A tensão era claramente visível.
Combinamos que todos os aventureiros nos encontraríamos no portão sul de Sagólia. Lá, estava todos os vinte dois aventureiros que participariam dessa missão arriscada. Mesmo que fosse arriscada, estávamos confiantes.
Alguns habitantes de Sagólia, vieram aos portões para se despedir e nos desejar boa sorte. Vimos mães se despedindo de seus filhos, esposas e maridos se despedindo de seus amantes. Era uma cena linda. Mas algo me intrigou.
"Papai, você já está indo, não é?"
"Estou sim."
"Por favor, acabe com esses monstros e volte logo! Estarei te esperando com uma surpresa que eu e mamãe iremos fazer."
"Ah é? E o que vai ser?"
"É surpresa."
Um dos aventureiros conversava com sua filha. Esse aventureiro tinha um físico forte o bastante para seus músculos não caberem na armadura. Seu cabelo era bem curto e seu rosto tinha uma cicatriz que vinha da parte inferior de seu lábio até seu olho esquerdo. A sua filha, por outro lado, era uma garota pequena com cabelos alaranjados curto. Ela me lembrava Tess.
Não importa o que acontecer, não deixarei essas pessoas morrerem.
"Greed-san e Asteth-san!"
Quem nos chama era Ottor. Ele parece ter se afastado de seu grupo com Silka e vindo para nos cumprimentar antes da batalha. Ele estava com um equipamento muito melhor do que quando a gente se conheceu.
"Vocês estão esperando sozinhos?" Ele pergunta.
"Estávamos discutindo algumas estratégias antes. E Você? Está sozinho assim?"
"Silka precisou conversar com toda a equipe B para nos entrosarmos. Bom, isso significa que obviamente não estamos na mesma equipe, o que é um pouco triste... por sermos mais fracos fomos rebaixados."
Ottor abaixou a cabeça.
"Nada disso! A equipe B é o ponto crucial para nossa vitória. Se não tivermos suporte, a equipe A toda vai ser aniquilada em poucos segundos. Somos fortes sim, mas quando muita gente forte se junta, não temos tempo para nos proteger direito. Essa é a função da equipe B, o suporte para o sucesso." Quem diz isso é Asura.
Ela estava certa. Se a equipe B cair, estaríamos no fundo do poço. Os goblins arqueiros iriam começar a atirar em nós, assim iriamos focar nos goblins arqueiros e perderíamos o foco dos goblins que estamos lutando. Seria tudo o acumulo de distração e seriamos derrotados instantaneamente.
Ottor talvez seja realmente o suporte do suporte, já que sua função provavelmente será defender os magos. Mas essa função é importante, ele não pode ficar para baixo em uma missão importante como essa. Isso poderia arrecadar com muitos problemas no futuro.
"Asteth-san, obrigado... Acho que me sinto melhor."
"Certo, então faça seu melhor na missão."
"Sim!"
Mesmo que eu e Asura estivéssemos tranquilos naquele momento, o desejo que nos compartilhamos, de proteger todas aquelas pessoas criava um clima de tensão ao nosso ao redor. Talvez a bondade de Asura esteja finalmente me "contaminando" e isso é bom.
***
As ruas do extremo norte de Sagólia parecia uma cidade completamente diferente do que era no sul. No chão, já havia sujeira o suficiente para ter noção que não limpavam aquelas ruas por mais ou menos quatro semanas. As casas que haviam bandeiras de Sagólia, como seu sinal de patriotismo, foram totalmente rasgadas e queimadas.
Em becos um pouco mais evidentes, podia-se ver uma fumaça subindo aos céus e se dispersando assim que se tocaria nas nuvens. A poluição criada pela rebelião tomava conta do clima das ruas. Um ar abafado que dificultava a respiração.
"Será que vai começar?"
"Saberemos em breve."
Este simples dialogo vago, vinha de duas pessoas, que estavam encapuzadas com uma túnica preta aparentemente muito quente. Não era só eles que estavam assim. Envolta desses dois seres misteriosos, havia mais pessoas que pudesse contar a olho nu. A rua era lotada de pessoas com a mesma vestimenta, parecendo todas clones uma da outra.
Eles pareciam agitados e ansiosos, por aparentemente um discurso que irá acontecer. Cochichavam para seus colegas ao lado sobre assunto variados além de tentar imaginar qual seria o anuncio importante para qual foram convocados.
Mas de repente seus ouvidos começam a ouvir barulhos de metais, aquilo era o começo do anuncio, eles tinham certeza. No pódio que ficava no centro da cidade, sobem mais duas pessoas com as mesmas vestimentas pretas. Eles erguem suas posturas e suspiram.
"Obrigado a todos que vieram! Infelizmente nosso líder não está presente hoje por estar em uma reunião. Mas ele nos deixou uma carta com nossa próxima ordem, ou seja, nosso próximo passo para o reconhecimento de nós."
Todos gritaram e aplaudiram.
"A ordem é: Vamos nos expandir para o sul! Passaremos pelo distrito central e pegar o caminho para o sul, talvez assim, o nosso rei medroso mexa-se e tenha em mente que queremos o extermínio do pior homem que nasceu nesta era, Aros Silverstein!"
