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Chapter 25 - Uma Rainha para um Rei

Mira estava sentada na beirada da cama com os joelhos encolhidos contra o peito e com o queixo em cima dos mesmos enquanto observava o nada com os olhos vermelhos de tanto chorar.

Por que... Por que tudo aquilo estava acontecendo? Onde foi que ela errou para que tudo aquilo fosse uma mentira? Porque sua avó fez aquilo?

— Mira? — Ela ouve a voz de seu pai lhe chamando, mas Mira apenas olha para o nada com os olhos perdidos nas lembranças, que naquele momento lhe poderiam ser falsas...

O amor que ela sentia por Yin Chang era falso e por isso ela não queria vê-lo... Tudo que eles viveram não passava de um plano para a sua avó conseguir poder e por isso quando descobriu, ela apenas saiu correndo para o seu quarto se trancando enquanto Yin Chang se encontrava do outro lado do palácio tentando entender o que era falso e o que era verdadeiro naquela relação.

— Mira, pelo amor dos Deuses me responda! — Volkan fala enquanto caminha de um lado para o outro pelo quarto de sua filha, ele se sente acuado e perdido naquele momento.

Volkan não sabe o que fazer, não sabe o que dizer para a filha naquele momento e nem como tentar reconfortar o coração de sua preciosa filha, que descobrira da forma mais cruel que sua avó tentara matá-la não uma, mas sim duas vezes. Como agir numa situação daquelas? Como ser um pai para uma filha que não precisa ser protegida e nem de um ombro amigo porque ele a fez para ser forte.

Suspirando Volkan se encaminha para a cama de sua filha enquanto a mesma apenas olha para o nada com os olhos perdidos e abraça mais ainda os joelhos contra o peito, ele a olha com os olhos vermelhos com dor e logo depois se senta do lado da mesma, enquanto Mira não consegue mais manter a compostura de uma pessoa forte e sente a primeira lágrima escorrer pela face e logo depois outra...

Volkan assim que viu sua filha em lágrimas apenas a puxa para si a fazendo soltar os joelhos e jogar os braços ao redor do seu pescoço, enquanto Volkan a abraça com força e lhe sussurra no ouvido que tudo ia ficar bem...

Mas ele sabia que não iria ficar bem, naquele momento Volkan soube que tudo o que sua esposa fizera fora para proteger seus filhos, assim como foi naquele dia em que ela se desfez em pétalas na sua frente... Ela estava se sacrificando para que Volkan cumprisse seu destino e para que Mira pudesse fazer as escolhas que sua avó queria, oh, como Volkan odiou a sogra naquele momento.

Ele poderia ter impedido a morte de sua esposa se fosse mais esperto e tivesse se dado conta de que Cixi apenas queria que Yuri gerasse um filho de Volkan para que a mesma pudesse ter poder. Volkan ao ver aquilo que ele não conseguia ver a anos atrás puxa mais ainda Mira para os seus braços como se pudesse protegê-la de todo o mal que existisse na vida... Mas naquela hora Mira estava com os olhos em fúria e ódio, ela queria ir e ver sua avó... Lhe dizer que nem tudo era mentira.

— O que foi filha? — Volkan pergunta assim que afasta Mira de si e olha em seus olhos, eles se encontravam em fúria.

— Quero ver minha avó! — Mira diz enquanto se afasta de seu pai, o fazendo a olhar assustado.

O que? Volkan pensa enquanto vê com os olhos arregalados sua filha se erguer da cama e caminhar em direção a porta do quarto com passos determinados e a postura de uma soberana pronta para guerra, ali na sua frente não estava mais a menina que chorava por descobrir que todo aquele amor era falso, mas sim uma mulher forte e uma Rainha que estava pronta para enfrentar seu pior inimigo.

Volkan se levanta assim que Mira abre a porta do quarto e dá de cara com Alina, que se encontrava parada do lado de fora a olhando com os olhos azuis, as duas mulheres se olham enquanto Volkan não consegue entender o que estava acontecendo ali.

— Você sabia, não é, Alina? — Mira pergunta enquanto dá um passo à frente ficando a poucos centímetros de Alina, que apenas a olha nos olhos enquanto a mesma estava com as mãos ao lado do corpo fechadas em punhos.

— Sim! — Alina diz enquanto vira a cabeça para o lado, para fugir dos olhos acusadores de Mira, que lhe diziam que a mesma se encontrava destruída por saber que ela sabia a verdade e não lhe contara.

— Por que você não me contou? — Mira pergunta enquanto engole em seco e em seus olhos se podiam ver a fúria do mar da Inocência enquanto que em seus lábios vermelhos se podiam ver a cor do sangue.

