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Chapter 17 - Uma coroa de espinhos

Rever o homem que a quebrou não foi fácil para Xo Bou, que apenas o olhou e deu um sorriso ao estilo da Imperatriz Cixi, que fez com que Yi Feng engolisse em seco sabendo que aquela mulher que estava na sua frente não era mais aquela por quem ele um dia se apaixonou.

— Posso saber o que você está fazendo aqui? — Xo Bou pergunta com os olhos dourados tão duros que parecia ouro derretido, mas Yi Feng não conseguia tirar os olhos dela.

— A Imperatriz me mandou! — Ele respondeu.

Xo Bou apenas o olhou enquanto suspirava tentando conter seu coração que queria deslizar pela sua garganta. Ela não deixaria que aquele homem visse que ainda a machucava, não, ela ia mostrar que era forte.

— Minha mãe? — Xo Bou se fez de desentendida.

Ela sabia qual das Rainhas tinha mandado aquele homem ali, sim, ela sabia, sabia que era um aviso a visita dele. Ela teria que agir mais rápido, faça o que tem que fazer mas consiga o Trono... Era essa a mensagem que Ela queria passar.

— Sua bisavó! — Yi Feng diz enquanto que Xo Bou apenas suspira e se vira para ver a neve cair.

— Deixe-me adivinhar... Ela quer saber se eu já cumpri minha missão? — Xo Bou fala enquanto que Amir fica apenas a observando, e vendo que ela não falaria mais nada com ele ali perto, apenas se vira e sai.

Não fala nada, apenas se retira.

— Ela falou algo sobre se você já conseguiu o que foi buscar? — Yi Feng diz.

— Sim! ,— Xo Bou fala enquanto se vira e entra na Casa das Rosas deixando para trás um Yi Feng sem entender nada.

Se sua bisavó esperava que ela dissesse que não... Que ela não tinha conseguindo cumprir sua missão, era melhor a Imperatriz Cixi se sentar e esperar porque ela com certeza se cansaria de ficar em pé.

Xo Bou sabia que assim que Yi Feng chegasse a Corte no Mundo Imortal sua bisavó descobria que ela tinha conseguindo o que veio procurar, ou ela desconfiaria e viria ela mesma ver, por isso Xo Bou estava a pensar em maneiras de evitar a vinda de sua bisavó ao mundo Mortal.

Suspirando ela pensa o que sua avó faria no seu lugar, ela tinha uma missão a cumprir naquela época em que se desfizera em pétalas... Yuri sabia desde do início qual era a sua missão, e ela sabia também que mesmo se não quisesse, teria que cumprir... Foi pensando em sua avó que Xo Bou chegou à conclusão de que ela teria que agir o mais depressa possível se quisesse sobreviver até o próximo eclipse...

Mas como ela faria para agir se ela se sentia tão perdida em relação aos seus sentimentos por Amir? Ela não queria amá-lo. Ela apenas o desejava... Isso, ela apenas queria tê-lo porque ele seria o rei e ela sua rainha... E mais nada.

Ela não podia estar se apaixonando por um mortal, não... Se dando conta do que aquilo significava ela parou estática no meio do corredor. Seu corpo paralisou e sua mente se pôs a vagar.

Se um dia ela chegasse a amá-lo, ele a odiaria pelo fato de que ela apenas almejou o trono antes do seu coração. Que ela seria capaz de tudo pelo trono... Não, que ela seria capaz de tudo para viver.

Mas se ela fosse sincera consigo mesma, ela saberia que à partir daquele momento ela estava para quebrar o homem que ela começara a amar.

Ela sabia que assim que começasse de verdade a agir, em algum momento ela acabaria quebrando Amir de uma forma tão dolorosa e cruel que quem seria na verdade quebrada seria ela.

Com esses pensamentos em mente Xo Bou apenas se põe a vagar pelos corredores da casa como um fantasma a espera de libertação, ela queria de todas as formas cumprir sua missão sem ter que destruir alguém, mas no fim ela teria que destruir alguém, e esse alguém estava parado na frente dela, encostado na parede com os braços cruzados.

— O que ele queria? — Amir pergunta ainda encostado na parede.

— Apenas me avisar que eu não tenho muito tempo... Mas porque você está me perguntando, já que não somos amigos? — Xo Bou pergunta parando na frente dele.

Amir apenas dá um sorriso de lado para o fato de Xo Bou se lembrar que ele tinha dito que eles não eram amigos, mas ele sabia que a vinda daquele homem poderia representar algo, só que não sabia o que.

