O som irritante do alarme ecoou pelo quarto de Genoveva, mas ela ignorou, enterrando o rosto no travesseiro. Só mais cinco minutos. Ou dez. Talvez quinze. Seu cérebro ainda estava exausto da maratona de estudos da noite anterior, e tudo o que queria era dormir mais um pouco.
"Genoveva, levanta antes que perca a primeira aula!" A voz de sua irmã, Priscila, veio da porta do quarto. "Se bem que, pela sua cara, acho que já perdeu."
Resmungando, Genoveva se levantou, pegou a primeira roupa que encontrou e saiu de casa apressada. O café da manhã? Apenas um gole de café frio e uma mordida num pão murcho. A vida de uma estudante de engenharia não era fácil.
Ao chegar na universidade, encontrou suas amigas, Tânia e Engrácia, sentadas na cantina.
"Você dormiu?" Engrácia perguntou, franzindo a testa.
"Defina dormir." Genoveva bocejou. "Se cochilar sobre um livro de Cálculo conta, então sim, dormi."
As duas riram, mas antes que pudessem continuar a conversa, Genoveva sentiu seu celular vibrar. Era uma mensagem de Marcos, seu namorado.
Marcos: Oi, Gen. Nos vemos depois da aula?
Ela sorriu, mas era um sorriso pequeno. Genoveva gostava de Marcos. Ele era legal, simpático e sempre estava presente. Mas, no fundo, sentia que algo faltava. Talvez fosse só coisa da sua cabeça.
O sinal tocou e ela correu para a aula. Com o professor despejando fórmulas impossíveis no quadro, Genoveva tentou se concentrar, mas o sono e o cansaço eram mais fortes. Seus olhos pesaram, sua visão ficou turva... e então, apagou.
---
Quando acordou, olhou para o relógio e quase teve um ataque. Estava atrasada para a aula seguinte!
Pegou seus materiais às pressas e saiu correndo pelos corredores. Mas, distraída, esbarrou em alguém com força, derrubando seus livros e os dele no chão.
"Ei!" A voz do rapaz soou surpresa.
"Desculpa, eu tô com pressa!" Genoveva resmungou, pegando suas coisas sem olhar para ele.
"Percebi." Ele respondeu, rindo. "Mas talvez devesse prestar mais atenção. Engenharia não ensina a desviar de obstáculos?"
Genoveva finalmente olhou para ele e viu um garoto de cabelos castanhos bagunçados e olhos expressivos. Antônio. Já tinha ouvido falar dele. Estudante de Enfermagem. E, claro, amigo de Marcos.
"Ah, você que é o Antônio, né?"
"Sim. E você é a famosa Genoveva, a engenheira que não dorme."
Ela revirou os olhos, pegando o resto de seus materiais.
"Bom, foi um prazer te atropelar, mas tenho aula."
E saiu antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa.
Antônio sorriu, observando-a se afastar. Aquela garota era... interessante.