"Não estou―" Os olhos de Soleia se arregalaram de alarme, e ela imediatamente negou as palavras da senhora idosa.
Suas palmas bateram nos braços da poltrona enquanto tentava se levantar, mas estranhamente sentiu seu corpo endurecer antes de amolecer. Em vez de se levantar, ela desabou direto no chão, com as pernas da cadeira raspando no assoalho de madeira enquanto ela caía em uma pilha.
"O quê..." ela disse com um arquejo. Ela mal podia sentir seus pés e pernas, e até seus dedos começavam a ficar dormentes.
Seus olhos caíram na xícara de chá pela metade sobre a mesa. A realização afundou dentro dela como uma pedra em um rio.
"Você me envenenou", ela ofegou. Instintivamente, ela desesperadamente alcançou seus bolsos, tentando pegar sua pequena arma. Ela só precisava tirá-la, mas sua mão astuta, que sempre havia obedecido às ordens de sua mente quando se tratava de criar invenções selvagens, estava completamente incooperativa.
Ela pendurou-se fracamente na bainha de seu vestido, e Soleia só pôde gemer fracamente em desespero.
"Veneno é uma palavra tão suja. Isso não é nada mais do que um sedativo suave, só um pequeno algo para deixá-la mais cooperativa, querida", disse a senhora idosa.
Embora seu tom fosse apologético, Soleia não viu nenhum remorso em seus olhos. Suas pupilas brilhavam com cobiça não dissimulada.
"Você fugiu um pouco rápido demais na última vez. Não tivemos a chance de conversar ainda. Foi uma surpresa que você me visitou novamente tão rápido, e eu soube que precisava valorizar essa benção."
"Você..." A cabeça de Soleia girava, e sua voz ficou mais suave. "Por quê? O que você quer de mim?"
"Querida, isso é algo que você pode descobrir sozinha com base no que mencionei antes. Me disseram que a Princesa Soleia era mais inteligente do que seus colegas", disse a senhora idosa com diversão.
Ela se inclinou e acariciou a bochecha de Soleia ternamente, como se fosse nada mais do que uma avó idosa mimando sua preciosa neta. Soleia queria recuar ao toque dela, mas seu corpo estava resolutamente imóvel.
Agora, até sua língua parecia pesada em sua boca. Ela queria praguejar, mas não conseguia reunir energia. Ela lutou para manter as pálpebras abertas, mas sabia que estava perdendo a batalha. O medo lentamente a superou; ninguém sabia que ela estava aqui. Até alguém notar sua ausência, seria tarde demais.
Pequenas lágrimas se acumularam em seus olhos com a realização de que estava prestes a morrer sozinha, em circunstâncias tão miseráveis.
"Durma bem, querida", a senhora idosa sussurrou carinhosamente em seu ouvido. "Boa noite."
***
Enquanto isso, Orion estava com o rosto impassível, olhando para Elowyn, que estava cercada por uma multidão de suas parentes femininas, cada uma com expressões variadas de preocupação. Elowyn estava enrolada em seus cobertores, seu rosto pálido e abatido.
"Orion, você está de volta!" Ela sorriu e tentou se sentar, mas uma careta atravessou suas feições delicadas.
Sua mãe imediatamente se agitou ao lado dela, seu rosto tenso de preocupação. "Elowyn, querida, você não deveria estar se mexendo. Orion, o que você está fazendo, parado tão longe? Venha mais perto e olhe para Elowyn!"
Orion sabia que deveria se aproximar dela, mas não conseguia ignorar os sinais de alerta soando em sua mente. Toda vez que se aproximava de Elowyn, sua mente ficava confusa. Ele queria manter sua clareza por mais um pouco, então seus pés permaneceram plantados bem fora do quarto compartilhado.
"Ouvi dizer que você estava indisposta", disse Orion em vez disso, preparando-se para virar e sair. "Devo chamar um médico imediatamente―"
"Não há necessidade disso", disse Elowyn discretamente, seguida por uma série de tosse suave que sacudiu sua figura frágil.
