Lótus corria entre as pessoas com os olhos sempre voltados para frente, ela tinha que chegar até a barraca onde ela viu o arranjo e descobrir o que aquele bilhete queria dizer, seus pés se moviam numa velocidade que sua mãe sempre lhe dizia para não fazer na frente dos humanos, mas Lótus não podia perder tempo.
Ela sabia que uma vida estava em jogo por isso ela acelerou o passo até que virou numa esquina que dava para ver a pequena barraca de arranjos, onde um velho homem estava sentado num banquinho de madeira, seus braços estavam caídos ao lado do corpo e em sua face enrugada pelo tempo estava um sorriso para a pequena Princesa, que se encontrava na frente dele com as faces coradas e ofegante.
— Quer um copo d´agua, Princesa? — O velho senhor diz enquanto se levanta do banquinho.
— Não, eu tô aqui por causa disso! — Lótus fala entre cada respirada que seu pulmão consegue, seus olhos se apertam como pequenas fendas e sua boca se encontrava seca enquanto ela erguia o pequeno papel para o senhor idoso.
— Oh, vejo que ele a encontrou! — O velho senhor diz com um sorriso nos lábios enquanto lê o pequeno papel, e depois com as mãos fechadas como uma concha deixa com que o pequeno bilhete se perca entre as chamas que suas mãos produzem. — Oh, sinto muito não ter me apresentado... Meu nome é Iraj e fui comandante de seu avô!
— Iraj? Comandante? — Lótus pergunta com a voz quase rouca, mas sua curiosidade é tamanha que ela sente como se seu corpo fosse levando pela maré da curiosidade.
— Sim, há muito tempo, na época do Ouro, quando os Reinos ainda tinham um pouco de paz! — O velho senhor diz olhando para o céu com as mãos nas costas. — Mas naquela época conheci minha doce esposa mortal!
— Ok, podemos conversar depois!
— Ah, é verdade! — O velho senhor diz enquanto se virava e puxava um pequeno embrulho de seda dourada e estendia para Lótus, que apenas ficou olhando o pequeno embrulho desconfiada. — Pegue, pequena Princesa!
Lótus então pega das mãos do velho senhor o embrulho e o abre, ao ver o que tinha no meio de toda aquela seda dourada seus olhos se arregalam, e ela olha para Iraj sem conseguir acreditar no que estava na sua frente...
O que ela tinha em mãos era a coroa da Rainha, ela era toda de ouro, feita com pequenos ramos de ouro entrelaçados entre si e no centro se podia ver uma pequena pedra azul reluzente.
— O que o senhor... — Lótus não consegue terminar porque a mesma se encontrava engasgada pelo fato de sua saliva ter se tornando mais líquida do que antes, enquanto a mesma engasgava, Iraj apenas ria.
— A Rainha me pediu para trocar a pedra Imperial por uma pedra falsa, ela tinha feito o pedido há quase três semanas, mas me parece que ela se esqueceu disso! — Iraj diz enquanto pega entre os arranjos de cabelo um pequeno pente feito de ouro e pequenos galhos dourados. — Esse é para você, pequena Princesa!
Lótus então pega o pequeno pente das mãos de Iraj.
— Acho que é melhor você ir, a Rainha já vai dar início ao Festival! — Iraj diz enquanto puxa o banquinho e se senta enquanto que Lótus se vira e se põe a correr outra vez.
Lótus enquanto corria leva o pequeno embrulho de seda dourada ao peito como se o calor de seu peito o protegesse, porque ela sabia que aquele pequeno embrulho tinha a salvação da jovem que estava sendo acusada de ter roubado a coroa da Rainha.
Xo Bou estava nervosa.
Seu corpo estava tenso, como se a qualquer momento ela fosse precisar lutar, suas mãos suavam fazendo com que ela tivesse que esfregar inúmeras vezes as palmas das mãos contra o tecido branco, ela esperava que tudo desse certo.
— Não precisa ficar tão preocupada assim, Xo Bou! — Uma voz masculina diz e ao se virar Xo Bou dá de cara com Li Yi Feng, que estava do seu lado parado com os braços atrás do corpo, com as pernas abertas, na postura de um soldado.
