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Chapter 53 - A Desventura de Diomedes e Constantine (2/4).

"Sem brigas na minha casa!" Adverti-me a velha com uma voz rouca, antiga e poderosa enquanto olhava para mim com seu único olho verde brilhando.

Esse aviso foi mais do que o bastante para eu recobrar meus sentidos e não continuar com minha busca por vingança, pelo menos não por agora, tenho que esperar um momento melhor.

"Bom, agora porque não se senta e toma um chá, tenho certeza que sua viagem não foi tão confortável como a desse cavaleiro aqui." Continuou a velha, agora voltando sua atenção para sua xícara de chá.

Cavaleiro? Quem?

"Eu aceitaria, afinal, estamos no local de poder dela." Avisou Constantine, bebendo seu chá mostrando uma certa educação que nunca vi ele mostrar para nada.

Fui descuidado, assim que vi ele, fiquei com raiva e avancei entrando no território da mulher, e como Constantine avisou, agora estou no local de poder da velha, isso também quer dizer que ela é uma bruxa ou feiticeira.

Locais de poder são algo que todo usuário de magia aprende desde cedo, e sabendo muito bem a dificuldade de lutar contra um ser dentro do seu local, é melhor seguir o ritmo, sendo um bom convidado.

Guardo minha espada, e ando até eles.

"Sente-se garoto." Falou a velha, e uma cadeira de madeira sem detalhes apareceu do lado da mesa.

Sento nela, ficando de frente para os dois que estão de lado um da frente para o outro.

"Onde estão meus modos, Kírix, essa é a Senhora Bruxa Yuppie Louca." Constantine, ainda muito educado, nos apresentou.

Como é o nome dela?

Fico meio confuso.

"Você pode me chamar de Bruxa Louca, aqui, beba criança." Falou a senhora.

Em cima da mesa, uma xícara branca com um pires embaixo aparece. O líquido dentro dela estava bem quente fumaçando, mas não parecia ser nada perigoso.

Pego a xícara e a levo até minha boca, não querendo desrespeitar ela, mas não tomo o chá, apenas inclino a xícara nos meus lábios sem deixar o líquido tocar meus lábios.

"Chá de hortelã, um dos meus favoritos, ele foi cultivado na minha horta pessoal, muito bom não?" Perguntou a Bruxa Louca me dando um sorriso orgulhoso, mesmo não possuindo muitos dentes em sua boca.

"Sim, é ótimo." Digo para ela sorrindo enquanto colocava a xícara de volta na mesa.

"Quer comer algo também?" Ofereceu ela.

"Não obrigado, acabei de comer." Nego rapidamente.

"É uma pena, acabei de fazer uma bela torta." Balançou a cabeça a Bruxa parecendo um pouco decepcionada.

Que tipo de idiota come algo dado por uma mulher que se chama Bruxa Yuppie Louca, numa casa saída diretamente dos contos de João e Maria?

"Julgo que nosso jovem amigo aqui está querendo respostas primeiro." Falou Constantine.

Sério, esse idiota sofreu lavagem cerebral e está sendo controlado por ela?

É melhor eu ficar preparado, a qualquer sinal de perigo, vou segurar ele e usar o movimento das sombras para nos levar o mais longe possível, se dermos sorte, vamos sair do local de poder dela antes da Bruxa erguer suas defesas.

"Sim, onde estamos?" Por hora, vou continuar calmo.

"Garoto, estamos no Sonhar!" Contou ele.

"****!" Não posso evitar xingar.

"Olha essa boca!" Repreendeu-me a Bruxa.

Muitas coisas agora fazem sentindo.

Tecnicamente, o Sonhar não é apenas um lugar, ele foi criado quando o primeiro ser vivo sonhou, e agora, ele é alimentado por todo ser que pode sonhar no nesse universo, infinito por si mesmo, e vai continuar assim até que todas os seres vivos morram.

Por conta de sua natureza, esse lugar não tem nada solido, passando por mudanças a cada segundo, por isso passei por vários lugares diferentes antes de chegar aqui, todos eles eram sonhos de alguma entidade que já sonhou antes, vai sonhar ou está sonhando.

Sim, os sonhos passados e presentes não desaparecem, eles se tornam pequenas dimensões próprias permanentes nesse lugar, para sempre.

