Chapter 4 - A.R.G.U.S.

Pensei que meu treinamento iria começar imediatamente, eu estava enganado. Foi um pouco difícil conter minha animação, mas eu não estava em condições para treinar. Após concordar em me treinar, Diana foi embora, ela falou que iria começar a arrumar tudo.

Para ela me treinar, primeiro eu preciso ter um local para ficar, Diana é uma heroína mundial, isso requer muito sacrifício do tempo pessoal dela, e esse tempo pessoal não é o bastante para me treinar e cuidar de mim.

E não é como se ela pode-se me levar para sua casa. Treinar um semideus filho de Hades pode não ser tão bem-visto pelas amazonas, fora o fato deu ser um homem também.

Então eu fiquei como um convidado do Batman por alguns dias. Diana falou conhecer uma amiga que talvez aceitaria cuidar de mim, mas ela precisava de tempo para arrumar tudo. Nesse tempo, eu tenha que me acostumar com meu novo problema.

Meu corpo estava perfeito, na verdade, ele estava muito melhor que qualquer outro corpo humano, o problema é que como um humano, eu estou tendo muita dificuldade em me acostumar com a explosão que meus atributos ganharam. A situação é tão ridícula, que Alfred estava me alimentando, eu não podia segurar um copo ou um talher sem o dobrar ou quebrar.

Vale lembrar, que os humanos nesse mundo não são os mesmos que do meu mundo natal, pessoas como o Batman, que conseguiram treinar seu corpo para o pico da condição humana, podem quebrar uma parede de tijolos com os punhos, pular várias vezes mais que um atleta olímpico, e sua resistência são muito maiores.

Se um humano como o Batman fosse transportado para o mundo aonde eu vim antes de renascer, ele seria um super-herói. Então é fácil entender porque estou tendo problemas com meu novo corpo.

E os problemas só aumentaram um dia depois. Como a minha visão, meus outros sentidos também foram aumentados, não foi nada agradável.

Eu podia sentir o cheiro de várias coisas que antes pareciam não ter odor, como os produtos químicos usando no chão da enfermaria para limpeza ou dos remédios guardados aqui.

A audição foi o pior, eu podia escutar o barulho dos morcegos ao meu redor, toda a hora. O paladar não foi de todo o mal, eu estava curtindo mais a comida que antes já achava deliciosa.

No terceiro dia, Diana voltou para me ver, ela falou que tudo vai ficar pronto até a próxima semana, ela não me deu outros detalhes, mas me ensinou um pouco como focar meus sentidos, algo que fiquei treinando por horas sem sucesso.

Por sorte, eu aprendo rápido.

Então depois de uma semana vivendo no subtérreo. Coisa que de forma alguma me incomodou, finalmente consegui me acostumar totalmente com minhas mudanças. Nesses dias, eu não fiz nada mais do que isso. Batman é desconfiado demais, ele não revelou sua identidade, então ele não me levou para a parte de cima de sua casa, mas pelo menos, eu pude acompanhar seus feitos heroicos pelo computador central dele. Aprendi bastante como ele age, também aprende o quão podre os vilões de Gotham são.

"Você pode parar, você já chegou no limite da máquina." Diz Batman na minha frente.

Depois de me acostumar com meu corpo, o Batman se ofereceu para me "ajudar" a testar meus limites, logico que ele estava me estudando e coletando dados sobre mim, mas eu não me importei com isso, todos os dados que ele vem coletando vão se tornar desatualizados em pouco tempo.

Soltei às duas pontas da máquina, era uma máquina que estava presa no chão. Eu tinha que segurar às duas barras dela e a puxar para cima, enquanto eu fazia força para a puxar, a máquina puxava em direção do chão, assim medindo meu nível de força.

"E qual o limite dessa máquina?" Pergunto para ele tirando a toalha dos meus ombros e a jogando para o outro lado da sala.

"800 quilos. Sua força vem aumentando a cada dia." Responde ele anotando algo em seu tablet.

Ele estava certo, minha força vem aumentando a cada dia, mas num ritmo lento. Eu provavelmente só vou parar de ficar mais forte quando chegar à idade adulta.

