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Chapter 8 - Capítulo 8: Months dos Apalaches.

Dentro do jato particular da Monarch, o leve zumbido dos motores parecia envolver a cabine, criando uma atmosfera de isolamento. Renier estava sentado confortavelmente, seus fones de ouvido descansando no pescoço enquanto observava a paisagem de nuvens que passava pela janela. Ao seu lado, Jennifer, uma cientista de alto escalão da Monarch, concentrava-se em seu notebook, os dedos dançando sobre o teclado enquanto ajustava informações e verificava coordenadas.

Ele a observou em silêncio por um momento antes de romper a concentração dela.

— Então... Como você conseguiu a permissão sem precisar revelar que estaríamos indo de encontro com um kaiju? — ele perguntou, um sorriso curioso brincando nos lábios.

O olhar de Jennifer vacilou por um instante, antes de soltar um leve suspiro. Ajustando os óculos, ela respondeu. — Graças a você, Renier, tive que usar o meu próprio dinheiro. Mas, como cientista da Monarch, de alto grau, consegui uma autorização sob o pretexto de inspecionar a área ao redor dos Montes Apalaches — ela sorriu com um toque de ironia. — E disse que estaria levando um assistente... nada mais.

Era uma meia-verdade, ele sabia, e ela também. O verdadeiro objetivo era muito mais arriscado: Jennifer queria, acima de tudo, testar o que Renier chamava de sua "habilidade" de se comunicar com os Titans. Havia um toque de ceticismo em sua voz, mas a curiosidade da cientista a levava a desafiar seus próprios limites. Afinal, entre todos os possíveis kaijus, a fêmea MUTO era uma opção "relativamente segura"; era um ser meio neutro em relação aos humanos, tornando a situação teoricamente menos perigosa.

Renier riu, relaxando um pouco mais na poltrona. — E o que você faria se o que digo for verdade? Se eu realmente puder me comunicar com esses monstros? — Ele arqueou uma sobrancelha, fixando seu olhar nela. — Qual o seu interesse, Jennifer? O que te faz se arriscar tanto para estar aqui?

Jennifer hesitou, as palavras se formando lentamente em sua mente antes de chegar aos seus lábios. — Se você tiver mesmo esse dom, será algo jamais registrado antes. Poderia mudar toda a percepção da Monarch... e da própria humanidade sobre os Titãs — ela desviou o olhar para a janela, a voz mais suave. —Talvez, até mude como eles nos enxergam, se houver alguém capaz de estabelecer algum tipo de diálogo com eles.

Renier a estudou por um instante. Havia uma sinceridade ali, mas ele se perguntava se o entusiasmo científico não escondia uma motivação ainda mais profunda. Com um tom de curiosidade afiada, ele perguntou. — É só isso, então? O conhecimento científico, ou você busca algo mais com essa verdade?

Jennifer sentiu o impacto das palavras dele, e, mesmo incomodada, reconheceu a intenção por trás da pergunta. Após um momento de reflexão, ela respondeu com honestidade. — Eu sei que, se for verdade, haverá aqueles que vão tentar usar isso para algo além de uma simples benevolência... Mas, para mim, Renier, é só isso. Eu só quero conhecimento. Clareza sobre o que essas criaturas podem nos ensinar e nada mais. — afirmou ela, voltando a mexer em seu notebook, deixando o silêncio, e o barulho do som do motor do avião tomar conta, do espaço… a chegada ao ponto final já estava para acontecer…

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Depois de aterrissarem no aeroporto, Jennifer e Renier seguiram viagem até alcançarem a trilha nas montanhas, onde o ar parecia mais rarefeito e o silêncio predominava, interrompido apenas pelo farfalhar das árvores. O caminho sinuoso entre os Montes Apalaches se estendia diante deles, cercado por uma floresta densa e imponente, que ocultava segredos tanto antigos quanto esquecidos.

Jennifer, tentando aliviar o silêncio, mencionou as inúmeras superstições associadas ao lugar. — Você sabia que alguns acreditam que as luzes estranhas que surgem aqui são... sinais? Fenômenos sobrenaturais ou... talvez algo até mais estranho?