"Isso faz sentido, o Sonhar faz fronteira com o Submundo, ficando no norte na Esfera dos Deuses." Penso em voz alta.

"Sim, tivemos sorte de não acabar em Apokolips."

Finalmente, concordo com Constantine.

"Não vejo por que tanto temor, vivo nessas terras desde que a Madonna, começou a cantar, sempre foi seguro, ainda mais agora." Contou a Bruxa, um pouco ofendida pelo temor que tínhamos por esse reino.

"Eu fui atacado por um humanoide verde a pouco." Levanto esse ponto.

"Um Bruto? Você não deu sorte, eles são um pouco territoriais, você acabou caindo num pesadelo." Explicou ela.

"Um? A mais deles?" Pergunto.

"Sim, os Brutos são criações do único Bruto, ele é inteligente diferente dos seus clones espalhados pelos pesadelos, eles são muito irritantes, mas necessários para esse lugar funcionar." Contou a Bruxa, tomando mais um gole do seu chá.

"Por que agora é mais seguro?" Perguntou Constantine em seguida.

"Por que não faz muito tempo que o Senhor voltou, e ele finalmente colocou ordem no lugar."

O Senhor desse lugar, é claro que é o Sonho, Morpheus, Sandman, O Príncipe das Histórias, Rei dos Pesadelos.

Chame como quiser, ele é um dos Endless, irmão da própria Morte, e um dos seres mais poderosos desse multiverso.

"Não sabia que Morpheus, tinha deixado seu reino." Comentou Constantine, claramente querendo mais informações.

"Por um breve período de tempo, mas isso foi o bastante para as crianças mais novas saíssem do controle, mas tudo foi resolvido agora, e o Sonhar está de volta ao que era." Falou ela com um sorriso no rosto.

Esse fato é vagamente familiar a algo que aconteceu nos quadrinhos que não me lembro muito bem. Poderíamos ir até ele e pedir gentilmente para nos permitir sair do seu reino, mas isso é perigoso e pode acabar mal, mesmo ele sendo neutro em comparação com algumas outras entidades.

Dessa forma, é o melhor usar a opção mais segura.

"Temos que ir, tipo, imediatamente!" Falo para Constantine, não aceitando nenhuma recusa dele.

Ele acena para mim, e coloca a xícara do seu chá na mesa.

"Você está completamente certo, Morpheus e eu nunca nos encontramos, ele é uma das poucas entidades que não irritei ainda, quero manter assim." Diz ele, voltando ao seu eu real.

"Ah, sair vai ser um pouco difícil para vocês." Contou a Bruxa.

"Como assim?"

"Bem, vocês dois não vieram aqui da forma comum, então as portas de saída provavelmente não vão funcionar."

Não intende muito bem o que ela está falando.

O rosto do Constantine por outro lado, ficou rígido, entendendo o problema.

Olho para ele, esperando um resposta.

"Ela está certa, Sonhar é um espaço acessado por todos ao dormir, mas esse acesso é feito espiritualmente, e nós estamos aqui fisicamente." Explicou melhor Constantine.

"Deve ter outra forma, qualquer outra forma."

"Claro que tem menino, vocês não são os primeiros a ter esse problema."

"E de que forma os outros saíram?" Perguntou, um pouco mais animado.

"Com ajuda do Senhor, é claro."

"Claro que sim." Suspirei desanimado.

Já era o plano de sair desse lugar sem tentar a sorte com uma entidade cósmica.

"Bom, se tem que ser assim, vamos nos apresar, quero estar em casa na hora do jogo do Liverpool!" Falou o idiota se levantando.

"Obrigado pelo chá senhora, e pela hospitalidade" Agradeço a bruxa, me levantando também.

"Vocês vão precisar de algo para os guiar, tudo aqui se move sem um caminho normal, vocês provavelmente levariam anos para chegar no castelo dele apenas andando por aí, peguem isso!" Falou ela.

E na mesa, uma bússola de bronze com apenas uma agulha vermelha no meio apareceu.

"Isso vai nos levar até o Senhor desse lugar?" Pergunto para ela, analisando a bússola na mesa sem a tocar.

"Não, nunca estive antes no Castelo Fantasma, mas tenho um amigo que está aqui a muito mais tempo que eu, ele pode os guiar."