— Não é porque não somos amigos que eu não posso me preocupar com você! — Amir diz enquanto Xo Bou apenas o olha com os seus olhos dourados, mas por dentro ela tinha levado um susto pelo fato dele se preocupar com ela.

Ele não a odiava como ela pensou.

Mas o que aquilo significava?

— Não se preocupe, eu sei me cuidar muito bem! — Ela fala enquanto dá um passo à frente, colando seus seios contra o peitoral de Amir, que apenas engole em seco pelo fato de que a mulher que ocupa sua mente estava quase em cima dele, se não já estava. — Eu sempre fui boa em me cuidar!

Amir apenas a olha com seus olhos a vagarem pelo rosto jovial e belo da Princesa que o olha e depois de um tempo desliza os seus olhos até a boca de Amir, que estava entreaberta.

Lábios rosados e carnudos... Esse foi o pensamento de Xo Bou, que se colocou nas pontas dos pés e deslizou seus lábios carmesins pela face de Amir, que apenas arregala os olhos pela ousadia da Princesa, que sem pensar o beija.

Foi naquele momento em que os lábios daqueles dois jovens se encontraram que Amir sentiu como se seu coração estivesse se desfazendo em chamas ardentes, e sem pensar ele a abraça, a puxando para ele e Xo Bou passa os braços pelo pescoço dele, o puxando para si.

Dois corpos em chama se encontram, seus lábios devoram um ao outro, suas mãos deslizam pelo ombro de Amir enquanto que as mãos de Amir deslizam pela cintura de Xo Bou, que ofega entre os lábios dele.

E naquele momento os dois se esqueceram do mundo.

O mundo ao redor dos dois se tornou apenas uma breve fumaça, enquanto eles só viam um ao outro.

Mas antes mesmo deles puderem se entregar de verdade aos desejos mais sombrios que ocupavam suas almas, eles ouviram um barulho de algo caindo e se afastaram ofegantes e de olhos arregalados.

Sem acreditar no que tinha acabado de ver Bu Bu apenas se agacha e pega o pequeno arranjo de flores que ela tinha acabado de fazer, e depois de se erguer passa a observar o casal que se encontrava parados um na frente do outro.

Os cabelos de Xo Bou estava todos embaraçados enquanto que o cabelo de Amir estava apenas fora do lugar.

— O que aconteceu aqui? — Bu Bu pergunta enquanto caminha em direção ao casal que ainda não conseguiam parar de se olharem.

— Nada! — Xo Bou diz e se vira.

Ela não podia acreditar no que tinha acabado de acontecer. Ela beijou Amir e gostou.... Ela tinha sentindo toda a maciez dos lábios dele e a dureza das palmas das mãos dele contra sua cintura.

— Com licença! — Xo Bou fala enquanto caminha em direção ao seu quarto com passadas rápidas e pesadas.

Assim que ela chegou no seu quarto ela abriu a porta e logo depois que a fechou se encostou contra ela com as mãos nos lábios, sem acreditar que tinha o beijado.

— Então você o beijo? Pelo menos isso já é algum avanço! — Xo Bou ouviu alguém falar, então olha para frente e se depara com a Rainha Xing sentada na sua cama, com seu vestido negro e os cabelos brancos como a neve cobertos por uma capa azul escura.

— Rainha! — Xo Bou fala sem acreditar que ali no seu quarto, numa outra corte estava a inimiga de sua bisavó.

Sim, ali na sua frente estava a Rainha Xing com seu sorriso de Rainha, e tentando entender o que a Rainha estava fazendo ali, ela dá apenas um passo à frente se dando conta de que aquela Rainha era sua inimiga.

— Não se preocupe, não vim te matar, mas lhe dar um aviso! — Xing diz enquanto se ergue da cama e caminha até Xo Bou, que fica parada a olhando com seus olhos dourados.

— Que tipo de aviso? — Xo Bou pergunta enquanto observa a Rainha Xing parar na sua frente.

— Use todos os meios possíveis para conseguir fazer dele Rei, se for necessário durma com ele! — Xing diz com os olhos duros e frios.

Sua aura de Rainha parecia ganhar ainda mais força com aquelas palavras que tinham acabado de deslizar de seus lábios. Sim, Xo Bou sabia que com aquelas palavras Xing estava lhe dando um aviso de que não importavam quais fossem os meios que ela usasse para conseguir fazer de Amir Rei, no final ela teria que conseguir com que ele a faça Rainha.

Suspirando Xo Bou apenas diz: — Não posso simplesmente ir até ele e falar que ele precisa ser Rei!

