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Chapter 4 - A alegria dela é a tristeza dele!

Dizem que quando você encontra o verdadeiro amor é como entrar no paraíso, só que esqueceram de perguntar para Yin Chang se o amor era Chama uma passagem só de ida, já que no momento ele se via sem a mulher que ele estava começando a amar, sim Yin Chang começara a amar uma mulher que ele nem se quer conhecia... Ou tinha lembranças da mesma.

Yin Chang começara a amar Mira no momento em que ela caíra em cima dele e com aqueles olhos vermelhos o puxara como se ela fosse o fogo e ele a mariposa atraída pelas chamas. Sim, Yin Chang no fim encontrou o amor e o perdeu de uma forma que ele nunca esquecera... Não era porque ela fugira e sim porque fora culpa dele a fuga dela, assim como a visão que o colar lhe proporcionou do futuro da mesma, eram as consequências de suas palavras e sua frieza que ele tinha com ela desde que eles se conheceram a muito tempo atrás, mesmo sem memória, Yin Chang sabia que ela era importante para o mesmo, ele podia ver isso pelo jeito que seu irmão mais velho ficava quando tocavam no nome da mesma, podia ver isso pelo jeito que Derya sorria pelos cantos como se contasse vantagens e Yasmine a tentar matá-la e a mesma estava quase para pegar sua pistola e atirar em Derya.

E Yin Chang estava preste a dar um jeito em Derya, não porque ele não a estava mais suportando, mas sim porque ela queria de toda a forma se tornar Rainha, mesmo que ele tenha dito que seria um Rei sem Rainha até que ele se sentisse pronto para que pudesse ter uma Rainha e não uma boneca que apenas seria manipulada... Mas Yin Chang estava enganado em relação a Derya, ela não era fácil de manipular e nem seria tão fácil fazer ela desistir daquela ideia de ser a Rainha, Derya era o tipo de mulher escorregadia e que usaria uma situação ao seu favor se ela lhe fosse boa o bastante.

Suspirando, Yin Chang se dirige para a floresta onde se encontrava a árvore de cerejeira e o túmulo de sua mãe. Ele sabe que há uma pequena bola de pelos o seguindo junto de um menino de cabelos negros e olhos vermelhos, sim Xou e Li Yi Feng o estavam seguindo, desde que Mira desaparecera sem levar junto a pequena Xou, ela começou a seguir Yin Chang para onde ele ia como uma forma de não se sentir tão abandonada, e Li Yi Feng o seguia porque sabia a verdade em torno da relação de Mira e Yin Chang.

Li Yi Feng acreditava que Mira e Yin Chang tinham o direito de viver um amor, mas o pequeno sabia que existia uma princesa que faria de tudo para ver Mira o mais longe possível, e pelo mais longo tempo também.

— Porque vocês estão me seguindo? — Yin Chang pergunta enquanto com a mão erguida atira bolas de neve nos dois, fazendo com que Xou corra ao redor do mesmo enquanto Li Yi Feng fique a rir. — Porque é divertido! — Li Yi Feng responde.

Yin Chang o olha enquanto Xou se encontra a rolar pela neve.

Ele sorri enquanto passa a mão pelos cabelos negros do pequeno menino e depois se vira para o tumulo de sua mãe, que se encontrava em baixo de uma das árvores de cerejeiras que ficam no jardim, numa mão se encontrava um pequeno buquê de flores, enquanto na outra um colar que ele tinha no pescoço desde que acordara.

— Mãe, hoje é o primeiro dia desde que acordei que venho lhe visitar, não é? — Yin Chang fala enquanto se agacha para colocar o pequeno buquê em cima da neve, que cobria o local onde sua mãe estava enterrada.

Yin Chang então se senta no chão coberto pela neve e acaricia a lápide de sua mãe, enquanto tenta reprimir as lágrimas que lhe querem deslizar pela face. Ele tinha a plena certeza de que se alguém o visse chorar o chamaria de fraco, então para que ninguém visse suas lágrimas apenas se fechava como o tempo se fechava antes da nevasca.

Sim, Yin Chang em vez de ser cada vez mais social se tornara cada vez mais frio e misterioso... E acrescente o fato dele passar a ser calado, apenas abria a boca para poder ditar as ordens ou discutir algum acordo entre os reinos e mais nada, ele tinha se tornado o próprio gelo, que só derreteria com a chama da mulher que lhe roubara o coração e esquecera de lhe devolver quando decidiu que ir embora, lhe seria a melhor alternativa e lhe foi, ela enfim pode encontrar paz enquanto ele se tornava cada vez mais frio.

