O dia seguiu, e Genoveva continuou sua rotina insana. Anotações, cálculos, projetos. O cansaço acumulava, mas ela insistia em continuar. Seu corpo, no entanto, não concordava com sua determinação.
Durante a aula de Física, sua visão começou a ficar embaçada. A sala girava, as vozes dos colegas se tornavam distantes. Ela piscou várias vezes, tentando se manter alerta, mas...
Escuridão.
Quando abriu os olhos, estava em um lugar diferente. Sentiu o cheiro de álcool e medicamentos. A enfermaria?
"Finalmente acordou." Uma voz familiar disse.
Ela virou a cabeça e viu Antônio, de braços cruzados, olhando para ela com um meio sorriso.
"Você..."
"Sim, eu. Enfermeiro em treinamento e responsável por cuidar de estudantes teimosas que acham que não precisam dormir ou comer."
Genoveva gemeu, cobrindo o rosto com as mãos.
"O que aconteceu?"
"Você desmaiou. Te trouxeram pra cá, e eu fiquei de olho em você."
Ela suspirou, sentindo-se idiota.
"É, talvez eu tenha exagerado um pouco..."
"Um pouco?" Antônio arqueou uma sobrancelha. "Genoveva, você precisa de um plano de sobrevivência. Engenharia é difícil, mas morrer não vai te ajudar a se formar."
Ela riu.
"Pode me recomendar um manual de sobrevivência para engenheiros?"
"Claro. Primeira regra: durma. Segunda regra: coma. Terceira regra: pare de se achar uma máquina."
Antes que ela pudesse retrucar, a porta da enfermaria se abriu, e Marcos entrou.
"Gen! Eu soube que você passou mal!" Ele foi até ela, segurando sua mão. "Você tá bem?"
Genoveva sorriu, tentando tranquilizá-lo.
"Sim, só foi um susto."
Antônio observou a cena e percebeu algo. O jeito que Marcos olhava para Genoveva era de preocupação genuína. Mas o jeito que ela retribuía era... diferente.
Não era a primeira vez que Antônio via casais, e algo lhe dizia que o relacionamento deles não era tão forte quanto parecia.
Ele sorriu para si mesmo.
Aquilo seria interessante.