Chereads / The Twelve Kingdoms (Juuni Kokuki) - Tradução PT-BR / Chapter 5 - Sombra da Lua, um Mar de Sombras - Parte 1 / Capítulo 5

Chapter 5 - Sombra da Lua, um Mar de Sombras - Parte 1 / Capítulo 5

Original: A Sea of Shadows, Tradução por Adriano Ribeiro

Um romance da série The Twelve Kingdoms

Por Fuyumi Ono

Parte I

Capítulo 5

Uma torrente de água se chocou contra o prédio e explodiu o restante das janelas, lançando uma onda de cacos de vidro pela sala. Youko levantou os braços na frente de seu rosto. Uma enxurrada de pequenos cacos golpeou sua cabeça, braços e corpo.

Seus ouvidos ficaram surdos à toda essa violência. Ela não ouviu nada.

A sensação de ser pega em um redemoinho de uma tempestade de areia desapareceu. Ela abriu os olhos. Vidro brilhava em todos os cantos. Aqueles que haviam se reunido nas janelas agora estavam agachados em choque no chão. O vice-diretor estava curvado como uma bola a seus pés.

Você está bem?, ela se sentiu compelida a perguntar, até que viu o corpo dele cravejado de cacos brilhantes. Ele não estava bem. Os outros lutavam para se levantar, gemendo. Youko estava parada ao lado do vice-diretor, mas não havia um corte ou arranhão nela.

O vice-diretor agarrou seu tornozelo. "Por que?", ele gemeu.

"Eu não fiz nada!"

O estranho arrancou a mão ensanguentada do vice-diretor da perna de Youko. Ele estava tão ileso quanto ela. E disse: "Precisamos ir".

Ela balançou a cabeça. Se ela partisse com ele agora, todos iriam concluir que estavam juntos nisso, desde o início. Mas o medo de ficar lá a venceu. Ela se deixou levar. O inimigo está nos portões. Aquilo não significava nada para ela. O horror de permanecer ali entre os ensanguentados e feridos a assustou muito mais.

Eles subiram a partir da secretaria e imediatamente ficaram cara a cara com outro professor. Ele gritou: "O que está acontecendo?" Seus olhos se voltaram desconfiadamente para o estranho.

Antes que Youko pudesse responder, o estranho gesticulou em direção à secretaria. "Há pessoas feridas lá dentro. Eles precisam de atenção médica. " Ele partiu novamente, Youko logo atrás. O professor gritou algo para eles que ela não entendeu.

Ela disse: "Para onde estamos indo?" Ela só queria correr para casa o mais rápido que pudesse. Em vez de fugir escada abaixo, o estranho subiu. "Este caminho vai para o telhado," ela engasgou.

"Outros irão usar as escadas abaixo."

"Mas..."

"Aonde nós formos, agora, um inferno virá atrás. Melhor não envolver mais ninguém"

Então por que você me envolveu?, Youko queria gritar para ele. Que inimigo? Do que você está falando? Mas ela não tinha a coragem necessária para elevar sua voz contra ele.

Ele abriu a porta no topo da escada e quase a arrastou para o telhado. Atrás deles veio o som de metal aterrando contra metal enferrujado. Uma sombra caiu contra passagem da porta. Youko forçou seus olhos para cima, observando asas amareladas, uma boca escancarada sob um bico, em forma de gancho, banhado em veneno.

Um uivo felino saiu da boca larga. Cada uma das enormes asas do pássaro tinha cinco garras nas pontas.

Eu conheço essa criatura.

Ela ficou parada congelada como se tivesse pés e mãos amarrados. Com cada grito horrível, a sede de sangue da criatura se derramou sobre ela.

Nos meus sonhos

Um crepúsculo tingido banhava o céu nublado. Através das pesadas dobras das nuvens rodopiantes fluía o turbulento brilho vermelho do sol poente.

O grande pássaro que lembrava uma uma águia tinha um chifre no centro da testa. Ele sacudiu a cabeça, bateu as asas, golpeando-os com uma brisa putrefata. Como em seus pesadelos paralisantes, Youko só conseguia olhar. O pássaro levantou o corpo do poleiro, flutuou para cima, bateu as asas mais uma vez, prendeu as penas e mergulhou em sua direção. Suas extremidades escamosas se estenderam para ela, as garras afiadas como navalhas desembainharam de suas patas esticadas

Ela não teve tempo de se preparar. Seus olhos estavam bem abertos. No entanto, ela não viu nada. Mesmo quando ela sentiu um golpe em seus ombros, parecia impossível que as garras da criatura estivessem rasgando sua carne.