Alina abre a boca para falar mas nada sai, apenas o ar, que lhe faz ficar sem voz o bastante para que Mira suspire, ela sabe que naquele momento Mira não confiava nela e talvez nunca mais, por que ela escondera aquilo dela? Por que não contou quando teve a oportunidade?

— Não me diga mais nada! — Mira diz enquanto dá um passo para o lado se afastando de Alina, que se encontrava parada no meio do corredor olhando para o nada enquanto Mira caminhava para longe dela.

— Mira! — Volkan fala enquanto caminha até a filha, que diminuiu o passo para que o pai possa lhe acompanhar.

— Eu não podia, ela não me deixava lhe falar! — Alina diz enquanto se vira fazendo com que seus cabelos chicoteassem o ar ao seu redor, enquanto que em seus olhos azuis se podiam ver às lágrimas que deslizavam pela sua face e caíam em forma de pequenas pérolas.

— Do que você está falando? — Mira pergunta enquanto se vira para ver Alina com várias pérolas a rolarem ao seu redor.

— A Rainha, sua mãe não me permitia lhe conta a verdade, Mira! — Alina fala enquanto cai de joelhos na frente de Mira, que a olha com os olhos vermelhos frios. — Eu não podia, fiz uma promessa a sua mãe!

— Por quê? Por que ela não queria que você me contasse? — Mira pergunta enquanto caminha até Alina, que apenas abaixa a cabeça e deixa com que às lágrimas que rolavam por sua face caíssem no chão em forma de pérolas.

— Ela queria lhe proteger! — Alina fala enquanto respira fundo e ergue a cabeça. — Sua avó tentou lhe matar quando era criança para fazer com que sua mãe fizesse o que ela queria, se a Rainha Yuri não fizesse o que ela queria ela mataria a própria neta na frente da Rainha.

— O que minha avó queria de verdade esse tempo todo? — Mira pergunta com os olhos vermelhos grudados nos olhos azuis de Alina, que engole em seco e sorri para a mesma.

— Ela queria a Fire! — Alina diz enquanto leva a palma da mão esquerda a bochecha, que tinha ainda um leve rastro de lágrimas.

— Mas para que ela queria a Fire, se ela não poderia usá-la? — Volkan, que até aquele momento estava quieto fala enquanto dá um passo à frente, ficando do lado de Mira.

— Ela não precisaria usá-la, era apenas para ela ameaçar os filhos da Mira, a Imperatriz Cixi sabia que se ela ameaçasse os filhos da Mira ela faria tudo que queria, usado os filhos a Imperatriz Cixi conseguiria fazer com que Mira lhe desse a Fire! — Alina fala enquanto se levanta fazendo com que a calda do seu vestido da cor pêssego mais maduro deslizasse pelo chão.

— Como assim? — Mira pergunta enquanto que em sua mente ela tenta encontrar uma resposta.

— A Fire é o coração da Mira, assim como foi um dia o coração da Rainha ! — Alina diz enquanto se vira para o arco da janela e ergue os braços os cruzando ao redor da cintura.

— O que? — Mira pergunta enquanto dá um passo para trás.

— Você não é só a fire, Mira... Você tem a Fire como o coração, e esse coração que você carrega demonstra que você é a Herdeira! — Alina diz enquanto Mira balança a cabeça de um lado para o outro sem conseguir acreditar nas palavras que Alina lhe diz.

— Eu não posso ser a Herdeira! — Mira sussurra para si mesma.

— Mas você é, você carrega o coração da Rainha!

— Por quê?

— Tudo isso foi planejado pela sua avó, só que ela se esqueceu de uma coisa... — Alina diz sorrindo para Mira.

— O que? — Mira pergunta enquanto engole em seco e olha para Alina, que apenas sorri para a mesma.

— Que você se apaixonaria de verdade pelo Yin Chang, ela não previu isso quando leu seu futuro e o seu passado!

Mira não conseguira ficar ali ouvindo o que Alina tinha para lhe dizer, era tudo tão novo e tão misterioso que a fez simplesmente se virar e sair caminhando pelo corredor.

Sua mente tentava assimilar o que Alina tinha lhe dito, mas saber que o que ela carregava no peito era o coração da Rainha que há muito tempo desaparecera sem deixar rastro e nem lembranças lhe era assustador a ponto de fazer com que ela erguesse a mão e levasse ao peito querendo sentir aquele coração... Que pulsava e lhe mantinha viva para poder escrever sua própria história, mas não era o seu coração... Era de outra pessoa que todos diziam que fora uma das rainhas mais honradas da Reino de Umlilo.

