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Chapter 34 - Uma Negociação Agradável

Mesmo na espera de alguma resposta de Lukia, fiz meu trabalho normalmente em meu reino. Não haviam muito o que fazer por estar preso basicamente em Lálario, minha única opção era trabalhar muito. Então fiz Cássiria procurar alguns problemas que tinham pelo reino, alguns graves para economia. E naquele momento, eu estava sozinho em minha sala.

"Uau... Que paz."

Os sons dos pássaros lá fora, ressoavam bem forte ao meu ouvido. Eu estava sem trabalho? Não. Eu estava de férias? Também não. A realidade mesmo era que eu não queria nem um pouco ficar olhando papéis e pensando qual é a melhor escolha para um assinado meu. Basicamente, eu estava matando trabalho.

"Será que Asura tá trabalhando muito? Tsc, não posso nem a visitar, já que me arrastarão para meu castelo e terminar o trabalho."

Eu me levantei e andei para frente da minha mesa. Olhei para a minha sala, reparando em mais detalhes que havia ao redor. Apesar de eu ter feito uma "reforma", deixei algumas coisas que tinham anteriormente, como alguns quadros. Fora exatamente o que olhei. Ao alto de uma mesa com bebidas, estava um quadro de um homem grande sentado em uma poltrona grande o bastante para ele.

Seu nome era Gordon III, o terceiro lorde de Lálario desde a sua criação. Ele era considerado o melhor lorde que havia passado por lá, isso por que ele basicamente fez com que Lálario se tornasse o maior reino humano do continente. Como nós éramos considerados a raça mais fraca, fomos basicamente excluídos e vivíamos em áreas menos habitadas, com alto perigo e etc. Mas Gordon III negociou com alguns reinos de demi-humanos e até com os elfos.

Recebendo alguns capitais interessantes, Gordon III estabeleceu um reino grande e fez com que a economia gerasse lá dentro. Obviamente, o reino dos demi-humanos e elfos começaram a lucrar pela ótima gestão e crescimento daquele reino. Só que posteriormente, aconteceu a grande guerra contra os demônios. Os reis Demônios começaram a dominar o continente, então algumas nações tentaram se unir para derrotá-los.

O problema era que o reino dos elfos se aliou ao reino dos humanos e traiu o reino demi-humano e o reino de Gordon III. Um ataque planejado era previsto em cima desses dois reinos, mas o governante não queria que o que ele construiu fosse buraco a baixo e decidiu ir a uma batalha contra os reis demônios. Ele foi o usuário da magia de luz mais famoso, logo, ele que derrotou os reis demônios. Com isso, Lálario se tornou o reino humano mais influente do continente.

"Que história interessante."

De repente, a porta se abre.

"Aros-sama, um garoto está aqui para visitá-lo." Uma de minhas empregadas diz com um rosto um pouco complicado.

Hum? Eu tinha reunião com alguém? Não me lembro de ter marcado uma para aquela hora.

"Hahaha! Aros Silverstein! É tão deselegante ver que perdi meu cargo para alguém como você."

Entrou um garoto de cabelos loiros, totalmente arrogante. Seu modo de andar parecia nobre, mas seu rosto e palavras basicamente contrariavam minha opinião. Se me lembro bem, ele era um dos candidatos a lorde de Lálario. Qual era o nome dele mesmo? Se eu perguntasse, seria muito estranho?

"É... Qual é seu nome mesmo?" Disse um pouco envergonhado.

"QUE? Como pode esquecer do meu nome? Ah, já sei, deve ser pela pancada que levou dos reis demônios, deve ter perdido a memória também."

Então ele continuou.

"Eu sou Arthur, lembre-se desse nome, em breve tomarei o trono de você!"

"Ah, bom... Prazer?"

"Hrr... Você me dá nos nervos, que deselegância para um lorde de Lálario!"

Fiz algo de errado?

