Kent caminhou até a porta e a abriu com um sorriso no rosto.
"Senhores, sejam bem-vindos à minha casa," ele disse, estendendo a mão para um aperto de mão firme. O soldado o olhou de cima a baixo, sem sequer se dar ao trabalho de aceitar o aperto de mão.
"Quem é você?" ele perguntou. Claro, Kent não se ofendeu por ele ter recusado o aperto de mão.
"Eu sou o Kent, o único discípulo do falecido Mestre James Hogan," Kent respondeu, nem se preocupando em esconder o fato de que James havia falecido injustamente. Ele poderia simplesmente ter dito que seu mestre não estava por perto.
Mas, novamente, seu túmulo estava a apenas alguns minutos de distância, então mentir não era uma opção também.
"Então desculpe por desperdiçar seu tempo. Tenha um bom dia," disse o soldado, virando-se para partir.
"Eu poderia ao menos saber por que você procurava meu mestre?" Kent perguntou. Ele já sabia, pois seu mestre sabia por que eles estavam lá. Ele tinha as memórias dele, afinal.
"O chefe da família Mercante Alderford precisava dos serviços dele, mas como ele não está mais aqui, não há mais necessidade de incomodá-lo," disse o soldado.
"Oh, eu não me importaria em substituir meu mestre. Afinal de contas, ele me ensinou tudo o que sabia, então seria lógico se eu o substituísse," disse Kent.
O soldado hesitou, olhando Kent de cima a baixo. Ele pareceu incerto por um momento, mas então assentiu.
"Bem, se você está disposto, podemos levá-lo até a família Alderford. O chefe precisa de ajuda com um assunto urgente."
Seu mestre havia dito que eles não deveriam voltar de mãos vazias, então eles não voltariam de mãos vazias.
"Então me dê alguns minutos para organizar meus assuntos para que possamos partir," Kent disse antes de voltar para dentro. Ele ficou em frente ao caldeirão e gentilmente o colocou dentro do anel espacial. Ele se dirigiu para o outro quarto e pegou uma espada que seu mestre havia escondido embaixo da cama de madeira.
Era ligeiramente melhor do que a que ele estava usando para treinar. Claro que era. Afinal de contas, James Hogan havia comprado por 70 moedas de ouro. Era uma de suas posses mais valiosas.
Após coletar todos os objetos de valor que poderia precisar, Kent deixou a casa e dirigiu-se para a carruagem onde os cinco soldados o aguardavam.
"Podemos partir agora," Kent disse, entrando na carruagem.
Os soldados assentiram e começaram a se mover de volta para a Cidade de Caprath.
Kent não estava particularmente confortável na carruagem, então, durante a viagem, ele saiu e começou a andar na área aberta da carruagem. Ele queria ver mais do exterior.
"Então, como é a família Mercante Alderford?" Kent perguntou de repente. "Não me entenda mal, só queria saber para causar uma boa impressão. Nunca estive rodeado por pessoas tão influentes antes - até hoje, pelo menos."
Os soldados hesitaram por um minuto antes de um deles falar. "Bem, há 13 famílias mercantes na Cidade de Caprath, e a Alderford está entre as top 5. Eles são altamente influentes."
"Entendo. Acho que terei que me esforçar ao máximo para honrar o legado do meu mestre," Kent disse. Os soldados trocaram olhares, como se quisessem perguntar algo, mas hesitaram.
Kent leu suas expressões e imediatamente soube o que eles queriam perguntar.
"Não se preocupem. Embora eu tenha sido treinado pelo Mestre James, não sou tão sem vergonha," Kent sorriu. "Bem, talvez um pouco sem vergonha, mas prometo que não serei um incômodo para a família Alderford," ele acrescentou, fazendo os soldados sorrirem um pouco.
"A propósito, presumo que meu mestre não foi o único convocado?" Kent perguntou.
"Sim, outros foram para outras cidades ver se conseguem trazer algum outro alquimista," um dos soldados respondeu.
"Hmm... Mais, hein? Isso me faz pensar para que eles precisam de tantos alquimistas," Kent murmurou, garantindo que os soldados ouvissem o que ele disse.
Após garantir que tinha a atenção deles, Kent se virou para eles e perguntou, "Vocês senhores não aconteceriam de saber por que eles precisam de tantos alquimistas, saberiam?"