"É melhor que sair por aí procurando as cegas." Falou Constantine.

Concordo com ele.

"Apenas tenham paciência, meu amigo pode ser um pouco, excêntrico." Contou a Bruxa, num tom divertido.

"Obrigado mais uma vez." Agradeço de novo pegando a bússola.

"Se querem me agradecer mesmo, o cavaleiro inglês ali pode me dar alguns cigarros, são uma das poucas coisas que sinto falta da Terra, isso e o bom e velho Punk!"

Cavaleiro Inglês!?

"HaHaHa, você é das minhas, Bruxa." Riu Constantine, tirando um macho de cigarros fechado do seu bolso e o colocando na mesa.

A troca foi feita.

Agradecemos mais uma vez e nos despedimos da Bruxa, voltando para o caminho da estrada de pedra.

"Então, como vai ser?" Perguntou meu companheiro de viagem após saímos de vista da cabana.

"Como assim?" Pergunto.

"Bem, eu te coloquei nessa confusão por que estava desesperado, e agora que o contrato foi cumprido, não tem nada te segurando, e lembro muito bem que a primeira coisa que você fez ao me ver, foi puxar sua espada."

Ele está certo, o contrato foi cumprido, não sinto ele mais no meu ser.

Uma boa notícia pelo menos.

"Vamos trabalhar juntos, mas assim que voltarmos para à Terra, é melhor não nos encontramos de novo, a não ser que o mundo esteja acabando." Aviso.

"Tem certeza? Isso acontece quase que mensalmente." Brincou ele.

Meu olhar frio e minha falta de risada endureceram o sorriso no rosto dele.

"Entendo." Falou ele por fim.

Com isso resolvido, voltei minha atenção para a bússola.

Ela claramente não apontava para o norte, não deve ter polos magnéticos nessa dimensão.

"Vamos sair da estrada." Aviso ele, andando para fora da estrada na direção da floresta.

Andamos por entre as árvores, e acabamos saindo numa praia de areias brancas com coqueiros a frente e um belo oceano atrás de nós, o sol estava no alto do céu sem nuvens, com certeza, o tempo perfeito para se divertir na praia.

"Por ali." Aponto para um caminho entre coqueiros.

Após andar mais alguns minutos em silêncio, Constantine não aguentou mais.

"Sabe, estou quase que convocando um demônio para conversa, não gosto muito do silêncio."

"O que você gosta é o som da sua própria voz."

"Isso é verdade." Riu ele.

"Achei que você queria chegar em casa a tempo de ver o jogo, sem conversa seria mais rápido."

"Ah, você não sabe ainda."

"Sei o quê?" Paro para olhar para ele.

"A Bruxa estava me contando antes de você chegar, cada sonho aqui tem uma passagem de tempo diferente do outro, quanto tempo demorou para você me encontrar?"

"Algumas horas."

"Para mim, se passaram apenas meia hora, por isso não fui atrás de você."

"Ótimo!" Suspiro, para depois voltar a andar.

Estou acostumado com a passagem de tempo diferente da Terra por conta das minhas viagens para o submundo, mas já que cada zona aqui tem uma passagem de tempo diferente, vai ser um inferno marcar quanto tempo estamos aqui, e perde a noção de tempo não é nada aconselhável quando estamos viajando por outra dimensão.

Mas vendo por outro lado, se as coisas estiverem ao nosso favor, podemos sair daqui tendo passado apenas alguns minutos na Terra.

"Você tem algum feitiço para nos localizar nessas passagens de tempo?"

"Não, e nem recomendo fazer isso, só é uma dor de cabeça a mais, é melhor ir apenas em frente, e no final descobrir quanto tempo passou, vá por mim, aprendi da pior forma."

Aceno para ele e continuamos em frente, atravessando as palmeiras, coqueiros e os matos altos no chão não encontrando nada de diferente. Por sorte, a ilha era bem pequena, e vimos a saída da floresta logo a frente, com uma praia bela e intocada de águas azuis a frente.

Mas assim que coloquei meu pé na areia de novo, fomos movidos mais uma vez.

"Parece que caímos no nosso primeiro pesadelo." Diz Constantine o obvio.

"O seu, o meu primeiro foi uma montanha gelada."

O próximo sonho que entramos, é um belo exemplo de pesadelo clássico.