Xo Bou não conseguia pensar...

Ela aceitara se casar com Amir, assim no calor do momento? Sem pedido formal para seus pais? Sem festa de noivado... Apenas os dois e um pequeno sacerdote de testemunha e uma floresta toda iluminada pela luz do sol... Eram as testemunhas daquela insanidade.

Casar? Assim naquela idade? Xo Bou pensa enquanto caminha pela pequena trilha de pedras coloridas com Amir, que lhe sorri, mas ela se sentia como se fosse um pequeno sacrifício, já que ela não o amava... Ela estava apenas cumprindo sua missão.

— Está arrependida? — Amir pergunta enquanto para no meio do caminho fazendo com que Xo Bou parasse e olhasse para frente com seus olhos dourados observando o trajeto.

— Não! — Xo Bou diz enquanto se vira para ver Amir ali parado a olhando com os olhos negros, como pequenos gaviões esperando a presa sair da toca.

E naquele momento Xo Bou não conseguiu se impedir e deu um passo à frente, fazendo com que Amir, que a olha com os olhos negros paralisasse enquanto que ela apenas deslizava a palma da mão contra a face de Amir o fazendo abaixar os olhos para a pequena e delicada mão que se encontrava contra a sua face.

— Estou apenas feliz por poder finalmente ficar com você! — Xo Bou diz enquanto desliza a mão que estava na face de Amir pela pele dele até o pescoço, e depois o desliza para trás enquanto ela inclina seu corpo contra o dele o abraçando. — Espero poder ficar do seu lado para sempre!

— Você vai ficar, Xo Bou... Vamos juntos governar esse reino! — Amir diz enquanto desliza as mãos pelas curvas da cintura de Xo Bou, que sem pensar não consegue manter um gemido preso.

— O Reino não me importa, somente você! — Xo Bou diz enquanto sente lágrimas deslizarem pela sua face e caírem contra o chão de terra, e para impedir Amir de ver às lágrimas aperta mais ainda o pescoço de Amir, e com a palma da mão desliza pela face limpado o rastro da lágrima que caía.

Ali, no meio daquela floresta Amir apenas sorri para o nada, enquanto aperta mais ainda Xo Bou contra si, ele queria se fundir com ela e não soltar nunca mais, ele apenas a abraçou enquanto uma leve brisa deslizava ao redor de ambos, lhes tocando as faces.

— Somente você me importa também! — Amir diz enquanto afasta Xo Bou de si e a olha...

Seus olhos negros deslizam pela face pálida e linda de Xo Bou, que sorri para ele, mas nos olhos dela ele podia ver uma pequena nuvem de medo e ansiedade, da qual ele queria perguntar, mas sabendo que a mesma não lhe responderia apenas sorri para ela também.

Eles se olham com os olhos iluminados pela luz solar enquanto tudo ao redor deles parecia ter parado, que os mesmos se sentiam e queriam se tocar, talvez Xo Bou não tivesse se dado conta de que naquela floresta ela estava selando algo que seria para toda a vida.

— Vamos? — Eles podem ouvir a voz do velho sacerdote lhes chamando, os fazendo sair do mundo particular deles.

Amir então se vira para o sacerdote que apenas sorri para os dois enquanto que em seus braços se podia ver uma pequena tigela dourada, que exalava um cheiro de pequenas ambrosias e uma fumaça vermelha.

— Sim! — Amir diz enquanto pega na mão de Xo Bou e a faz caminhar pela pequena trilha de pedras coloridas.

Xo Bou não sabia o que lhe esperava enquanto caminhava pela pequena trilha de mãos dada com Amir, ela abaixa os olhos para as mãos dos dois entrelaçadas e vê a palidez de sua mão em contraste com a pele de Amir... As mãos se completavam e se misturavam, a fazendo franzir a sobrancelha para o fato de que no pulso de Amir e do dela se encontrava as pulseiras dos dois. Dos dois amantes. Dela e dele. Um símbolo daquele amor que lhe agora parecia mentira, e como manter uma mentira?

Mas mesmo antes dela conseguir pensar nas respostas Amir para no meio do caminho a fazendo bater contra as suas costas, ela então solta um pequeno gemido e vai para o lado de Amir, que olhava para a pequena casa feita de madeira com os olhos doloridos.

— Essa casa foi onde minha mãe e meu pai se casaram! — Amir diz enquanto dá um passo à frente levando Xo Bou, que sem querer tropeça numa pequena pedra, a fazendo soltar a mão de Amir. — Foi aqui que nasci, assim como Bu Bu!