"Já chamamos o Senhor Ludwin para vir, ele deverá estar aqui em breve", Elisa resmungou. Aquele médico estava certamente demorando demais apesar da importância do estado de Elowyn!
Enquanto isso, Lucinda marchou e arrastou Orion para o quarto, colocando-o bem ao lado de Elowyn, apesar de todos os seus esforços para sair.
"Primo, por que você está tão pronto para sair? Não me diga que já está cansado dela!" Lucinda exigiu.
Elowyn virou seus olhos lacrimejantes na direção deles. "Lucinda... não force Orion. O Duque Elsher deve ter estado excessivamente ocupado com seus próprios assuntos. Vou ficar bem depois de algum descanso."
"Você é bondosa demais", Lucinda resmungou com raiva e voltou-se para Orion. "Toda essa confusão foi causada por aquela estúpida Princesa!"
"Soleia?" Orion piscou em confusão. "Como assim?"
Elowyn notou seu uso do nome de Soleia, e ela apertou o punho sob os cobertores. No entanto, não havia nenhum traço de ira ou irritação em sua voz ao responder sua pergunta.
"Não dormi bem", Elowyn confessou fracamente. "O bebê me manteve acordada a maior parte da noite, e quando finalmente adormeci... a Duquesa Soleia me acordou com sua voz." Ela suspirou, aflita, esfregando suas têmporas desoladamente. "É apenas um mau momento. Não posso culpar a Duquesa Soleia por estar tão preocupada com o bem-estar do Senhor Ralph. Afinal de contas, ele é seu melhor amigo."
"Minhas desculpas", Orion disse, uma ruga entre seus olhos.
Ele sentiu uma conhecida fonte de culpa surgir dentro dele. Mesmo que ele não tivesse clareza sobre as intenções de Elowyn, ela ainda era uma mulher grávida de seu filho. A doença que ela sofria era causada por ele. Ele tinha que assumir a responsabilidade, mesmo que não tivesse certeza de como as coisas chegaram a esse ponto.
Além disso, Soleia não teria feito tanto alarde pela manhã se ele tivesse simplesmente lembrado de conseguir um médico como prometera.
Elowyn deu uma risada fraca. "Por que você precisa se desculpar? Todo incômodo que sofro por causa de nosso filho é um que suporto com prazer."
Sua mão acariciou gentilmente seu ventre inchado. Ela estendeu a mão e agarrou a própria mão de Orion, permitindo que ele tocasse sua barriga.
"Oh! Senti nosso bebê se mexer!"
Ao ouvir suas palavras, Orion abaixou a guarda. Ele focou seu toque no ventre dela, tentando sentir.
Elowyn aproveitou a oportunidade para erguer a mão e segurar o rosto de Orion. Suas pupilas se expandiram antes de se turvarem em um matiz púrpura familiar, que era exatamente como ela gostava. O sorriso terno em seu rosto se transformou em um sorriso de satisfação arrogante.
"Todos, deixem-nos", Orion ordenou asperamente, e o resto de sua família deu um pulo de surpresa. Eles trocaram olhares de entendimento, e Elisa ansiosamente os conduziu para fora.
"Vamos dar alguma privacidade aos pombinhos, não é?" Elisa perguntou, e as mulheres zuniram como um bando de pássaros na primavera.
Elowyn enrolou sua mão possessivamente sobre a nuca de Orion, mantendo-o preso. O brilho roxo em seu peito ficou brilhante o suficiente para brilhar através de seu vestido, e Orion o encarou sem piscar, encantado pela luz.
Bom. Era assim que ela o queria. Maleável. Obediente. Submisso.
Longe daquela princesa problemática e de seu melhor amigo.
"Orion, querido, o que você acha de fazer uma visita ao Rei Godwin?"