Um cemitério construído numa colina com várias lápides de pedra antigas com uma igreja em cima da colina.

Cada pequena lápide, estava torta ou quebrado no chão irregular, havia também tumbas e outras construções do tipo, com estátuas de anjos em algumas das mais trabalhadas, e no céu, a única luz veio da lua cheia, bem posicionada atrás da igreja deixando tudo mais dramático, havia nevoa grossa no chão do cemitério, cobrindo totalmente ele.

"Deixa eu adivinhar, a bússola está apontando para a igreja assustadora lá em cima?"

"Para onde mais apontaria." Falo-lhe e volto a andar.

Assim que passamos pelos portões de ferro do cemitério, entramos na névoa, que chegou até meus tornozelos.

Ainda bem que é um caminho reto até o topo.

"TEUM!"

Claro, que eles esperaram chegarmos na metade do caminho para agir.

Por conta da névoa alta, não consegui ver o que aconteceu no solo, mas Constantine com certeza sentiu.

"HAAAAAA!" Gritou ele caindo de costas no chão.

Dou meia volta e bato com força meu pé no chão criando uma pequena onda de choque que afastou um pouco a nevoa dos meus pés, para assim poder ver um morto-vivo, com apenas metade do seu corpo para fora do chão, agarrando os pés de Constantine e o tentando puxar na direção da sua boca aberta.

"Vai ficar aí só vendo!?" Perguntou ele para mim, enquanto chutava as mãos do zumbi com sua perna livre.

O zumbi, era bem diferente dos mortos vivos que vi no submundo, ele estava vestindo um terno elegante, mas degastado por conta do tempo, seu cabelo era grande, assim como as unhas, e como sempre, sua carne era podre, faltando pedaços no rosto com alguns vermes saindo pelo seu ouvido.

"Sério, um mestre feiticeiro está pedindo para ser salvo de um zumbi?" Perguntei, achando tudo aquilo bastante divertido.

"Eu pareço estar em posição para fazer magia!" Gritou ele de volta.

Ainda rindo, vou até o zumbi sacando minha espada das minhas costas e dando um golpe rápido na cabeça dele.

O zumbi, parou de mover imediatamente e cai morto de lado no chão soltando Constantine, que se levanta nada elegantemente.

"Odeio mortos-vivos!" Gritou ele, chutando o braço do zumbi morto.

Ignoro ele, estou mais interessado na minha morte agora.

Normalmente, quando mato algo, minha espada rouba a alma para ela, a deixando sobre meu total controle, mas agora, isso não aconteceu.

Talvez, esse zumbi não fosse algo real, apenas uma construção realista nesse sonho, faria sentido, já que mesmo sendo o Sonhar um conjunto de todos os sonhos dos seres vivos, ele não é poderoso o bastante para criar vida real em cada sonho.

Mas essa regra não funciona para tudo, tenho certeza que alguns seres são realmente vivos nesse lugar.

"O que vocês estão pensando aí? Vamos logo, antes que..."

"TEUM!" "TEUM!" "TEUM!" "TEUM!" "TEUM!" "TEUM!" "TEUM!" "TEUM!" "TEUM!"

Outros barulhos iguais ao nosso redor.

"********!" Xinga Constantine, tirando seu cantil prateado do seu casaco e o abrindo.

Não demora muito para que vários seres levantem da névoa ficando visível para nós.

Todos zumbis, todos usando roupas bem elegantes, ternos e vestidos antigos, todos caindo aos pedaços.

Devo arriscar voar?

Não, é melhor continuar a pé.

"Ideias?" Pergunto para o outro feiticeiro.

Os zumbis, mais de quarenta deles, descubro depois de uma conta rápida, começam a andar lentamente até nos, com os braços esticados como aqueles velhos filmes preto e branco.

"Claro, corra!" Gritou ele, correndo colina acima ainda segurando o seu cantil prateado.

Junto-me a ele, na subida, mantendo minha velocidade equiparada a dele.

É um saco, mas tenho que fazer isso, a inteligência e conhecimento que Constantine tem, com certeza vai ser um fator que pode decidir minha volta para casa.

"TEUM!" "TEUM!" "TEUM!" "TEUM!" "TEUM!" "TEUM!" "TEUM!" "TEUM!" "TEUM!"