— O que você está fazendo aqui? — Xo Bou sussurra para Li Yi Feng, que apenas sorri para ela.
Li Yi Feng descruza os braços que se encontravam atrás das costas e os coloca na frente.
— Tenho ordens de cima para lhe proteger! — Li Yi Feng diz enquanto Xo Bou, que estava do seu lado caminha em direção a um trono de madeira entalhada e se senta nele.
— Eu não pedi para você vir aqui! — Xo Bou diz se virando para Li Yi Feng, que estava do lado do seu trono parado com a mão esquerda na espada pronto para qualquer ameaça.
— Sua mãe me mandou, ela parecia preocupada quando me chamou! — Li Yi Feng diz enquanto se lembrava da Rainha Mira andando de um lado para o outro dentro do quarto, seus cabelos negros dançavam ao seu redor enquanto Yasmine, que estava ali com eles apenas olhava para o nada.
— Mesmo assim não precisava vir! — Xo Bou diz enquanto sentia seu corpo tenso naquele momento, ela sabia que assim que Amir surgisse ela se esqueceria de Li Yi Feng e de todo o resto.
— Mas é meu dever! — Li Yi Feng diz enquanto observa ao redor.
Seus olhos vermelhos deslizavam entre os mortais que estavam ali perto deles.
Aqueles mortais pareciam ter medo dos olhos vermelhos de Li Yi Feng, e isso o divertia como nunca, ele sabia que os mortais tinham medo dos Imortais devido a Grande Guerra que ocorreu há anos atrás, mas ele também sabia que aqueles mortais temiam era na verdade a mulher de longos cabelos negros que estava do seu lado.
Eles a temiam e ao mesmo tempo a respeitavam mais do que a própria Rainha, fazendo com que a Rainha sentisse um ódio sem tamanho pela jovem Princesa que parecia aleia ao todo aquele ódio que a Rainha estava destinando a ela.
— Seu dever é com meus pais e não comigo, não preciso ser protegida! — Xo Bou diz enquanto aperta as mãos em punhos bem fechados e passa a observar o pequeno palanque que se encontrava no centro daquela arena.
— Mas... — Li Yi Feng diz, mas sua voz se perde quando Amir surge numa armadura negra reluzente fazendo com que o povo gritasse.
Sim, Xo Bou sabia que Amir é odiado pelo povo devido ao fato dele ter renegado a seu direito ao torno para ser um simples general, mas ela também sabia que o povo o adorava porque ele estava ali, lutando por eles... Mas ela também sabia que naquele momento seu coração deu um pulo, assim como o seu corpo que se colocou em pé sem pensar enquanto via Amir parado na frente da Rainha.
— Não se envolva! — Xo Bou ouve uma voz feminina lhe dizer, seu braço é segurado por uma mão delicada e com unhas grandes a fazendo virar o rosto e dar de cara com Bu Bu.
— O que você está fazendo? — Xo Bou sussurra enquanto tenta puxar seu braço delicadamente da mão de Bu Bu.
— Estou evitando que você estrague o plano por causa desse jovem e infantil sentimento entre vocês! — Bu Bu diz enquanto segura fortemente o braço de Xo Bou, que apenas olha para Amir que se encontrava de joelhos aos pés da Rainha.
— Não fale o que não sabe! — Xo Bou rosna para Bu Bu, que lhe dá um sorriso de escárnio.
— Eu sei que quando esse dia acabar vocês dois estarão na cama como ontem! — Bu Bu diz fazendo com que Li Yi Feng se vire para as duas com os olhos arregalados, sem conseguir acreditar nas palavras da jovem Princesa.
Amir estava preste a cometer seu maior sacrifício...
Ele estava a ponto de se curvar a Rainha, que ocupara o trono de seu pai e que em sua cabeça se encontrava a tiara fina e delicada de sua mãe em vez da sua típica coroa.
— O que você quer Amir? — A Rainha diz enquanto vê na sua frente o jovem Príncipe parado sendo recebido por gritos do povo.
— Peço misericórdia pela jovem que vai ser enforcada hoje! — Amir diz enquanto se curva na frente da Rainha, que naquele momento se encontrava com os olhos arregalados sem conseguir acreditar nas palavras de seu enteado.
