuda, exceto se eu a forçar a isso, aqui estou, a forçando." Sim, ela sempre foi assim.
Demorou um pouco, e muitas outras frases, até que ela se levantou e passou pelo lado da cama ficando na minha frente, aonde deu um abraço apertado enterrando sua cabeça no meu peito, abracei ela também, e a deixei chorar.
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"TRUUMUM!"
Não foi um pouso sutil, mas essa maldita coisa pesa toneladas, e o chão não é bem um chão, apenas um amontoado de destroços empilhados, e que com sua grande quantidade, escondem todo o chão e se amontoam numa pequena montanha.
Teve que ter cuidado para não escorregar, colocando minha mão no chão posicionado no meio da montanha, esse é o ponto mais plano do lugar, foi onde escolhi deixar o cadáver do Dragão Ismênia, que sem a parte de cima da sua cabeça, não tem mais seu veneno, só que seu sangue fedido, não parou de escorrer do seu cadáver, e o cheiro é simplesmente podre, mas podre que seu veneno negro, um cheiro que não parou mesmo depois de eu ter congelado a cabeça dele inteira, para não perder seu sangue, que também é um materal valioso.
Tomei o cadáver do filho do Ares, como meu espólio, as Amazonas, nem pensaram duas vezes antes de aceitar isso, era minha caça, mas creio que o maior motivo delas não brigarem por isso, foi para se livrar do cheiro e da poluição que o Dragão Ismênia, poderia gerar na ilha se fica-se mais tempo se decompondo na praia.
Olho para meu espólio mais uma vez, sem a parte de cima da cabeça, pedi o meu acesso ao seu veneno e uma das suas presas, a outra consegui encontrar na areia próxima do seu corpo, mas mesmo sem o veneno, o corpo inteiro do Dragão Ismênia, é um tesouro, suas escamas negras como a noite, carne e sangue, são materiais de alta qualidade, o que posso fazer com isso gerou uma lista gigante de possibilidades, tantas que ainda não decidi o que fazer.
Também pensei em pegar o cadáver da Górgona, mas acabei desistindo e dando um enterro digno a ela, sem seus olhos, ela perde seu valor, mas peguei um pouco do seu sangue para pesquisa.
Após passar mais algum tempo olhando para o cadáver, pensando no que posso fazer com isso, voltei minha atenção para Areópago, não a colina que existe em Atenas, e sim na dimensão do Ares, ou melhor dizendo, o que sobrou dela.
O último ataque do Deus da Guerra, foi assustador, a mão gigante acabou com tudo, transformando toda a colina e construçoes em entulhos, mas a dimensão continua estável, só a morte dele ou sua vontade pode destruir esse lugar, como isso ainda não aconteceu, acho que Ares, não está em condições para vir aqui fechar a porta da sua casa, ou talvez nem ligue mais para isso.
Esse é o meu maior espólio.
Pode ser apenas uma pequena dimensão com nenhuma construção em pé, mas o valor dela não é no seu espaço ou nos edifícios, o valor é a própria dimensão.
Meu objetivo é simples, usurpar o controle dessa pequena dimensão do Ares, a transformando no meu Local de Poder, dessa forma vou dar mais uma grande passo no meu caminho místico.
Já li muito sobre o assunto, feiticeiros usam na sua maioria torres gigantes, castelos, casas, cidades e até mesmo ilhas, como Locais de Poder, mas nunca até agora vi um feiticeiro fazendo isso com uma pequena dimensão.
Vai demorar, criar um Local não é algo que se possa fazer da noite para o dia, o que vou fazer, é literalmente transformar o local numa parte de mim, isso leva tempo e esforço, e essa sendo uma dimensão construída por um deus, com certeza não tenho reservas poderosas o bastante para manter esse lugar funcionando no momento que eu cortar a conexão dele com seu dono original, aí que entra a Casa do Mistério.
A Casa está conectada a mim, então vou a usar como bateria a conectando com esse local, assim garantindo sua existência.
Sim, é um plano ambicioso, mas se houver sucesso, os benefícios vão ser assustadores. Vou ter um aumento quase que onipotente aqui dentro, poder mover a dimensão junto da Casa do Mistério, e por conta dessa conexão, Areópago, também vai compartilhar suas defesas únicas se tornando mil vezes mais segura, isso entre outras coisas.
"Vamos trabalhar!"
Começo a limpar imediatamente uma pequena parte da bagunça, quero ter espaço o bastante para poder trazer a Casa aqui, depois disso, vou ter que pedir alguns conselhos para a Zatanna, só para confirmar se meu conhecimento basta para criar meu Local.
Vai ser um projeto muito divertido, vou gastar muito tempo aqui, mas tudo bem, tenho tempo de sobra.