Muita coisa aconteceu depois do incidente. Fica difícil listar tudo, porém vou tentar.
A primeira coisa foi o caso da Zannith. Na hora que eu usei a expansão de mana, e assim matei os reis demônios, eu quis poupar Zannith, já que me ajudou e não parecia ser uma pessoa ruim — e bastante sexy. Claro que ela ficou em dúvida sobre o que tinha acontecido, mas perguntei se ela não queria trabalhar para mim, como outra de minhas servas. Ela aceitou. De começo, Zerbst e ela tiveram confrontos nos primeiros dias, porém depois elas começaram a se entender. Eu acho.
A segunda coisa foi o caso do grupo de aventureiros. Eles eram aventureiros demi-humanos registrados na guilda de aventureiros de Borogh. Como estava cego por vingança e raiva, fiz algo horrível com eles e precisei fazer alguma coisa. Foi com eles que descobri que podia reviver os outros com a reversão de tempo. Lá houve um dialogo bem interessante, que vou deixá-los presenciar.
"Por que reviveu a gente?" Essa foi a primeira pergunta, vinda da líder do grupo.
"Eu senti que fiz coisas erradas, então decidi me redimir revivendo vocês. Na minha cabeça não ouve motivos para eu não fazer."
"Entendo..."
"Ei, eu queria saber, por que Calt não se sente bem depois de ressuscitado?"
Quem fez a pergunta desta vez foi um outro membro do grupo. Ele era mais forte e exibia um ar clichê de personagem que lutava artes marciais.
"Eu não revivo as pessoas, apenas faço o corpo delas voltarem no tempo e ser do jeito que elas eram antes. Por conta disso, as emoções que ele sentia também voltam, então o caso do companheiro de vocês, ele vai ficar assim por mais alguns dias."
"..." Ficou em silêncio.
"Bom, eu preciso sair já, então vou propor uma oferta que foi do por que vim aqui." Eles seguraram a respiração diante minha frase "Eu posso contratá-los como o grupo de aventureiros oficial do reino de Lálario, ou, vocês podem voltar a Borogh e viver como antes."
Eles pensaram um pouco depois da minha proposta.
Lógico que eu não estava pressionando-os, apenas dando uma oferta boa, mas queria que eles viessem ao meu lado, parecem ser guerreiros fortíssimos. Eles pensaram e pensarem e chegaram até discutir um pouco longe, me dava um desconforto, parecia que estavam falando mal de mim.
"Bom decidimos." Disse a líder.
"Ótimo, qual vão aceitar?"
"Vamos ficar em Borogh mesmo. Lá é nossa casa, então precisamos voltar e reencontrar todo mundo que achamos que perdemos uma vez. A sua oferta não é ruim, sei que Lálario tem capital o suficiente para nós sermos sustentados como grupo de aventureiros. Mas sinto que devíamos voltar e anunciar que estamos vivos, assim viver como éramos antes."
Foi o que ela falou. Claro que no fundo fiquei chateado, mas estava feliz, a determinação desse grupo era algo inexplicável. Por isso, levantei sorrindo e cumprimentei-os.
"Mesmo com a decisão de vocês, saibam que podem comparecer em Lálario como quiserem e serão recebidos de braços abertos."
"Obrigada, eu fico lisonjeada."
Depois de cumprimenta-los, estava indo embora quando...
"Ei, Aros Silverstein."
Eu me virei.
"Eu não agradeci, mas obrigada por ter ressuscitado a gente. E outra, obrigado por vingar o lorde Boreas pela gente, será uma divida que nunca conseguiremos pagar."
"Fiquem tranquilos... Eu posso ter sido levado pela raiva, mas Boreas virou meu amigo nos últimos momentos, não seria justo não o vingar, por tudo que fez até o último momento para proteger o reino dele."
Depois disso, a terceira coisa que aconteceu após o incidente foi terrível. Os pais de Lola não foram encontrados depois do ataque em Lálario, os oficiais deram o relatório que eles estavam mortos. Lola também acreditava que estavam, já que não achou eles em lugar nenhum, nem nos mortos, nem nos ressuscitados. Ela ficou um tempo abalada, Asura se voluntariou a ficar com ela por um tempo.
Então, eu decidi fazer o que estava pensando a muito tempo.
"Adoção? Isso não é para animais?" Disse ela.
"Tem para animais também, mas humanos também tem. Existem lugares que se chamam orfanatos onde tem crianças sem pais e mães, esperando para ser adotadas. Estou te dando essa proposta por que eu já ia adotar outra pessoa."
"Quem?" Ela ficou exaltada e praticamente pulou para a minha frente.
"A Tess. Ela disse que não conhece seus pais e diz que foi escrava desde que se conhece por gente. Eu tentei fazer uma procura pelos pais dela, mas não houve resultados. Então ela concordou também em ser adotada por mim."
Sim era verdade. Eu queria adotar Tess por ela não ter ninguém para ficar, então seria mais benéfico para ela fazer parte da minha família. Assim poderia ir a academia já financiada por mim. Era realmente o melhor que eu podia fazer.