— Vocês não nasceram na corte? — Xo Bou pergunta enquanto Amir continua a caminhar até a casa com os olhos negros perdidos em pequenos fragmentos de lembranças.

— O jovem Príncipe viveu boa parte da vida aqui na floresta, a Rainha sempre dizia que um dia essa casa selaria uma união onde duas pessoas se amariam por toda a vida! — O velho sacerdote disse enquanto Xo Bou apenas engole em seco.

Porque ela sabia que aquilo não seria verdade, eles não ficariam juntos pela vida inteira, ela era uma imortal enquanto ele um mortal. Ela mentira enquanto ele a amava de verdade...

Meus Deuses, por favor... Não o faça me odiar pelo resto de nossas vidas! Xo Bou pensa enquanto engole em seco e caminha até Amir, que estava tocando a madeira velha da pequena casa com as pontas dos dedos e com um sorriso bobo nos lábios, talvez ele estivesse perdido em lembranças, ou talvez estivesse agradecido pelo fato de que ele selaria uma união ali, na mesma casa que seus pais um dia selaram.

— Amir? — Xo Bou o chama, mas sua voz se perde em meio a sua angustia e medo do que o futuro reservaria para os dois.

— Quero que tenhamos nossos filhos nessa casa! — Amir diz fazendo com que Xo Bou arregale os olhos enquanto dá um sobressalto na frente dele.

Será que ele sabia...

— Mas ainda é cedo para isso, Amir! — Xo Bou diz lhe tocando o ombro com a palma da mão e sentindo o calor daquele corpo masculino.

— Mas vamos ter vários, e quando estiver preste a dar à luz vamos vir para essa casa!

— Tudo bem! — Xo Bou diz enquanto desliza a mão que estava no ombro de Amir pelo braço do mesmo, até que chega a pulseira que ele tinha no pulso. — O sacerdote está nos esperando!

Bu Bu estava sentada no pequeno banco do lado de fora da Casa Das Rosas observando a pequena menina de longos cabelos negros brincar na neve enquanto sorria... Ela sabia que, mesmo que a sua filha estivesse por perto tudo tinha que ser feito de acordo com o ensaiado. Ela não poderia lhe chamar de filha. E sua filha não poderia lhe chamar de mãe. Mesmo que aquilo lhe doesse, Bu Bu sabia que se ela ousasse chamar a pequena menina de cabelos negros de filha, no primeiro momento algum dos Ministros ou até mesmo generais usariam aquilo a favor deles, e isso Bu Bu não queria.

Ela apenas queria paz para poder viver com aquela menina sem esconder que ela era sua filha, Bu Bu não tinha se dado conta de que uma pequena lágrima deslizava pela sua bochecha, até que sentiu uma mão fria lhe tocar a face a fazendo olhar para baixo dando de cara com uma mão grande e de dedos angulosos e com calos... Uma mão masculina, o que a fez dar um pequeno tapa na mão, afastando-a de seu rosto e olhar com os olhos arregalados para o homem que estava parado na sua frente.

— Você estava chorando! — O homem diz como se aquilo pudesse explicar o porquê dele a tê-la tocado, mas Bu Bu apenas o olha com os olhos em fúria.

— E por isso você me tocou? — Bu Bu pergunta se erguendo, fazendo com que a saia metálica fizesse um pequeno titilar.

— Não, mas você parecia não ter reparado nas lágrimas que congelavam em sua face! — O homem diz a olhando com os olhos vermelhos, a fazendo prender o ar.

Bu Bu não consegue ficar sem olhar por muito tempo para os olhos vermelhos daquele homem que se encontrava parado na sua frente, ele parecia assustador, mas ao mesmo tempo tão belo que fez com que Bu Bu engolisse em seco.

— Isso não lhe dá o direito de me tocar! — Bu Bu diz enquanto o homem que estava na sua frente apenas sorri pra a mesma, que sente algo quente lhe tomar o peito e o coração.

— Apenas queria limpar as lágrimas que congelaram sua pele macia! — O homem diz enquanto se senta no banquinho que Bu Bu estava sentada há pouco tempo e passa a observar a pequena menina brincar na neve. — Você por acaso sabe onde está Xo Bou?

Bu Bu não responde e engole em seco. Sim, ela sabia onde ela estava. Não muito longe, no meio de uma floresta realizando uma celebração única. Mas Bu Bu não diria isso, ela não tinha o direito de falar ou de opinar em algo pessoal como aquilo.

— Não! — Bu Bu responde enquanto alisa a parte de trás da saia metálica enquanto se senta.

— Não sabe, ou não querer me dizer? — O homem pergunta enquanto se vira para a mesma, que o olha nos olhos vermelhos como o fogo que arde na Noite de Núpcias.