Xing ao ouvir essas palavras dos lábios da jovem Princesa apenas inclina a cabeça para o lado e lhe dá um sorriso doce, que faz com que Xo Bou arregale os olhos sem conseguir acreditar no que estava vendo. Ali, na frente dela estava a tão temida Rainha Perversa sorrindo com um sorriso doce? Não, isso não podia ser verdade, Xo Bou pensa enquanto tenta entender onde Xing queria chegar.

Ela sabia que Xing não era o tipo de mulher que viria até ali apenas para lhe dar um recado, sabia também que Xing não era o tipo de mulher que você podia confiar com os dois olhos fechados... Porque o poder era mais forte do que tudo naquele momento, e Xo Bou sabia que se ela se unisse a Xing em algum momento ela cairia, e cairia em queda livre sem ter onde se apoiar.

— Mas pode fazer ele a desejar... Faça com que ele a deseje a ponto de ter que lutar pelo trono para ter apenas a sua atenção! — Xing diz enquanto pega uma mecha do cabelo de Xo Bou e desliza-o pela sua orelha, enquanto que Xo Bou apenas engole em seco com medo de que aquelas afiadas unhas deslizassem contra seu pescoço e cravassem sua marca ali.

— Como eu disse, não vim lhe matar pequena Fire! E mesmo se eu quisesse não conseguiria. — Xing diz enquanto Xo Bou a observa.

Os olhos da cor da Lua estavam tristes como se uma tensa e pesada nuvem de tristeza estivesse sobre sua cabeça, como se todo o peso do mundo tivesse caído encima dela.

Era como se a Rainha Xing estivesse tentada a dar um passo em direção a um precipício, mas que no fim ela não poderia dá esse passo, ela sabia que mesmo se quisesse chegar no precipício isso lhe era proibido.

Suspirado ela se vira para Xo Bou que ainda se encontrava com as costas contra a porta, como se a porta tivesse se fundido com ela.

— Porque você está me ajudando? — Xo Bou pergunta em um sussurro que lhe escapa dos lábios enquanto que Xing se inclina para frente.

— Por causa da sua avó! — Xing diz em um sussurro enquanto levanta o corpo e se vira para ver a lua que se encontrava alta no céu negro como um manto que cobre um foragido.

— Minha avó? Porque ela? — Xo Bou pergunta sem conseguir ver verdades nas palavras de Xing, assim que se dá conta de que Xing estava ali, por um motivo oculto que ela com certeza não lhe revelariam, suspira e vai até a cama e se senta.

— Não vai perguntar o porquê do fato de eu só a estar ajudando por causa da sua avó? — Xing pergunta ainda de consta para Xo Bou, que observa a silhueta iluminada pela luz lunar.

— Você me contaria se eu perguntasse? — Xo Bou pergunta enquanto que em sua mente ela sabe a resposta.

Ela sabia que Xing nunca lhe contaria a verdade, apenas lhe daria enigmas para desvendar como se ela fosse uma criança curiosa pela vida, suspirando Xo Bou apenas abaixa a cabeça.

— Os pecados de seus antepassados estão nas suas costas, essa é a carga que você carregara! — Xing sussurra para Xo Bou, que ergue a cabeça e olha para a Rainha Xing, que no momento ela se vira para ela com um sorriso triste e torturado na face bela de uma mulher que conhecera a vida antes mesmo de ter desabrochado.

— Como assim? — Xo Bou pergunta enquanto dá um passo à frente.

— Lembre-se sempre, jovem Princesa, não é só seu sangue que será derramado se você não cumprir seu destino, mas sim de muitos outros que carregam em suas costas os pecados de outra pessoa! — Xing diz enquanto se desfaz em pequenas partículas de gelo, que eram refletidas como pequenos cristais na parede do quarto deixando para trás uma jovem Princesa que nada sabia de seu futuro, apenas que se ela não fosse esperta algo muito ruim ia acontecer.

Era uma noite estrelada com a aurora boreal a deslizar pelo céu como pinceladas precisas de um excelente pintor que queria terminar sua mais bela obra que naquele momento, estava sendo apreciada por uma jovem Rainha de cabelos negros que usava um vestido vermelho enquanto estava sentada numa cadeira na varanda de seu quarto no castelo do Reino de Asūla .

Mira apenas olhava para o céu sem ver nada, pensando em como estaria seus filhos numa corte onde eles seriam considerados inimigos, como eles estariam? Como estaria Xo Bou? Será que ela conseguiu cumprir sua missão? E Lótus, será que se metera em confusão? E seu amado pequeno cavaleiro... Como ele estaria voltado para o Reino Mortal depois de trezes anos?