"Você pode dar um tempo para eu pensar?"
"Claro, não estou te pressionando, é apenas uma opção."
Como Lola ainda era menor de idade, os orfanatos iriam procurar por ela, já que não tinham responsáveis. Por isso propus essa adoção. Ela não precisava achar que era minha filha de verdade, apenas ser no papel, assim não precisaria se preocupar tanto com essas coisas. Sem contar que seus sonhos são continuar frequentando a academia de cavaleiros, estando como minha filha, seria muito mais fácil para ela continuar lá.
...
"Asura-san..."
"Pode falar."
Asura assobiava alegremente enquanto limpava os pratos depois do fim de turno de seu restaurante. Como os funcionários iam embora assim que dava o horário, ela lavava tudo para no dia seguinte seguir a mesma rotina. Como dona do restaurante, gostava muito dessa parte, ela conseguia sentir inspiração para o dia seguinte.
"Aros-sama disse que poderia me adotar, já que não eu sou menor de idade e não tenho responsáveis para continuar andando livremente por aí."
"Ah! Que bom que ele te propôs isso, ele me disse que queria adotar Tess já que ela realmente nunca conheceu seus pais."
"Você também sabia? Afinal, quão próximos vocês estão agora?"
"Hi Hi Hi."
Dando uma risada sarcástica, Asura continuou lavando os pratos e pensando consigo mesma sobre a situação. Era uma boa proposta, visto que Lola teria que se afastar de muitas coisas que fazia por não ter um responsável. Asura arrepiava só de pensar em Lola começar a viver em um orfanato, já que não era um lugar tão bonito de se viver.
"O que eu faço Asura-san?"
"Como assim?"
"Eu aceitaria sim, mas chama-lo de pai daqui por diante... Ser filha do atual lorde, minha vida vai virar de cabeça para baixo."
"Você sabe que ele não te forçaria a chamá-lo de pai, não é?"
"Sim... Mas também não quero causar mais preocupação a ele, tudo está caindo em suas costas agora, eu seria mais um fardo."
As duas ainda pensavam assim. Aros realmente tinha bastante coisa para se preocupar naquela hora, sua condenação, resolver os conflitos que ocorreram, construção da cidade e entre muitas outras coisas. Era compreensível a sua preocupação com Aros, por isso, a relutância de aceitar ou não.
"Se ele te fez a proposta, com certeza você não será um fardo. Você ficou ao lado dele por todo o incidente, ele confia em você mais do que qualquer outra pessoa."
Asura parou de lavar os pratos na hora e olhou para Lola diretamente.
"Eu imagino que deve ser difícil lidar com tudo isso, as perdas e o fato de ter que fazer parte de uma nova família. Porém Aros-sama não quer seu mal, na verdade ele está fazendo tudo isso por você. Ele sabe que você quer continuar na academia de cavaleiros, ele sabe seus sonhos, Aros-sama faria qualquer coisa para você continuar assim."
Lola não respondeu, ela ficou olhando para o chão. Foram boas palavras de Asura, fez a ficar reflexiva. Realmente, se Aros propôs tal coisa, nada estaria o incomodando, então seria muito fácil chegar lá e aceitar. Mas também tinha bastante coisas para se pensar, como seria ser filha do lorde do reino, como seria ter Aros como pai.
"Quando voltei do incidente, fui direto para casa ver meus pais, quando virei para a rua, toda a minha casa estava queimada. Os magos que cuidavam da destruição, foram limpando tudo de lá. Na minha cabeça me passou, que talvez eles tenham fugido. Foi quando Aros-sama me procurou e disse que os oficiais não encontraram meus pais. Eu fiquei abalada, por que eu soube que naquelas cinzas da minha casa, estavam meus pais."
Asura ficou espantada por ouvir aquilo de Lola.
"Eu pensei que ali, minha vida tinha acabado, que talvez eu viveria na miséria por não ter ninguém para me sustentar. Pensei também que minha amizade com Aros foi temporária apenas no incidente, então não podia depender dele. Mas... Ele me deu todo apoio, quer dizer, vocês dois me deram apoio mesmo não me conhecendo direito. Fiquei muito feliz de verdade... snif... snif..."
Lola começou a chorar e tentava desesperadamente limpar. Mas Asura parece que deu ouvidos a lagrimas e a abraçou. Assim, Lola não pode mais se conter e começou a chorar ainda mais.
"Mesmo em pouco tempo, você se tornou especial para nós, por isso a ajudamos e ainda queremos fazer mais por você! Principalmente eu, fiquei muito feliz que acompanhou Aros-sama como pedi."
"Obrigada... snif... snif..."
Depois de um longo abraço, Asura parecia não querer soltar mais. Ela conseguiu sentir empatia por tudo que Lola estava passando, então soltá-la naquela hora não era uma opção para a garota de cabelos esbranquiçados.
"Asura-san..."
"Diga."
"Suas mãos estão molhadas."
"Ah! Desculpa!"