"Vamos testar sua velocidade agora." Diz meu treinador.

Estávamos na sala de musculação da caverna. Esse lugar era equipado com versões futuristas dos equipamentos encontrados comumente em academias.

Vou até uma das esteiras, essa não possui a função de aumentar ou diminuir a velocidade, ela serve apenas para medir a velocidade de corrida. Já a usei várias vezes antes, como também os outros equipamentos desse lugar. Minha ideia era de treinar mais ainda meus dons, assim ficando mais forte, enquanto eu fazia isso, me deparei com outra habilidade.

Eu não fico cansado.

Meu corpo não produz mais ácidos lácticos em meus músculos, dessa forma eles não se acumulam, e eu não fico mais cansado. Normalmente isso seria um benéfico para se fazer exercício, mas o problema era que junto da minha resistência infinita, também me curo rápido, então meus músculos não se desenvolvem com os exercícios. Eles vão se desenvolver naturalmente para o auge de um semideus, e ficarão assim até minha morte.

Outra novidade para mim, semideuses são imortais. Não totalmente é claro, ainda podemos ser mortos, mas após chegar até a idade adulta, vamos parar de envelhecer. Por esse motivo, vários semideuses ainda estão vivos mesmo hoje, Diana falou de Teseu e Hercules como exemplo.

"Já pode parar, você também chegou na velocidade máxima desse aparelho." Diz Batman mais uma vez, ele não está surpreso com isso.

"Qual foi a velocidade?" Pergunto animado.

"Bip!"

Antes de Batman me responder, um terminal na parede apita, ele vai até ele e aperta um dos botões. A imagem do Alfred aparece no terminal.

"O que foi Alfred?" Pergunta ele.

"Desculpe interromper sua pesquisa Patrão, mas a senhorita Diana chegou para fazer uma visita." Falou o inglês com uma voz educada.

"Já estamos indo."

Nos dois então saímos da sala de ginástica e andamos calmamente pelo corredor da caverna. Sempre em silêncio, Batman e eu não conversamos muito desde que cheguei aqui, fora os assuntos sobre mim é claro. Após fazer várias curvas pelos corredores dos túneis, chegamos até o centro da base dele.

E uma caverna muito ampla, com vários troféus de suas vitórias, a também vitrines mostrando os trajes dele e dos seus pupilos, não perguntei sobre eles. Mas sei que um Robin está com seu próprio grupo, mas parece que os Jovens Titãs ainda não se formaram oficialmente nesse mundo, já que não a notícias sobre isso.

Oque mais chamava atenção na caverna, pelo menos para mim, era o belo Batmovel.

Era um veículo negro baixo, quase tocando o chão, o local aonde fica seu motor era bem largo comparado aos carros normais, os dois assentos dele ficam bem atrás, no local aonde ficaria a mala de um carro comum, a duas asas negras em cada lado da traseira, e no centro um propulsor de foguete.

Não sou um fissurado em carros, mas para mim esse carro é incrivelmente legal.

Passamos o carro e ficamos de frente para o computador central do Batman, na frente dele estava Diana, linda como uma deusa. Ela estava usando seu uniforme/armadura. E como sempre, sorrindo gentilmente enquanto olhava para mim.

"É bom ver que você está totalmente acostumado com seu corpo agora Diomedes." Me diz ela.

"O Batman já falou para você?" Pergunto olhando para ele.

"Um dos requerimentos para o liberar da minha proteção, era você poder viver no mundo humano sem quebrar os ossos de alguém por acidente." Responde o Cavaleiro das Trevas.

"De qualquer forma, esse foi um feito incrível, se acostumar com seus dons em tão pouco tempo. Eu pensei que levaria mais alguns meses." Fala Diana, quase soando orgulhosa desse fato.

Ela não estava errada, me acostumei com meus dons rapidamente, isso sem praticamente nenhuma ajuda.

Parece que meu caso é bastante especial também. Diana não despertou seus poderes de uma hora para outra como eu, seus poderes se desenvolveram lentamente desde que ela nasceu. Então ela desde sempre estava finalizada com eles. Os meus de alguma forma foram atrasados. E quando foram despertados, eles correram para se desenvolver até minha idade atual, em horas.

