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Chapter 41 - Noites de desgaste

Um dia a mais, uma nova madrugada acordado, em devaneios que corrompem meus ideais.

Sabe, não sinto vontade de viver. Estou cansado e enjoado de tudo isso, ou seria melhor dizer de nada disso?

Pois todo dia é igual, como um disco riscado, repetindo, em péssima qualidade, as mesmas coisas.

Vi tanta coisa e tanta maldade que quando chega a noite, eu choro.

Será que vale a pena viver de verdade? Não sinto tanto desejo assim.

E amanhã, o que farei? Não me sinto sobrecarregado por tudo isso? Sem nada novo, sem nenhuma novidade.

Li tantas histórias, sobre heróis, vilões, barões, reis, mendigos, magos, guerreiros e cavalheiros; nada mais me surpreende e tudo o mais parece entediante.

Viver é monótono, sem emoção, sem felicidade. Você precisa constantemente de alguma substância para se sentir entorpecido, mas logo se cansa dela e tudo volta a ser entediante.

Quando olho no espelho, vejo o desejo de conhecimento que tinha há 5 anos. O que aconteceu? Onde está o menino ambicioso?

Por que o pó de pirlimpimpim entrou no meu nariz? Agulhas penetram a pele e a faca rasga a carne, cigarros caros e com fragrância de flores são tragados, mais uma partida e mais um fim de dia. O que aconteceu com o menino curioso? Será que se perdeu? Ou ele pensa ter se encontrado?

As pessoas são insignificantes, a vida é irreal, mentirosa como uma cadela que lambe as próprias feridas esperando que elas cicatrizem com o tempo.

Até mesmo o doce amargo abraço do ser subserviente, sr.D., se desvanece. O que fazer? Abandonado pelos anjos, desabafou com os demônios e foi usado por eles.

Uma obra inacabada. Quem se importa com tentativas? Tentar não existe; ou você fez ou não fez.

Velhos ignorantes destroem este meu mundo aos poucos, dizendo que é para o meu bem. Se me machuca os pulmões, dane-se quem queimará meu jardim, sou eu.

Odeio jovens com ideais de união que praticam o separatismo, são os únicos capazes de dizer mentiras em voz alta e, ainda assim, não se envergonham em acreditar nelas. O ódio me consome.

Ó magníficos grampos 23 10, presos em minha pele logo depois do estalo da máquina do prazer, meu braço em júbilo treme e se tenciona com o êxtase.

Não estou louco, não sou esquizofrênico e não existem outras vozes em minha cabeça. Pare. Eu te odeio, odeio você. Não existem fantasmas. Morra logo, pseudo-eus. Serei um deles? Quanto tempo até outra Voz assumir o corpo? Que droga.

"Uma criança que só conhece o ódio confunde-o com o amor." O que fazer? Cresci sendo criticado, aprendi que só quando veem meus defeitos, quando pisam em mim, quando mostram que estou errado, quando me dão o mínimo e destroem minha autoestima, é quando sinto que sou amado.

Ser elogiado é como receber um abraço, estranho e desconfortável. Não parece, mas é. Minha mente diz que é mentira. Não me elogie, não sei o que são abraços, beijos ou amor. Parecem tão falsos quanto mentiras.

Escrever isso é um desabafo. É deixar minha alma chorar pelos 18 anos em que não pude derramar uma lágrima.

É minha anotação final para o dilúvio que se aproxima do meu corpo cansado.