Asura rapidamente soltou, ela lembrou que estava limpando os pratos momentos atrás. Com isso, a conversa emocionante acabou e as duas foram para a cama.
...
"Será que a Lola vem?"
"É difícil saber Silverstein-sama, talvez a proposta tenha pegado um pouco de surpresa, mas sendo o senhor, logo aceitará."
"Obrigado Alfred, mas acho que ela não vai vir... Acho que realmente foi muito do nada que eu perguntei."
Algo me puxou embaixo.
"Lola-neechan não vai vir?" Era Tess.
"Você já está a chamando de irmã sem a eu adotar vocês duas?"
"Lola-neechan é a Lola-neechan nada mais!"
"Certo, certo espero que ela venha."
Assim alguém abriu a porta da minha sala. Eu não havia entrado lá quando reencarnei, por isso quando entrei pela primeira vez senti uma emoção grande. Eu talvez decoraria de um jeito diferente, mas decidi não mudar.
"Hunf... Hunf... Aros-sama, eu vou aceitar a proposta!"
Lola e Asura entraram pela porta e anunciaram. Eu não consegui esconder minha felicidade e dei um sorriso com a resposta dela. Estava fluindo tudo normalmente, só mais alguns passos e ocorreria a maior mudança em minha vida.
Mas aí, veio um problema.
Quando chegamos lá, fizemos todos os procedimentos certos. Como aquele mundo ainda estava em uma fase mais antiga, não tinha muitos documentos que precisavam ser levados então foi tão fácil que chegava a ser ridículo. Estava tudo indo certo quando a moça recepcionista disse as seguintes palavras.
"Me perdoe Aros-sama, mas nas leis é obrigatório a criança ser registrada com uma mãe. Já que muitos pais chegam abandonar a família, não acharam certo apenas o pai registrar a criança, então precisamos que alguém seja a mãe."
Era óbvio que não tinha nenhuma mãe. Mas acho que todos ali pensaram na mesma coisa que eu, uma pessoa tão óbvia que me dava vergonha e felicidade ao mesmo tempo de ter pensado nela.
"Asura, por favor nos ajude com isso."
"Ah então era por isso que estavam preocupados?"
Eu, Lola e Tess estávamos sentados no sofá da recepção tentando insistir em Asura ser a mãe de Lola e Tess. Mas ela aceitou rápido demais, achei que ela teria que pensar mais ou até mesmo deixar isso para depois. No entanto, na hora mesmo ela já aceitou.
E então, com sucesso, conseguimos adotar Lola e Tess.
"Então os pais serão Aros Silverstein e Asura Seith, certo?"
"Sim." Dissemos eu e Asura olhando um para o outro. Um pouco envergonhados.
"Tudo bem, as crianças serão Lola Greyroth e Tessia. Chame-as aqui."
Assim as duas se aproximaram da moça, depois da entrevista que tiveram mais cedo, as moças concordaram em deixar eu adotar. Esta entrevista consistia em perguntas que falassem o que elas achavam como eu de pai e Asura de mãe.
"Tessia."
"Sim." Confirmou ela com a voz fofa dela.
"A partir de agora, você se chamará Tessia Silverstein, fazendo parte agora da família Silverstein. Certo?"
"Certo."
Ela estava muito mais feliz do que o normal. Suas orelhas e rabo balançavam alegremente. Quando se é um demi-humano é bem difícil esconder seus sentimentos, por isso é uma raça tão aclamada pelo mundo.
"Lola Greyroth."
"Sim."
"A partir de agora, você se chamará Lola Silverstein, fazendo parte da família Silverstein, certo?"
"Certo."
Assim a moça assinou os papéis com sua pena e deu a nós o certificado de adoção. Depois de sairmos de lá, comemoramos no restaurante de Asura, e por incrível que pareça, nunca me canso de lá. Como era um dia em que Asura abria cedo e fechava mais cedo, ficamos lá depois de seu turno.
"Então, agora Aros é meu... papai!"
"Isso mesmo." Sorri.
Tess estava se acostumando, comparada a Lola, ela seria a mais rápida a se acostumar. Seu jeito de acomodar a situações diferentes era um ponto forte seu.
"E Asura-san é minha mamãe!"
"Sim." Ela sorriu também.
Tess saiu correndo até Lola e começou a chama-la de irmã também. Estava tudo indo bem, tanto que sentia muito alivio e emoção. Era a primeira vez que eu seria pai, é uma sensação totalmente diferente, difícil descrever. No restaurante comemoramos e Asura anunciou para seus pais que era mãe. Acho que é bastante óbvio, mas eles quase caíram para trás. Quando descobriram que eu era o pai então, só faltavam terem infarto.
Apesar de tudo, eles aceitaram muito de boa, pude conversar com eles e não eram pais nem um pouco rígidos. Era típicos pais bonzinhos, típicos que eu esperava por Asura ter uma personalidade parecida.
A "festa" foi muito boa, reuniram muita gente conhecida, tanto gente que eu conhecia quanto Asura, então o restaurante ficou cheio.