Chapter 15 - Kaznia.

Kaznia é o país perfeito para quem gosta do tema medieval, claro que os turistas vão ter que ignorar a constante guerra civil entre o Rei Gustav, e a resistência, que procura por fim ao seu reinado. Uma guerra que já ceifou mais de dez mil soldados e vinte mil civis, é difícil separar o número daqueles que realmente são da resistência dos mortos cíveis, já que dois grupos não se importam com os danos colaterais. Fora isso, esse realmente é um bom país.

Por conta da situação desse pequeno país, é claro que organizações humanitárias como os Médicos Sem Fronteira apareceram para dar ajuda ao povo, infelizmente, o alvo da nossa missão também está aqui, a Igreja do Sangue está usando a miséria desse lugar para conseguir mais crentes para sua fé. E eles estavam fazendo isso perfeitamente, de todas as organizações aqui ajudando, eles são os que mais fizeram por esse povo, oferecendo comida, abrigo e assistência medica, é por isso, o número de crentes cresce a cada dia.

"Próximo." Digo com um sorriso acolhedor no meu rosto para a fila em russo, essa é uma das poucas palavras em russo que consegui aprender em três dias, talvez esteja na hora de aprender um feitiço de tradução.

Nesse momento estamos a alguns quilômetros da capital da Kaznia, em uma pequena vila com apenas cem casas, todas destruídas por combate entre o exército e os rebeldes a algumas semanas atrás. A única construção que ficou em pé depois desse combate, foi uma pequena igreja no centro da vila, esse foi o local aonde a Igreja de Sangue tomou como sua sede, infelizmente, só membros podem entrar nela, os outros têm que ficar nas inúmeras tendas em volta da igreja.

Estamos aqui a três dias, Robin criou uma boa história de fundo para mim e Roy, agora fazemos parte de uma certa organização sem fins lucrativos, mas percebendo que a situação ficou mais perigosa, eles resolveram deixar o país, eu e Roy, guiados pelo nosso desejo de ajudar, decidimos ficar sem nenhum apoio, e então entramos como voluntários na Igreja após ver o bom trabalho que eles estão fazendo.

Foi uma boa história de fundo, e com as habilidades e equipamentos do Robin, ele literalmente criou uma vida para nós, com documentos legais e tudo, isso em poucas horas. Infelizmente, por conta do tamanho e aparência física, todos os outros membros tiveram de ficar de fora da infiltração, só eu é Roy podíamos nós passar por maiores de idade.

O próximo da fila era uma criança, ela não deve ter mais de dez anos, uma bela menina de olhos verdes e cabelos loiros, como todos os outros, suas roupas estavam gastas e ela não demostrava nenhuma alegria em seu rosto.

No momento estou responsável por distribuir as refeições, estou no leste da igreja, na minha frente havia uma enorme panela de ferro, peguei uma concha bem cheia de sopa e enche o prato velho de ferro da menina que olhou para mim em choque. Não vou negar que a Igreja de Sangue estão os ajudando, mesmo assim, a quantidade de comida está bem escassa, estou racionando para os adultos em boa forma, e dando uma maior porção para as crianças e idosos.

"Próximo." Digo sorrindo para a menina que vai para o lado da mesa de ferro e pega um pedaço de pão duro.

Essa é a refeição do meio-dia, uma sopa fraca e um pedaço de pão duro, para muitos nesse pequeno país eles estão comendo como reis.

Demorou meia hora, mas todas as duzentas pessoas da vila estavam com seus pratos cheios sentados nas longas mesas de madeira estilo refeitório de escola, com meu serviço acabado, tiro meu avental e levo a panela vazia para a onde fica o local onde se lava os pratos, deixei com o responsável e falei que iria descansar. Saindo de lá, ando até aonde ficam as tentas, no meio do caminho, cruzo uma pequena parte da vila destruída.

