Alguns minutos depois...
Sarah está no canto do pátio onde existe um grande muro um pouco distante a sua direita, a suas costas tem uma imensa parede que restringe sua movimentação, ao seu lado esquerdo, um pouco distante, há outra parede, delimitando seu espaço que já é escasso, a sua frente, mesas e bancos redondos feitos de cimento, trazem consigo inimigos a sua caça.
Observando seus inimigos que se aproximam entre as mesas de cimento, ela analisa possíveis formas de escapar. Duas paredes, uma a suas costas e outra a esquerda, e um muro alto a sua direita se apresentam como rotas.
Suas mãos se apoiam na parede a suas costas enquanto um inimigo se aproxima a passos leves pronto para dar o bote, Sarah o observa com um olhar fixo.
Em uma ação repentina, ela ameaça disparar pela esquerda, o menino a sua frente reage e se joga em cima dela enquanto os demais ao fundo se movimentam para o lado que ela ameaçou.
Inesperadamente ela dá um salto para trás e apoia por uma fração de segundos seus dois pés na parede, fazendo com que o menino encontre chão cinza e quente.
Em seguida se impulsiona para frente se jogando por cima do menino caído no chão, ao cair, ela faz um rolamento para frente e o termina próximo de uma das mesas. Várias sombras começam a encobri-la, ao encarar para cima, mais inimigos se fazem presente.
Ao lança um olhar rápido para o lado direito e perceber que uma das mesas que fica perto do muro está vazia, ela se impulsiona para aquele lado.
— Não a deixam escapar! Hoje é o dia da tão sonhada queda do Rei! — Um menino grita do alto de sua mesa enquanto aponta para Sarah.
Todos ali disparam em direção a ela como se fossem uma horda de monstros saídos diretamente de uma masmorra.
Seu pé direito já está sobre a mesa terminando de se impulsionar para frente, enquanto isso, sua perna esquerda já está à frente um pouco flexionada enquanto o pé busca um apoio. Seu corpo se projeta em direção ao muro.
Ela tem a potência e altura mais que o suficiente para alcançar seu objetivo, e assim com suas mãos, ela agarra a parte superior do muro. Com um pouco de esforço se puxa para cima conseguindo uma façanha incrível para os demais ali presentes.
De pé ela olha para seus inimigos desolados por mais um fracasso.
Uma brisa suave a atinge pelas costas, nada que a abale, somente lança seu cabelo para frente. Após dar uma última olhada para baixo, abre seus braços enquanto fecha os olhos. em seguida ela inspira o ar.
Todos a observam com seus olhos arregalados, o ar inspirado então é solto de uma vez enquanto seu corpo começa a cair sumindo para trás do muro.
— Corre! Corre! Vaaaamooosss! — Um dos meninos grita enquanto sai correndo para dar a volta no muro pelas escadas que levam para cima e para o parquinho, os outros contagiados por essa animação saem em disparada o seguindo.
Ao chegarem do outro lado do muro, eles a encontram caída em uma caixa de areia com os braços esticados para os lados e olhos fechados como se estivesse dormindo.
— Lá está ela! Avancem até Atlas! — Outro menino grita enquanto avançam em direção a caixa de areia.
Eles chegam saltando na areia, e assim se inicia uma luta onde todos batalham para ver quem será o último que ficará de pé. O maior dos meninos ali, pega o menor no colo e começa a carregá-lo até o lado de fora da caixa, o pequeno até tenta se espernear, porém, sem resultados.
— Isso é injusto! — O pequeno reclama, gritando enquanto sai dali de cabeça baixa.
Após alguns segundos andando em uma direção, ele vê um menino moreno, alto e encorpado ao lado de uma menina loira e esbelta, atraente aos seus olhos, ao ponto de o deixar um pouco tímido, os dois estão sentados nos balanços enquanto dão altas risadas.
— Ela é louca — Bernardo conversa com Marcela enquanto observam dos balanços o desenrolar da batalha.
— Ei Carlinhos! Senta aqui... Você até que tentou, desanima não! — Marcela tenta animar o menino desolado.
— Como ela consegue? Até parece uma guerreira que já batalhou na própria Atlás. — Carlinhos se senta em um dos balanços ainda chateado pela derrota. — Será que ela não está usando nenhum daqueles novos artefatos mágicos que chamam de N2?
— Você sabe que é proibido o uso deles por alunos na escola né, só maiores de idade podem usá-los — Bernardo o relembra de algumas regras.