— O que? — A Rainha pergunta enquanto se levanta, fazendo com que a calda do seu vestido deslize pelo trono até o chão.
— A senhora por acaso está surda? — Amir pergunta com a cabeça abaixada, mas com um sorriso de escárnio.
— Amir... — A Rainha rosna enquanto dá um giro, fazendo com que a calda do seu vestido bata no rosto de Amir, que morde a própria língua para não dizer palavras que não teriam volta.
— Desculpe-me, Rainha! — Amir diz erguendo a cabeça e assim a Rainha podia ver os olhos negros e brilhantes de Amir, que naquele momento estava se erguendo na sua forma mais bela e perigosa que a Rainha já tinha visto. — Peço que não mate a jovem!
— Ela roubou a coroa do palácio! — A Rainha grita fazendo com que sua voz ecoe pelo ambiente.
— Por acaso há provas de que ela roubou? — Amir pergunta enquanto olha para a Rainha.
Ele precisava de tempo para que Lótus chegasse com alguma notícia ou prova que provasse a inocência da jovem que estava sendo mantida presa numa masmorra há poucos metros dali.
— Não preciso de provas! — A rainha diz enquanto Amir a olhava sem acreditar naquelas palavras.
— Você precisa de provas para acusar alguém, não é porque você é uma Rainha que pode mandar matar alguém sem provas! — Amir diz com raiva, ele sabia que as palavras que ele estava dizendo eram verdadeiras e que estavam entaladas na garganta dele há 13 anos.
— Olha como fala comigo, seu insolente! — A Rainha diz com raiva enquanto atira o corpo contra o trono e sorri para Amir, que apenas engole em seco por causa daquele sorriso.
— Talvez eu tenha me enganando, mas não tenho muita certeza! — A Rainha diz com os olhos negros perdidos enquanto Amir apenas a olhava, ele sabia o que aquelas palavras queriam dizer.
— O que você quer? — Amir pergunta logo depois de um longo suspiro.
— Case-se com Cetrus! — A Rainha diz com um sorriso perverso nos lábios enquanto Amir fica parado a olhando com os olhos negros perdidos.
Ele sabia que no momento em que aceitasse se casar com Cetrus, Xo Bou seria apenas uma lembrança de um período onde ele foi apenas um jovem tolo e apaixonado.
— Se quiser salvar essa jovem que vai ser enforcada case-se com Cetrus e de quebra expulse Xo Bou da Corte! — A Rainha diz enquanto olhava para Xo Bou, que estava não muito longe dali.
Mira estava com um sorriso na face enquanto Yasmine estava nervosa pelo que estava por vir, com os olhos vagando entre os homens que estavam parados no grande salão olhando para as duas mulheres que tinham acabado de entrar por aquelas portas grandes e pesadas.
— O que vocês estão fazendo aqui? — Cixi pergunta enquanto se ergue do seu trono, seu vestido dourado desliza pelo trono até que cai no chão.
Mira, que até aquele momento se encontrava com um sorriso nos lábios apenas olha para a sua avó com os olhos raivosos e penetrantes, fazendo com que Cixi dê um passo a traz pelo fato de que os olhos de Mira não estavam mais vermelhos, e sim quase da cor do sangue mais puro que já existiu, estava um vermelho vivo.
— O que você fez? — Cixi pergunta assustada para Mira que apenas lhe dá um sorriso de lado, sua cabeça se inclina para o lado e em seu rosto ela coloca a face de uma mulher dócil e inocente.
— Não estou entendendo o que a senhora está dizendo, vovó! — Mira diz com sarcasmo, sua avó apenas a olha com os olhos arregalados e tentando entender o que estava acontecendo.
Ali na sua frente não estava sua neta, os olhos e a postura lhe deixavam ver que quem estava ali não era a Mira, mas sim, a Rainha...
— O que você quer? — Cixi diz enquanto desse os pequenos degraus do seu trono e caminha até Mira, que lhe dá uma risada.
Yin Chang, que até um momento atrás estava quieto pelo fato de que estava deslumbrado por sua mulher rapidamente saíra do transe, assim que ouviu a risada de sua esposa... Que no caso não era dela, era uma risada mais alta uma oitava e parecia fazer eco pela sala.