Eu não brinquei quando falei que esse lugar era medieval, as casas dessa vila foram construídas com pedras e feno no teto, tudo foi queimou ou arrasado, deixando todas as ruas tomadas de entulho, no caminho, comprimento com um sorriso no rosto alguns dos membros da igreja que estavam limpando esses entulhos, homens e mulheres usando túnicas vermelhas cobrindo todo seu corpo, não sei como nenhum deles ainda não teve uma insolação.

As tendas ficam na parte mais limpa da vila, umas atrás da outra quase que coladas para ter espaço para todas, eram tendas comuns, um pano sustentado no meio e pregada nos quatro quantos por pedaços de madeira, o interior não tenha muito espaço, apenas o bastante para caber duas camas militares, e mesmo assim, famílias inteiras dormem dentro delas.

Entrei na minha tenta e sentei na minha cama, na minha frente já esperando estava o Roy, também sentando em sua cama agora olhando para mim. Para evitar comprometer nossas identidades civis, estávamos disfarçados, Roy estava usando uma peruca preta diferente de sua cor natural ruiva, e lentes de contato para mudar a cor de seus olhos, eu também estou disfarçado, mas diferente dele, só precisei fazer alguns ajustes no meu aparelho de camuflagem, alterando minha cor padrão preta para loiro, e meus olhos ficaram azuis por conta da lente de contato.

Roy nem mesmo me cumprimentou, ele se curvou e pegou algo em baixo da sua cama militar, fiz o mesmo, esse era o lugar aonde deixamos nossos comunicadores, esse país é relativamente atrasado, mas a Igreja de Sangue não, no primeiro dia aqui, Robin detectou um aparelho para interceptar comunicações, por sorte o alcance era curto.

Coloco o pequeno comunicador na minha orelha, depois toco gentilmente nele para o ligar.

{Reportem.} Diz Robin do outro lado.

"Até agora tudo está indo como combinado, já cumpri meu objetivo, só falta saber se o novato não vai estragar seu disfarce." Relatou Roy primeiro, e como sempre, ele não perdeu a chance de me atacar verbalmente.

"Também já cumpri o objetivo, quando vamos nós mover?" Pergunto.

{Estamos todos prontos, hoje à noite vamos agir.} Respondeu Robin.

Quando chegamos aqui o plano não era ficar muito tempo, era apenas para nós verificamos onde estava o amuleto e o roubar, e talvez, conseguir recapturar o Mamute. Agora imagine a surpresa de todos quando descobrimos haver uma imensa base subterrânea abaixo da vila.

Isso mudou as coisas.

Pensamos em desistir é claro, não podíamos atacar uma organização pacifica que está "ajudando" um povo sofrendo com uma guerra, todo os governos iriam cair em cima de nós, mesmo não ligando para esse pequeno país, eles não perderiam uma chance de sangrar a Liga. Só que quando coloquei meus pés na vila, descobri que não poderíamos fugir, o motivo disso foi por que senti a mana no solo, a Igreja com certeza está fazendo algo grande usando o artefato recuperado, então agora tínhamos que recuperar o amuleto que estava protegido bem no centro de uma base subterrânea sem sermos pegos. A boa notícia, é que quando estivermos no subterrâneo, não precisaremos nós esconder, já que a Igreja não vai poder apelar para a justiça sem relevar seu pequeno esconderijo.

Após pensar um pouco, Robin então veio com um plano, na verdade, ele aumentou um pouco o plano principal de entramos na Igreja como agentes duplos, agora eu e Roy, teríamos que preparar tudo para a invasão, enquanto os outros membros vão cavar um túnel até a base, com Kid Flash Aqualad e Starfire usando seus poderes, eles poderiam fazer isso em meia hora, mas como não podíamos chamar atenção, tudo foi feito da forma mais lenta e segura possível.

"Na hora combinada?" Pergunto para confirmar o horário, essa é tecnicamente minha primeira viagem ao exterior, ainda estou um pouco confuso com o fuso horário.

{A meia-noite, horário local, Robin desliga.} Responde nosso líder.