— Fiquei sabendo que pessoas ricas conseguem comprar ilegalmente. — Carlinhos contina a duvidar da índole de Sarah enquanto olha para a caixa de areia.
— Nããão. A Sarah não é disso, está mais para como se ela fosse um daqueles androides que governam Ayda. — Bernardo complementa enquanto contempla Sarah com olhar distante, Carlinhos concorda com ele com a cabeça enquanto também olhara para ela.
Com seus 1,66cm de altura, está parada de pé no meio da caixa de areia enquanto está cercada pelos meninos do ensino médio, três deles são altos, e desses três, dois são magros e o outro tem um corpo mais atlético, tem mais três meninos que são da altura de Sarah, um deles também tem um corpo atlético enquanto os outros dois são mais gordinhos, todos são morenos.
Para escapar do cerco que os meninos estão fazendo, ela corre em direção dos dois altos e magros. Com o sorriso no rosto eles se preparam para agarrá-la.
Com um salto entre eles que termina em um rolamento, mais um obstáculo foi superado. Ao tentar pegá-la, os dois se chocam de cabeça e caem na areia com as mãos na testa, rapidamente começam a chorar, os demais começam a rir, então os dois se levantam e saem correndo dali envergonhados.
— Ei! Cadê ela? — Um dos meninos gordos indaga ao vento em voz alta, então ele sente mãos se apoiando em seus ombros, e solas de pés o empurrando nas costas, o forçando a ir para frente.
Se desequilibrando com o peso que Sarah faz em suas costas, ele começa a correr cambaleando para frente, suas mãos tentam buscar um apoio, para seu alívio, consegue esbarrar em algo. Ao se recompor e levantar a cabeça ele percebe que acabou de jogar o menino alto de corpo atlético para fora da caixa de areia.
— Aaaai! — O menino reclama de dor enquanto está caído — Poxa Cleber... você precisa malhar em, assim não dá. — Ele esbraveja com o menino gordo enquanto tenta se levantar.
Então Cleber se vira com a face furiosa procurando por Sarah, mas para sua surpresa algo tão grande como ele se aproxima a toda velocidade, o outro menino gordo vem a toda em sua direção.
— Merda... — Essa é a única coisa que ele consegue dizer antes de os dois despencarem para fora da caixa, em cima do menino que está terminando de se levantar.
— Você também Cleiton! Vou passar hoje na casa de vocês, vou conversar sério com a dona Claudia, vou arrastar vocês para academia, dá não! Vão acabar me matando ainda! — Ele volta a reclamar enquanto novamente se levanta do chão.
— Ah não Maike, essa história de novo não. — Cleiton reclama enquanto seu irmão Cleber o ajuda a levantar.
— Esquece! De hoje não passa! — Ele exclama com convicção enquanto os três se dirigem para longe dali.
Sobram somente Sarah e o menino de sua altura, um encara o outro enquanto estão com os corpos rígidos e preparados para o embate.
— Ei Sarah… você vai jogar bola no campinho de terra hoje, depois da aula? — O menino há indaga.
— O quê? Vai ter jogo hoje? Ninguém me falou nada! — Sarah relaxa os músculos do seu corpo enquanto o questiona incrédula com o que ouviu.
— Acho que eles não querem te chamar mais, você os humilha muito, foi o que ouvi. — Ele a responde em meio a especulações. — Mas se quiser chegar comigo lá, eu te dou moral, vai ficar tudo bem.
— Você me dar moral? — Sarah começa a tirar sarro dele de uma forma carinhosa enquanto se aproxima dele.
— Não sou apelidado de Romário atoa sabia.
— Eu sei, obrigada! Mas se eles não me querem lá... eu não vou incomodar, deixa que eles sintam falta das minhas canetinhas! — Sarah olha para ele com um leve sorriso enquanto passa a mão na nuca por baixo do cabelo.
Por um instante ele fica envergonhado e sem reação. O sinal do intervalo toca, Bernardo e Marcela chegam perto da caixa de areia.
— Ei Sarah, vamos para aula, é educação física! — Marcela a instiga.
O olhar de Sarah chega a brilhar — Desculpa Rômulo... — Então ela sai correndo em direção a torneira que tem em um canto ali perto.
"Romário" então abaixa a cabeça conformado e começa a caminhar em direção ao banheiro.
Marcela e Bernardo vão até Sarah que está passando água nas pernas.