"Isso aê!" Dizia a rebelião.
"Vamos mostrar a todos do porque estamos aqui, vamos mostrar que Aros Silverstein deve ser eliminado. Vocês não vivem com constante medo? De sermos atacados por aquela escória de ser humano?"
"Sim!"
"Então devemos eliminá-lo!"
"AEEEEHHHHHHH!"
Aquele grupo de pessoas gritavam em pró as falas do substituto líder. Dominar o extremo norte de Sagólia não havia sido o suficiente para esses cidadãos que tem ódio e medo em seus corações. O sul seria o próximo destino daqueles seres que desejam a eliminação de Aros Silverstein. Não havia como pará-los.
"Você tem certeza que passaremos para o sul, soube que a guarda esta mais intensa por lá."
Depois de descer do pódio, o substituto do líder foi questionado por um dos membros da rebelião.
"Foi uma ordem do líder, não podemos questioná-la... Mesmo que ele não esteja aqui, precisamos cumpri-la. E vai ser mais fácil de invadir, os aventureiros se juntaram para exterminar os goblins... Essa é nossa chance."
"Se foi uma ordem, então é uma ordem... mas acho que alguns de nossos membros serão sacrificados no caminho."
"isso faz parte, precisamos conseguir atingir o sul de qualquer jeito."
Se avançassem para o sul, a situação de Sagólia seria critica. Os cidadãos reclamariam que aquele lugar era inabitável e pouco a pouco o reino todo seria destruído. A única solução que o rei de Sagólia teria seria matar Aros Silverstein. Esse era o objetivo do grupo rebelde.
***
Paramos um pouco mais da metade do caminho para descansarmos.
Essa ideia foi de Eugene, de recuperamos um pouco das energias antes da batalha. Não adiantaria nada uma estratégia tão elaborada, um grupo com tanta força se eles estiverem cansados. Asura e eu não sentimos nenhum cansaço aparente e pude ver que alguns aventureiros também não.
No entanto, aventureiros de rank mais baixo pareciam já estar suando bastante só de caminhar até ali. Como eles eram da equipe B, era necessário que nossos magos e espadachins de suporte ficassem bem tranquilos durante a batalha.
"Aros chega aqui." Asura sussurrou em meu ouvido.
Ela me chamou para um lugar metros afastados dos aventureiros.
"Eu sei que temos uma estratégia certa com eles, mas precisamos criar a nossa."
"Hm, como assim?" Eu pergunto.
"Você é forte demais, alguém vai ficar desconfiado, então eu quero que lutemos em conjunto, se você não se importa."
"É claro que não... mas..."
"Entendeu, não é?"
"Tudo bem, entendi."
Essa foi a repreensão que tive de Asura. Eu também percebi que mesmo sem a magia de luz, eu ainda sou forte o suficiente para matar os goblins apenas com algumas pedras. Isso pode causar desconfiança de vários deles. Eu preciso me segurar. Lógico que queria uma luta mais frenética e que eu pudesse utilizar todo meu poder, mas não vai dar certo.
Eu e Asura montamos uma estratégia onde podíamos fazer alternância entre nossos ataques, para parecer que trabalhamos em equipe a vida toda. Isso faria os aventureiros acreditarem que realmente somos aventureiros rank S.
***
Era a hora.
Estávamos alguns bons metros da vila habitada pelos goblins. Como nos outros dias, havia dois goblins tomando conta da entrada principal. Goblins em cima das casas e os outros provavelmente estavam dormindo para trocar a ronda. As cabanas pareciam ser recém colocadas, mas já tinham o pano um pouco rasgado.
"Agora é a hora." Disse Eugene.
Ele andou alguns passos adiante e se virou para nós.
"Todo mundo! Formação!"
Assim, todos entraram em sua devida formação. As pessoas que eram da equipe B, deixaram os magos no centro enquanto os aventureiros que era guerreiros de baixo rank os rodeavam para protege-los.
A equipe A se formou basicamente em uma formação ofensiva, mas que tinha seus suportes. Eugene ficou logo a frente para nos liderar melhor. Ao seu lado estavam dois aventureiros que soube que eram de rank alto, algo como rank B e A. Eu e Asura ficamos na frente do resto dos aventureiros.
"Essa missão vai colocar em risco nossas vidas, no entanto nos fará os maiores aventureiros de Sagólia, vamos acabar com esses goblins malditos!" Grita Eugene.
"Vamos!" Diziam os aventureiros.
Eugene se virou para a vila dos goblins. Ele tirou de sua bainha a sua grande e fina espada que guardava com ele. A espada era metalizada, mas era tão bela que era difícil tirar os olhos daquela lâmina. Assim que ele fez esse movimento, os outros reagiram e sacaram suas armas também.
Olhei para Asura e ela também retirara sua espada da bainha. Ela finalmente havia deixado amostra a sua espada com a lâmina vermelha e brilhante, assim como seus lindos olhos. Asura estava determinada, ela também não queria que ninguém se machucasse nessa missão, então estava determinada a eliminar todos os goblins.