— Eu não sei! — Bu Bu diz enquanto se volta para ver a pequena menina correr atrás de uma borboleta azul.

— Parece que Xo Bou gostou da pequena menina, talvez seja por causa da mãe dela! — O homem diz enquanto com o canto do olho observa Bu Bu, que congela olhando para a sua filha que corria atrás da borboleta, que deslizava no ar ao redor da mesma.

— Do que você está falando? — Bu Bu pergunta enquanto o homem de olhos vermelhos a olha sorrindo.

— Eu sei o seu segredo! — Ele diz sussurrando apenas para que Bu Bu ouvisse e se levanta.

— Você pode ser o irmão dela, mais ainda posso lhe matar! — Bu Bu diz enquanto se levanta com raiva e fúria.

— Tente! — Ele diz com um sorriso zombador na face olhando para a Princesa fascinado, e ela consegue ver algo nos olhos dele que ela antes não conseguia ver.

O trajeto até o quarto em que sua avó estava sendo mantida presa parecia longo e tortuoso, a cada passo que Mira dava ela se sentia como se virasse num corredor e voltasse ao início onde tudo começou, mas ela sabia que aquele caminho era longo e torturou porque a mesma estava caminhando ao passo de lesmas.

— Por que você está indo tão devagar? — Volkan pergunta para sua filha que apenas dá um passo à frente e para.

Mira não consegue responder a seu pai, que a olha, ele se sente mal por saber que naquele momento Mira não tinha escolhas ao não ser, ser uma Rainha em vez de uma mulher que poderia chorar seu amor perdido... Volkan sabia disso, porque Yuri não teve tempo de chorar a morte do seu amado. Ele ainda se lembrava de quando ficara sabendo que Yuri tinha perdido o pretendente que seu pai tinha escolhido para ela e em menos de uma semana ela já estava casada com Volkan.

— Porque esse caminho me parece mais longo! — Mira responde depois de um longo silêncio, o que faz com que seu pai apenas suspire.

— Mas ele não é o mais longo, pegamos o mais curto! — Volkan responde.

— Mas para mim nesse momento me parece o mais longo, sinto como se todo esse caminho fosse enorme porque eu não quero vê-la, mas eu preciso. Preciso da verdade! — Mira diz enquanto se vira para o seu pai, que se encontrava parado no corredor a olhando.

— Você sabe que mesmo que a verdade seja outra, você e Yin Chang não conseguirão ficar juntos, não é? — Volkan pergunta olhando para a sua filha com os olhos tristes e com o brilho da dor.

— Meu pai, quem decidira isso somos eu e Yin Chang! — Mira diz com os olhos vermelhos sérios e frios.

Volkan apenas olha para a sua filha que se encontrava parada com as costas retas e na face uma determinação que lhe causava inveja. Ela lutaria por aquele amor mesmo sabendo que ele poderia ser falso enquanto ele nem se quer lutara pelo amor dele e de Kadar a anos atrás. Volkan sorri para a sua filha que lhe retribui, ali naquele corredor frio e escuro, naquele Palácio de gelo pai e filha fizeram um juramento de lutarem por um amor que lhes era a melhor coisa que aconteceu na vida.

— Eu lhe abençoo, minha filha, vá atrás da verdade e depois reconstrua sua história à partir desse momento! — Volkan fala enquanto se vira para sair do corredor para ir atrás do homem que ama.

Mira assim que ficara sozinha apenas suspira, naquele momento aquele corredor parecia tão estreito e tão frio que lhe causou um breve calafrio na espinha, mas ela não desistiria de descobrir a verdade. Ela começou a andar com passos rápidos e fortes, capazes de estremecer as paredes de gelo que estavam ao seu redor, virando em um corredor no final do mesmo ela dera de cara com dois guardas cuidando de uma porta protegida por magia e com Yin Chang parado ali.

Yin Chang não conseguira dar um passo à frente. Todos os seus ossos pareciam terem congelados e seu sangue parecia ter se tornado neve. Ele apenas ficara ali parado, olhando para aquela porta de gelo como se ela fosse seu inimigo natural e não apenas uma porta.

— Yin Chang? — Ele ouve Mira lhe chamando o fazendo se virar.

Assim que se vira ele dá de cara com Mira, que estava parada no corredor com os olhos vermelhos de tanto chorar, com a face corada e... Tão linda como na primeira vez que se viram, ele queria dar um passo à frente a envolvê-la em seus braços e lhe dizer que a amava de verdade, mas ele não conseguia, tudo que eles viveram fora mentira e talvez até mesmo aquele sentimento que estava bem escondido por detrás de todo aquele amor.