Suspirando Mira pega a pequena xícara de porcelana decorada com pequenas pétalas de sakuras e leva aos lábios, saboreando uma pequena alegria de uma jovem mulher que não tinha nada para fazer a não ser agir como uma Rainha boba na frente dos outros... Ela apenas dá um riso por saber que todos sabiam que de boba ela não tinha nada, ela conseguia fazer um homem temê-la apenas com um olhar, conseguia fazer um exército ir à guerra apenas com sua presença e conseguia impedir uma guerra ao lado do marido quando era necessário.

— Porque está rindo, Mira? — Ela ouve alguém lhe perguntar atrás de si e apenas dá um sorriso enquanto leva a xícara aos lábios para poder saborear o sabor do chá antes de dar a resposta.

— Apenas me lembrando de como os homens me temem! — Mira diz enquanto coloca a xícara em cima da pequena mesa de cristal que se encontrava na sua frente, e se vira para ver a pessoa que está atrás dela e com um sorriso fala: Não é Yin Chang, os homens me temem por eu ser uma mulher e ser capaz de estar ao seu lado no salão do trono sem abaixar a cabeça!

Yin Chang a observa, vê quando ela se inclina na cadeira deixando seus braços descansando em cima da parte de cima da cadeira enquanto que ela coloca seu queixo em cima dos braços dobrados e lhe sorri...

O sorriso que Yin Chang mais amava nesse mundo, mas ele sabia que Mira estava escondendo algo, assim como sabia que ele mesmo escondia coisas que nem ele próprio sabia.

— Sim, minha Rainha... Os homens a temem porque você não precisa de um Rei para governar, e por eu também lhe dar a liberdade de fazer as escolhas que sempre são sábias para o bem do nosso povo!

— Espero que Xo Bou também seja sábia nas escolhas que ela fizer no Reino Mortal! — Mira fala se virando para a mesa de cristal, enquanto que Yin Chang puxa uma cadeira que estava ao lado de Mira e se senta.

— Ela saberá o que fazer... Ela é forte como a mãe e sábia como o pai! — Yin Chang diz enquanto sorri para Mira...

O sorriso que só Mira conhece.

Era aquele tipo de sorriso que você só mostra para a pessoa amada, e Yin Chang só mostrava para Mira porque ela era o seu bem mais precioso, sua joia rara que ele não queria que lhe fosse roubada outra vez.

— Espero que seja verdade, Yin Chang! — Mira diz enquanto se ergue da cadeira fazendo com que Yin Chang fique confuso, e a olhe com os olhos de alguém que buscava respostas no fim do oceano, mas ela o surpreende se sentando em seu colo e passando ambos os braços por seu pescoço.

— O que aconteceu, Mira? — Yin Chang pergunta quando vê ela apenas esconder o rosto entre seus braços e mantém seu rosto escondido.

— Estou com medo do futuro! — Mira fala ainda com sua face escondida entre os braços de Yin Chang, que sente pequenas e quentes lágrimas caírem da face de sua mulher e deixarem úmida a sua camisa.

— Querida, você está me assustando! — Yin Chang diz enquanto a afasta e passa a observar sua face molhada pelas lágrimas, deixando com que seus olhos da cor do fogo se tornassem mais luminosos como uma pequena chama entre as sombras.

E sem pensar Yin Chang se inclina e tocando sua face com as mãos que deslizam até seus ombros, e com os lábios frios beija a face de sua mulher, limpando as lágrimas que deslizam pela mesma.

— Yin Chang, estou com medo do que tem para vir... A Xo Bou ainda é tão nova e já tem um destino tão trágico! — Mira fala entre um suspiro e outro enquanto sente os lábios frios de seu marido lhe tocar a face.

— Mas ela saberá contornar o destino... Você é um exemplo disso! — Yin Chang diz enquanto se afasta e toca a face de Mira que inclina sua cabeça na direção da mão, e deposita um pequeno e doce beijo na palma da mão dele.

— Posso ser um exemplo de como o destino pode ser mudado, mas não se esqueça de eu sofri... Perdi você... Depois o recuperei e perdi Dulal, porque eu só poderia ter um de vocês dois!

Yin Chang apenas a olha com os olhos de alguém que fora torturado milhares de vezes somente para que fosse revivido para ser torturado outra vez. Ele sabia que Mira sempre se culparia pelo fato de que Dulal se sacrificara por ela apenas para que no final o destino dela fosse mudado... Mas Yin Chang também sabia que ele não era para ser o destino de Mira, nenhum dos dois era para ter nascido.

