Enquanto os humanos se debatiam em um mar de incertezas sobre o Dragão Cósmico, surgido em duas ocasiões distintas, sua aparição permanecia um enigma absoluto. Ao contrário dos kaijus e titãs conhecidos, não havia qualquer sinal de radiação para ser detectado por satélites ou medidores avançados.
Ele simplesmente emergirá e desaparecerá, sem deixar rastros. Isso mergulhava a Monarch em um estado de tensão crescente, enquanto seus cientistas e agentes se viam incapazes de explicar o fenômeno.
Renier, porém, permanecia tranquilo, sem a menor preocupação em ser descoberto. Ele sabia que sua própria existência era uma anomalia que desafiava as leis naturais daquele mundo, algo muito além do entendimento humano. Sentado na sala médica, ele observava com curiosidade enquanto Jennifer, uma das cientistas da Monarch, conduzia uma série de testes.
Ela posicionou o estetoscópio contra seu peito, buscando ouvir seus batimentos cardíacos. Seus movimentos eram meticulosos, mas Renier não conseguia deixar de se perguntar sobre a necessidade daquilo.
— Isso é realmente necessário? — questionou Renier, um leve tom de confusão em sua voz, seus olhos acompanhando os gestos da médica.
Jennifer o olhou por um instante, visivelmente intrigada com a normalidade que ele aparentava. — Isso é apenas procedimento médico padrão… Embora, é de fato desnecessário. Mas desejaria saber como você se comunica com os monstros se tivesse alguma habilidade como a dos kaijus…
Renier franziu o cenho diante da curiosidade dela. — Duvido muito que seja algo semelhante a um kaiju. Se fosse, haveria sinais claros de radiação.
Jennifer o encarou com um olhar cético. — Isso é verdade, mas sou cientista. Preciso de algo mais concreto para validar essa sua suposta habilidade de se comunicar com os Titans, e não apenas algo que parece saído de um conto de fantasia.
Renier esboçou um sorriso discreto. "Humanos ficam perplexos com o que não compreendem", pensou, enquanto a deixava realizar os testes. Ele sabia que estava ocultando sua verdadeira natureza, exibindo apenas o lado híbrido humano.
Após alguns testes básicos, Jennifer soltou um suspiro frustrado, retirando os óculos e pendurando-os na gola da camiseta. — Seu coração bate um pouco mais rápido que o normal, mas... fora isso, nada de anormal. — Ela parecia inconformada.
— Você não acredita que eu tenha essa habilidade, certo? — Renier perguntou, divertido pela descrença da cientista.
— Exatamente. Apesar das testemunhas dizendo que você se comunicou com o Titanus Rodan, — ela fez uma pausa. — Como cientista, só acredito naquilo que posso provar. Até eu ver com meus próprios olhos, não acredito nesse "dom" que, para mim, parece completamente ilógico.
— Heh, e um Titan como Godzilla cuspindo uma baforada atômica ou um dragão alienígena de três cabeças controlando raios e tempestades faz todo sentido pra você, não é? — Renier provocou, com um sorriso sarcástico.
Jennifer revirou os olhos, cruzando os braços e se escorando na mesa. — Uma criança me provocando assim... chega a ser humilhante. — Ela deu um meio sorriso. — Então, tem como provar que pode mesmo se comunicar com os Titans?
— É claro que tem. — Renier respondeu com confiança.
— Definitivamente não vou colocar você frente a frente com um Titan para testar isso. — Jennifer respondeu com seriedade. — E a Dra. Ilene nunca permitiria que uma criança se arriscasse desse jeito.
Renier sorriu, agora de forma travessa. — Mas você quer ver, não quer? Ver eu me comunicando com um Titan. — Ele fez uma pausa provocativa. — A Dra. Ilene não precisa saber... e eu prometo que não vai se arrepender. Eu sei que está curiosa. Vai querer ver com seus próprios olhos, certo?
A hesitação de Jennifer era palpável, mas a curiosidade científica começava a vencer sua cautela. Seus dedos tamborilavam ritmicamente sobre a mesa enquanto ponderava a proposta. Pegando o tablet, ela começou a revisar os Titãs catalogados até então.
— Se for um Titã pacífico, talvez seja mais seguro para testar suas habilidades sem riscos desnecessários… — murmurou, o olhar fixo na tela.
Renier a observava atentamente antes de sugerir, com um tom pensativo:
— O que acha de Titanus Tiamat?
O rosto de Jennifer imediatamente se contorceu em incredulidade.
— De jeito nenhum! — respondeu, firme. — Tiamat é extremamente territorial e notoriamente agressiva. Se você chegar perto daquele território, não vai ter tempo nem de tentar conversar com ela.
Renier deu de ombros, um leve sorriso de desdém surgindo em seus lábios.
— Uma pena… — murmurou, com um toque de ironia. — Tem algum outro Kaiju interessante na sua lista?
Jennifer suspirou, cruzando os braços enquanto refletia.
— Talvez o Kong, na Terra Oca… Mas a Dr. Ilene, sendo a chefe de segurança, provavelmente não vai autorizar nada sem um processo burocrático gigantesco.
Renier arqueou uma sobrancelha, ligeiramente impaciente.
— E um MUTO? Pelo que lembro, eles tendem a ser indiferentes aos humanos, desde que tenham acesso à radiação e a chance de reprodução.
Jennifer franziu o cenho, pensativa. Após alguns instantes de silêncio, ela começou a mexer no tablet, seus olhos refletindo os pontos no mapa.
— Temos a localização de um MUTO… Uma fêmea, perto de uma floresta nos Montes Apalaches.
Renier sorriu, seus olhos brilhando de empolgação.
— No Canadá, hein? Interessante… Os Montes Apalaches são famosos pelo misticismo e mistérios que os cercam. Parece o cenário perfeito para um encontro com um Kaiju.
Jennifer suspirou profundamente, visivelmente dividida. A ideia de se aventurar naquela missão a deixava inquieta, mas a possibilidade de se comunicar com um Titã acendia uma fagulha de curiosidade em seu lado científico.
— Tudo bem, mas isso fica entre nós. Entendido? — disse Jennifer, ajustando os óculos com determinação. — Vamos pegar um avião para o Canadá. E lembre-se: tudo o que eu disser, você vai seguir à risca. Caso contrário, cancelo essa expedição no mesmo instante.
Renier sorriu de forma travessa, acenando com a cabeça.
— Sim, senhora — respondeu, com um tom divertido.
— Ótimo — ela retrucou, pegando o jaleco e jogando-o por cima dos ombros. — Melhor irmos logo, antes que a Dr. Ilene perceba nossa escapada.
Renier saltou da mesa com um entusiasmo contagiante, seguindo-a para fora da base Barbatos, pronto para a aventura.
A caminho do aeroporto, Jennifer não podia deixar de sentir a excitação crescer. A chance de estabelecer comunicação direta com um Titã era um sonho para qualquer cientista. Mas, enquanto ela se concentrava no sucesso da missão, Renier parecia estar mais interessado em seus próprios planos ao encontrar outro Kaiju.
Continua…