"Diana, já que você voltou e eu já estou cem por cento, está na hora de começarmos o treinamento?" Pergunto esperançoso.

"Sim." Responde ela finalmente.

"Finalmente." Exclamo em alegria.

"Mas antes temos que ir até sua nova casa." Fala ela jogando um pouco de água fria na minha animação.

"A vamos, você com certeza vai gostar deles, foram eles que me ajudaram quando cheguei no mundo mortal." Diz Diana reparando meu descontentamento.

Não tenho nada contra ficar sobre a guarda de outra família, mas isso também pode causar alguns problemas, então estou um pouco nervoso.

"Quando nós vamos?" Pergunto.

"Agora." Responde ela sorrindo e levantando uma bolsa preta que eu não tenha notado estar no chão.

"O que é isso?" pergunto quando ela me passa a bolsa.

"Tomei a liberdade de arrumar sua mala, senhor Diomedes." Fala Alfred descendo a escada da entrada da caverna.

"Obrigado Alfred." Agradeço o homem mais gentil dessa cidade.

"Foi meu prazer."

Gostei bastante de mordomo inglês. Ele é rígido, educado e gentil. Ele foi minha única companhia constante aqui, já que o dono do lugar sai toda início da noite, e de manhã cuida de outros negócios.

"Eu não quero ser chato, mas qual é meu estado legal?" Pergunto olhando para o Batman.

Depois do que aconteceu no orfanato, eu vim diretamente para aqui, pelas novidades que o Batman me contou, Ma Gunn e sua gangue foram presos, isso causou muita repercussão em Gotham. Com todos presos, o governo assumiu o orfanato, e com uma grande ajuda financeira das empresas Wayne, começaram a reconstrução de outro orfanato para as crianças. Com o povo dando total atenção a esse assunto, o governo estava trabalhando muito bem, isso quer dizer que eu provavelmente estou dado como desaparecido.

"Não se preocupe, você já está cadastrado como protegido da amiga da Diana." Diz Batman.

"Obrigado mais uma vez." Agradeço ao Batman agora que balança a cabeça em resposta.

Não me incômodo de estar sendo dado como desaparecido, não é como se a polícia de Gotham fosse me procurar ou algo assim. Mas não estar legalmente no sistema, tem suas desvantagens.

"Então, vamos indo?" pergunto para Diana.

Ela acena com a cabeça e começa andar para um dos túneis da Batcaverna. Enquanto isso, olho mais uma vez para o Batman e digo.

"Obrigado, por tudo."

Ele não era um homem de muitas palavras, eu poderia ficar aqui enfeitando meu agradecimento, mas uma frase sincera foi a melhor opção.

Ele nunca sorri, nem sua face demostra qualquer emoção, mas eu sinto que ele aceitou meu obrigado, então olho para o mordomo que cuidou de mim também.

"Obrigado por tudo também, Alfred."

"O senhor será sempre bem-vindo no futuro senhor. Tenha uma boa viagem." Responde ele curvando sua cabeça de maneira educada.

Então coloco minha mala no meu ombro e caminho em direção de Diana. O túnel não era muito longo, ele não possuía iluminação, mas isso já não é mais um problema para mim. Não demora muito para eu escutar barulho de água caindo, e então vejo Diana de frente para o fim da caverna que ficava atrás de uma cachoeira.

"Normalmente esse caminho fica fechado, Batman costuma o usar para receber suas visitas que podem voar." Diz ela.

"Vamos voando?" Pergunto.

Ela simplesmente sorri para mim, e rápida como um guepardo ela me agarra e dispara voando para fora do túnel atravessando a cachoeira.

"HAAAAAAAA!"

Grito aterrorizado quando Diana parece estar se divertindo aumentando a velocidade e altitude rapidamente. Então atravessamos as nuvens, e ela diminui sua velocidade de subida.

"Veja." Diz ela então.

Eu tomei um susto, mas tenho orgulho de dizer que não fechei meus olhos de medo. E o susto valeu a pena a vista que tenho agora.