Mais zumbis conseguem sair da terra dura.

Mesmo sendo lentos, a muitos túmulos ao nosso redor, e finalmente, Constantine fica de cara com alguns deles.

Talvez, se sentindo um pouco vingativo pelo que aconteceu a pouco, Constantine exagerou um pouco.

Ele tomou um gole de sua bebida, e sem parar, abriu sua boca cuspindo chamas contra os zumbis, os incendiando.

Mas ele esqueceu que zumbis não sentem dor, e os quatro zumbis em chamas continuam vindo na direção dele.

Antes de eu resolver agir, ele cuspiu de novo, depois de mais um gole de sua bebida, dessa vez uma pequena bola de fogo que acertou o chão na frente dos zumbis.

"BLOM!"

Foi uma pequena explosão, mas bastou para explodir os zumbis em pedaços em chamas que voaram para todo o lado.

Incendiando a bebida na sua boca, aumentando e controlando a combustão com um pouco de mana. Isso não deve ser um feitiço propriamente dito, mas exige bastante habilidade, tendo que se proteger das chamas dentro da sua boca e usando uma quantidade certa de mana para não a explodir também.

É um bom truque.

Nossa corrida, finalmente chegou ao fim.

No topo da colina, ficava a igreja de um andar construída com apenas madeira, na frente dela, outro portão de ferro, e na frente dele, um pequeno exército de zumbis, todos parados nós esperando. Atrás dos zumbis, próximo do portão, estava outro homem verde musculoso sem cabelos ao rosto, o mesmo que vi na paisagem gelada.

"Aquele é um dos homens verdes que você falou?" Perguntou Constantine.

"Sim." Confirmo.

Uma situação complicada, os zumbis atrás de nós subindo a colina não vão demorar para chegar, então vamos ficar cercados, e mesmo que esses zumbis não sejam tão fortes quanto do submundo, eles podem sim nos superar confiando apenas nos seus números.

"Ideias?" Pergunto.

"Apenas queime os bastardos!"

"Não posso, vou acabar ficando sem energia." Conto a verdade.

Feitiços de área ainda são meu fraco, posso causar uma grande destruição em linha reta, mas nada tão efetivo como uma grande explosão que age rápido.

"Deixei comigo, apenas acenda tudo!"

Ele não me deu mais detalhes, e quando os zumbis na nossa frente começaram a andar, ele levou o cantil aos seus lábios mais uma vez, tomando um longo gole antes de inclinar seu corpo para frente cuspindo de novo, mas dessa vez, não foi fogo, e sim uma fumaça branca, que se juntou com a névoa no chão desaparecendo da minha visão,

Não intende o que ele estava fazendo, até sentir o cheiro forte de álcool no ar.

Constantine, usou sua mana para transformar sua bebida em puro vapor alcoólico e intensificou isso, por fim, ele de alguma forma fez com que esse vapor fica-se concentrado na nossa frente apenas.

"Clap!"

Estalo os dedos, soltando uma pequena faísca que voa para cima e cai lentamente num arco acertando a névoa.

"BLOMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM!"

Foi uma bela e única explosão cheirando a álcool.

Não é todo dia que se vê várias partes de corpos voando para todo o lado logo após uma bela explosão de fogo. A única coisa desagradável foi o cheiro, que mudou de carne podre, para carne podre queimada.

"Cof! Cof! Cof!" Constantine começa a tossir do meu lado.

"Odeio como minha garganta fica após fazer esse truque." Explicou ele, durante uma pequena pausa na sua tosse.

"Sobrou um." Aviso ele.

Da névoa, o Bruto, se levanta sem nenhum ferimento em sua pele.

"Ele com certeza é resistente, mas não tem muito poder fora isso." Faço em seguida o mesmo truque que fiz com o primeiro que encontrei, o prendendo usando a mão esqueleto.

"Vamos." Digo para meu companheiro, que escolheu aliviar a dor na sua garganta bebendo mais.

Assim que atravessamos a porta de madeira caindo aos pedaços da igreja, o cenário mudou de novo, dessa vez para algo muito inesperado.

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"Quanto tempo vamos continuar caindo!?" Perguntei gritando para Constantine, que está do meu lado.

O próximo lugar que entremos, era uma eterna queda com um belo céu azul sem nuvens e um sol amarelo brilhando acima de nós.