— Sabe mãe, a cada dia que passa me sinto como se me tornasse o próprio gelo, que não derreteria com nada, mas aí me vem a imagem da Mira e parece que a camada mais fina de gelo que me cobre derrete, mas sei que não posso fazê-la voltar, não agora que ela pôde encontrar a paz que parece que ela tanto procura.

Ele sabia que depois desses três meses, mesmo que ele fosse atrás dela a mesma não voltaria com ele, ela tinha um destino ao qual ele não fazia parte no momento, mas lá no fundo do seu coração ele sabia que em algum momento o destino dos dois se entrelaçariam e ela voltaria.

Naqueles três meses em que todos passaram se perguntando onde poderia estar Mira, Volkan sempre mantinha a todos aparte sobre a Mira com pequenas frases como "Ela está bem", "Ela está feliz", "Ela enfim pôde ter um pouco de paz", mas mesmo que com aquelas palavras aliviassem o coração de todos, Volkan se encontrava sempre para baixo com a fada da espada a brincar com os fogos de artifícios em memória de sua filha.

— Todos estão preocupados... Parece que a qualquer momento algo explodiria pelas portas do castelo, minha mãe! — Yin Chang fala enquanto se lembra de como seu pai se encontrava quando as portas pesadas do salão do trono eram apertas... Sua face ficava pálida enquanto Volkan já se colocava em posição de ataque.

— Yin Chang... — Ele ouviu alguém lhe chamar, mas não queria sair dali.

Mesmo que sua mãe tenha morrido, ela sempre estaria com ele.

— Yin Chang... Majestade!

— Fale, Yasmine. — Ele fala sem olhar para a mesma.

— O senhor não pode ficar aqui... Os reis requereram sua presença! — Ela fala enquanto com a mão no peito, com a cabeça baixa se lembra de como ela ficara quando Mira desaparecera.

— Tudo bem, estou indo! — Ele fala enquanto acaricia a lápide de sua mãe com carinho. — Minha mãe, preciso ir! Mas virei mais vezes visitá-la.

Ele se vira e passa por Yasmine como se não tivesse a visto, o que a deixa triste. A mesma sabe que os culpados de tudo isso são eles, que não tiveram a coragem de contarem a verdade para o mesmo, mas sempre que ela tentava contar era como se blocos de gelos se cravassem em sua garganta fazendo com que nenhuma palavra saísse até que num momento ela decidira não tentar mais contar a verdade.

Porque mesmo se ela quisesse a verdade a partir daquele momento de nada valeria, seria apenas uma desculpa para tampar uma velha ferida que estava aberta.

Ela não sabia se aquela verdade doeria mais nele ou se seria uma forma de alguém castigar a todos pelas mentiras que estavam a contar, mas ela apenas olhou para a lápide da mãe de Yin Chang enquanto pensava que a partir daquele dia ela faria de tudo para aquela verdade ser enfim revelada, nem que para isso fosse preciso fazer de uma princesa um exemplo de que Yin Chang pertencia somente a uma mulher, e essa mulher no momento está a viver uma paz que não lhe era verdadeira, já que aquela paz era apenas uma passagem enquanto Yin Chang era seu destino.

Mira sabia que mesmo sendo feliz em tão pouco tempo ela devia se preocupar com os sacrifícios que fizera no passado, ela se perguntava o porquê de até agora Xuè Yīng não ter lhe exigindo o sacrifício pelo seu pai ter se tornado uma boa pessoa, bem, ela estava sempre alerta para qualquer sinal que a Xuè Yīng pudesse mandar.

Fosse um pássaro a cantar as músicas do Reino de Umlilo, ou fosse a imagem de sua mãe, qualquer que fosse o sinal Mira tinha que estar preparada porque o sacrifício que lhe seria exigido não era qualquer sacrifício.

O tempo passou como um piscar de olhos, enquanto a barriga de Mira a cada mês cresce mais e mais fazendo do Dulal um pai babão, enquanto Mira, uma mãe amorosa, mas também guerreira que não soltaria de sua espada nem do chicote, nem mesmo se estivesse dando à luz e era isso que Dulal mais ama nela... ela poderia ser uma princesa, uma rainha, uma esposa ou uma mãe, mas antes de tudo isso ela era uma guerreira que iria para a guerra se fosse necessário para que a filha fosse feliz.