Estávamos acima das nuvens, abaixo de nós, só havia uma imensidão de nuvens brancas, esse mar de nuvens me impedia de ver a cidade abaixo. A única coisa aqui fora nos, foi um avião comercial voando na direção contraria a vários quilômetros de distância de nós. E do nosso lado, o sol. O sol estava amarelado e laranja acima das nuvens, simplesmente lindo.

"Haha, me falaram que eu tinha o mesmo olhar no rosto quando voei pela primeira vez." Fala Diana rindo.

Ficamos olhando essa bela visão por alguns minutos voando lentamente.

"Posso aumentar a velocidade?" pergunta ela depois de algum tempo.

"Sim, o mais rápido que você poder." Digo um pouco convencido.

"Você que pediu."

Não me arrepende do meu pedido, eu não consegui medir a velocidade dela. Mas meus novos olhos e corpo conseguiram se adaptar bem a essa velocidade, o que deixou a experiência mais interessante. Foi então que eu decidi, que mesmo se eu não tiver o poder para voar no futuro, eu vou encontrar uma forma de voar.

Não demorou muito para chegar em nosso destino. Diana brincou comigo no início de nossa viagem, mas ela não é irresponsável. Desde o início de nossa viagem, ela não começou usando sua velocidade máxima, em vez disso, ela aumentou sua velocidade gradualmente, então como eu não mostrei problemas em aguentar isso, ela continuou aumentando sua velocidade nos fazendo chegar a nosso destino em minutos.

Não foi uma viagem relativamente longa, voamos de Gotham em Nova Jersey, para a capital do país, Washington, D.C. suponho que Diana garantiu que nossa rota atravesse por várias das construções famosas da cidade, como Capitólio e a Casa Branca. A mudança de clima aqui em comparação com Gotham não foi uma surpresa. O clima era bom e claro, e as ruas são bem cuidadas e limpas.

Voamos mais um pouco agora se afastando do centro da cidade, os prédios altos e belas construções deram lugar para casas belas e simples, cada uma com uma arquitetura semelhante, e todas com um belo gramado na parte da frente delas bem no estilo Americano. Diana começou diminuir a velocidade quando chegamos numa casa branca de um andar, para não criar pânico nos vizinhos, ela deu a volta e pousou na parte de trás da casa.

"O que achou do seu primeiro voo?" Pergunta ela, enquanto andamos até a porta de trás da casa.

"Sem palavras, foi simplesmente incrível." Respondo para ela.

"Ninguém nunca esquece o primeiro voo."

"Tock!tock!"

Me fala ela, e depois bate na porta que é aberta poucos segundos depois.

"Diana, você chegou cedo, entrem, entrem."

Eu estava atrás de Diana, então não pude ver quem falou, era uma voz gentil de uma mulher. Diana aceitou o convite dela e entrou na casa seguindo nossa anfitriã. Quando andamos pela casa, minha atenção foi roubada pelas antiguidades que estavam espalhadas por todo o lugar. Armas, utensílios e até mesmo moedas estavam nas paredes ou em estantes pelo corredor em passamos.

"Então, essa é a criança especial que você me falou, porque não nos apresenta Diana?"

Quando chegamos na sala, a voz da mulher me força a volta minha atenção nela de novo, ela se sentou num sofá, e Diana e eu sentamos no sofá na frente dela, ela calmamente serviu um chá que estava sobre a mesa que ficava no meio.

"Diomedes, essa é Julia Kapatelis, uma grande arqueóloga, e amiga minha." Diana faz as apresentações.

"Prazer em conhecer você, Diomedes." Fala a senhora na minha frente.

Estou de frente para uma mulher mais velha com um sorriso gentil, mas dessa vez, talvez, ela não seja um lobo escondido como Ma Gunn. A senhora tem um cabelo curto loiro na altura do seu queixo, ela era branca e um pouco magra, estava usando óculos prateados com brincos e colar dourados.

"Prazer em conhecê-la senhora Kapatelis, e obrigado por me deixar ficar em sua casa." Me apresento e agradeço da forma mais educada que posso.