"Hyouki!", o nome ecoou ao vento. Uma fonte vermelha jorrou diante de seus olhos.

Meu sangue.

Exceto que de alguma forma, ela não sentira dor alguma. Ela fechou os olhos. Não veja o mal, ela falou a si mesma. Incompreensivelmente, parecia que a morte deveria ser menos aterrorizante que isso.

"Aguente firme!"

Youko fora pega pelos ombros e foi fortemente sacudida. Ela voltou a si, abriu os olhos para ver o estranho olhando para ela. A parede de concreto era dura em suas costas, seu ombro esquerdo afundou na cerca que fechava o perímetro do telhado.

"Isso não é hora de desmaiar!"

Youko deu um pulo alarmada.. Um terrível grito de tormento surgiu. Esparramado diante da porta, o grande pássaro bateu suas asas, abanando sobre a passagem rajadas de vento rodopiantes. Suas garras cavaram sulcos profundos no concreto enquanto ele jogava a cabeça para frente e para trás. Não conseguia se libertar. Uma besta tinha suas mandíbulas presas ao pescoço do pássaro, uma besta semelhante a uma pantera envolta em pelo carmesim.

"O que...O que é aquilo?"

"Eu te avisei dos perigos que nos esperavam"

Ele a puxou para longe da cerca. Youko se viu olhando para a besta e o pássaro entrelaçados em sua luta mortal, e então de volta para o estranho.

Ele disse, "Kaiko".

A forma de uma mulher surgiu da superfície sólida em que estavam, como um banhista saindo de uma piscina. Apenas a metade superior de seu corpo apareceu, um corpo vestido com penas felpudas, braços como asas graciosas. Ela segurava uma espada envolta em uma bainha magnífica.

O punho da espada era incrustado com ouro e pérolas, e estava cravejado de joias.

"O que...?"

"Ela é sua. Somente você pode usá-la"

"Eu?" Seus olhos piscaram da espada para o rosto do estranho. "Por que eu?"

Ele pressionou a arma nas mãos dela, seu rosto sem emoção. "Eu não tenho gosto pela espada..."

"Mas você disse que me ajudaria!"

"...e nenhum talento com ela"

*Era mais pesada do que ela teria imaginado. Como no mundo ela deveria se defender com isso?

"O que te faz pensar que eu tenho?" ela atirou de volta.

"Você vai morrer como um cordeiro levado ao matadouro?"

"Não!"

"Então use a espada."

Youko estava perdida em um caos de pensamentos. Ela não queria morrer, não aqui, não assim. Mas ela também não tinha qualquer inclinação para avançar em uma batalha balançando essa espada acima de sua cabeça. Ela não possuía força nem habilidade para fazer nada com ela. As vozes em sua cabeça diziam a ela para empunhar a espada, para não empunhar a espada, para empunhá-la, para...

Escolhera a terceira opção. Ela jogou a espada.

O estranho gritou em raiva e espanto. "Sua tola!"

Ela mirara na cabeça do pássaro. A espada caiu aquém do alvo, roçando a ponta de uma das asas e caindo a seus pés.

"Desgraça!" Estalando uma série de cliques com a língua, o homem gritou: "Hyouki!"

A pantera se desvencilhou das garras do pássaro. Ela se abaixou, pegou a espada em sua boca e trotou de volta para Youko. Ele estava claramente infeliz por ter que abandonar sua presa.

O estranho pegou a espada, e disse à criatura: "Espere aqui ao meu comando."

"Como quiser," a criatura respondeu imediatamente.

"Paciência", disse o estranho brevemente. Ele se virou para a mulher coberta em penas. "Kaiko."

A mulher fez uma reverência.

Naquele momento, o grande pássaro se libertara, cobrindo-os de cascalho e concreto. Ele girou no ar. A besta-pantera subiu em direção ao céu atrás dele. A mulher levantou-se do telhado, revelando ter pernas humanas e uma longa cauda, ​​e atacou também.

O estranho disse: "Hankyo. Juusaku"

Assim como a mulher apareceu, as cabeças de duas bestas ferozes surgiram do convés do telhado. Uma era parecida com um cachorro grande, o outro com um babuíno. "Juusaku, Hankyo. Eu a deixo aos seus cuidados. "

"Ao seu comando." Eles se curvaram.

O estranho acenou com a cabeça, deu as costas para ela, caminhou em direção à cerca e desapareceu.

"Espera!" Youko gritou atrás dele.

Sem perguntar a ela sim ou não, o babuíno estendeu a mão e a envolveu em um abraço apertado. O animal ignorou seus protestos, ergueu-a, pulou por cima da cerca e saltou no ar.

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