Naquele tempo em que Mira e Dulal tiveram a merecida paz eles viveram um amor que poderia ter sido considerado predestinado pelos Deuses, mas os dois sabiam que não eram predestinados um para o outro, mas enquanto o destino não girasse sua roda de ouro eles viveriam aquele amor enquanto durasse. Se todos ao redor tivessem tirado a areia que lhes cobriam os olhos veriam que aquele casal vivia os dias como se fossem os últimos, estavam sempre juntos, podiam até brigar com espadas a serem usadas como armas, mas depois que eles cansavam, se deitavam e se abraçavam como se aquele abraço tivesse desfeito todos os problemas, eles podiam tentar fazer o outro feliz quando ele se encontrava para baixou ou com raiva, mas sempre quem acabava sorrindo era aquele que tentava fazer o outro sorrir... Eles eram felizes dentro do permitido pelo destino, que a qualquer momento lhes bateria na porta.

— Dulal, você acha que nossa filha será uma guerreira ou uma princesa? — Mira pergunta para seu marido, que se encontra sentado do seu lado em baixo da árvore de ameixa.

Dulal, ao ouvir a palavra filha deslizar da boca de Mira não consegue esconder o orgulho de ser pai, mesmo sabendo que não é o pai de verdade da pequena que se encontrava no ventre de sua amada, ele já a via como uma filha preciosa.

— Ela será uma guerreira e uma princesa! — Dulal fala enquanto a abraça por trás, fazendo com que a mesma encoste sua cabeça no peitoral do mesmo.

— Uma guerreira e princesa? Dulal, se ela se tornar uma guerreira ela estará sempre presente no campo de batalha e se ela sair como eu e você ela vai estar na primeira fila, e se ela se tornar princesa ela vai viver num castelo de vidro que lhe parecera uma gaiola.

— Por isso estou lhe dizendo, ela vai ser uma guerreira e princesa... Ela vai ser como a mãe. — Dulal fala enquanto ela se vira para o mesmo se sentado no meio de suas pernas, fazendo com que o vestido vermelho se espalhe pela grama e fique a olhar para o mesmo. — Mira, não se preocupe se ela tiver os poderes do fogo e do gelo ela poderá se defender com eles, mas se ela tiver sua força, ela saberá se defender usando-a, se ela tiver sua garra ela saberá qual é a hora de sair, se ela for como o pai ela saberá a hora de ser sábia e se calar, mas espero que ela sai como eu.

— Como você? — Mira pergunta e depois sorri.

Ela sabe que se sua pequena Xo Bou sair como Dulal existia a possibilidade de todos acreditarem que ela é filha dele, não de Yin Chang, sem pensar Mira pula nos braços do mesmo enquanto ele, com a mão erguida deixa deslizar pequenos fios prateados que se enroscam nos galhos da arvore em cima deles fazendo com que a neve caísse em cima deles.

— Dulal, não use seus poderes sem necessidade! — Mira fala se fazendo de brava. — Lembre-se sempre, use seus poderes somente para a guerra. Numa guerra o fraco morre enquanto o mais forte prevalece.

— Mira, numa guerra nem sempre o mais forte prevalece, já que para ele a força é sua única arma e ele esquece-se de defender seu ponto fraco, e nem sempre o mais fraco perde, já que o mesmo por ser considerado fraco seria como um insulto matá-lo, já que o mesmo não sabe se defender... E existe um código de honra entre os inimigos.

— Mas, Dulal...

— Mira, minha linda e poderosa esposa, eu sigo esse código não porque sou bom, mas sim porque ele existe para ser seguindo.

— Seguir regras é chato, não podemos fazer nossas próprias escolhas! — Mira fala enquanto cruza os braços em baixo dos seios os fazendo ficarem em evidencia.

— Mira, as regras foram feitas para serem seguidas e não para serem quebradas.

— Meu amado marido, se as regras existem, elas podem ser quebradas e eu já quebrei uma das regras de meu povo.

— Vamos voltar a falar de nossa filha, acho que ela vai ser mais poderosa que todos.

— Sim, eu também acho... Penso que se algum dia voltarei para o mundo Imortal e meu pai vai receber bem nossa filha.

— Ele vai, não se esqueça de que você se sacrificou para que ele fosse bom e por isso com certeza ele receberá muito bem nossa filha, com todo o carinho que um avô é capaz de dar para uma neta.

— Quanto tempo faz que estou no mundo mortal? Me parece que a eternidade se desfez.

— Quase nove Meses, ou seja, a qualquer momento nossa pequena vem ao mundo.

Dulal se encontrava calmo, mas tinha medo de que a qualquer momento Mira pudesse entrar em trabalho de parto sem ele por perto, então ele decidiu colocar um substituto para cuidar dos assuntos do reino, mas ele tinha deixado claro que antes de qualquer decisão tinham que o comunicar para que ele pudesse dar o seu parecer.

— Espero que quando ela nascer ela tenha muita saúde!