— Mira? — Yin Chang sussurra a olhando com os olhos dourados, os dois não conseguem desgrudar os olhos um do outro.

Talvez o amor que lhes foi falso não fosse tão falso assim, mas naquele momento aqueles dois se perderam um no outro, tudo se tornou neve e fogo enquanto eles se olhavam e Mira não sabia o porquê, mas sentira seu coração... Não, não seu coração, mas sim da Rainha quente, quente como o fogo.

— Rainha, Rei, a Imperatriz Cixi está pronta para recebê-los! — Uma pequena mulher diz enquanto sai daquele quarto.

Mira então dá um passo à frente, mas quando ela queria dar o segundo passo, tudo nela congela. Seus ossos. Seu sangue. Seus músculos. Tudo congela com medo da resposta para a pergunta que a mesma queria fazer para a sua avó. Yin Chang assim que vê que Mira não consegue dar um passo à frente apenas vai para o lado dela e desliza a mão pelo seu pulso, até chegar à mão dela, a apertando e lhe dizendo com aquele gesto que tudo estava bem. Que eles estavam bem.

— Vamos? — Yin Chang pergunta fazendo com que Mira o olhe nos olhos dourados.

Ela apenas acena com a cabeça, o fazendo sorrir para a mesma e o coração dela apenas queima... Queima mais ainda. Mira e Yin Chang dão um passo à frente de mãos dadas atravessando a barreira que protegia aquele quarto.

— Vocês demorarão mais do que o previsto! — A Imperatriz Cixi diz assim que vê sua neta e Yin Chang parados na sua frente.

— Por que a senhora fez isso? — Mira pergunta enquanto se solta de Yin Chang e caminha até sua avó, que apenas a olha nos olhos.

— Ora essa, Mira, você sabe muito bem o porquê! — Cixi diz fazendo com que Mira a olhe com raiva e ódio.

Cixi ao ver os olhos vermelhos de sua neta lhe olhando com fúria e ódio apenas sorri para a mesma, que aperta as mãos em pequenos punhos ao lado do corpo.

— A senhora só queria poder e por isso nos usou como peões num jogo! — Mira diz enquanto dá mais um passo e fica à poucos centímetros de sua avó, que apenas ergue a cabeça. — Você usou minha mãe, me usou, e usou a minha filha!

Cixi ri naquele momento, Yin Chang, que estava parado até aquele momento dá um passo à frente, se colocando ao lado de Mira, que naquele momento se sentia perdida e desprotegida, mas assim que ela sentira o calor de Yin Chang, que deslizava até a mesma ela se sentira como se fosse a mulher mais forte do mundo.

— Você só está viva por minha causa...

— Não, eu estou viva porque você quer a Fire, você quer o meu coração! — Mira diz para a sua avó, que a olha com os olhos arregalados. — Eu sei a verdade, eu sei que você só quer a fire, e eu quero saber o por quê?

— Mira, minha pequena Fire, o seu coração é o poder mais puro desse mundo. Não existem mais corações como esse, por isso o coração da Rainha se tornara a Fire, porque ele era puro... Tão puro que acabara sendo arrancado de seu próprio peito só porque ela amara um homem de outro Reino!

— O que? — Yin Chang diz enquanto observa Cixi, que apenas sorri para ele, ela tinha um sorriso sedutor nos lábios, como se quisesse o seduzir.

— A Rainha se apaixonou por alguém da Reino de Kon. Ora essa, Yin Chang, a história está se repetindo... Vocês estão vivendo a mesma história que fora lhes contada quando crianças! — Cixi diz enquanto toca a face de Yin Chang e desliza a unha pela pele até o maxilar. — Vocês por acaso sabem o verdadeiro final dessa história?

Cixi apenas sorri quando vê Mira com os olhos ardendo em fúria ao ver sua avó com a mão no rosto de Yin Chang. Ela sentia como se estivesse revendo um antigo amigo quando tocou em Yin Chang.

— Vocês não sabem, mas pode deixar que eu vou contar... A Rainha se matara se jogando do mais alto penhasco, e sabe qual é esse penhasco? Esse penhasco é o penhasco da Montanha da Redenção, e o jovem homem da Reino de Kon se matara no mesmo lugar que ela... Para que pudesse viver juntos, mas como foram tolos!

Cixi assim que termina de falar apenas sorri para Mira e Yin Chang, que estavam parados a olhando. Mas sem pensar Mira se vira e sai daquele quarto deixando para trás sua avó e fazendo com que Yin Chang corra atrás dela.