Tiro meu fone e o coloco no local dele, Roy na minha frente faz o mesmo.

"Bem, vamos ver como você vai estragar sua primeira missão, Novato." Ataca de Roy de novo.

Respiro fundo algumas vezes para me acalmar, ele sempre foi assim comigo, mas dormir no mesmo quarto fez com que minha paciência diminui-se rapidamente, então agora estou no nível vermelho.

"Sabe Roy, eu realmente estou ficando cansado de você." Digo finalmente.

"Oh, então o que você vai fazer, Novato?" Pergunta ele cruzando os braços é olhando para mim.

"Quando essa missão acabar, nós dois vamos para a parte de trás da Torre, e então vamos ter uma conversa, só você e eu."

Na parte de trás da Torre só a espaço vazio, mas ele entendeu a mensagem.

"Bom, acho que está na hora mesmo." Respondeu ele se levantando e saindo da tenda.

Respiro fundo mais algumas vezes para me acalmar, e me levanto também, servir comida não é minha única obrigação hoje, ainda a muito trabalho a fazer até meia-noite.

Saio da minha tenda e vou andando calmamente pelos entulhos espalhados pelo chão em direção da enfermaria, que não é nada mais do que uma gigantesca tenda onde a maioria dos feridos está deitada no chão por que não há espaço para colocar tantas camas militares.

No caminho, fico de frente para alguns soldados usando uniforme verde com armas nos ombros, saio do caminho deles e os deixo passar, eles nem mesmo olham para mim. Esses soldados estão aqui para nós manter seguros, na verdade, todos eles estão na folha de pagamento da Igreja, como a Igreja está mantendo as aparências, eles estão recebendo apenas para nós deixar em paz, dessa forma a Igreja pode recrutar mais membros sem se importar com eles relatando isso para o Rei, não que eu ache que ele realmente vá fazer alguma coisa se souber.

Chego na maior tenta da vila, e a cena como sempre me faz quase vomitar.

Os feridos estão deitados espalhados por todo o lugar, como não temos muitos suprimentos médicos, a maioria deles está gritando de dor se contorcendo no chão, a sangue espalhado por todo o lugar, tentamos sempre deixar o local mais limpo possível, mas sem suprimentos, é uma tarefa difícil.

Temos uma grande variedade de feridos aqui, os mais comuns são os ferimentos a bala. Não tenho nenhum treinamento medico fora os de primeiros socorros que recebe da Diana, e do pessoal da A.R.G.U.S, mas isso já é bastante coisa aqui, só temos um médico com mais de cinquenta anos e duas enfermeiras, o médico nasceu nessa pequena vila antes dela ser atacada, suas preocupações médicas anteriores eram mais comuns que ferimentos a bala, mas ele está fazendo o melhor que pode, trabalhando sem parar por dias, só parando quando está quase desmaiando.

Ando entre os feridos no chão e ajudo no que posso, para trocar os curativos, estamos usando trapos de roupas velhas, já que não temos gaze, antes de os usarmos, os banhamos em vodca, que a única coisa que não falta na cidade.

Olhando para tanta dor, me sinto péssimo, mesmo com todos meus poderes não posso fazer nada para mudar a situação desse pequeno país, e com certeza ninguém vai os ajudar também.

Kaznia está localizada na Europa Oriental, nas Montanhas Balcânicas, todo o país está cercado por um conjunto de defesas naturais. A péssima localização, e a falta de recursos uteis e valiosos no país, faz com que nenhum país a sua volta tente de alguma forma os ajudar, claro que a desculpa que eles dão é que mudar essa situação seria contra as leis, mas todos nós sabemos que se esse país tivesse uma grande reserva de petróleo, outras nações já estariam com suas tropas marchando para dar assistência e evitar mais mortes, restaurando a ordem, seria como eles chamariam isso.