— Ela vai ter.

Mira volta para os braços de Dulal enquanto sorri pelo fato daquele homem a ter aceitado, mesmo ela estando grávida de um outro homem, ela ainda não podia acreditar que o destino estivesse sendo tão generoso com a mesma, algo lhe dizia que aquela felicidade não duraria por muito tempo.

Enquanto se encontravam em baixo da árvore de ameixas, Dulal ficava a pensar se o destino lhe deixaria pelo menos viver tempo o bastante para ter um espaço eterno no coração da sua amada, ou ela quando encontrar o homem que ama lhe esqueceria, ele esperava que no momento em que Mira se encontrasse com Yin Chang ela pudesse lhe sorrir e depois se virar para Dulal, enquanto com as mãos entrelaçadas entravam no salão.

Dulal e Mira sabiam que no dia em que a mesma fez o sacrifício, a muralha de nevoa que separava os mundos enfim se desfez, deixando que cada mundo visse o horizonte do outro e isso mostrava que os dois mundos poderiam enfim estarem juntos.

— Querida, vamos entrar.

Dulal afasta Mira do seu peitoral enquanto a mesma se encostava a árvore e lhe estendia a mão.

Aquele dia no castelo de Gelo estava tendo um jantar apenas para os mais íntimos, Kadar acreditava que se Volkan estivesse entre os convidados ele não ficaria trancado no quarto apenas com a companhia da fada da espada, mas Kadar também sabia que Volkan e Yin Chang no mesmo ambiente seria como se estivesse num campo de guerra, um olhando para o outro esperando o inimigo dar um passo em falso para atacar, assim como sabia também que a qualquer momento ele poderia ver duas damas se estapearem no chão ou uma futura Rainha e uma Rainha a se matarem.

Bem, Kadar já estava considerado a guerra perdida então porque não deixar acontecer logo de uma vez? Ele não podia viver com medo de deixar Volkan e Yin Chang sozinhos no mesmo ambiente ou Yasmine com sua pistola sozinha com Derya com seu sorriso de sereia. Ele sabia que se existia uma guerra para acontecer ela aconteceria em algum momento, então era melhor acontecer na sua frente, porque assim ele poderia separar dois homens e chamar as damas de companhia das duas mulheres enquanto ele tenta fazer com que elas soltem os cabelos uma da outra... Só que ele não sabia qual guerra seria a pior. A guerra travada pela força de dois homens ou a guerra de tapas entre duas mulheres.

— Bem, se é para que aconteça, que aconteça no salão de jantar, longe dos olhos curiosos dos súditos! — Kadar fala para o nada.

— Com quem você está falando, Meu Pai? — Abhay, que tinha acabado de entrar no salão pergunta.

Do seu lado se encontra Yasmine, com seu vestido branco e os cabelos da cor da neve, Kadar sabe que ele tinha tentado evitar que aqueles dois se unissem, mas no fim o amor era mais forte.

— Apenas pensando, meu filho!

— Meu pai! — Yin Chang fala enquanto entra no salão acompanhado de Derya, que como sempre estava a usar um vestido azul brilhante.

— Meu Rei! — Derya fala enquanto se curva numa posição de respeito, mesmo que por dentro possa estar querendo apenas sorrir e ir até a mesa.

Ela sabe que se fosse como queria nunca seria uma Rainha porque ela só visava o poder, assim como todas as outras rainhas em algum momento de seu reinado visavam, mas se a mesma tivesse pelo menos a força de Yasmine ou a sabedoria de Mira para a guerra ela poderia ser uma Rainha a qualquer momento e ainda uma rainha que não necessitaria de um Rei, que lhe seria a sua voz entre o povo enquanto ela seria apenas a imagem de um reinado próspero, mesmo que esse reinado estivesse em decadência.

— Princesa Derya! — Kadar fala acenando para que a mesma pudesse se sentar.

Ele não queria que Derya e Yasmine ficassem perto uma da outra a ponto de rolar uma troca de olhares que daria início a uma guerra... E Kadar não sabia se a guerra seria de facas atirar para todos os cantos ou das duas pulando pela mesa de jantar no pescoço uma da outra, e isso ele não queria de jeito nenhum, mesmo que ele tenha pensando que se a guerra acontecesse seria na sua frente.

— Kadar, porque você me tirou do quarto? — Volkan pergunta enquanto entra no salão com seu cajado.

E em seu ombro se encontra a Fada da Espada, que estava a brincar de lançar pequenos fogos de artifícios contra o ar, o mesmo estava sempre perto do Volkan como se fosse um cachorro a seguir os passos de seu dono, talvez fosse porque ele era o pai de Mira, ou talvez fosse porque ele se sentia sozinho, mas a Fada da espada estava sempre com o Volkan, não importa onde ele fosse.