"Que jovem educado. O prazer é meu Diomedes, garanto que vou fazer o possível para o deixar ser feliz em minha casa."

Minha introdução educada parece ter ganhado alguns pontos com a Julia. Isso é algo bom para mim, não há porque criar uma situação tensa com o dono da casa em que vou ficar.

"Julia foi a pessoa que mais me ajudou quando eu vim para o mundo mortal Diomedes, ela me ensinou bastante, e me ajudou a me encaixar nesse novo mundo. Você é um caso deferente de mim, você despertou seus poderes mais tarde, acho que Julia pode te ajudar muito com isso."

Diana e eu temos um início igual, mas também diferente, ela era um ser divino que teve que se adaptar ao mundo mortal após sair da sua casa. Eu, por outro lado, sou um ser mortal que tem que se acostumar agora com sua natureza divina. Isso para qualquer pessoa normal seria um pouco complicado de lidar, mas eu simplesmente aceitei isso, ter a mentalidade mais velha que de uma criança ajudou bastante.

"Diana me deu a honra de a ajudar, eu aprendi muito com essa experiencia." Falou Julia.

Diana a apresentou como uma arqueóloga, e pelo nome grego dela, e com as várias antiguidades gregas que vi até chegar até a sala, percebo porque ela gostou muito de ter Diana como amiga, Diana é como a história viva para ela. Eu também sou. Não que eu me incomode com isso, não me importo de fazer parte do estudo dela ganhando um lugar para morar em troca.

"Você deve estar querendo ver o seu quarto, venha comigo, depois de você se organizar, vamos comer algo." Diz Julia se levantando e indo em direção da frente da casa, aonde fica a escada para o primeiro andar.

Eu e Diana a seguimos, quando estávamos subindo a escada para o primeiro andar, eu vejo outra menina, uma adolescente usando uma jaqueta preta estilo metal. Ela tem um cabelo punk alto pintado de rosa, eu não pude ver seu rosto, já que ela estava andando para longe de nós.

"Essa é minha filha, Vanessa." Apresenta para mim Julia.

Vanessa nem se virou, ela abriu uma porta no corredor do primeiro andar, entrou e a fechou com força fazendo muito barulho.

"Desculpe por isso Diana e Diomedes, essa criança perdeu a educação quando entrou na adolescência." Julia falou não parecendo ofendida ou irritada com o comportamento de sua filha.

"Não há nada a perdoar, me lembro também de ser bem selvagem no meu tempo de adolescência." Fala Diana.

Quando esse pequeno dialogo acabou, eu quase gritei com às duas. Está bem claro que isso não é um problema hormonal, a menina claramente está tentando chamar atenção para ela. E isso não começou a pouco tempo, e se isso continuar, vai se tornar um desastre mais para frente, mas um problema de cada vez.

"Aqui vai ser seu quarto, porque não entra e se acomoda, nos duas vamos voltar lá para baixo." A senhora Kapatelis falou apontando para uma porta no corredor.

"Obrigado, senhora Kapatelis." Agradeço mais uma vez.

"Me chame de Julia querido, senhora me faz me sentir velha e fraca." Diz ela enquanto às duas descem para o térreo.

Quando às duas vão, foco minha atenção no meu novo quarto, a porta dele ficava bem de frente para o quarto da Vanessa, que estava bem enfeitado com caveiras e avisos para ir embora. Dele eu podia escutar claramente a música metal que ela estava escutando, talvez pelo seu fone de ouvido. Controlar a minha super audição é o mais difícil dos meus novos talentos, mas após focar um pouco mais, o som desaparece.

Meu novo quarto é bem simples, apenas uma cama, guarda roupas, estante e uma escrivaninha. O que mais chamou atenção nele foi os vários livros na estante. Vou passar um bom tempo os lendo mais tarde. Um quarto simples, mas para um moleque que dormia junto de vários outros, esse era um pequeno pedaço do paraíso.

Após colocar minhas poucas peças de roupa no guarda-roupa, eu desço mais uma vez para ver Diana agora na frente da escada.

"Você já está indo?" Pergunto para ela.