Olhando para a região dos goblins, também fui e tirei a minha espada azulada.
"Agora!" Diz Eugene.
Todos nós, começamos a correr seguindo Eugene o líder. Os gritos de guerra foram soltados por vários e vários aventureiros, criando uma incrível harmonia de guerra. Podíamos ouvir as placas de armadura tinindo uma na outra. OS goblins ao longe ouviram todos esses gritos e começaram a se assustar.
Na hora, eles ficaram em choque, mas um apenas teve a coragem de fazer alguma coisa. O goblins da direita do portão correu até o mesmo lugar, repetindo a mesma estratégia de antes, tocar o sino.
"Não vamos deixar!" Disse um mago da equipe B.
Eles conjuraram a magia e atiraram rapidamente no sino que estava pendurado em uma espécie de poste. O sino se explodiu em vários pedaços deixando o goblin sem ter o que fazer e ele caiu para trás apavorado.
Avançamos tão rápido que já estávamos nas cabanas que ficavam na frente da vila. Eugene ergueu a espada para o alto e atacou o chão no centro das cabanas rodeadas. O estrondo fez algumas cabanas voarem. Os goblins que ali estavam dormindo levaram um susto e tentaram sacar as suas armas. Mas por azar deles, todos da equipe A já estavam armados e rápidos. Alguns goblins que se levantavam já podiam ver seus membros voando pelo ar.
Asura correu para frente e eliminou três goblins com uma sequencia de golpes horizontais. Eu percorri para esquerda, o oposto dela e consegui pegar alguns goblins que estavam se levantando, logo em um golpe horizontal arranquei a cabeça de cinco goblins que estavam atordoados.
"Uau, Greed-san e Asteth-san são bem fortes." Ouvi algum aventureiro dizendo enquanto matava um goblin só.
A caçada pelo jeito estava dando bastante certo. Em menos de alguns minutos, os goblins da cabana já estavam mortos no chão. A vila a nossa frente ainda era o nosso alvo, eu suspeitava que de lá dentro podia ter mais goblins do que esses na cabana.
Eugene que estava na frente ainda matava os goblins um por um. Ele esquivava dos golpes de machado que um goblin carregava. Uma investida para direita, outra para esquerda, deixava o goblin tonto. Até que finalmente atordoado e recuperado o equilíbrio, Eugene ficou sua espada no olho do goblin e fez um corte horizontal para direita com a espada dentro da cabeça do horrendo monstro pequeno.
Os miolos da cabeça do goblin foram espatifados. Eugene olhou para suas costas e viu que alguns goblins haviam se juntado para caçá-lo. Mas ele não se deixou a temer. Com um incrível movimento giratório com sua espada, os goblins sentiam uns ferimentos rápidos e profundos. O sangue foi levantado no ar.
Com uma esquiva rápida, Eugene fez um contra ataque e corto a cabeça de um goblin fora. Quando o outro foi lhe atacar por trás, ele se esquivou para direita e o golpe do goblin foi diretamente em outro que morreu instantaneamente na pancada. O machado que o goblin ficou preso no corpo de seu colega e Eugene usou isso para partir a cabeça do goblin em dois.
"Eugene é muito habilidoso." Diz Asura.
"Sem dúvidas." Respondi.
Mais alguns goblins cercaram eu e Asura. Podia não parecer, mas em mais ou menos quinze cabanas, estavam escondidos muitos goblins. Eu podia chutar que havia dez goblins em cada cabana. Por isso a quantidade absurda que ainda havia mesmo derrotado tantos.
"Agora." Diz Asura.
Obedecendo sua ordem, eu girei minha espada e disferi ataque nos goblins minha frente. Asura fez o mesmo, porém atrás de mim, assim a roda de goblins que tinha na gente foi diminuindo. Trocamos de posição e eu disferi um golpe violento na cabeça de um e joguei seu corpo na direção de outros goblins que estavam chegando perto. Assim teria mais tempo.
Até que ouvimos barulhos de corda, e quando reparamos, duas flechas foram disparadas na nossa direção, mas todas foram direto no chão, não acertando nenhum da equipe. Esta foi a deixa para Eugene dar a sua ordem.
"Suporte, agora! Ativem o escudo!"
"Sim!" Eles disseram.
Foram precisos quatro magos para conjurarem a magia juntos. Eles disseram recitações em uníssono. Assim um circulo mágico apareceu em cima de nossas cabeças até brilhar em uma cor carmesim forte. Isso indicava que o escudo estava ativado e os goblins não tinham como nos atacar. Estávamos basicamente debaixo de um guarda-chuva de círculo mágico.
Os goblins se mostraram incomodados pois todas as flechas foram repelidas perfeitamente. Alguns deles tentaram acender fogo nas pontas das flechas, mas nada dava certo para essas pobres criaturas.
A estratégia montada por Eugene parecia estar dando muito certo. Por baixo de meu elmo não pude deixar de mostrar um sorriso para mim mesmo. Se continuássemos assim, conseguiríamos sem dúvidas nenhuma acabar com todos eles. Mas agora, precisávamos focar em nosso próximo destino, nosso próximo ataque...
A vila!