— Você sabe o que eu quero, vovó! — Mira diz com um sorriso nos lábios enquanto Yasmine, que estava do seu lado apenas engole em seco.
Cixi apenas a olha, seus olhos violetas estavam sendo ocultados pelo medo daquela mulher que estava na sua frente com um sorriso nos lábios e os olhos da cor do sangue. Ela então engole em seco e sorri para a sua neta, que apenas a olha com as sobrancelhas franzidas.
— Eu não sei o que você quer, Mira! — Cixi diz enquanto observa pelo canto do olho Yin Chang se erguer do seu trono de gelo e dar um passo à frente, mas sendo impedido por Volkan, que apenas balança a cabeça para lhe dizer que não dê mais nenhum.
— Ora essa, não se faça de tola, Cixi! — Mira diz com os olhos da cor do sangue furiosos e as mãos ao lado do corpo, fechadas em punhos bem apertados.
Xing, que até aquele momento estava quieta apenas olhando a tudo com os seus olhos da cor da lua, e sem interesse apenas dá um risada quando vê Cixi sem palavras, naquele momento apenas olhando Mira, que dava um sorriso de canto, ela então se levanta do seu trono e caminha até Cixi e Mira, que se encontravam olhando para ela, que tinha um sorriso nos lábios.
Ela se sentia como uma mulher capaz de tudo naquele momento porque ela sabia que bem ali na sua frente havia uma mulher capaz de machucar e ferir Cixi com suas palavras cortantes, e por isso, assim que Xing se coloca na frente das duas, ela se encontrava com um sorriso satisfeito.
— Podemos saber o que você tem para dizer, Mira? — Xing diz com a voz séria e olhos frios e calculistas observando ambas.
— Claro! — Mira diz retirando entre as sedas do seu vestido um pequeno baú feito de madeira de cerejeira e o abrindo, revelando uma pequena pérola vermelha que emitia um leve brilho prateado.
Xing assim que viu a pérola apenas dá um passo para trás, com a mão esquerda por cima dos lábios tentando impedir com que sua voz saia como um grito assustado, e Cixi que assim que vira a pérola apenas sentira seu corpo tremer como se estivesse em meio a um frio extremo.
Yin Chang, que fora impedido pelo seu sogro de dar um passo à frente tenta se desviar da mão que parecia tentáculos no seu braço, mas Volkan estava apertando seu braço com tanta força que Yin Chang acabou dando um gemido de dor.
— Não se envolva, Yin Chang, nesse momento quem está ali não é Mira! — Volkan diz enquanto aperta ainda mais o braço de Yin Chang, que vira o rosto para ele.
Abhya e Kadar assim que ouvem o que Volkan diz apenas se erguem de seus tronos, com posturas de guerreiros prontos para a guerra e com os olhos arregalados sem conseguirem acreditar no que ouviam.
— O que você está falando? — Yin Chang pergunta enquanto vira seu rosto para as três mulheres que se encontravam no centro da Sala do Trono paradas olhando uma para outra.
— Aquela que está ali não é a Mira, olhe os olhos... Não são os olhos da Mira! — Volkan diz enquanto observa Mira, que tinha acabado de mostrar com a mão esquerda aberta a pequena pérola vermelha...
A pérola vermelha da Rainha.
— Como isso é possível? — Kadar pergunta enquanto vê a pérola vermelha que se encontrava na mão esquerda de Mira. — Aquela é a Pérola Vermelha? — Kadar pergunta logo depois de engolir em seco.
Volkan que estava tentando impedir Yin Chang de ir até as três solta o braço do genro, o fato é que naquele momento, depois de tanto tempo a Pérola Vermelha da Rainha estava na sua frente, Volkan ainda se lembrava de quando seu pai tinha lhe dando aquela pérola, um dia antes do casamento dele com sua Yuri.
Ali na frente dele estava a pérola perdida há muito tempo, e nas mãos de sua filha, que apenas sorria para as duas mulheres que se encontravam com os rostos pálidos e tensos como se temessem aquela objeto.