"Estava esperando você, nos dois temos que visitar mais um lugar." Diz ela sempre sorrindo.

"E a senhora Julia?" Pergunto não vendo minha anfitriã.

"Vamos ter um jantar hoje para comemorar sua vinda, ela foi preparar tudo, enquanto isso, tenho mais alguém para te apresentar, e acho que você gostaria de ver seu novo local de treinamento."

Não estava muito afim de conhecer mais gente nova, mas ela me ganhou com a palavra treinamento. Então saímos pela porta de trás, e comigo sendo carregado por ela, voamos em alta velocidade.

Não foi preciso sair da capital para chegar no nosso destino.

Era um gigantesco prédio de aparecia militar construído bem acima de um precipício com vista para o oceano. O lugar tem mais de dez andares, todo construído em vidro azul, não há nem uma marcação nele ou logotipo para eu saber que construção era essa, só tenho certeza que não é nem um edifício da Liga.

Diana pousou no último andar do prédio, esse lugar estava tomado por jatos dos dois lados, claramente é usado para lançamento e local de pouso desses jatos prateados. O local estava cheio de pessoas usando macacões de piloto andando para lá é para cá, mas Diana pousou na frente de um homem especifico que estava parado.

"Diomedes, apresento a você meu amante, Steve Trevor, líder da A.R.G.U.S." diz ela sorrindo como uma menina apaixonada.

"Namorado anjo, quando você me chama de amante parece que estamos tendo um caso escondido." Fala Trevor para Diana, e depois estende a mão para mim.

"Prazer em conhecê-lo Diomedes." Diz ele.

"O prazer é meu." Apertando sua mão.

Steve era um homem forte, loiro com corte padrão militar e olhos azuis, ele estava usando uma calça camuflada do exército com uma camisa simples branca com suas plaquetas do exército em volta do pescoço.

Já esperava o conhecer depois que Diana me tomou como aluno, mas não tão cedo.

"Bem-Vindo a A.R.G.U.S também, venha, deixe eu ser seu guia por hoje." Fala ele já me puxando para um tour.

No caminho, Steve me contou o que era a Agência de Respaldo e Gestão para Unificação de Super-Humanos, ou simplesmente A.R.G.U.S. oficialmente eles foram criados depois do primeiro ataque do Darkseid, um ano atrás.

Eles têm a função de atuar como apoio aos indivíduos super-humanos dos Estados Unidos. Ou seja, eles ajudam qualquer herói, ou grupo de heróis da melhor maneira que eles podem, eles também são responsáveis por conter ou investigar meta-humanos. Essa organização está sendo comandada por Steve desde sua fundação.

Confesso que não sabia sobre ela, mesmo com o meu conhecimento desse mundo, é praticamente impossível lembrar de todas as organizações que ele possuiu.

Steve me levou por uma boa parte das instalações. A de tudo aqui, desde laboratórios aonde eles estudam doenças ou venenos que os vilões usam contra o povo, a um andar inteiro para criação de medidas para conter uma possível segunda invasão do Darkseid. Quase ri quando soube disso, eles poderiam deixar o prédio todo apenas para criar teorias, mesmo assim, não daria nem um futuro.

Diferente dos soldados do lado de fora que estavam vestindo macacões, os que encontrei andando pelo QJ foram todos soldados usando uma espécie de armadura cibernética no corpo, deixando apenas sua cabeça a mostra. Eu também vi algumas armas com um design bem futurista. Faz sentido, essa organização luta de frente com ameaças super-humanas, então eles precisam de muita ajuda tecnológica. Eu também vi algo parecido com drones parecidos com pequenos aviões voando de um lado para o outro.

A tecnologia desse mundo é bem louca comparada a do meu mundo passado. Tecnologia que facilmente me mataria se eu não tiver cuidado e ficar convencido.

Finalmente, eu fui levado até a sala de treinamento pessoal da Diana. Por conta da presença de Steve aqui, Diana é a heroína que mais ajuda, e é ajuda pela A.R.G.U.S, não é surpresa que ela tenha um ou duas salas aqui só para ela, mesmo ela parecendo não as usar, considerando que todos os equipamentos nessa sala parecem novos.