Após ficar aqui por três dias, realmente quero os ajudar, mas não há nada o que se fazer, já que nem mesmo a Liga, pode mudar a situação geral. Eles poderiam vir aqui e tirar o Rei do trono, mas quem assumiria provavelmente seria o líder militar, que também não é uma boa pessoa. E mesmo que a Liga também cuida-se do exército, o líder dos rebeldes teria maior chance de tomar o poder, o problema, é que para ele, todos que não estão sobre seu comando são inimigos, então os rebeldes também estão causando danos ao povo.

Essa é a situação, mesmo que as maçãs podres fossem jogadas fora, não a nenhuma boa com status para tomar o poder e realmente ajudar o povo. Eu até mesmo considerei a Princesa, a única herdeira do trono, mas pela pesquisa do Robin, a menina é apenas uma adolescente mimada que passa maior parte do tempo em festas do outro lado do mundo sem se importar com seu povo.

Não posso fazer nada, quero ajudar a mudar o quadro geral, mas não tenho poder, status ou dinheiro para fazer isso. Então, vou ajudar no que posso, tirando pelo menos um tumor dessa terra antes que ele cresça demais, a final, duvido muito que a Igreja de Sangue vá atuar aqui depois de nossa pequena invasão.

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Após ajudar no que posso o dia todo, finalmente a hora estava se aproximando. Por conta do toque de recolher, todos, menos os soldados, vão estar nas suas tendas as oito horas da noite, a meia-noite, os soldados em volta da vila devem estar sonolentos.

Na minha tenda, já estou usando uma roupa estilo ninja toda preta, cortesia do Robin. Essa missão ainda é secreta, então temos que fazer o possível para não sermos reconhecidos, se não, uma organização de boa índole, como a Igreja é vista, pode criar muitos problemas para nós, então vou usar até chegarmos ao subterrâneo.

Olho para o lado e vejo que Roy, também está pronto, ele está usando uma roupa negra igual à minha, mas com uma diferencia, um arco negro nas suas costas. Ele então se abaixou para pegar o comunicador e o colocar no ouvido, logo depois foi a vez da máscara cobrindo seu rosto, também estou usando uma.

Saímos o mais silenciosamente possível da tenda, Roy imediatamente correu como um bom ninja fazendo um ótimo trabalho em usar as sombras como aliadas, eu apenas uso meu movimento das sombras, e logo estou encostado numa parede quase destruída. Esse é ponto de encontro, uma das poucas construções da vila que estava parcialmente em pé, pelo que me falaram, essa casa era do prefeito da cidade, a escolhemos porque ela é a única construção com paredes em pé próxima da igreja que não é muito bem guardada.

O primeiro problema da invasão, a localização, a igreja que vamos tentar entrar fica bem no centro da cidade, não a nada em volta dela, assim qualquer coisa que tentar se aproximar vai com certeza ser vista pelas luzes e vigias que estão na torre do sino. O segundo problema, as câmeras, e o terceiro problema são dez membros da Igreja de Sangue que estão circulando o perímetro, mas a um espaço de tempo que podemos usar entre as rondas.

Depois de cinco minutos esperando sozinho, Roy entra na casa destruída e coloca a suas costas na parede.

"Quanto tempo?" Pergunta ele baixinho se referendo ao tempo da ronda.

"Um minuto." Respondo.

Um minuto depois, a parede leste da igreja fica sem ninguém vigiando. Toco no ombro do Roy, e digo em voz baixa.

"Επικαλούμαι τη Βασιλιά του Βασιλιά Λήθ!" "Eu Invoco o Esquecimento do Rei Lethe!"

Uma camada fina de energia branca leitosa então envolve meu corpo e o dele totalmente.

Então pulamos o muro de tijolos antigos e corremos pelo campo em direção a igreja. O feitiço que usei agora é focado em usar o aspecto do rio do esquecimento, explicando de forma simples, os guardas e nem mesmo as câmeras vão poder nós ver agora. Não é como se estivéssemos invisíveis, eles ainda podem nos ver, só que eles simplesmente esquecem o que vem no momento que seus olhos caem sobre nós. O feitiço perfeito para se passar despercebido. Claro que a limitações, o consumo de energia aumenta de acordo o número de olhos que tenho que afetar, por esse motivo esperei a ronda passar.

