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Chapter 9 - Capítulo 9: Desconexão.

Na floresta densa dos Montes Apalaches, Renier e Dra. Jennifer avançavam com passos firmes, mas a exaustão da cientista era clara. Já estava ofegante, o suor escorrendo pelo rosto, e a vegetação densa ao redor parecia um labirinto sem fim. Ao tirar o jaleco branco com seu nome e o símbolo da Monarch, ela o amarrou com desgosto ao redor da cintura. Seu corpo estava pedindo descanso, mas a missão era mais importante.

Renier, sempre calmo e enigmático, percebeu sua agitação e virou-se para ela.

— O que aconteceu? — perguntou ele, o tom de sua voz casual, mas com um leve toque de curiosidade.

— Eu... estou ficando exausta. — Dra. Jennifer soltou um suspiro pesado. — Tudo aqui parece igual. Eu começo a me perguntar... você realmente sabe para onde está indo? Ou estamos apenas andando em círculos?

Renier a olhou com os olhos penetrantes e, com uma confiança inabalável, respondeu:

— Eu sei exatamente para onde estou indo. A MUTO fêmea está à frente, a cerca de um quilômetro. Estamos perto, muito perto.

Ela parou, incrédula, e o encarou com ceticismo, seus olhos escaneando cada detalhe do rosto dele.

— Como você pode ter tanta certeza? — Ela gesticulou com as mãos, frustrada. — Você não tem nenhum equipamento, nenhum dispositivo de rastreamento... você está apenas brincando comigo, não está?

Renier não se apressou em responder. Em vez disso, ele fez um gesto suave, como se pedisse para ela olhar para os equipamentos dela. Dra. Jennifer franziu a testa, sem entender o que ele queria dizer. Relutante, ela fez o que ele sugeriu e verificou seu medidor de radiação. Para sua surpresa, o dispositivo estava completamente parado. Seu relógio e até o celular no pulso também haviam parado de funcionar, como se estivessem sendo bloqueados por algo invisível.

Ela olhou para Renier, agora completamente confusa.

— O que aconteceu? — Ela perguntou, quase em um sussurro.

Renier, com um sorriso tranquilo, respondeu:

— Eu senti o pulso eletromagnético. Nenhum desses equipamentos vai funcionar aqui. A MUTO fêmea emite uma distorção nesse campo. Não serve de nada tentar usar tecnologia em um lugar como este.

A mente de Dra. Jennifer, sempre lógica, começou a se ajustar à nova realidade. Ela fez um gesto de compreensão e murmurou, mais para si mesma do que para ele:

— Faz sentido... Os MUTOs têm essa habilidade. Eu deveria ter previsto isso...

Ela então o olhou com um olhar desconcertado, misturando uma pitada de incredulidade com uma leve inquietação.

— Mas você... você não é apenas estranho. Falar com Kaijus e sentir esses pulsos... Você está seguindo o rastro dela... — Dra. Jennifer hesitou por um momento antes de completar a frase, uma palavra surgindo na ponta da língua. — Você é como... um deles?

Renier, sempre direto e sem perder o ritmo, completou com calma:

— Se "monstro" é a palavra que você procura, então sim, sou como os outros Kaijus. Apenas com uma diferença: eu os entendo.

Dra. Jennifer se deu conta do que havia dito e rapidamente tentou se retratar.

— Não leve isso para o lado pessoal, Renier... Eu só... acho tudo isso esquisito.

Renier deu de ombros, sem demonstrar nenhum desconforto.

— Tudo bem. Eu nunca fui do tipo que se importa com o que os outros falam sobre mim. Agora, vamos voltar a caminhar. Estamos quase lá. O covil da MUTO fêmea não está longe.

A floresta parecia cada vez mais silenciosa e opressiva, com apenas os sons suaves de seus passos ecoando entre as árvores, enquanto o caminho para o confronto se aproximava.

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A entrada da caverna se erguia colossal diante deles, uma ferida aberta em meio à montanha. O impacto que a criou devia ter sido brutal, como se outra montanha tivesse colidido contra ela com força esmagadora. O ar era pesado, carregado de umidade e um leve cheiro metálico, misturado ao resquício de radiação que só Renier parecia notar com mais precisão.

Dra. Jennifer soltou um suspiro profundo, inclinando a cabeça para trás antes de abrir o cantil e tomar um longo gole de água. Depois de horas de caminhada pela floresta, cada gota era uma bênção. Limpando os lábios com as costas da mão, ela finalmente olhou para Renier e soltou, ainda ofegante:

— Tá bom, eu admito. Você acertou. Tem um Kaiju aí dentro.

Renier não demonstrou satisfação com a confirmação dela, apenas lançou um olhar atento ao redor, como se estivesse ouvindo algo além do alcance dos ouvidos humanos. Seus olhos analisaram o ambiente por um momento antes de comentar:

— O nível de radiação aumentou um pouco...

Seu tom era sério, e Jennifer notou a preocupação sutil escondida ali. Mas, ao contrário dele, ela não parecia alarmada.

— Isso significa que estamos bem perto da MUTO fêmea. — Ela guardou o cantil e deu um pequeno sorriso sarcástico. — E antes que você pergunte, um pouco de radiação não vai me matar. Mas acho que posso dar adeus à ideia de ter filhos daqui pra frente.

Ela soltou uma risada curta e despreocupada, tentando aliviar a tensão. Renier, por sua vez, apenas deu de ombros.

— Você é quem sabe — respondeu sem emoção, como se o perigo fosse um detalhe insignificante para ele.

Jennifer tirou a mochila dos ombros, exalando um suspiro audível pelo peso finalmente aliviado. Agachou-se e começou a remexer nos compartimentos até encontrar o que procurava: um par de lanternas de cabeça. Rápida, encaixou uma na própria testa antes de se virar para Renier, tentando colocar a outra nele.

Antes que ela pudesse sequer encostar, ele ergueu a mão e afastou o objeto com um gesto suave, negando com a cabeça.

— Eu não preciso disso.

Jennifer franziu a testa.

— Você enxerga no escuro?

Renier cruzou os braços, um sorriso travesso se formando nos lábios.

— O que você acha?

Ela estreitou os olhos, estudando-o com ainda mais curiosidade.

— Você é mesmo humano, Renier?

Ele riu baixo, como se achasse graça da pergunta, e simplesmente começou a caminhar em direção à caverna sem responder. Antes de desaparecer na escuridão, jogou por cima do ombro:

— Para de perder tempo. Vamos logo.

Jennifer ficou ali por um instante, sentindo um arrepio percorrer sua espinha. Depois de tantas pequenas peculiaridades, era impossível ignorar: Renier não era normal.

Continua…