— Volkan, pelo amor dos Deuses, sai daquele quarto, pelo menos essa noite! — Kadar fala enquanto puxa Volkan pela manga o fazendo se dirigir até a mesa.

Volkan resmunga algo como "Mas que descarado" que faz com que Kadar ria enquanto pensa que talvez a Yuri tenha usado do seu tempo no além para que os dois voltassem a ser amigos. Bem, ele não se lembrava quando, mas os dois voltaram a ser amigos mesmo que tivessem que lutar em lados opostos.

— Eu já disse para você, seu descarado que não vou sair tão cedo daquele quarto! — Volkan fala enquanto se senta.

Ele olha para Yin Chang e pensa que se sua filha estivesse ali ela iria aceitar o fato de o homem que a mesma amava tinha se tornado uma nevasca, e depois olha para Derya e pensa que, se algum dia tinha ficado louco por aquela sereia deve ter sido por causa de algum feitiço.

— Volkan, é só um jantar para os mais íntimos! — Kadar fala enquanto se senta na cadeira ao lado de Volkan.

Volkan olha para Kadar com um olhar que diz: Você é louco ou doente? Mas Kadar sabe que ele precisa ficar no meio das pessoas se ele quiser por um dia apenas não pensar na filha que se encontrava longe.

— Preferia a minha cama! — Volkan fala enquanto Kadar bufa pelo fato dele estar agindo como uma criança birrenta, se ele pudesse teria tacado a travessa de frutas na cabeça de Volkan enquanto grita:

Então volta, volta para sua caverna e fique lá!

— Mais você vai ficar aí sentado e quietinho enquanto comemos!

— Mais eu quero...

— O meu quarto, eu já sei disso, mas agora fica quieto antes que eu decida lhe atirar pedras de gelo! — Kadar fala enquanto Volkan chama uma das serventes para que lhe sirva o prato antes que ele o pegue e taque na cabeça de Kadar.

— Tá bom, tá bom vou ficar quieto, então tem como largar essa faca! — Volkan pergunta antes que Kadar lhe crave a faca bem fundo no seu peito.

Kadar sorri antes de largar a faca em cima da mesa, Volkan suspira aliviado pelo fato do mesmo ter deixado a faca em cima da mesa em vez de cravada no seu peito.

— Volkan, você tem alguma notícia de Mira? — Kadar pergunta.

Quando Yin Chang ouve seu pai perguntar era como se aquela pergunta estivesse pressa na sua boca, então ele ergueu a cabeça e começou a prestar atenção na conversa daqueles dois... Que literalmente estavam muito estranhos.

— Sim, me parece que a minha neta pode nascer a qualquer momento! — Volkan fala enquanto com os olhos brilhando comenta o fato de que Mira, mesmo grávida ainda se encontrava sempre com uma espada na mão, já que seu suposto marido lhe permitia ter uma espada.

Deyar, que também estava ouvindo a conversa levou um guardanapo de linho até os lábios para que pudesse limpar a fina linha de sopa que escorrera de seus lábios, mas na verdade o que ela estava fazendo era esconder o sorriso de satisfação pelo fato de Mira estar grávida de um outro homem e não de Yin Chang.

— Que bom, espero que tudo ocorra bem! — Kadar fala.

Mas por dentro Kadar se encontra destruído pelo fato de saber que Yin Chang estava se deixando levar pela tristeza que nem ele próprio entendia, como um pai, Kadar está tentando fazer com que Volkan falasse onde Mira estava, mas como amigo... Ele não achava justo que Volkan sofresse.

Com o passar do tempo Yin Chang se encontrava sempre a pensar em Mira e em como ela estaria, mas também passara a tentar entender o que estava acontecendo... Quando o nome de Mira era falado, Abhay fechava as mãos em punhos enquanto Yasmine lhe dava uma cotovelada na barriga, seu pai ficava tenso como se a qualquer momento, enquanto se falava de Mira alguém pudesse chegar com alguma notícia e Volkan sempre estava com seu cajado, como uma arma em prontidão para atacar o primeiro que desse um passo na sua direção, e Derya, que sempre que se falava de Mira fechava a cara como o tempo se fecha antes da tempestade e só fala: Ela é uma inimiga que tentara destruir o Reino de Kon.

E bem, Yin Chang sempre que o nome de Mira era falando se encontrava perdido entre a neblina que lhe cobria uma parte da sua mente, lhe impedindo de ver o que ele tinha perdido.