Bom, pode se dizer que sim. Eu obtive bastante conhecimento desse mundo com o Aros original, mas tinha ainda muitas coisas que eu não sabia e isso me colocava em posições difíceis. Então algo como aquela situação, me deixava desconfortável, era realmente como se eu tivesse tido uma perda de memória, garanto que não é uma sensação nada boa.

Eu e Arthur nos sentamos e colocamos um papo em dia. Não foi nada muito complexo, algo como o dia a dia de Lálario, como foi o confronto contra os reis demônios e ele se exibindo, achando que um dia será lorde de Lálario. Eu não duvidava muito, mas sua personalidade parecia ser uma parte difícil para a sucessão do trono.

Novamente abre-se a porta.

"Perdoe o incomodo Aros-sama, mas consegui achar alguns problemas e achei que seria necessário te dizer imediatamente."

"É algo muito grave?"

"Não..." Ela abaixou a cabeça.

Naquele momento eu não havia percebido, que ela tinha abaixado a cabeça por achar que eu a tinha a repreendido.

"Tudo bem, pode dizer."

Cássiria entrou na sala e preparou os papéis que havia trazido. Arthur não se mostrou incomodado por ter a conversa interrompida, isso por que ele basicamente estava com o olhar fixado em Cássiria. Eu não o culpava, ela realmente era estonteante de bela, qualquer um que a via ficava de queixo caído.

Ela enfim foi dizendo vários dos problemas que me deixou intrigado e um pouco cansado. Era alguns problemas talvez não difíceis de resolver, mas levava um pouco de tempo, talvez era isso que me deixava um pouco triste. Mas como Cássiria havia se dado o trabalho de cumprir essa pesquisa pelo reino, eu tinha que resolver aquilo, caso ao contrário, seu trabalho teria sido atoa.

"Certo, eu vou escolher qual resolver primeiro."

"Aliás Aros-sama, a proposta para a Academia de Cavaleiros deu certo. A diretora Karta disse que ficaria honrada em ter em sua academia a filha do atual lorde."

"Ah, que ótimo, fico bastante aliviado. Quero que diga para a Lola. Não... Diga para Asura, Lola e Tess se reunirem hoje à noite aqui no palácio para um jantar, quero dar a notícia pessoalmente."

"Claro, providenciarei esse jantar."

De repente a sala ficou quieta, e assim me lembrei, que Arthur estava nela. Quando voltei meu olhar para ele, seus olhos estavam arregalados e seu corpo todo parecia bem tenso, como se tivesse ouvido algo impressionante.

"V-V-Você tem uma filha!?"

Que cabeção...

Era outro dia. Eu e Cássiria estávamos em minha sala, esperando alguém. Naquele dia em especifico eu estava animado, minha inquietação ficava bem aparente, já que eu movia minhas pernas incansavelmente para cima e para baixo. Esse era talvez a primeira vez que eu tinha que negociar com uma pessoa, eu mesmo apresentar uma proposta.

Eu fazia isso bastante no meu trabalho no outro mundo, mas aqui parecia ser diferente. Não tinha a resposta do por que, mas acho que por ter um cargo tão importante, qualquer erro na proposta podia me frustrar e acabar com minha reputação. Bom, era o que eu achava.

Mas novamente, a porta se abre.

"Aros-sama, nosso convidado chegou."

"Ótimo, deixe-o entrar."

Assim uma de nossas empregadas abriu totalmente as duas portas, e assim, adentraram duas pessoas. Um homem de mais idade e um jovem, apesar de parecer mais velho que eu, ele era bem jovem. Com roupas mais humildes, eles se impressionaram cada vez que andavam mais à frente.

Eu me levantei.

"Fico feliz que tenha aceitado vir aqui pessoalmente, peço desculpas por não conseguir ir para seu vilarejo."

"Nós que ficamos felizes em receber uma proposta do atual lorde de Lálario, por favor, deixe nós agradecermos novamente pelo convite." O homem mais velho se curvou juntamente com o jovem.