Volkan sem acreditar no que via dá um passo à frente com os olhos voltados para a pequena pérola vermelha que se encontrava na mão esquerda de Mira, mas quando ele ia dar o segundo passo uma risada masculina o faz parar no meio do trajeto, o fazendo se virar e dar de cara com Fun Xu, que se encontrava sentado no seu trono olhando para as três mulheres com um olhar de diversão.
— Isso vai ser divertido! — Fun Xu diz enquanto se vira para Volkan, que consegue ver um brilho de tristeza nos olhos do Rei do Mundo Imortal, antes que esse brilho fosse ocultado por um breve brilho de diversão.
— Como assim divertido? — Abhya que até aquele momento se encontrava quieto fala com raiva para Fun Xu, que olha para Abhya e lhe dá um sorriso de diversão.
— Não se preocupe com sua esposa, ela está bem protegida! — Fun Xu diz enquanto observa Abhya, que olha para Yasmine ali parada ao lado daquelas três mulheres, que pareciam duelar com os olhos.
Yasmine, que apenas estava olhando as três mulheres duelarem com os olhos passa a sentir uma energia flutuar ao redor delas, a fazendo olhar para o lado e ver Mira com a pérola vermelha na mão pronta para ser atira no chão.
Cixi ao perceber que Mira estava para atirar a pérola no chão dá um passo à frente, mas naquele momento já era tarde, porque assim que viu sua avó caminhar na sua direção Mira joga a Perola Vermelha no chão, que se desfaz em pequenas partículas e logo depois são puxadas de volta, mas ao serem puxadas a pérola apenas brilha, mas ainda revelando as imagens que possuem em seu interior.
— Não! — Cixi diz enquanto vê a pérola se desfazer e logo depois sentira seu corpo cair em direção ao chão.
Volkan que ficara parado não consegue se manter em pé, já que a primeira imagem que surge é de Yuri na beira do lago conversando com sua mãe, que assim que a filha se vira, sem pensar duas vezes Cixi ergue a mão de onde sai uma pequena esfera violeta e a joga contra a sua própria filha, que se encontrava grávida e não consegue desviar do golpe. Sem conseguir ver o que estava na sua frente, Yuri cai em cima de uma pedra com a barriga de quase oito meses contra a mesma. Yuri naquele momento só conseguia ofegar de dor se vira para ver sua mãe, mas o que ela vira era apenas o lago e logo depois a imagem seguinte é de Mira com cinco anos na beira do lago olhando os peixes que ali tinham, mas no momento seguinte ela é atirada no lago pela própria avó, que a olha se afogar, depois uma nova imagem surge e era da Sereia Suprema matando o Príncipe de Umlilo, mas ali, ao lado dela tinha Cixi, que apenas sorria...
— Foi você? — Volkan pergunta enquanto sente uma fúria se apoderar de seu corpo por se lembrar de como ele encontrou Yuri, o sangue deslizando entre as pernas dela, a pele pálida e ela apenas gemendo o nome da Mira e chorando.
Cixi, que naquele momento estava parada olhando para as imagens que surgiam na sua frente olha para Volkan, que estava sendo contido por Kadar, que a olhava com o olhar triste pelo fato dela ter feito tudo aquilo com a própria família... O que poderia levar uma mulher como aquela que tinha tudo a fazer algo como aquilo com a própria filha? E os netos que não tinham nada a ver com a história?
— Espere, tem o mais interessante ainda! — Mira diz com um sorriso perverso nos lábios e Yasmine, que apenas estava quieta olha para Cixi com os olhos raivosos e dolorosos.
A pérola vermelha então mostra a imagem de uma mulher sentada no chão com um vestido rosa manchando de sangue que deslizava em direção ao seu redor, fazendo uma poça, e na sua frente Cixi, com a espada ensanguentada nas mãos enquanto que a Rainha estava do lado da mesma com as mãos com sangue lhe manchando o vestido dourado...
— Você matou a Rainha Wu Yan? — Yin Chang pergunta enquanto dá um passo à frente.
— Você sabe que assim que se colocam os olhos no poder ele lhe cega e lhe torna apenas um peão! — Mira diz olhando para Cixi, que estava parada ali no meio de todos aqueles Reis, que a olhavam com os olhos acusadores e gananciosos esperando somente sua queda.