Os soldados não disseram nada, o que fez Kent sorrir levemente. Ele adicionou, "Vamos lá, pessoal, me contar algo pequeno não faria mal, certo?"
Ele estudou suas expressões e podia dizer que eles sabiam o que estava acontecendo — eles só não queriam dizer nada. De repente, um deles, chamado Steve, falou.
"Uma das filhas de John Alderford está doente, mas nenhum curandeiro conseguiu diagnosticá-la, então eles estavam esperando que uma perspectiva nova ajudasse muito." Os soldados tentaram repreender Steve, mas vendo a expressão pensativa que apareceu no rosto de Kent, eles se contiveram.
Após alguns momentos, Kent falou. "Obrigado por me contar. E embora eu não possa prometer que conseguirei curá-la, certamente farei o meu melhor."
"E ei, se por algum milagre eu conseguir curá-la, eu certamente compartilharei a recompensa com vocês," Kent adicionou, fazendo os soldados sorrirem.
Kent pensou por um momento e então perguntou, "Vocês sabem quais sintomas ela tem? Ou que tipo de doença pode ser?"
Os soldados trocaram olhares, mas nenhum deles respondeu.
"Vamos lá, vocês devem ter ouvido algo sobre isso," Kent insistiu. "Não posso ajudar sem ter alguma ideia do que estou lidando."
Um dos soldados balançou a cabeça. "Não sabemos muito. Só nos disseram que ela está muito doente, mas ninguém conseguiu descobrir o que ela tem."
Kent franziu a testa, depois assentiu. "Entendo. Acho que terei que descobrir por mim mesmo então."
Ele pensou por um momento. "Já tentaram usar remédios alquímicos nela?"
"Não, que nós saibamos," outro soldado respondeu. "Eles só mandaram chamar alquimistas depois que os curandeiros falharam."
Kent assentiu novamente, pensativo. "Certo. Farei o meu melhor para ajudar. Mas uma última coisa — há quanto tempo ela está doente?"
"Já faz alguns meses," Steve respondeu. "Eles estão procurando uma solução desde que ela ficou doente pela primeira vez."
Kent exalou lentamente. "É muito tempo." Ele então fechou os olhos e começou a conversar com a torre. Dois dias depois, eles chegaram em frente ao grande portão, guardado por dezenas de soldados.
Mesmo a quilômetros de distância, Kent podia ver centenas de atividades acontecendo dentro e fora do portão. Ele estava alto e forte. Claramente, muito havia sido investido nesta cidade.
"Aliás, eu queria perguntar, quem são os governantes desta cidade?" Até mesmo seu mestre não sabia, já que ele raramente se envolvia nos assuntos da cidade.
"A Família Nobre Ashland," Steve respondeu.
Um tempo depois, eles entraram na cidade, o que foi fácil e simples considerando que eram da Família Mercante Alderford. Seus uniformes eram suficientes para mostrar que não precisavam de apresentações.
Após uma hora e meia se movendo pela cidade e por uma estrada vazia, eles chegaram em frente a uma enorme mansão, ou mais como uma coleção de grandes casas que formavam uma mansão.
"Este lugar é lindo," Kent murmurou, olhando para as paredes polidas, os prédios altos, e, bem, o lugar todo exalava luxo.
"Parece que somos os últimos a chegar," Steve disse, notando as dezenas de carruagens já estacionadas. Kent desceu, e então eles começaram a se mover para dentro da casa.
Alguns minutos depois, eles estavam na entrada de um grande edifício, onde dezenas de indivíduos podiam ser vistos sentados. Alguns estavam conversando entre si, enquanto outros cuidavam de seus próprios assuntos.
Não era necessário uma apresentação para saber que essas pessoas eram alquimistas. Afinal de contas, todos eles tinham aquela aura arrogante que gritava que eram melhores que todos os outros. Você até podia ver isso em seus rostos.
No momento em que Kent entrou, todo o lugar silenciou. Ele examinou seus rostos arrogantes, então balançou a cabeça e foi sentar-se.
No entanto, justo quando ele estava prestes a sentar, uma voz arrogante falou, "Quem é esse moleque e que negócios ele tem no encontro de alquimistas?"