— Meu amor, Dulal fez a escolha dele... Ele quis que você vivesse! — Yin Chang diz enquanto a puxa para um abraço, que conforta os corações daqueles dois seres que se sentem culpados por uma morte que já estava prevista.

— Mesmo assim sinto como se o destino estivesse gozando de nossa cara... Parece que ele gosta de brincar com as pessoas!

— O destino não seria tolo o bastante para brincar com Xo Bou!

— Yin Chang, as visões voltaram... Eu vejo sangue na neve e um renascimento... Mas eu não sei qual é o começo e qual é o fim!

Mira volta a ter as visões que tinha quando estava grávida de Xo Bou.

A neve a cair como pequenos cristais de gelo e logo depois um choro de criança e mais nada, apenas a neve manchada de sangue... O sangue de alguém.

Ela sentia como se lá no fundo ela soubesse de quem era aquele sangue, mas ela não queria saber de quem era o sangue mesmo que soubesse.

— Espero que Xo Bou saiba como agir, porque o que está por vir será a nossa ruína ou a nossa vitória! — Mira diz enquanto abraça Yin Chang, que lhe abraça de volta com força.

Ele sabe do Mira diz e para distraí-la a puxa para si e lhe beija.

Um beijo regado a desejo, amor e luxúria... Um beijo de dois amantes que ficaram tantos anos sem se tocarem, que quando se tocam tudo se torna líquido e fogo e sem pensar Mira aceita o beijo com fome.

Os dois não ligariam se alguém entrasse naquele momento porque eles estavam perdidos um no outro, suas mãos puxavam os tecidos que impediam que se tocassem, suas bocas famintas se devoravam, suas mãos deslizam pela pele que eles conseguem tocar, e Yin Chang com fúria e desejo apenas a senta em cima da mesinha enquanto que Mira deixa seus braços ao redor de Yin Chang e o devora com seus lábios carmesim.

E sem pensar Yin Chang ergue seu vestido e tudo ao redor dos dois some, deixando somente seus corpos e suas bocas se devorando enquanto que tudo some, o suor escorre pelos corpos dos dois apaixonados que tentam fugir do que está por vir.

E com um gemido de êxtase Mira o beija, enquanto que em sua mente ela sabe que Yin Chang seria capaz de tudo por ela e com uma felicidade lhe tomando o beija mais ardente para recomeçar tudo de novo.

Destino é para tolos, era nisso que Cixi acreditava e era nisso que aquela jovem mulher que tinha se martirizado na sua frente também pensava.

Destino.... Apenas uma palavra sem grande significado para os fortes, e com grande significado para os fracos que não eram capazes de trilhar seus próprios caminhos.

— Estava me esperando, Cixi? — Xing diz enquanto se virava para ver Cixi sentada num trono, enquanto que do seu lado se encontrava uma jovem de cabelos Cor-de-rosa que lhe olhava com os olhos tão afiados que lhe pareciam pequenas e mortais adagas.

— Sim! — Cixi diz enquanto se levanta do trono e alisa seu vestido dourado.

Xing apenas a observa com os olhos da cor da Lua com desconfiança de alguém que já fora apunhalado pelas costas, mas então ela se lembra de quem estava na sua frente e com os mesmos olhos que antes a olhavam com desconfiança, agora olhavam para Cixi com desprezo e superioridade de alguém que estivera no fundo do poço e conseguira subir sozinho e sem ajuda.

— Ora essa, Xing não me olhe assim, sabemos o porquê eu estava lhe esperando! — Cixi diz enquanto caminha até Xing, que ainda estava parada no meio do grande salão com seus olhos a desafiando.

— Então fale logo o que você quer, porque eu não tenho tempo para perder com brigas tolas! — Xing diz, mas por dentro sabe que não é verdade, ela sabe que ela teria muito tempo para travar sua batalha com Cixi, ela só não sabia onde ela ocorreria...

Se seria num campo de batalha ou num salão de tronos, ou quem sabe numa forca.

— Fique longe da Xo Bou, você sabe que não importa o quanto você tente, você sempre cairá, essa é a sua cruz! — Cixi diz parando em frente a Xing, que apenas a olha e dá um sorriso de lado.

Fazendo com que Cixi fique com raiva.

— Não se preocupe, eu não cairei! Nós duas sabemos que não importa o quanto tentemos, sempre encontraremos um meio de nos encontrar para travar a nossa própria batalha!

— Tola, essa batalha eu já a ganhei a muito tempo...

— Claro, com sangue inocente! — Xing diz enquanto com um sorriso apenas olha para Cixi, que sente seu corpo congelar.