"É aqui que vamos treinar, a sala é reforçada, então não precisamos nos conter." Fala Diana apontando para tudo.

"Quando começamos?" Pergunto.

"Amanhã, o horário pode variar por conta do meu trabalho. Steve vai nos ajudar com o transporte para te trazer até aqui quando for a hora do treinamento." Responde ela.

"Obrigado." Falo olhando para Steve, que está parado na porta de entrada.

"De nada pequeno." Responde ele sorrindo.

"Vamos começar o treinamento amanhã, com espada e escudo, depois vamos descobrir o que suas habilidades únicas são capazes, e como as controlar. Eu também tenho uma ideia de como treinar suas habilidades magicas." continuou Diana.

Como se já não se basta a revelação de que eu sou um semideus, o Batman também me contou que minha mãe era um homo-magi.

Eles são uma linha paralela, mas separada dos Homo Sapiens. Não me lembro de muitas informações sobre eles. O mais importante é que eles nascem com afinidade de manipular mana, e também um tipo único de magia, eles também podem aprender outros tipos de magia sem precisar usar os métodos de os humanos comuns usam para fazer magia, usando rituais ou artefatos.

Isso quer dizer que eu naturalmente tenho afinidade a um certo tipo de magia, deveria ser natural os usar, mas eu ainda não tentei usar. Magia é muito perigosa, e feitiços poderosos tem um preço. Então estou sendo muito mais cuidadoso em usar magia, mas agora que Diana me dá a possibilidade de a aprender, não posso deixar de ficar mais animado ainda.

"Que ideia?" Pergunto curioso.

"Uma amiga minha ficou interessada em você, mas ela está ocupada no momento com suas apresentações, então vamos ter que esperar alguns meses." Fala Diana.

Não me importo de esperar messes pela chance de aprende a usar magia.

"Então era aqui que vocês estavam! Que grosseria Diana, você aceitou seu primeiro aluno, e quando o trouxe aqui não me apresentou." Uma voz de mulher chama atenção para a entrada.

De trás de Steve, uma mulher negra com cabelo bem curto um pouco acima do peso usando um terno cinza chega.

"irmã, é bom ver que você está de volta" Falou Diana quando abraçou a recém-chegada.

"Estava limpando a bagunça de um feiticeiro de araque no Texas, acabei de voltar." Diz ela se separando do abraço de Diana e olhando para mim sorrindo.

"Não vai me apresentar." Pergunta ela, ainda olhando para mim.

"Claro, esse é Diomedes Inwudu, meu novo pupilo. Diomedes, essa é Etta Candy, a segunda amiga que eu fiz quando vim para esse país."

"Prazer em conhecer você senhorita Candy."

Falo estendendo a mão para ela, mas ela responde me dando um abraço de urso.

"Você é tal fofo agindo como um adulto." Diz ela me balançando de um lado para outro.

"Etta, por favor solte o menino, ele é um semideus, não imortal." A voz da salvação vem de Steve, fazendo Etta me soltar.

"Desculpe por isso, eu só estava um pouco animada com o fato da Diana ter aceitado um pupilo." Diz ela, e eu percebo Diana franzir a testa.

"Porque isso?" Pergunto, mesmo vendo que Diana não gosta muito do assunto.

"Não é que eu nunca quis um pupilo, mas eu nunca gostei da ideia de nós, heróis, treinarmos crianças para lutar contra os vilões. Muita coisa pode de errado pode acontecer." Me responde Diana.

"Eu sei que tem risco Diana, mas eu ainda estou feliz por te alguém que possa entender você." Fala Etta para mim ainda sorrindo.

"Eu estou bem aqui sabe, Etta. Bem do seu lado." Diz Steve.

"Eu não sabia que você tenha sangue divino correndo por suas veias Steve, me desculpe." Brinca Etta.

"Vamos parar de brincadeiras, Julia está fazendo um jantar para comemorar, acho melhor não nos atrasarmos, e vocês dois também foram convidados." Diz Diana.

Então com Etta e Steve no grupo, saímos do QJ para minha nova casa.