"Bom, por favor, sentem-se."

Os dois se sentaram nas cadeiras em frente a minha mesa. Principalmente o mais velho, se sentia um pouco envergonhando por estar em um ambiente tão mais luxuoso. Queria fazê-lo se sentir mais relaxado, mas eu não sabia as palavras certas e nem maneiras para fazer isso.

Esses dois eram representantes de uma vila que havia nas florestas ao sul de Lálario. Era o chefe da vila e seu filho mais velho. Por ter poucas condições financeiras, muitas pessoas decidem morar em vilas que ficam ao redor de outras cidades grandes. Mas não eram nem um pouco recompensadas por isso, na verdade, a vida fica só mais difícil. Lá, eles estão expostos a monstros das florestas, que podiam saqueá-los e fazer o que fosse de pior.

"Eu recebi a carta da proposta e fiquei interessado, por isso vim aqui. Mas eu queria saber pessoalmente, o motivo da tão generosa proposta."

"Ah sim, vou explicar tudo."

Cássiria que ficou ao meu lado o tempo todo, me entregou os papéis da proposta. Assim como todo mundo, eles olharam para Cássiria boquiabertos, sua beleza era indiscutível.

"Bom, como nós somos o maior reino humano do continente, muitos comerciantes viajantes passam por aqui e vendem suas mercadorias. Isso é algo comum em todo continente. Porém, nós não temos nada exclusivo daqui de nossas terras. Por isso os comerciantes apenas vendem suas mercadorias e vão embora sem nenhuma mercadoria daqui. Ou seja, os comerciantes que estão aqui não lucram com nada com eles, não conseguem vender produtos por conta que já existe em outros lugares."

"Hum, certo..."

"Isso faz com que os comerciantes viajantes não queiram passar por aqui, por considerar um prejuízo. Isso é um problema, já que precisamos de suas mercadorias até para nossa sobrevivência. Por isso, contatei vocês. Vocês têm terras para plantações de alto nível, já vi vários de suas mercadorias aqui pelo reino. E queria que plantasse algo exclusivo para nós."

"Algo exclusivo? Mas apenas plantamos comum, acho difícil encontrarmos outra coisa que não tenha em outras cidades e terras."

"Não se preocupe, nós já temos."

"Hum?"

Peguei uma pequena caixa de madeira que estava ao meu lado. Coloquei a frente deles e a abri. Dentro, havia sementes desconhecidas para eles, grãos compridos e amarelados, mas com uma bela elegância. Até eles ficaram surpresos.

"Wow... e o que seria isso?"

"Eu pedi para minhas servas rondarem o continente em busca disso, é o que chamamos de Arroz."

"A-rroz?"

Ele teve um pouco de dificuldade para dizer, mas se acostumou rapidamente com o nome. Uma das coisas que eu havia percebido viajando entre reinos, era que naquele lugar o Arroz era desconhecido. Perguntei por vários lugares, mas ninguém conhecia algo tão estranho.

"São grãos raros, não existe em nenhum lugar, isso aqui é exclusivo talvez pelo mundo. Quero que cultivem para nós, para podermos cortar este problema dos comerciantes viajantes que se começarem a sumir, vai embora junto com a nossa economia. Em troca, eu declaro vocês como oficialmente parte de Lálario e mando suprimentos da melhor qualidade."

"Hum..." O homem mais velho ajeitou sua barba grande.

Eles pensaram bastante e até chegaram a conversar entre si. Confesso que me passou um medo dessa proposta não dar certo. Ao mesmo instante várias coisas se passaram em minha mente, algo como: "Será que a recompensa é pouco? Será que fui muito direto? Será que para eles não vale a pena se tornar parte de Lálario". Cheguei até ficar um pouco enjoado.

Mas enfim veio a resposta.

"Definitivamente, a proposta e recompensas são muito boas. Mas antes preciso saber de uma coisa."