— Nunca mais diga isso, sua pequena meretriz! — Cixi diz logo depois de desferir um tapa na cara de Xing, que apenas mantém a cabeça inclinada para o lado a cobrindo com seus longos cabelos brancos.

— Apenas aceite a verdade, Cixi! Nós duas temos sangue inocente nas mãos e não importa o quanto tentamos, sempre derramaremos sangue inocente... Essa é a nossa Coroa de Espinhos! — Xing diz com o rosto coberto pelos cabelos brancos para uma Rainha que atravessava as pesadas portas do Grande Salão de Trono, deixando para trás uma jovem de cabelos cor-de-rosa e uma Imperatriz.

Alina apenas ficara num canto assistindo a tudo calada.

Essa era a sua missão, apenas assistir a tudo calada porque ela não poderia interferir nas escolhas daquelas duas mulheres, que de tanta ganância e luxúria não conseguiam ver que aquela Coroa de Espinhos que ambas carregavam agora se encontravam nas cabeças de outras pessoas, não só delas.

Xo Bou não conseguia se aquietar.

Sem conseguir dormir, Xo Bou ergue o lençol e sai da cama enquanto pega um vestido branco, que se encontrava ao lado da cama.

Ela já tinha rolado na cama por várias vezes, mas sempre lhe voltava a mente as palavras de Xing. Ela não sabia o que aquilo queria dizer, mas sabia que tinha a ver com ela e todos os outros. O que aquelas palavras poderiam significar?

Os pecados de seus antepassados estão nas suas costas, essa é a carga que você carregara!

Essa frase ficava se repetindo em sua cabeça como um mantra que lhe fora ensinado e ela nunca esquecera, mas aquelas palavras lhe causam um certo arrepio que lhe gelava a alma e lhe deixava aflita, como se esperasse pelo futuro com certo receio.

Ela sabia que a única que poderia lhe ajudar naquela hora era sua avó, que se encontrava no lago apenas esperando o destino como uma boa amiga espera seu amigo que não vê a muito tempo. E sem pensar Xo Bo apenas abre uma fenda no tempo e se coloca embaixo a fazendo ser puxada para onde ela deseja ir.

Assim que coloca os pés no jardim que seu avô Volkan fizera para sua avó, ela se sente como se estivesse em casa, ali era uma parte dela... Já que ela fora gerada naquele jardim, debaixo das pétalas da Xuè, que permitiu que seus pais tivessem um momento antes que o destino os separasse.

— A estava esperando, Xo Bou! — Ela ouve uma voz doce e cristalina lhe falar, e se vira para ver sua avó flutuando em cima das águas azuis do pequeno lago que se encontrava no centro do jardim.

Yuri, assim que viu sua neta chegar através de uma fenda no tempo apenas sorri porque sabia que em algum momento ela a procuraria atrás de respostas, as quais nem Yuri teria, mas mesmo assim ela ficara feliz por saber que poderia ver sua neta depois de tanto tempo.

— Vó? — Xo Bou apenas sussurra sem acredita no que vê.

Na sua frente se encontrava uma mulher com um longo vestido azul, e com os cabelos negros a flutuarem no ar como se fossem apenas pequenos pássaros negros a brincarem ao redor dela.

— Como você cresceu, minha pequena Fire! — Yuri diz enquanto flutua pelas águas cristalinas do lago até Xo Bou e lhe toca a face com carinho.

Yuri lhe dá um sorriso doce e encantador, fazendo com que Xo Bou apenas a observasse, seus longos cabelos negros e sua doçura lhe lembrava sua mãe, mas os olhos violetas lhe lembravam sua pequena e travessa irmã.

— O que veio fazer aqui, Xo Bou?— Yuri pergunta enquanto se afasta de sua neta, que apenas a olha.

Xo Bou olha para sua avó sem conseguir dizer uma só palavra... Mas como ela diria que sua mãe estava travando uma batalha silenciosa com uma rainha que fora capaz de matar seus próprios filhos?

Mas Yuri parecia saber o que sua neta tinha ido fazer naquele pequeno e intocável jardim.

— Presumo que você veio aqui porque está confusa com as duas Rainhas! —Yuri diz com um doce e caloroso sorriso para sua neta, enquanto a mesma arregala os olhos. — Não se preocupe, minha pequena Fire, eu sei de tudo o que está acontecendo longe desse jardim!

Yuri diz enquanto flutua até o meio do lago e começa a deslizar de um lado para o outro, como se estivesse a dançar.

— Mas, vovó, como a senhora sabe? — Xo Bou pergunta enquanto observa sua avó dançar pela água que parecia lhe esperar.