Estamos caindo a alguns minutos, tempo o bastante para a se acostumar com a queda ao ponto de conversarmos calmamente.

"Eu não sei, você consegue ver o fundo!?" Gritou ele de volta.

Por conta do vento, tenho que gritar com ele também.

"Não!"

Sim, não havia nada abaixo de nós, apenas uma queda infinita sem fim.

Olho para a bússola para tentar encontrar alguma direção, mas a agulha vermelha está mais perdida do que nos, girando loucamente sem parar em nenhum ponto.

*******!

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"Estou vendo, água!" Grito acordando Constantine.

Estávamos caindo a mais de quatro horas, e meu companheiro humano se acostumou tanto com a queda, que conseguiu dormir com uma pequena ajuda da bebida dele.

Estamos caindo muito rápido.

A água, como tudo nesse lugar apareceu de repente, só me dando tempo para avisar ele. Que mesmo surpreso com meu grito, agiu rápido colocando sua mão na frente do seu corpo e conjurando um círculo de fogo com uma estrela de cinco pontas no centro dele, grande o bastante para cobrir todo seu corpo.

"*************!" Gritou Constantine.

Não preciso colocar nenhuma defesa magica, em vez disso, coloco minhas pernas para baixo deixando meu corpo reto, meu golem, envolve meu corpo inteiro como um casulo.

"BLAMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM!"

"BLAMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM!"

E assim, caímos na água.

"Eu estou ficando cansado disso!" Gritou Constantine enquanto se arrastava para fora do lago.

Não me importei com a mudança dessa vez, pelo menos temos um chão para descansar e andar.

"Vamos dormir aqui hoje, o dia foi cansativo." Digo para ele.

Estamos agora mais uma vez no meio de uma floresta, o lago, é o único lugar intocado pelas árvores ao nosso redor, e com apenas um sol apenas no alto já se escondendo, não vai demorar muito para anoitecer.

Conseguimos juntar alguns ganhos espalhados pela grama e os colocamos próximos do lago, ficando o mais longe possível da floresta com o lago atrás de nós, assim não vamos precisar nos preocupar em sermos atacados pelas costas, claro, que isso não vale muito nesse lugar, aonde literalmente, um monstro aquático pode surgir de uma hora para outra.

Dez minutos depois, tenhamos nosso acampamento construído, com uma fogueira pequena e duas pedras grandes uma em cada lado com a fogueira no centro, onde estamos sentados agora.

"O dilema da comida conjurada, você chegou uma solução muito boa para ele." Riu Constantine, mexendo numa das latas abertas que está próxima da fogueira no chão com um galho longo.

"Qual foi sua solução?"

Ele se levanta e tira o cantil prateado do seu bolso, fazendo uma cara de obviou para mim.

"Sério, você realmente pode sobreviver apenas com álcool?"

"Uma vez fiquei duas semanas sem comer nada a não ser uma garrafa de whisky." Contou ele, abrindo o cantil e colocando um pouco de bebida na sua lata aberta no chão, como se estivesse a temperando.

"Bem, levando em conta quantos cigarros você fuma por dia, você realmente não precisa se preocupar com isso."

Falar sobre cigarro foi o bastante para ele levar sua mão de volta ao bolso.

"********!" Xingou ele, jogando o maço molhado no chão.

Parece que o feitiço que ele para secar suas roupas não funciona em cigarros. Eu não me molhei, o golem me ajudou nisso.

"Tick!"

Ele estala os dedos, e um novo maço ainda lacrado aparece na sua mão.

"Sério? Você não traz comida com você, mas tem cigarros?"

"Prioridades menino."

Conjurar e desconjurar algo.

É uma coisa bem útil, literalmente você tem seu próprio inventário como num jogo, mas a coisa que não podem ser guardadas nele, comida perecível é uma delas. Seja lá o que acontece com qualquer coisa convertida em mana e guardada, isso não para a passagem de tempo.

Então, querendo ter algo para comer em casos de emergência, guardei algumas latas de comida enlatada comigo, assim encontrando a solução para esse pequeno problema.

Não é uma refeição cinco estrelas, e eu realmente odeio coisas industrializadas desde que meu paladar se tornou mais sensível, mas em uma situação como essa, elas veem a ser uteis.