Em poucos segundos, chegamos a nosso destino e mais uma vez nós encostamos na parede de madeira pintada de branco da igreja. A parede leste, fica bem abaixo da torre do sino, o nosso atual alvo.

Roy, tirou seu arco das costas e puxou uma flecha negra atirando ela para o alto, a flecha possuía um cabo que foi esticado enquanto sua ponta acertava em cheio o teto da torre, nesse momento, o meu feitiço já tenha sido cancelado, então temos que agir rápido. Roy, começou a escalar a parede da igreja de apenas um andar. Por conta do seu treinamento, ele chegou facilmente no ponto mais alto da torre em segundos, foi nesse momento que um dos guardas se aproximou dessa parede e olhou para baixo ficando congelado depois de ver uma pessoa escalando dessa forma, Roy não ficou congelado, e acertou um soco no rosto dele o fazendo cair para trás.

Sabendo que a dois guardas na torre, me abaixo e pulo entrando na torre facilmente. Já dentro da torre do sino do lado do guarda acertado por Roy, vejo que o segundo está de costas para mim pegando um fuzil que estava no chão, me movo rápido e o acerto no pescoço, um movimento ensinado por Etta Candy, a melhor amiga da Diana, e a espiã mais competente e engraçada que eu já tive o prazer de conhecer.

Quando o guarda cai no chão inconsciente, Roy também entra. Olho em volta, não a muito nessa pequena torre, apenas duas cadeiras, um rádio e dois guardas usando uniforme vermelho da Igreja.

O motivo de termos escolhido entrar pela torre e por conta do alçapão no chão, que leva a escada, que leva até a parte de trás da igreja que deve estar vazia, o local e muito próximo da entrada do túnel.

Antes de abrir o alçapão, Roy toca no comunicador no seu ouvido e diz.

"Estamos entrando."

Esse é o sinal para os outros invadirem pela entrada que eles criaram.

Com o sinal dado, abro o alçapão e uma escada de madeira antiga aparece, sou o primeiro a ir, mas não desço pela escada, eu simplesmente pulo, e quando estou prestes a bater no chão, abro meus braços e pernas segurando as paredes dos dois lados, isso diminui a velocidade e evitando fazer barulho.

Roy usou a mesma corda que ele utilizou para subir até a torre para descer aqui, e sem fazer barulho, ele está no chão. Nós movemos em direção da porta no final do corredor que caímos e a abrimos, saímos diretamente em outro corredor feito de madeira antiga sem iluminação, ele deve nós levar até a parte de trás da igreja diretamente.

Atravessamos o corredor com minha audição no máximo, percebo que estamos nos aproximando das pessoas. O corredor em que estávamos, fica do lado esquerdo da parte central da igreja, e abaixados olhando pelo vidro da janela, vi toda a igreja arrumada com vários bancos de madeira longos um do lado do outro, todos ocupados por homens e mulheres usando túnicas vermelhas olhando para o altar como zumbis. No altar, estava uma mulher, diferente dos outros, ela estava usando uma roupa de freira vermelha diferente dos outros membros, cheia de detalhes. Ela é a líder designada da Igreja para esse lugar, pelo menos para a parte de cima que cuida de tudo relacionado as tarefas humanitárias.

Já falei com ela duas vezes, ela não me deu seu nome, apenas se apresentou como Mayhem, num desses encontros ela tentou me recrutar para o culto depois de ver meu trabalho, e eu acetei, mas ela pareceu desconfiada com isso, talvez eu não tenha parecido sincero o bastante, então ela não voltou mais a tocar no assunto.

Mayhem, estava lendo um livro todo vermelho de couro para seus novos iniciados, não se sabe bem quem eles servem, e sua fé é confusa, então não ligo para as palavras faladas por ela, em vez disso, conto todos os guardas armados espalhados pela sala observando os iniciados.