— Sei de tudo que preciso saber para poder te ajudar! — Yuri diz quando para de dançar e flutua até sua neta, que se encontrava na beira do lago lhe aguardado.

Xo Bou queria respostas para as perguntas que ela mesma não conseguia responder, para ela essas respostas eram importantes a ponto dela passar a noite em claro num jardim com sua avó fantasma, que apenas estava naquele lago porque seu bisavo ficara com pena da própria filha que se desfezera em pequenas pétalas.

— Xo Bou, as respostas que você está procurando não sou eu a lhe dar, mas sim você mesma!

— Não estou entendendo!

— Minha querida, a coisas que posso lhe fazer e outras que apenas posso observar com dor no meu coração — Yuri diz enquanto olha para o lago com os olhos violetas cheio de dor: — Xo Bou, a anos eu mudei o destino de todos e fiz minha escolha, assim como sua mãe fez o sacrifício e a escolha dela.

— Ela escolhe meu pai ao invés de morrer! — Xo Bou sussurra para si mesma, mas sua avó ouve e apenas lhe dá um sorriso triste.

— Não, ela não escolheu seu pai... Seu pai foi uma brincadeira do destino que parecia ter se sentido mau por um casal que se procura a milênios! — Yuri diz enquanto toca a face de Xo Bou com sua mão e lhe diz: — Ela escolheu que você vivesse em vez de te sacrificar!

Xo Bou arregala os olhos sem conseguir acreditar nas palavras ditas por sua avó, que lhe dá um sorriso triste enquanto Xo Bou se encontra perdida em pensamentos... Como assim? Sua mãe ia sacrificá-la?

— Não pense muito, minha pequena, que as respostas para essa pergunta não lhe serão digna, apenas posso lhe dizer que as escolhas de sua mãe são dela e não sua, agora a partir daqui as escolhas que você fizer vão mudar toda uma história já escrita! — Yuri diz com os olhos sombrios e os lábios sem sorrisos, apenas a face de alguém que já viu muito e não poderia fazer nada para mudar.

— Como assim? — Xo Bou pergunta.

— Minha pequena, sua bisavó é esperta. — Yuri diz enquanto solta uma pequena e cristalina risada. — Ela é tão esperta que está a ponto de sacrificar a bisneta para conseguir poder, e eu tenho certeza que você sabe disso, não é, Xo Bou?

Xo Bou a olha enquanto Yuri lhe sorri.

Sim, Xo Bou sabia o tempo todo ela estava sendo usada para conseguir poder, que mesmo que ela consiga fazer de Amir um Rei, ela não poderia mudar o seu próprio destino e nem mesmo poder voltar para os braços do único homem que ela já amou na vida... Não, ela não voltaria para os braços daquele homem que a traíra, mas sim, ia em busca de sua própria história que estaria sendo escrita, mas ela não poderia fazer nada disso... Porque no fim Xo Bou tinha que morrer.

Esse era o destino dela, morrer e salvar inúmeras vidas.

Que destino tolo era aquele que ela tinha? O que ela poderia fazer para mudá-lo sem prejudicar a todos? Sem ferir... Amir?

Ao pensar em Amir ela acabou percebendo que seu coração batia rápido como pequenas assas de um beija-flor, que naquele momento estava a deslizar pelo ar ao redor de Yuri, que apenas ria.

— Xou, há quanto tempo, minha pequena fada das neves! — Yuri diz quando Xou se transforma num pequeno lobo das neves e começa a brincar na neve.

Xo Bou parecia não perceber nada ao seu redor, apenas pensava em como o seu destino era tolo... Morrer por pessoas que ela nem se quer conhecia? Não, espera, tinha seus pais e irmãos, então não seria tão tolo assim morrer por eles, mas no fim ela morreria.

Morrer, que trágico destino, Xo Bou pensa enquanto dá uma pequena risada amarga pelo fato de que o destino era um contador de piadas negras.

— Porque está rindo, minha neta? Há algo engraçado? — Yuri pergunta para Xo Bou, que apenas a olha e dá outra risada.

— Estou rindo pelo fato de como o meu destino é trágico!

— Ora essa, minha pequena, a formas de mudar o seu destino. — Yuri diz com um sorriso sombrio e os olhos violetas a ocultarem segredos dela.

Xo Bou quando repara nos olhos violetas de sua avó apenas engole em seco.

— Quer saber como mudar seu destino? — Yuri pergunta enquanto pega uma mecha de seus cabelos negros e começa a enrolar ao redor do dedo como se fosse uma criança sapeca pronta para aprontar.

