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Chapter 5 - Sentimentos

Alguns minutos depois.

— Mas Sarah… você não pode resolver tudo na violência, eu sei que isso te incomoda, você é diferente, mas não deve levar isso pro lado negativo. — O sermão já começou, em um tom moderado por parte da diretora que mantém a compostura, enquanto isso, Sarah mantém sua cabeça abaixada somente escutando em silêncio — Se você não melhorar esse seu comportamento, vamos ser obrigados a te expulsar do colégio.

"Não! Eu não quero sair daqui, não quero abandonar meus amigos!" Sarah se desespera, então levanta sua cabeça com um olhar assustado voltado para diretora enquanto lágrimas começam a escorrer de seus olhos, em sua face, à expressão de medo e tristeza se misturam.

— Eu sei que você não quer isso, me prometa que essa será a última vez que esse tipo de coisa acontecerá. — A diretora estica seu braço direito sobre a mesa, e suavemente toca a pele clara do rosto de Sarah, enxugando um pouco das lágrimas que escorrem. — Promete?

Sarah balança com a cabeça de forma positiva enquanto seus ombros relaxam e seu rosto sente o calor do gesto gentil de Marcia, um leve sorriso surge em seu rosto.

— Você é forte, as pessoas zombam e te olham com inveja e desprezo, mesmo assim, ainda consegue sorrir desse jeito. Você um dia vai ter orgulho de ser assim! — Marcia termina a fala com a voz serena e imbuída de otimismo.

— Com licença, Márcia, eu trouxe o Gabi — O professor Marcos chega e com cuidado vai abrindo a porta. — Venha, ela não vai te morder!

Sarah está terminando de enxugar suas lágrimas.

— Não precisa ter medo de mim! — A diretora solta palavras calmas em direção a porta e a Gabi.

— Não é de você... — Gabi ao entrar pela porta já lança um olhar procurando Sarah e ao encontrá-la decide não se aproximar muito, ficando ali encostado do lado da porta com um pedaço de papel higiênico enfiado em seu nariz.

— Bom... Já que você insiste. — Marcia não insiste e o deixa ali, ela procura não exaltar os ânimos do ambiente. — Vamos Gabi, peça desculpas para Sarah, assim como conversamos lá no banheiro.

— Gabi. — Sarah levanta e se aproxima dele um pouco enquanto olha para o chão. — Se não quiser, não precisa me perdoar, eu acabei exagerando.

— Exagerou? Eu pensei que ia morrer! — Ele murmura por um instante.

— Ei, não precisa exagerar! — Marcos o repreende colocando a mão em seu ombro.

Sarah olha na face de Gabi e estende sua mão em sua direção como um gesto de paz.

Ele a encara e não consegue encontrar em seus olhos nenhum traço daquela fera que o amedrontou a pouco, dá uma breve suspirada enquanto desencosta da parede.

— Tudo bem, eu também não devia ter te insultado. Desculpa! — Sua mão direita se estende enquanto termina sua fala, então os dois se cumprimentam em um gesto de conciliação.

— Sarah, você pode ir! Eu vou conversar um pouco com ele! — Márcia com um sorriso no rosto demonstra sua felicidade pelo momento — Venha Gabi, sente-se!

Sarah a passos largos caminha para fora da direção, e a porta se fechada a suas costas. Ela para pôr um segundo e ao invés de ir para o lado da quadra, se direciona para o outro.

— Gabi, eu sei que não temos o direito de te pedir isso, mas se você pudesse fazer esse favor por nós, poderia não comentar com seus pais o que aconteceu? Sabe... a Sarah é uma menina complicada de lidar, ela aparenta ser forte para todo mundo, mas é frágil por dentro, se deixa levar muito fácil pelas emoções — Marcia tenta apaziguar a situação.

— Não se preocupe, eu vou inventar uma desculpa. Meu pai iria tirar sarro de mim se soubesse que apanhei de uma menina. — Ele solta um leve riso em forma de sopro de ar pelo nariz, fazendo com que um dos papéis no nariz caia, e o breve sorriso no rosto logo se transforma em expressão de dor, então ele se abaixa para pegar o papel.

— Bom garoto, agora pode voltar para a quadra! — Marcos o libera.

Gabi se levanta sem demora, se retira da sala, ao encostar a porta e começar a tomar seu caminho ele se vê frente a frente com Sarah.

— Toma! Coloca isso no nariz, vai melhorar! — Ela oferece um pequeno saco plástico com gelo dentro, que acabou de pegar na cozinha com as tias.

— Obrigado... — Gabi timidamente agradece enquanto se encaminha para a quadra — Você não vem?

Ela balança a cabeça recusando, enquanto em seus pensamentos está preocupada com seus amigos, quando ainda estava na quadra ela percebeu que eles não estavam por lá.

— Bom... até! — Ele toma seu caminho.

Após alguns minutos os procurando pelos corredores e atrás dos blocos de salas, ela escuta uma conversa vinda de trás do ginásio, ela encosta na quina da parede a tenta observar o que está acontecendo ali atrás, seus olhos se arregalam, e ela fica surpresa e feliz com o que vê.

— A gente poderia sair qualquer hora, sabe, andar um pouco a noite... O que você acha? — Bernardo está sentado e encostado no muro que fica atrás do ginásio.

Ele indaga para Marcela enquanto acaricia o rosto dela que está virada para cima olhando para ele. Marcela está deitada no chão com sua cabeça jogada no colo dele, seu cabelo está todo espalhado pelas pernas dele.

— Eu queria muito isso, mas não sei se meu pai iria deixar, ele anda muito preocupado, eu vou precisar inventar uma desculpa para ele. — Com um sorriso bobo e o rosto um pouco avermelhado, ela aceita o convite.

— Conversa com a Sarah, ela com certeza vai te ajudar! — Bernardo lança uma ideia ao ar enquanto aprecia seus fios dourados.

— Mas... e nós? O que eu vou falar para ela? — Marcela se levanta e se senta ao lado dele, em seguida escora sua cabeça no ombro de Bernardo.

— O que tem eu? — Sarah aproveita a brecha para dar um flagrante nos dois pombinhos, ela faz uma entrada surpresa com uma voz um pouco alta como se quisesse assustar alguém.

— Sarah? — Marcela assustada, se levanta com sua face agora bem avermelhada.

— Pronto, agora ela sabe! — Bernardo só pontua sua opinião sobre o ocorrido.

— Como se fosse segredo que vocês gostam um do outro, só vocês não viam! — Sarah joga essa verdade na cara deles.

— Estava tão na cara assim? — Bernardo questiona ao ar enquanto olha para o lado disfarçando.

Sarah não responde nada, só dá um belo sorriso de alguém que está feliz.

— Eu procurei vocês por toda escola, eu quase me ferrei, fui para direção e... — Sarah começa a contar para eles o ocorrido, enquanto Bernardo se levanta e os três começam a caminhar para quadra.