— Tinha me esquecido de como você é esperta, Rainha! — Cixi diz com um sorriso nos lábios enquanto Mira apenas a olha, a pérola ainda mostrava imagens, e uma das imagens que fora mostrada fez com que três pessoas ali naquela sala ofegassem...
O sangue na neve, um homem acorrentado tentado se soltar das correntes que lhe prendiam a pedra que se encontrava nas suas costas, Cixi com uma adaga ensanguentada e um leve e doloroso choro de bebe.
— Você sabe o que tem que fazer! — Mira diz se virando para Abhya, que a olha assustado e logo depois Mira sente como se seu corpo estivesse leve e solto, seu corpo tomba para trás, mas antes mesmo de chegar ao chão Yin Chang já a tinha pego entre seus braços.
— Mira! — Yin Chang diz enquanto se agacha ficando de joelhos no chão, enquanto que entre seus braços sua esposa estava desmaiada.
— Não se preocupe, ela apenas está esgotada por ter recebido o espírito da Rainha em seu corpo! — Fun Xu diz enquanto olha para Cixi, que sabia qual era o seu destino.
É um mau presságio, foi o que Xo Bou pensou quando viu um pequeno pássaro das trevas com suas assas brancas deslizando pelo céu um pouco acima de dela, e quando ele abriu as assas Xo Bou pode ver o brilho das afiadas e pálidas asas que se encontravam abertas.
E foi confirmado quando ela vira Amir ficar tenso enquanto que a Rainha se encontrava com um sorriso nos lábios pintados de vermelhos, seus olhos viajaram entre Amir e a Rainha para ter certeza de algo que ela não queria ver. Li Yi Feng se encontrava parado observando Xo Bou, ele conseguia ver a pele pálida mais corada, os olhos dourados mais brilhantes e algo a mais que ela só mostrava quando via Amir...
Li Yi Feng podia ver o amor transbordando pelos poros de Xo Bou, e podia ver a preocupação dela com o jovem Príncipe e aquilo foi cruel para o seu coração que ainda era apaixonado pela jovem Princesa.
— O que aconteceu ali? — Bu Bu pergunta enquanto observa seu irmão fechar a mão esquerda em um punho bem fechado e o lábio dele numa linha tão reta que o sorriso que ele tinha nos lábios tinha se perdido.
— Eu não sei, mas tenho certeza que a Rainha deve ter dito algo cruel para o seu irmão! — Xo Bou diz com um medo lhe tomando o corpo, algo estava errado e ela sabia disso, algo lhe dizia para tomar todo o cuidado nesse momento.
Bu Bu, que antes estava apenas observando seu irmão vira o rosto para Xo Bou e passa a observar a face quase pálida da Princesa, seus olhos de águia conseguiam ver o amor ali, mas também via uma batalha que a jovem Princesa lutava para impedir com que esse amor deslizasse para superfície.
— Meu irmão é forte o bastante para lidar com aquela mulher! — Bu Bu diz com a voz séria, enquanto em seus olhos se podia ver o medo do que Xo Bou tinha dito.
— Eu sei que seu irmão é forte o bastante para lidar com ela, mas há coisas que não se pode ir contra! — Xo Bou diz enquanto olha para Amir, que apenas estava parado na frente da Rainha.
Uma jovem estava encolhida contra a parede de pedras sujas com sua roupa branca toda esfarrapada, enquanto que ela apenas abraçava os joelhos contra o peito com objetivo de se aquecer, já que seu corpo estava gelado e sua roupa estava molhada.
Ela ainda conseguia se lembrar de quando andava pelas ruas de terra quando dois guardas da brigada real a pegaram no meio de todos e arrastaram até onde a Rainha estava... Ela ainda conseguia lembrar também de quando os guardas a arrastaram pelo corredor com suas pernas se arrastando no chão de madeira até uma pequena sela de madeira, ela fora jogada lá dentro contra o chão duro de pedras pontiagudas.
O sol estava entrando pelas fendas que tinham na parede de pedra lhe tocando a face corada pelo choro contido.
— Levante-se! — Um dos homens que sempre iam ali disse quando chegou até sua sela, a fazendo se encolher junto da parede com medo dele.