— A senhora me diria como o mudar? — Xo Bou pergunta enquanto pensa se a sua avó sabe de algo que nem mesmo ela tinha certeza se era real.

— Ora essa, minha pequena, se for para te salvar eu lhe diria... Eu não sou minha mãe que sacrificaria sua própria prole e seus descendentes!

Xo Bou a olha e quando vê que sua avó lhe estende a mão fechada em punho, apenas ergue a mão e deixa com que sua avó deixe com que uma pequena pérola vermelha deslize até a sua mão.

— O que é isso? — Xo Bou pergunta enquanto ergue a pequena pérola até o rosto e passa a observá-la.

Era tão pequena que passaria despercebida, mas não era uma pérola normal... Ela era vermelha e quente, como se sugasse um pouco do calor natural de Xo Bou.

— Apenas um presente para que você possa realizar um pedido para Xuè! — Yuri diz olhando para a sua neta, que se encontrava contemplando a pérola vermelha que se encontrava na sua mão, com uma curiosidade de criança que nunca vira uma pequena pérola vermelha.

— Presente? — Xo Bou pergunta enquanto olha para a pequena pérola vermelha nas mãos.

Tão leve e tão mortal.

— Sim, mas saiba que ao fazer o pedido você estará fazendo um sacrifício em troca do mesmo! — Yuri diz para Xo Bou, que apenas recolhe a pérola entre os tecidos de seu vestido a mantendo escondida.

— Ok!

— Mas se lembre... Xuè sempre exigirá um sacrifício em troca de seu pedido, por isso só use em último caso, nunca num momento de insegurança ou raiva.

Xo Bou apenas confirma com a cabeça e depois sai daquele jardim deixando para trás sua avó, que apenas acena para ela com um sorriso doce, que assim que sua neta desaparece pela fenda do tempo vai desaparecendo deixando apenas um rastro em seu belo rosto.

Sim, Yuri sabia que não deveria fazer aquilo, mas ela não tinha escolha.

Se ela quisesse que tudo desse certo ela teria que sacrificar algo que era importante para Xo Bou...

— Acha que foi certo usar sua neta para impedir uma guerra? — Ela ouve uma voz masculina dizer ao seu lado.

Suspirando Yuri sorri enquanto olha para o nada.

— Não, mas eu não tive escolha. Xo Bou pode ser a única que conseguirá quebrar essa maldição. — Yuri diz se virando para a pessoa que estava do seu lado e com um sorriso tenta camuflar os seus medos, de que aquela escolha tenha sido tola o bastante para sacrificar algo importante para sua neta.

— E se não for ela a quebrar a maldição? — O homem pergunta enquanto chuta uma pequena pedrinha que se encontrava na sua frente.

— Então Xo Bou fará o sacrifício à toa! — Yuri diz com os olhos sombrios.

— Tola, você sabe que ela não tem poder o suficiente para impedir aquelas duas!

— Eu sei, papai... Mas talvez ela possa pelo menos aliviar o fardo de todos nós! — Yuri diz depois de dar um pequeno suspiro pelo fato de que seu pai estava certo.

Xo Bou não tinha poder o suficiente para vencer aquelas duas, mas Yuri tinha que tentar, algo em Xo Bou fazia com que ela tivesse as esperanças renovadas, e rezando para que tudo desse certo ela vira seu pai com seus longos cabelos brancos lhe sorrir enquanto caminhava para longe do lago.

— Para onde o senhor vai, meu pai? — Yuri pergunta enquanto observa seu pai sumindo pela nevoa que cobria o jardim.

— Rever minha amada! — Seu pai diz enquanto Yuri apenas suspira e pensa se seu pai era um tolo por amar aquela que tomara o seu trono e seu reino.

— Ela pode ter o trono e o reino, mas eu tenho a Coroa de Espinhos... Então qual deles vale mais?

Sim, o que valia mais naquele momento? Será que a ganância valia mais do que o sangue? A luxúria valia mais do que a vida de uma pessoa? O que valia mais para eles? Qual era o valor de uma vida em meio a Ganância, a luxúria e o poder?

Enquanto pensava nisso Yuri apenas suspira e se vira para a árvore Xuè.

— É só nos dois outra vez, Xuè! — Yuri diz enquanto um vento leve lhe toca a face a fazendo sorrir: — Mas quando será que poderemos descansar?

A pergunta era uma que não tinha resposta e Yuri sabia disso... Porque o descanso não era para ela e nem para nenhum dos seus descendentes enquanto houvesse o sangue inocente na neve... E Yuri esperava sinceramente que ninguém nunca soubesse sobre esse sangue que manchava a neve na Montanha da Redenção.