"Claro."

"Estamos passando por dificuldades pelos monstros que rodeiam a floresta. Por isso queria adicionar algo na recompensa. Queria que mandassem guardas ou aventureiros para ajudar na defesa do vilarejo. Ultimamente até nossas plantações estão sendo devastadas por aqueles monstros..."

"Claro que podemos, quando disse que fariam parte de Lálario, a defesa também entra. Não poderíamos perder vocês de jeito nenhum. Então fiquem tranquilos em questão de segurança."

Eles sorriram. E assim, acabou-se a reunião. Eles aceitaram, apertamos a mão e assinamos o tratado que dizia que aquele vilarejo fazia parte de Lálario. Parece que me senti apreensivo atoa.

"Bom, obrigado por se reunirem aqui hoje, fico sempre feliz em ver vocês."

"Você sabe que aceitaríamos de qualquer forma, não é?"

Era a noite e aconteceu o jantar que eu havia marcado. Na mesa estava eu, Asura, Lola, Tess, Cássiria e Alfred. Chamei todos para jantar, por sorte, todos aceitaram o que me deixou bem contente. Asura comia pouco, por algum motivo desconhecido, Lola comia normalmente e Tess parecia que nunca tinha visto comida na vida. Cássiria e Alfred comiam elegantemente, talvez para me impressionar, mas eu não ligava para isso.

"Eu chamei vocês aqui hoje, por que queria dar uma notícia muito boa."

Todos prestaram atenção em mim imediatamente e fiquei um pouco envergonhado.

"Estamos ouvindo." Diz Asura, também um pouco ansiosa para saber o que era.

"Eu e Cássiria conseguimos um acordo com a Academia de Cavaleiros, assim, Lola e Tess podem estudar lá."

Assim que eu disse, Asura, Cássiria e Alfred levantaram e bateram palmas. Asura se mostrou muito contente, seu sorriso aqueceu meu coração e parecia que ela não iria desmanchar tão cedo. Lola e Tess me olharam animadas, Lola principalmente, pude ver de relance um pouco de lágrimas.

"Sério? Eu vou poder voltar para a Academia de Cavaleiros?"

"Sim, eu sei que você anda treinando sozinha e você mesmo me disse que queria voltar. Então eu e Cássiria fomos atrás para conseguir encaixar você e Tess. Tenho que chamar a diretora Karta para um chá, agradecê-la por tornar isso possível."

Lola se levantou e se curvou.

"Obrigada Cássiria-san e Aros-sama, juro que vou corresponder suas expectativas. E assim, um dia irei retribuir o favor."

"Não se preocupa Lola, apenas vá e se divirta. O importante para nós é que você fique feliz."

Todos sorriram. Claro, era um noticia muito boa, Lola e Tess teriam uma educação de qualidade. Como pai, fico feliz em ter conseguido estas vagas, assim posso ficar mais tranquilo, já que eu achava péssimo elas sem terem no mínimo uma educação. Nunca tinha tido aqueles sentimentos e garanto que eram totalmente diferentes de qualquer outra coisa.

"Ah e tenho outra noticia também." Eu me levantei e fui em direção a cadeira de Asura.

"Asura irá morar aqui no palácio também!" Eu disse muito feliz, Asura também abriu um sorriso e olhou para todos.

"Sério Asura-san? Você vai morar aqui com a gente?" Perguntou Lola feliz.

"Sim, achei melhor estar perto de vocês que são minhas filhas. Para mim não tinha sentido ficar longe de vocês."

"Xim mamãe! Fique com a xente para xempre." Disse Tess de boca cheia.

Era mais uma noticia feliz. Ter Asura morando no palácio era de extrema importância para o bom crescimento de Lola e Tess, não fazia sentido ter a mãe delas separada. E claro, meu coração palpitava sempre quando eu a via e agora ela estaria morando sobre o mesmo teto que eu. Outra felicidade que não podia explicar.