Dez homens armados.

Após contar, eu e Roy continuamos nosso caminho e entramos a direita chegando no fim do corredor aonde vemos uma porta fechada, se Robin estiver certo, a entrada para os túneis fica aqui. Fico do lado da porta e seguro a maçanete, confirmo que a porta não está trancada e olho para trás, Roy segurando seu arco com uma flecha já encaixada acena para mim.

Abro a porta e Roy, entra imediatamente, entro atrás dele e vejo dois guardas armados no local, um deles já tenha sido acertado no pescoço pela flecha de choque do Roy, e o outro foi acertado logo depois pelo seu arco na cabeça, tudo isso e um segundo. Ele com certeza é um idiota, mas suas habilidades são reais.

Com os dois guardas derrubados, olho para a sala onde estamos. Não havia nada, só um enorme buraco no chão. Ele foi cavado na forma de um quadrado, e construíram até mesmo uma escada de terra para interior, a construção com certeza não era um túnel simples, parecia mais uma entrada de uma crepita.

Como a sala estava vazia, voltei para a porta que entramos e a fechei, depois coloquei minha mão nela e falei baixinho.

"Επικαλούμαι το κρύο της θλίψης του ποταμού Cocyte!" {Eu Invoco o Frio da Tristeza do Rio Cócito!}

Uma nevoa negra fina cobriu toda a porta a congelando, o gelo se expandiu e se conectou com a parede, assim quando a confusão começar, vamos ter algum tempo antes que o pessoal da parte de cima possa nós atacar pelas costas.

"Robin, estamos prontos para descer." Falo depois de tocar meu comunicador, não recebendo uma resposta.

Ele avisou que os tunes podem deixar nossas comunicações instáveis.

"Vamos logo." Diz Speedy, entrando no buraco no chão.

O interior do túnel era surpreendentemente largo, quase dois metros de altura por três de largura, ele foi muito bem escavado, com grandes toras de madeira colocadas em todos os lados para evitar desmoronamento, o local também estava bem iluminado por lâmpadas elétricas espalhadas no teto.

Fiquei impressionado com a velocidade de construção da Igreja de Sangue, de acordo os registros do Robin, eles chegaram no país a vinte dias atrás, e já construíram algo desse tamanho sem chamar atenção.

Enquanto andávamos lentamente pelo túnel, a sensação magia que senti na parte de cima ficava cada vez mais forte, não sei como descrever a mana que estou sentindo aqui a não ser como suja e má.

"Que lado?" Pergunta Speedy, baixinho atrás de mim.

O túnel se dividiu para esquerda e direita, pelas análises feitas pelo Robin, é possível que alguém fique perdido aqui em baixo, por sorte, tenho uma bússola natural, tudo que preciso fazer é escolher o local aonde a sensação da mana ficava mais forte.

"Esquerda." Digo.

E voltamos a andar, demorou um pouco para chegar no fim do túnel andando nosso ritmo lento, tínhamos que manter esse ritmo para não pisar em nenhuma provável armadilha, mas finalmente chegamos.

"São quatro." Speedy, colado na parede falou para mim olhando para o que estava dentro da curva usando o reflexo de uma das pontas de suas flechas.

Fechei os olhos por um segundo para sentir melhor mana no ar, estamos perto, e aqueles quatro devem ser os últimos seguranças antes da sala principal.

"Eu vou na frente." Digo para ele.

Speedy, puxa uma flecha e não diz nada contra.

Não vou mentir, estou estranhando o comportamento dele desde o início dessa infiltração, ele não disse nenhum comentário idiota ou foi contra minhas propostas, talvez seja porque falei que vamos resolver tudo isso quando voltássemos para Torre.

Com os ombros na parede, e como os quatro guardas estavam de frente para nós, não podia os atacar de frente, e como também eu não podia usar o movimento das sombras sem ter uma ideia de onde vou, usei a mesma magia de antes, mesmo que ela seja bem cansativa.