O homem assim que viu a jovem mulher se encolher ainda mais contra a parede ele entrara na cela a puxando pelos cabelos e a arrastando pelo corredor sujo de sangue seco, enquanto que a mesma tentava fazer com que ele a soltasse, mas quanto mais ela lutava mais ele a puxava rindo da dor que ela sentia no couro cabeludo.
— Não se preocupe, você não sentira mais nenhuma dor! — O homem fala enquanto puxa a jovem mulher, que assim que vê a luz do sol lhe cegando ofega e tenta fugir, mas ele a puxa ainda mais a arrastando pelo chão batido.
— Não! — Jovem mulher grita enquanto sente seu corpo ser todo machucado.
Amir, que estava ali perto assim que ouve o grito de dor da jovem dá um giro para poder ver a jovem mulher que estava sendo arrastado pelo chão de terra até a forca, que tinha sido preparada para ela, ele conseguia ver o sangue deslizando pelas pernas dela, os cortes que ela possuía e podia ver o desespero dela de fugir das mãos daquele homem.
— Então qual é a sua resposta? — A Rainha pergunta enquanto olha a jovem mulher ser arrastada até a forca.
A Rainha sentia um prazer tão grande pela dor daquela jovem que apenas sorrira quando vira que ela tentava se soltar das mãos fortes do guarda, que apenas a pegara e jogara numa cela feita toda de madeira que tinha ao lado da forca.
— Sabe, acho que vou queimá-la. — A Rainha diz olhando para Amir, que se volta a para ela com os olhos arregalados.
— Você não seria tão louca assim! — Amir diz pensando nas palavras da Rainha.
Ele tinha que fazer com que ela continuasse a falar e se esquecesse da jovem mulher, mas ele também tinha que pensar numa maneira de fugir daquela armadilha que a Rainha tinha feito para ele.
— Você não sabe o quanto eu sou louca! — Ela responde com um sorriso nos lábios enquanto o observa. — Você tem que se decidir, o dever com o povo ou o amor da sua vida!
Amir apenas olha para a Rainha tentando encontrar as respostas para tudo aquilo, porque ele aceitara aquilo? Será que era só porque Xo Bou pedira, ou porque ele queria fazer algo por alguém que não fosse sua irmã?
— Eu escolho a Xo Bou! — Amir diz com os olhos sérios para a Rainha, que apenas suspira enquanto pega uma mexa do cabelo que se encontrava na curva do seu pescoço a atira para trás.
— Que pena... Queime-a! — A Rainha grita sendo ouvida por todos que ali estavam, que apenas a olham assustada.
— Não! — Xo Bou grita assim que ouve o que a Rainha diz.
Estava tudo acabado, ela iria morrer porque naquele momento ela odiou Amir com tudo que seu mais íntimo lhe permitia, e sem pensar ela correra até onde o homem estava se preparando para tacar fogo na cela de madeira onde a jovem estava encolhida e com a cabeça baixa, mas assim que ela sente o calor das chamas, a jovem apenas ergue a cabeça revelando olhos verdes florescentes.
Xo Bou, que se encontrava correndo até onde a jovem estava para congelada com o fato de que a jovem que estava para ser morta era uma imortal.
— Você ficou louca? — Xo Bou grita enquanto dá um giro, ficando de frente com a Rainha, que apenas ri do que Xo Bou falou: — Você não sabe o que acabou de fazer!
Sem pensar muito Xo Bou toca no seu colar, que na hora se desfaz revelando um chicote que desliza no ar, ela dá um giro fazendo com que o chicote deslize em direção ao homem que mantinha a tocha erguida, o chicote assim que chega nele se enrola no pulso do homem o fazendo olhar para Xo Bou, que se encontrava em posição de guerra.
— Ora sua... — Homem fala enquanto puxa o chicote tentando se soltar do agarre de aço do mesmo, mas Xo Bou estava irredutível...
Ela não deixaria que matassem um imortal.
Amir assim que reparou que Xo Bou estava pronta para brigar com o homem sem pensar corre até a mesma, que enrolava o chicote na mão e olhava para o homem com uma fúria que teria assustado até os mais temidos deuses.
— Já sabe o que tem que fazer! — A Rainha diz para a jovem dama de companhia que tira das vestes uma pequena adaga e caminha lentamente até onde Xo Bou está.