— Volkan... O colar! — Kadar fala enquanto Volkan puxa o colar do bolso que se encontrava a brilhar.

Quando ele colocou o colar em cima da mesa, o mesmo lhe mostrara Mira sentada num banco perto de um lago... Mas o que ele viu depois ficaria na sua mente para sempre.

Mira estava sentada no banco perto do lago observando as estrelas que pareciam pontinhos de luz num tecido negro, até que do nada ela sente uma pontada na barriga a fazendo levar a mão até o ventre.

Volkan se encontrava em pânico quando viu um homem sair de dentro da casa ao ouvir o grito de Mira e levá-la no colo as presas para dentro, enquanto gritava com uma mulher que saiu correndo pela porta atrás de um curandeiro, o mesmo colocava Mira deitada na cama que possuía lençóis limpos, e por perto bacias... Sim, pelo que parecia eles estavam prontos para o nascimento, mas Volkan não.

Todos pararam de comer para ficarem a olhar para a imagem que surgia na frente deles transmitida pelo colar.

Ninguém sabe ao certo quanto tempo durou aquele momento, mas para Volkan parecia à eternidade e os gritos de dor de sua filha estavam gravados na sua mente para sempre, já para Yin Chang era como se ele fosse o pai de tão nervoso que estava, se alguém tivesse o observado teria visto que ele estava apertando a faca contra a palma da mão a fazendo sangrar.

— Xo Bou! — Yin Chang fala enquanto a criança é colocada nos braços de Mira, que sorri como nunca antes sorriu.

Sim, Yin Chang acreditava que Mira daria esse nome, já que era esse nome que lhe vinha à mente quando ficara sabendo que Mira estava grávida, talvez fosse loucura ou não, mas ele sabia que esse seria o nome daquela criança e ficar ali vendo aquela felicidade que não era dele lhe era como uma facada no peito.

E sem pensar ele saiu do salão.

E por cinco anos Yin Chang se encontrava cada dia mais frio como a nevasca que vêm do Sul enquanto Mira a cada dia se tornava mais leve e solta.

Mira passara a viver sua vida como se a cada momento ela não precisasse mais viver com sua espada na cintura, nem com seu chicote nas mãos com medo de que algum inimigo lhe apunhalasse pelas costas, enquanto ele passara a ficar sempre no salão do Trono resolvendo os problemas do seu reino enquanto a tarde ia treinar perto da árvore de cerejeira e a noite sumia para onde... Bem, ninguém sabia!

Durante muitos anos reis e rainhas se encontravam sempre alertas para uma guerra que, mesmo que não aconteça, eles tinham que se preparar, e Mira e Yin Chang, por serem os monarcas de seus reinos estavam sempre em alerta, mesmo sem suas espadas em mãos, e Yin Chang sabia que Mira era uma rainha que poderia mudar toda a história, porque...

Uma rainha não era apenas beleza nem força e Mira era a união dos dois fatores, ela possuía a beleza de um raiar do sol que se via ao acordar, assim como a Força de um tsunami que devastava tudo que via pela frente. Ela era capaz de fazer um homem largar sua espada apenas com as palavras como também era capaz de usar uma espada para mostrar que por ser mulher ela não era fraca, e por ser Rainha ela não ficaria apenas sentada no trono esperando os seus soldados voltarem da guerra.

Naqueles cinco anos, desde o nascimento de Xo Bou... Yin Chang sempre ia para um jardim que o mesmo fez perto da lagoa, onde ele podia ficar sozinho, longe de todos, e naquele dia não foi diferente, ele se dirigira até o jardim com sua espada em mão, começara a treinar, treinava até que seus ossos reclamassem de tanta dor, ou até que com sua força esgotava e caia desmaiado na neve e só acordava no dia seguinte.

Mira estava de mãos dadas com uma menina enquanto corria pela floresta, como se sua vida dependente disso, ela olhou para trás uma vez e viu um grupo de homens de capas pretas a deslizarem pelas árvores atrás delas, mas antes que pudessem se quer chegar perto delas uma rajada de vento cruzou o ar em direção aos homens de preto, que pularam para trás.

— Mira, leve a Xo Bou para o lago! — Dulal fala enquanto gira entorno de si mesmo, e com a espada no ar cruza ao meio o homem que tenta lhe cravar a espada no braço.

— Dulal! — Mira fala enquanto ergue a espada até perto do rosto, se protegendo da lamina do chicote que via em sua direção, ela girou enquanto com a espada cortava o ar em torno de si tentando fazer com que os homens recuassem.

