Chapter 43 - Pavio

Saber que eu não posso confiar, eu já sabia.

Saber que todos eles vão tentar me deixar para trás assim que conseguirem... Isso eu também já sabia.

Eu já sabia. E já tinha aceitado faz um tempo já.

Mas ainda quando estou sozinho, deitado na cama ou sentado olhando para o nada das paredes e tetos brancos, eu penso sobre isso.

Considerar que atualmente talvez eu tenha só um amigo, e esse amigo nem no mesmo estado que o meu mora, desanima um pouco.

Todas essas coisas sufocam a minha vontade.

Eu aceitei... A vida é sim triste, e de vez em quando temos alegria.

Eu aceitei que cada passo que dou eu me aprofundo, cada passo a mais eu me afundo.

Eu entendi...

Eu entendi que "nihil sub sole novum".

No final, tudo era sobre "vanitas vanitatum et omnia vanitas".

Aquela que chamei de amor negou-me a porta aberta. Amigos negaram-me a entrada. Familiares fecharam as janelas. E a vida desligou as luzes.

Confiar em quem? Confiar no quê?

Eu nunca neguei uma porta. Nunca neguei a entrada. A janela sempre esteve aberta. A luz eu sempre a deixei ligada. Não neguei o pão e nem a esmola a ninguém.

E mesmo assim? Mesmo assim? É sempre assim...? Será sempre assim?