"Επικαλούμαι τη Βασιλιά του Βασιλιά Λήθ!" "Eu Invoco o Esquecimento do Rei Lethe!"

A mesma camada fina de energia branca leitosa de antes me envolve, dessa vez só a mim, então eu simplesmente saio de trás da parede ficando de frente para os quatro guardas que estavam protegendo uma porta de madeira de três metros altura, a porta era antiga, muito antiga, ela até mesmo foi esculpida com padrões e letras em uma língua que não reconheço.

Os quatro homens armados usando roupas vermelhas estão um do lado do outro segurando fuzis de frente para o portão, olhando para frente sem piscar.

Fiquei bem na frente deles, mas com o poder do esquecimento, não importava, então ataquei. Tenho que ser rápido, acertei o primeiro na garganta para ele não gritar, o segundo achou estranho o olhou para o seu amigo, acertei ele no nariz, o terceiro agiu rápido e aprontou o fuzil para minha posição mesmo não me vendo, mas antes dele atirar, saquei uma faca militar do colete do segundo e joguei no terceiro.

A faca cruzou o ar e acertou com a parte de baixo dela a testa do terceiro que caio no chão, o quarto já estava abrindo a boca para gritar, quando estava prestes a usar o movimento das sombras, uma flecha acerta bem a lateral do seu rosto, a flecha explodi envolvendo a cabeça do guarda em espuma que se solidificou, para não o matar de asfixia, destruo a espuma na cabeça dele, com um soco.

Rápido, limpo e preciso.

Foi minha avaliação do meu ataque com assistência do Speedy agora.

Infelizmente, não tenho tempo para me gabar mais, vou direto para porta, mas paro antes de a abrir depois de notar algo.

"O que aconteceu?" Pergunta Speedy atrás de mim.

"Eu não consigo ouvir nada atrás dessa porta, absolutamente nada." Respondo para ele.

"Oque você acha que é, algum tipo de isolamento sonoro?" Sugeriu ele.

"Acho que é um feitiço de silêncio ou essa porta."

Abro a porta lentamente para não fazer barulho, apenas o espaço necessário para nós dois entrarmos, então depois de atravessamos, o som que não podia ser escutado por conta dos feitiços se revelou, sons de louvação.

Do outro lado da porta havia dois guardas, mas eles estavam olhando para frente e não nos perceberam, nós dois atacamos no mesmo momento os derrubando, então prestamos atenção o que estava acontecendo ao nosso redor.

A sala em que estamos tenha dimensões ridículas, quase dez metros de altura, vinte de largura e seis de profundidade, estávamos no ponto mais alto, e tudo está1 acontecendo na parte baixa do local.

Perdi a conta de quantas pessoas estão de joelho louvando aquele que estava na sua frente, um homem vestido com uma roupa vermelha e um longa capa preta, usando um capacete estranho feito de ossos que não me permitiu ver bem sua face, talvez ele seja o Irmão Sangue, o líder do culto.

Irmão Sangue, estava segurando um livro antigo negro e lendo em voz alta, cada palavra que ele dizia fazia a mana desagradável que estou sentido aqui aumentar.

Ele não estava sozinho, tirando seus adoradores, nosso amigo o Mamute, estava presente do outro lado da sala com companhia, uma mulher negra sem cabelo usando um vestido longo azul.

"Robin, temos uma situação indiana Jones aqui." Relatou Speedy do meu lado.

Eu não intendi a referência imediatamente, foi então que vi o que estava atrás do irmão de sangue, era um poço de água borbulhante verde luminescente, e acima dele, estava uma mulher usando um manto branco cobrindo todo seu corpo pendurado no teto por uma corrente em volta da sua cintura.

Não da pra reconheci a mulher, mas reconheci o poço.

A Igreja de Sangue estava fazendo um sacrifício usando o Poço de Lázaro.