Xo Bou estava de frente para Amir. Suas roupas eram vermelhas e douradas. Suas faces tinham um sorriso de alegria. E ali na frente deles estava o sacerdote com um pequeno incenso nas mãos recitando frases que, nem Amir e nem Xo Bou estavam ouvindo, já que seus olhos estavam um no outro. Amir estava parado sem conseguir acreditar que, ali na frente dele, vestida de vermelho e com um lindo véu de seda dourado estava Xo Bou. Ele ia se casar com ela e por isso o seu sorriso que antes lhe era quase um carimbo em seus lábios aumento mais ainda.

Amir não conseguia parar de sorrir para Xo Bou, que apenas lhe sorria no automático, enquanto que em seu coração ela estava chorando pelo fato de estar mentindo para aquele homem que a amava, oh, como ele a amava e a venerava, isso estava escrito na cara dele, o que fez com que Xo Bou ofegasse... Ela era uma mentirosa que estava ali se casando com ele apenas para cumprir uma missão, mas bem lá no fundo algo esquentava.

— Xo Bou? — Amir pergunta preocupado com sua futura mulher que estava ofegando ali na frente dele.

— Sim! — Xo Bou fala enquanto olha para Amir.

Havia algo ali no fundo dos olhos de Amir que puxava Xo Bou como um ímã. Ela se sentia como se estivesse mergulhando num rio em busca da pérola mais bela do mundo.

— Vamos entrelaçar os laços! — Amir diz sorrindo enquanto ergue um fio fino vermelho.

Xo Bou olha para Amir, que pega a sua mão esquerda e enrola o fio ao redor do dedo anular, ele dá uma volta e depois outra.

— Cada volta é o período de 10 anos de vida de vocês! — O sacerdote diz enquanto vê Amir enrolar o fio vermelho ao redor do dedo de Xo Bou várias vezes e depois pegar uma pequena faca e cortar, logo depois ele dá um pequeno laço simbolizando que o laço entre eles foi feito.

— Agora é sua vez, Xo Bou, enrole o fio ao redor do dedo anular quantas voltas puder! — O sacerdote diz enquanto vê Amir entregar o outro lado do fio para Xo Bou, que pega a mão esquerda de Amir e começa a enrolar o fio vermelho ao redor do seu dedo.

— Eu, nesse momento em que entrelaço meu coração com o seu, declaro para todos que estiverem ouvindo que sou sua, apenas sua até que a morte nos separe, ou a imortalidade seja nossa inimiga! — Xo Bou diz depois de enrolar o fio no dedo anular de Amir e sem pensar ela pega a mão do mesmo e a beija.

— Agora se voltem para o Norte e orem aos Deuses! — O sacerdote diz enquanto leva o incenso até o alto.

Amir e Xo Bou se virão para o Norte e fazem uma breve reverência, Xo Bou sabia que no Norte estava a Montanha da Redenção, e atrás da montanha estava o Portal das Pérolas, que levava para o Mundo dos Deuses.

— Agora se voltem para o Sul e orem aos seus pais! — O sacerdote diz enquanto ergue o incenso para o Sul, fazendo com que Xo Bou e Amir façam uma breve reverencia para o Sul.

— Agora orem um ao outro! — O sacerdote diz enquanto leva o incenso até ambos, que fazem uma breve reverência um para o outro.

— Agora vocês são marido e mulher nessa vida e nas outras! — O sacerdote diz enquanto coloca o incenso no pequeno vaso que tinha na frente deles.

O sacerdote apenas olha para os dois e com um sorriso faz uma breve reverência para ambos, que apenas sorriem para o velho sacerdote.

— Que vocês sejam felizes, Meu Rei e Minha Rainha! — O velho sacerdote diz fazendo com que Xo Bou tenha um breve sobressalto.

Rainha? Ela agora era uma rainha? Então sua missão estava cumprida e ela não precisava mais se preocupar com isso, ela poderia viver com Amir até onde lhe fosse permitido.

Suspirando Xo Bou se vira para Amir e lhe sorri, e ele apenas a olha.

E naquele momento Amir se deu conta: ele era Rei porque encontrou sua Rainha e não tinha mais nada o impedido de ser um Rei.

Xing andava pelos corredores da corte com passos calmos e leves como uma pluma, mas ao mesmo tempo ela estava tensa porque do seu lado vinha um homem de olhos azuis que, com um sorriso era capaz de lhe enlouquecer como nenhum homem já tinha feito.

— Por que você está me seguindo? — Xing pergunta enquanto caminha para o homem que estava do seu lado.