— Xo Bou, vá até o lago e o congele! — Mira fala enquanto ergue outra vez a espada, fazendo com que a lamina da espada do seu inimigo chicoteasse contra sua espada, fazendo com que os dois recuassem para trás e logo depois se colocassem em posição de ataque.

— Mas, mãe... — Xo Bou fala enquanto um dos homens de preto vem na sua direção, Mira ao se dar conta de que sua filha se encontra em perigo, corre na sua direção enquanto se joga no chão deslizado na neve, e com a espada erguida passa entre as pernas de seu inimigo o cortando ao meio.

— Vai logo! — Mira fala enquanto gira e com as duas mãos na espada desliza no ar em direção ao chão a transpassando o inimigo.

Xo Bou ao ver que sua mãe estava já cansada e ofegante, corre em direção ao lago onde com seus poderes do Reino de Kon congela o lago e o atravessa, esperando que seus pais venham atrás da mesma, mas ela sabe que tanto seu pai como sua mãe lutariam até o fim para que os homens não sobreviessem para contar onde eles poderiam estar.

Ao atravessar o lago, Xo Bou não se deu conta de que um dos homens a seguiu, em um certo momento ela estava a correr pelo lago congelado, e no outro estava com seu pescoço preso pela mão forte de seu inimigo, enquanto o mesmo a erguia no ar.

— Onde pensa que vai, princesinha? Ainda nem começamos a brincar! — O homem fala enquanto a joga contra o gelo, a fazendo ofegar.

— O que você quer? — Xo Bou pergunta enquanto se arrasta pelo gelo, que começa a trincar.

— Apenas vingança! — Ele fala se agachando perto dela, enquanto com a espada em mão sorri para a mesma. — Queremos vingança contra aquela que não se deve ser nomeada.... Ou seja, contra a sua família! — Ele fala erguendo a espada pronta para ser cravada em Xo Bou.

Mas antes mesmo dele poder a direcionar para a Xo Bou, a espada lhe é tirada da mão e jogada pelo gelo. A espada desliza pelo gelo até chegar na borda do mesmo.

— O que você está fazendo com essa criança? — Ele ouve alguém falar e olha para frente dando de cara com Yin Chang, que com a espada apontada para o mesmo que se encontrava já em posição de ataque.

— Você não tem nada a ver com isso! — Fala enquanto dá impulso no ar e voa em direção a Xo Bou, que se arrasta para trás tentando desviar do ataque do mesmo, Yin Chang ao ver que ele voa em direção a criança, dá impulso e voa na direção dele fazendo os dois se colidirem e serem atirados para trás, os jogando para fora do lago congelado.

— Xo Bou! — Mira grita quando chega na beira do lago, mas ela não dá nem um passo ao ver que o gelo se encontrava rachando, mas ela era mãe e sua filha estava no meio do lago congelado, a segurar a barra da capa vermelha enquanto tenta não chorar.

— Mãe! — Xo Bou grita enquanto dá um passo em direção a Mira.

— Xo Bou, não! — Dulal, que tinha acabado de chegar grita para sua filha, que começa a chorar ao se dar conta de que o gelo ao seu redor se encontrava rachando e se ela desse mais um passo o gelo embaixo dos seus pés se quebraria.

— Mãe, eu estou com medo! — Xo Bou fala enquanto chora mais ainda.

Yin Chang, que estava caído do outro lado do Lago ao ver Mira, começa a se levantar.

— Mira? — Yin Chang fala enquanto se coloca de joelhos e com a mão esquerda na neve tentar fazer com que o gelo do lago fique mais grosso para que pudesse ser atravessado.

Ao se dar conta de que o gelo do lago se encontrava mais grosso como se fosse magia, Mira e Dulal olham para frente e encontram Yin Chang com a mão esquerda sobre o gelo do lago.

— Yin Chang? — Mira fala enquanto Yin Chang a olha com os olhos dourados, que um dia foram seu maior desejo.

Mira não consegue acreditar no estava vendo, mas tudo que ela conseguia pensar era em sua filha, que estava parada com os ombros tremendo e com os soluços a escaparem de seus lábios enquanto que, ao seu redor o gelo, mesmo o mais grosso parecia estar a se rachar a qualquer momento. Sabendo do perigo que sua filha se encontrava, Mira dá um passo à frente colocando seus sapatos contra o gelo, que faz barulho em baixo de si.

— Mãe? — Xo Bou fala dando um passo para frente, enquanto Mira começa a andar pelo gelo.

Mira, vendo que sua filha queria dar um outro passo à frente, apenas ergue a mão em sinal de não, fazendo com que Xo Bou pare no meio do caminho, mesmo que ela queria correr para os braços de sua mãe, enquanto isso Dulal se sentia quase em pânico com a cena que se desenrolava na sua frente.