Ela seria a mais poderosa mulher, claro, depois da Rainha, se ela matasse Xo Bou, a Princesa Imortal, e quando ela se viu no meio de tudo aquilo a jovem já estava com a adaga erguida e pronta para fincá-la contra as costas da jovem Princesa, que estava tão centrada no homem que não vira a mulher caminhando na sua direção.
Amir assim que vira a jovem mulher com a adaga erguida deslizando no ar em direção as costas de Xo Bou sem pensar se jogara em cima da mesma, recebendo a adaga que atravessou a armadura. Xo Bou, que não tinha se dado conta do que acontecia apenas sentira quando Amir caíra em cima dela, a fazendo soltar o chicote que se encontrava em suas mãos e se voltar para ele o abraçando pela cintura enquanto deslizavam em direção ao chão.
— Amir? — Xo Bou pergunta enquanto o ajuda a se sentar, mas assim que ela coloca a mão nas costas dele ela pôde sentir algo pegajoso e quente.
Ela erguera a mão para poder ver o que era e quando vê a mão com sangue sente seu corpo tenso...
— Amir? — Xo Bou o chama quando percebe que ele estava lutando para se manter acordado, mas parecia que algo o puxava, ela sentia a vida dele deslizando entre seus dedos e os lábios do mesmo roxos como se ele estivesse caindo num rio congelado.
Ela sabia o que era aquilo...
Era veneno, um veneno poderoso para acabar com a vida dos imortais enquanto que para os mortais não era nada, mas porque que Amir estava assim?
Ela não viu nada ao seu redor, não viu a correria que acontecia e nem viu quando a jovem mulher recebera uma flecha no coração, e nem na hora em que um homem de preto surgira no centro daquela arena...
Xo Bou também não vira a hora em que a Rainha era levada por homens de seu reino... Ela só tinha os olhos voltados para Amir, que lutava pela vida dele ali entre seus braços.
Dizem que quando o mundo era apenas gelo e fogo o amor não existia, mas ali, naquele quarto todo decorado de tons frios se encontrava uma jovem de longos cabelos negros com os olhos dourados em lágrimas enquanto observava o homem que ela começara a amar lutando pela vida. Xo Bou ficara durante três dias e duas noites ao lado da cama do mesmo, não dormia e nem comia, apenas ficava ali ao seu lado, esperando ele acordar... Mas nada dele acordar.
— É melhor você ir descansar! — Xo Bou pôde ouvir Bu Bu falar enquanto a mesma se encontrava ao lado dela, parada olhando seu irmão que dormia o sono dos justos.
— Não, eu quero ficar aqui! — Xo Bou diz enquanto Bu Bu a puxa da cadeira arrastando-a para fora.
— O que você quer de verdade? — Bu Bu pergunta enquanto solta o braço de Xo Bou, que apenas a olha piscando os olhos sem conseguir acreditar nas palavras da mesma.
— Por que você diz isso? — Xo Bou pergunta.
— Porque você não se apaixonaria pelo meu irmão sem motivo! — Bu Bu diz enquanto a olha, seus olhos negros são como pequenas águias que pegam tudo que se encontra no ar.
— E por que eu não poderia me apaixonar pelo seu irmão? — Xo Bou pergunta com os olhos dourados sérios e nos lábios um pequeno sorriso.
— Porque você merece coisa melhor e meu irmão não é para você! — Bu Bu diz.
As duas não conseguem tirar os olhos uma da outra, elas querem saber o ponto fraco da oponente para poder atacar.
— Mamãe!
Bu Bu, que estava olhando para Xo Bou apenas congela assim que uma criança se joga em seus braços com um sorriso nos lábios.
— Sinto muito, Princesa, mas ela queria ver você! — Uma mulher já idosa diz enquanto observa Xo Bou, que apenas tinha seus olhos voltados para a criança que estava abraçada a Bu Bu.
Os cabelos negros eram iguais, o sorriso, tudo era igual.
— Mamãe? — Xo Bou pergunta com um sorriso nos lábios.
Pelo jeito Xo Bou encontrou o ponto fraco de Bu Bu, que apenas a olha.