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Chapter 12 - Frio Como a Neve

"Não preciso que você me diga isso," Soleia sibilou, com sangue nos lábios. Se as palavras de Orion não haviam surtido efeito, o soco no rosto dela certamente surtiu.

Lucinda arregalou os olhos com medo diante da súbita sede de sangue nos olhos dela, mas Soleia apenas se virou e saiu com a cabeça erguida.

No entanto, essa bravata durou apenas até que ela se encontrou sozinha no corredor. Lágrimas molhadas caíam grossas pelo seu rosto enquanto pensava em seu dilema. Mesmo que ela fosse embora, para onde iria? E suas invenções…

Ela olhou para a bolsa com tristeza. Sua queda tinha feito com que algumas delas se quebrassem novamente, o que significava que ela teria que começar mais projetos do zero, o que consumiria seus fundos privados…

Se estava partindo, ela precisava de todo o dinheiro que pudesse conseguir.

Sua bochecha continuava a doer. Soleia sabia que não ia desperdiçar recursos com medicamentos, então ela colocou um casaco extra e saiu para agarrar um punhado de neve para aplicar na bochecha.

Para sua surpresa, já havia alguém lá fora. Antes que pudesse voltar para dentro, a figura encolhida no chão se levantou e a abordou.

Era ninguém menos que Sir Ralph Byrone.

"Princesa, eu coloquei seus itens nos quartos dos empregados conforme seu pedido― meu Deus, o que aconteceu com você?" Ralph exclamou ao avistar Soleia e sua bochecha direita inchada.

"Seu melhor amigo aconteceu," Soleia respondeu amargamente.

Não havia ponto em esconder o hematoma quando ele já tinha visto de perto. Ela se sentou no chão e começou a encher seu lenço de neve, apertando-o fortemente antes de colocá-lo contra a bochecha.

Ela estremeceu com o contato inicial, mas logo a neve fria e pulverulenta fez maravilhas pela dor em sua bochecha. Mas, infelizmente, ela não podia fazer nada pela dor em seu coração.

"Orion... te bateu? De novo?" Ralph perguntou, seus olhos escurecendo com o pensamento.

Soleia conseguia ouvir o choque em sua voz, acompanhado por uma ligeira decepção. Ela assentiu, seus olhos se recusando a deixar a neve. A última coisa que queria ver era o olhar de piedade que Sir Byrone, sem dúvida, tinha.

"Esse desgraçado!" ele praguejou, o que foi seguido pelo som da neve esmagada. "Deixe-me falar com ele―"

"Não!" Soleia disse imediatamente, girando a tempo de ver que Ralph já havia marchado uma curta distância. Ele parou apenas ao som de sua voz, virando-se para olhar para ela por cima do ombro.

"Não adianta," Soleia disse amargamente. "Ele só tem olhos para sua querida Elowyn agora, e se você falar por mim, as coisas podem ficar difíceis para você também. Você trabalha para ele, lembra?"

"Se ele me socasse, pelo menos eu conseguiria aguentar," Ralph apontou com um franzir de testa em seu rosto. "Ele não deveria se comportar dessa maneira, especialmente não com uma dama, e certamente não com a própria esposa!"

"Vou ficar com sua palavra, já que não o conheço bem o suficiente," Soleia murmurou amargamente para si mesma. Nesse ritmo, ela poderia muito bem juntar mais neve para usos futuros. Ela poderia encontrar uma maneira de preservá-la mesmo no calor da propriedade― isso poderia talvez ser seu novo projeto... depois que ela consertasse todos os quebrados.

"Você conseguiu recuperar o que precisava pelo menos?" Ralph perguntou, a preocupação em seus olhos.

"Consegui," Soleia disse com um aceno. Infelizmente, sua expressão rapidamente a traiu.

"Você não parece muito contente com isso," Ralph observou com um franzir de testa. "Orion fez algo mais?" Suas sobrancelhas então subiram mais alto. "Ou talvez os parentes dele? Pelo que me lembro, os primos chatos de Orion realmente gostam de enfiar seus narizes onde não deviam."

Soleia só conseguiu rir de forma forçada.

"Eles fizeram," ela disse.

Então, ela mostrou para Ralph a bolsa de itens quebrados que ela havia recuperado do escritório. Quase tudo lá dentro estava quebrado de alguma forma. Alguns estavam apenas lascados nos cantos — nada grave — enquanto outros precisariam ser completamente reconstruídos.

Com um único olhar, Ralph imediatamente inspirou um frio arrepiante através dos dentes. Ele se contorceu, lançando um olhar para Soleia, apenas para vê-la olhando fixamente para o conteúdo de sua bolsa.

Ele pigarreou após um breve momento de silêncio, gestualizando para a ala à esquerda.

"Devemos entrar?" Ralph sugeriu. "A temperatura está começando a cair. Devemos entrar antes que você pegue um resfriado."

Soleia apenas assentiu em resposta. Não era como se ela tivesse outros planos. Ela pegou um pouco mais de neve em seu lenço, e Ralph começou a guiá-la para seus novos aposentos.

"Tem certeza que quer ficar aqui? Me perdoe por dizer, mas os quartos são totalmente inadequados para habitação humana. Na verdade, eu não deixaria um cachorro morar neste lugar!" Ralph exclamou enquanto seus passos ecoavam pelo corredor deserto, seus lábios franzidos em desagrado. "Eu escolhi o melhor deles, mas ainda é intolerável. Tem certeza que não quer ficar comigo?"

A carranca em seu rosto se aprofundou à medida que se aproximavam dos quartos dos empregados. Lily já estava lá esperando em frente a uma frágil porta de madeira, torcendo ansiosamente os dedos no vestido.

"Sua Alteza! Senhor Byrone está certo, você não pode dormir aqui!"

Soleia suspirou. "Eu ajustarei minhas expectativas de acordo. Quão horrível pode ser?"

Ralph estremeceu e empurrou a porta aberta. "Veja por si mesma."

No momento em que Soleia entrou na sala, ela começou a tremer. Este quarto era muito mais frio do que ela esperava. Chamar isso de quarto seria generoso― era como uma minúscula caixa de gelo.

Soleia poderia cruzar toda a largura do quarto com uma longa passada. Havia um fino colchão no chão, junto com um velho e empoeirado cobertor que claramente já vivera dias melhores. Ralph já tinha gentilmente movido seus baús para o canto, agindo como uma improvável mesa ao lado dele.

O vidro da janela tremia de forma ameaçadora a cada rajada de vento frio.

"Princesa, por favor aceite minha oferta," Ralph suplicou num tom apertado. "Se você achar impróprio ficar em meus aposentos, eu me mudo e deixo você e Lily ficarem lá. Talvez eu não tenha muito, mas meus quartos têm uma cama de verdade e cobertores!"

Lily olhou para Soleia suplicante, esperando que sua senhora percebesse o sentido, mas Soleia balançou a cabeça.

"Tenho medo de não poder aceitar sua oferta. Enquanto meu marido é um completo bruto, infelizmente ainda sou casada com ele. Você me oferecer seus aposentos causaria falatório. Não queremos dar a ele um motivo para machucar minha outra bochecha, queremos?" Soleia levantou uma sobrancelha, antes de se acomodar.

"Se mudar de ideia, a oferta está sempre aberta," Ralph disse desolado antes de sair.

Havia algo que ele precisava verificar.