Dulal fica a olhar para Mira caminhando no gelo, se algum dia ele fosse agradecer a Yin Chang, seria no dia em que ele impediu que sua filha caísse nas águas gélidas do lago, que a mesma congelou. Se em algum momento aqueles dois homens se uniram, foi naquele, enquanto Yin Chang congelava o lago para que Mira pudesse atravessar. Dulal estava em posição de defesa, preparado para qualquer ataque de algum inimigo.

— Xo Bou, ande devagar até a mamãe, meu amor! — Mira fala enquanto olha para o gelo e ergue a mão em direção a Xo Bou.

Xo Bou, que estava chorando ao ver a mãe tenta correr na sua direção, mas sabe que o gelo aos seus pés está se quebrando, mesmo que o homem do outro lado do lago tenha o congelado, ela dá um passo à frente e segura na mão da mãe, que lhe puxa para seus braços.

Mira sabia que tinha um homem parado em cima de uma árvore, se agacha na frente da filha e toca seu rosto enquanto sorri, ela sabe que a qualquer momento o homem vai atirar a flecha na direção de sua filha.

— Xo Bou, quero que você use seus poderes e vá até onde se encontra aquele homem do outro lado do lago! — Mira fala enquanto se coloca de pé e fica na frente da filha.

— Mas... — Xo Bou fala enquanto Mira se vira conseguindo desviar

da flecha que vinha na sua direção para o gelo ao seu lado.

A lança da flecha atravessa o gelo, fazendo com que o mesmo rache e Mira, com sua força pegue sua filha no colo, com um impulso vai até onde Yin Chang está, mas antes mesmo que pudesse colocar os pés no chão ela recebe uma flechada no ombro, a fazendo soltar a filha, que cai nos braços de Yin Chang enquanto ela cai deitada no chão.

— Mira! — Dulal fala enquanto com sua pistola dá um impulso para o ar e atira contra o homem que acertou Mira, e depois atravessa o lago congelado parando do lado da mesma, que está com a mão no ombro.

— Estou bem, Dulal e a Xo Bou? — Mira pergunta enquanto Dulal se agacha na sua frente e passa a observar a flecha no ombro da mesma.

A flecha tinha atravessado a armadura dela e se encontrava traspassada pelo ombro da mesma, Mira se encontrava ofegante e dolorida.

— Está bem! — Yin Chang fala enquanto se aproxima deles.

— Mamãe! — Xo Bou fala enquanto abraça Yin Chang.

— Estou bem, filha! — Mira fala e depois olha para Dulal, que se encontra com um olhar preocupado. — Dulal, é melhor você puxar a flecha!

— Mas ela está transpassada no seu ombro!

— Você vai ter que quebrá-la.

Dulal ajuda a Mira a tirar a parte de cima da armadura enquanto Yin Chang tenta fazer com que Xo Bou pare de chorar. Se Dulal tivesse observando melhor, Yin Chang veria que o mesmo se encontrava vermelho.

— Está pronta? — Dulal pergunta enquanto quebra uma parte da flecha e então, com a mão puxa a flecha na frente, enquanto com a mão aberta empurra o ombro de Mira para trás a fazendo gritar.

Mira então cai para frente nos braços de Dulal, que a abraça enquanto sussurra no seu ouvido palavras de conforto, a mesma então passa o braço esquerdo pelo pescoço dele e o puxa para si, Dulal, que estava a abraçando ergue a cabeça e olha para a mesma e sem pensar a beija, a fazendo gemer, não de prazer, mas sim de dor já que a mesma se encontrava ferida no ombro.

Dulal então para de beijá-la e a pega no colo, a fazendo encostar sua cabeça no ombro do mesmo, a mesma sorri enquanto Yin Chang vai na frente com a Xo Bou nos braços. Ele não quer ver o que perdeu.

Sim, Yin Chang naquela hora se deu conta de que perdeu antes mesmo ter, porque Mira naquele momento estava nos braços de um outro homem e parecia que era feliz e esta felicidade lhe machucava.

Se todas as pessoas soubessem como um amor é capaz de ferir, nunca teriam tido a coragem de abrir a boca para falar um Eu te amo sem saber se ama, ou um Vamos terminar sem ter certeza se algum dia voltariam e Yin Chang enquanto andava pela floresta com Xo Bou nos braços soube que, as palavras que ele disse para Mira a muito tempo não seria a única coisa que se encontrava entre os dois, agora ele tinha um inimigo que se tornou aquilo que um dia ele foi... Se arrependimento matasse Yin Chang já estaria morto enquanto Mira estaria feliz.