Eles haviam sonhado com algo melhor para Ren.
Mas com um esporo...
"Oito anos," o pai afundou na cadeira. "Oito anos assistindo outros evoluírem suas bestas enquanto ele... enquanto nosso investimento tolo tira dele a esperança por..."
Ele não precisava terminar a frase. Um esporo não podia evoluir seu posto.
Não havia técnicas de cultivação para estudar, nem caminhos de aprimoramento para explorar, nem técnicas secretas para comprar.
Muitos já haviam tentado.
Pessoas mais ricas com muito mais apoio.
O único que conseguiu...
Foi rotulado como o pior fracasso. Uma fortuna gasta para um ganho quase inútil, 20% de força.
Desde aquele dia, o esporo tem sido o símbolo do fracasso.
Ren passaria oito anos aprendendo coisas que ele nunca poderia aplicar, seu ambiente como um constante lembrete do que ele não poderia alcançar.
Oito anos de zombaria, sendo o motivo de risos da escola.
Oito anos desperdiçados, pois o que ele poderia aprender sobre cultivação e evolução com uma criatura que nem mesmo podia evoluir?
A tristeza levou o pai a rememorar o passado, um passado que Ren havia iluminado...
"Lembra daquele dia?" ele perguntou de repente, seu olhar perdido nas chamas da vela.
"Quando eu não conseguia encontrar o remédio exigido pelo reino porque estava esgotado devido à grave contaminação de mana daquela horda daquele ano, e eu tive que sair em busca de uma cura para envenenamento por mana e também encontrei aquela planta que você comeu... Pensamos que tínhamos sido abençoados."
Ela assentiu, pegando a mão dele.
Como ela poderia esquecer?
Eles haviam tentado ter um filho desde os vinte anos.
Quase três décadas de esperanças quebradas, observando seus amigos formarem famílias enquanto eles permaneciam sozinhos.
Eles viveram uma vida frugal, juntando seus recursos para formar uma família feliz, interessados apenas em uma coisa que eles não podiam obter, não importava quanto acumulassem.
Quase um milhão, uma quantia incrível para cidadãos do seu posto.
Eles haviam pensado em usar o dinheiro para "curar" sua infertilidade mas já eram tão velhos... Eles desistiram.
Mas aquela viagem para a periferia...
"A planta que encontrei na periferia, confundindo-a com aquela raiz doce de alta qualidade de 100 anos..." ele continuou. "Quando você comeu, eu pensei... eu pensei que havia te matado. Você estava tão pálida, tão fria..."
"E uma semana depois, eu me senti como se tivesse vinte anos novamente," ela sorriu tristemente. "E no ano seguinte, conseguimos sem tentar..."
"Nosso milagre."
Eles ficaram em silêncio, escutando os soluços abafados vindos do quarto de Ren.
Seu pequeno milagre, a criança que lhes deu tanta vida e felicidade quando eles quase haviam perdido a esperança, agora enfrentava um destino cruel.
"É como se os deuses dragões estivessem zombando de nós," ela murmurou. "Eles nos deram um filho quando já éramos muito velhos, apenas para..."
"Para assistir ele sofrer," ele completou, apertando a mão dela.
As velas, quase no fim, continuavam queimando, suas chamas refletindo no contrato escolar sobre a mesa.
No quarto ao lado, o filho de dez anos deles chorava silenciosamente, um pequeno esporo cinza flutuando ao lado de seu travesseiro como um constante lembrete de seu destino.
A festa que eles haviam preparado com tanto amor esfriava lentamente na mesa, intocada, enquanto dois pais idosos choravam pela cruel reviravolta que o milagre de suas vidas havia tomado.
♢♢♢♢
Ren deitava em sua cama, as lágrimas secando em suas bochechas enquanto a raiva gradualmente substituía a tristeza.
O esporo flutuava por perto, seu fraco brilho cinza servindo apenas para enfurecê-lo mais.
Ir para a escola assim? Era uma piada cruel.
Ele já podia ver os próximos oito anos se desenrolando diante dele como um pesadelo sem fim. Enquanto outras crianças aprenderiam a evoluir suas bestas, a despertar novos poderes, ele estaria lá, com uma criatura que nem mesmo podia amadurecer adequadamente...
Talvez fosse melhor fazer o que outros infelizes "apodrecidos" fizeram e...
Não!
Ele não podia, ele amava seus pais e eles também o amavam demais.
Ele precisava encontrar algo para se distrair.
Ele se virou para a pequena estante ao lado de sua cama, onde guardava seu livro favorito, desgastado de inúmeras leituras: "O Segundo Contrato do Rei Errante."
Seus dedos traçaram a capa desgastada, seguindo a imagem de um guerreiro lendário que havia alcançado o impossível.
De acordo com a história, o herói havia encontrado um remédio místico nas profundezas da floresta, algo que lhe permitiu formar um segundo contrato com uma besta.
Era apenas um conto, claro, em toda a história registrada, apenas o atual Rei e uma dúzia de guerreiros lendários haviam conseguido obter uma segunda criatura contratada.
E nenhum deles revelaria o método para alcançá-lo às massas.
Mas Ren ainda era um criança, ainda ingênuo.
Ren olhou pela janela em direção à floresta escura que se estendia além da periferia. O remédio da história... E se...?
Mas o pensamento morreu tão rápido quanto surgiu.
Seu pai, com sua planta madura de Posto de Ferro, havia retornado meio morto a única vez que se aventurou lá.
E ele tinha vantagens reais: Um ótimo 40% a mais de vitalidade, a força e a velocidade de um adulto aumentadas em 20%, juntamente com todos os seus outros atributos, um controle modesto sobre as plantas que lhe permitiam detectar perigos e se defender de algumas monsters, além de anos de experiência.
E o que Ren tinha?
Um esporo inútil e um mísero aumento de 10% em sua força infantil.
Ele nem mesmo conseguia levantar os sacos de farinha mais pesados na cozinha, como ele esperava sobreviver em uma floresta cheia de monstros?
O esporo piscou fracamente, como se sentisse seu desespero.
"Por que você?" ele sussurrou amargamente para a criatura. "Com chances tão baixas... por que tinha que ser você?"
O silêncio foi sua única resposta.
Na sala de jantar, ele podia ouvir seus pais falando em voz baixa, suas vozes carregadas de preocupação. Ele não aguentava mais. Ele não podia ser a causa de sua dor, o fim patético de todas as suas esperanças e sacrifícios.
Mas ele também não podia mudar nada.
Uma vez formado o contrato, era para a vida. O esporo seria seu companheiro até o dia de sua morte, um constante lembrete de seu fracasso.
A menos que...
Seus olhos se fixaram novamente na floresta escura além de sua janela.
Mesmo considerando que era suicida.
O envenenamento por mana o mataria em menos de 3 dias com uma criatura tão fraca em seu corpo.
Mas enquanto ele pensava sobre o contrato escolar, sobre os anos de tormento que o aguardavam...
O que era pior? Morrer tentando mudar seu destino ou viver oito anos como motivo de riso da escola?
Seus pais... Talvez ele pudesse também fazê-los felizes.
Ren abriu seu livro desgastado mais uma vez, seus dedos traçando as ilustrações dos Dragões.
Acreditava-se que todas as criaturas poderiam se tornar dragões encontrando o caminho certo de cultivação.
De acordo com o livro, o Rei Errante encontrou muitas informações junto com seu remédio...
Não era apenas qualquer remédio que ele queria, estava no coração do território dos dragões, onde o fluxo de mana era tão denso que podia ser visto no ar.