Com cabelos negros e longos. Os olhos azuis. A roupa preta. Tudo aquilo lhe fazia lembrar do que ela viveu com ele há muito tempo atrás, quando ainda era tão doce como uma cobra.

— Ora essa, Xing, não estou lhe seguindo. Estou indo para o meu lugar, só isso! — Wang Sun diz com um sorriso nos lábios.

— E você está indo ver Cixi? — Xing pergunta parando no meio do corredor e se virando para Wang Sun, que apenas ergue os braços os cruzando atrás da cabeça.

— Tenho uma pergunta para fazer para a Cixi! — Wang Sun diz enquanto começa a andar com os braços atrás do pescoço.

— Que tipo de pergunta? — Xing pergunta enquanto caminha ao lado dele por aqueles corredores de gelo.

— Por que ela lhe fez matar seus filhos? — Wang Sun diz a fazendo parar no meio do corredor com os olhos arregalados o olhando sem conseguir acreditar no que ele falava. — Eu sei que você não mataria seus próprios filhos sem um motivo, Xing!

Xing não consegue se mover, apenas olha para Wang Sun com os olhos da cor da lua arregalados e sente como se seu corpo não conseguisse se manter em pé.

— Eu não sei do que você está falando! — Xing diz depois de conseguir recuperar os movimentos do próprio corpo.

— Eu sei que você não mataria seus filhos, Xing, eu me lembro de que você chorou naquele dia! — Wang Sun diz enquanto pega o pulso de Xing, a fazendo o olhar com os olhos em fúria.

E quando Wang Sun a puxa para si Xing não consegue mais respirar, sua respiração ficara perdida entre eles, ela o olha nos olhos. Os dois apenas ficam se olhando como se nunca tivessem se vistos, e sem pensar Xing cola sua boca com a dele, seu corpo se sente quente, tudo ao redor deles some enquanto as mãos de ambos se tocam. Deslizam pelos cabelos. Gulosas o bastante para procurarem por pele para poderem tocar.

Mas pequenos passos os fizeram se afastar um do outro ofegantes. Os cabelos desgrenhados. Os lábios inchados. A face corada... Tudo aquilo deixava claro que eles estavam se agarrando, por isso Wang Sun ao ver que os passos estavam mais perto ainda apenas pegara a mão de Xing e a puxara para um corredor escuro.

— Mas o que? — Xing diz, mas Wang Sun lhe cobre a boca com a palma da mão, lhe fazendo ter que levar uma das mãos na dele.

— Mira, Mira! — Eles conseguem ouvir alguém gritar enquanto os passos se tornavam mais claros e altos.

— Yin Chang, me deixa em paz! — Mira diz enquanto Wang Sun tira a mão da boca de Xing, que apenas se vira colando o peito contra a parede e olha no corredor.

Ali no meio do corredor estavam Mira e Yin Chang, os dois que descobriram que não são apaixonados de verdade. Ali naquele corredor Mira estava em lágrimas e Yin Chang não sabia o que fazer.

— Por favor, Mira, deixe-me falar! — Yin Chang diz enquanto dá um passo à frente, fazendo com que a mesma desse um passo para trás.

— Yin Chang! — Mira sussurra entre gemidos e soluços que podem ser ouvidos naquele corredor.

— Eu nunca vou lhe deixar, esse amor que sentimos um pelo outro pode ter começando de uma maneira errada, mas somos capazes de fazer isso dar certo, Mira! — Yin Chang diz enquanto puxa Mira para seus braços, que esconde seu rosto entre os braços do mesmo. — Somos capazes de erguer um Reino e unir duas tribos, porque não somos capazes de tornar nosso amor real?

— Yin Chang, mesmo que tudo tenha sido mentira, esse sentimento que tenho por você parece vir do coração da Rainha! — Mira diz erguendo a cabeça para olhar para Yin Chang, que apenas lhe sorri.

— Porque você é a Rainha, você é a Rainha do Reino de Asūla e minha esposa, não era um plano que fora feito a muito tempo que vai mudar o que sinto por você, pode ser que no início eu não soubesse como reagir, mas eu sei que quando eu te vejo me sinto bem!

Mira então sorri para Yin Chang e lhe puxa para um beijo.

— Não acha que é injusto fazer com que eles achem que não podem viver esse amor? — Wang Sun pergunta para Xing, que se encontrava apenas olhando para os dois que estavam se beijando no meio daquele corredor.

— Sim, mas eu não tenho o direito de lhes dizer a verdade, eles só saberão a verdade quando o Destino achar melhor! — Xing diz se virando para Wang Sun e lhe sorrindo. — Eu só espero que seja logo, porque depois de tantos milênios eles merecem viver juntos e felizes!