"Você acha que estamos perto?" Pergunto enquanto pegava minha lata de comida enlatada do lado da fogueira com as mãos nuas.

"Quem sabe, esse lugar não tem direção, e em lugares assim, nunca é uma viagem do ponto A para o ponto B."

"Sei que não adianta dizer isso de novo em voz alta, mas tudo isso é culpa sua, altera o destino de um portal para um local que você foi banido, estupido."

"Medidas desesperadas meu amigo, um dia você vai entender." Contou ele, muito mais animado com o seu cantil que com a sua comida.

"Constantine, o que aconteceu?" Pergunto diretamente.

Se ele fosse uma mulher, ao se eu tivesse algum respeito por ele como pessoa, e não apenas por sua habilidade, eu poderia ter sido um pouco mais gentil, mas bem, foi um longo dia.

Constantine, bebeu e bebeu sem parar por dez minutos enquanto eu comia em silêncio antes de me dar a resposta.

"Quando eu era apenas uma adolescente na minha incrivelmente incompreendida banda de punk rock, eu fiz uma besteira, fiquei convencido com um ridiculamente pequeno conhecimento magico e fiz *****!"

"O maior causador de mortes em magos jovens."

"Sim, o maior causador de mortes nos magos jovens, estupides encoberta por arrogância."

Isso é um fato que todos no mundo mágico sabem, o número de mortes entre os mais jovens é maior que aqueles que morrem naturalmente, isso por conta da inexperiência e negligencia ao usar magia, pensando saber tudo.

"Bem, você sabe o resto, após fazer essa ****, passei todo o meu tempo depois tentando a reverter, colocando cada grama de esforço que eu podia para reunir qualquer informação sobre magia do mundo inteiro, e quando eu realmente tive uma chance de conseguir meu objetivo semana passada, acabei sendo banido, e aqui estou."

"Você tentou libertar uma alma do inferno." É fácil entender isso com as minhas memórias da outra vida.

"Sim." Concordou ele, voltando a beber.

"Você receberia uma punição menor se estivesse querendo roubar uma alma para fazer um sacrifício ou a usar como fonte de poder."

"HaHaHaHa!" Gargalhou ele em voz alta, sabendo que era verdade.

Libertar uma alma do inferno, é a mesma coisa que a roubar e depois garantir sua passagem para o céu, um local que o senhor e todos os demônios daquele lugar odeiam com todas suas forças. Então sim, se ele tivesse ido fazer isso com intenções mais maléficas, não teria sido tão ruim como ser banido para sempre.

"Aquele Lúcifer, era apenas uma alma de um pequeno barão, ele exagerou na sua punição."

Constantine bebeu por horas sem comer nada, até cair dormindo da sua pedra, aonde ele ficou sem se mover.

Bêbado, Constantine falou para mim sua história, e o enredo que ele me contou, é parecido com o que aconteceu nos HQs, menos a parte do banimento. Constantine, convencido e idiotamente, invocou um demônio, o objetivo ridículo dele, era subjugar o demônio, e o usar para promover sua banda que faria uma apresentação no mesmo lugar.

O resultado não foi outro, todos os que estavam presentes para assistir à apresentação foram mortos, só depois disso, foi que Constantine conseguiu banir o demônio para o inferno de novo, mas não antes dele roubar a alma de uma criança que era parente de um dos membros da banda, que eu não sei como, sobreviveram a tudo isso.

Agora entendendo o motivo da ação louca dele, posso o perdoar por ela, mas mesmos o perdoando, ainda acho que ficar próximo dele é como pedir para o infortúnio me visitar.

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"Coma logo, temos que nos mover." Grito com ele.

Constantine, está sentando na pedra na frente da fogueira apagada, comendo sua lata que ficou desde ontem aberta no chão do lado da fogueira.

"Eu sei, eu sei." Falou ele, se levantando com sua lata na mão e as mãos sujas de comida.

Depois de mais uma olhada na direção em que a bússola está aponto, aponto para ele indicando o caminho e entramos na floresta nos distanciando do lago.

O resto do caminho foi bem tranquilo, não fomos atacados por plantas carnívoras gigantes ou encontramos uma tribo canibal.

E finalmente, após cruzar a floresta por meia hora, avistamos uma cidade no horizonte, e talvez, nosso destino.