Renier lançou um olhar enigmático para ela. — Essas histórias são conhecidas. Luzes misteriosas que aparecem e desaparecem sem deixar rastros. Existem regras, você sabe, para se aventurar por aqui, — comentou, deixando um ar de mistério no tom.

Jennifer sorriu, visivelmente impressionada. — Estou surpresa, Renier. Fez o dever de casa?

Ele riu, dando de ombros. — Não diria isso. É um conhecimento comum sobre o folclore dos antigos nativos daqui. — Seus olhos vagaram pelas árvores que os cercavam, como se examinasse algo além do que ela poderia ver.

Enquanto caminhavam pela trilha, Renier falou sobre as "regras" desse território místico, aquelas que, segundo as tradições, ninguém deveria quebrar. — Nunca assobie ao caminhar, — disse ele, a voz baixa e grave. — Jamais responda a uma voz sem corpo, nunca saia da trilha, e... nunca aceite presentes estranhos. Ah, e nem pense em olhar fixamente para uma árvore ou gravar suas iniciais nela…

Ele fez uma pausa, observando a reação dela. — Evite cantar ou pintar nas pedras por aqui. Esses são os conselhos mais comuns.

Um calafrio involuntário percorreu Jennifer, mesmo que ela tentasse disfarçar. — Isso tudo não passa de superstições, Renier. Não existe sobrenatural, — ela declarou, tentando afastar o desconforto com uma risada tensa.

Renier levantou uma sobrancelha, cruzando os braços e inclinando a cabeça levemente. — Ah, então Godzilla, Ghidorah, o Demônio de Fogo e os outros Titans também eram só... superstições? Mitos e lendas que ninguém achava que existiam até se tornarem uma realidade inegável?

Jennifer sentiu a pontada de verdade nas palavras dele, quase como se tivesse levado um soco direto ao orgulho. Ela engoliu em seco, sentindo a estranha sensação de que talvez estivesse lidando com algo que ultrapassava os limites da ciência que ela tanto valorizava.

— Você tem uma língua afiada para alguém da sua idade, Renier, — ela respondeu, tentando manter o tom leve, mas sem conseguir esconder o leve amargor em suas palavras.

Jennifer, com o tablet e um medidor de radiação em mãos, franziu a testa ao perceber algo inesperado. — A radiação… está diminuindo, — murmurou, surpresa. Ela verificou as leituras novamente, certa de que o MUTO deveria estar próximo, mas o rastro parecia enfraquecer a cada segundo.

Renier, no entanto, estava atento aos arredores, como se percebesse algo que os sensores dela não poderiam captar. Seus olhos se estreitaram, e ele apontou para a densa floresta que se estendia além da trilha. — Ela está descansando em uma caverna, a alguns metros daqui, — disse ele, casualmente.

Jennifer o olhou, confusa e um tanto incrédula. — Como você sabe disso sem nenhum equipamento? E como tem tanta certeza de que... está dormindo?

Renier lhe lançou um sorriso enigmático, o tipo de sorriso que parecia guardar mais do que ele estava disposto a compartilhar.

— Apenas um instinto, — respondeu, com uma calma que soava quase provocativa. Sem dar mais explicações, ele se virou e começou a caminhar em direção à floresta, saindo da trilha.

Jennifer o seguiu com os olhos, hesitando. — Espera… uma das regras daqui não era nunca sair da trilha? — perguntou, a voz carregando uma ponta de alarme.

Renier deu de ombros, os olhos ainda fixos na direção que havia escolhido. — Regras foram feitas para serem quebradas, — comentou, o tom leve e desafiador. — E, de qualquer forma, não viemos até aqui para uma caminhada de recreio.

Jennifer soltou um suspiro impaciente, murmurando para si mesma. — Esse garoto é ousado… e um tanto esquisito. — Ela ficou observando enquanto ele se afastava com passos decididos, e um súbito temor começou a crescer dentro dela. A ideia de ser deixada sozinha naquela floresta densa, envolta por lendas e mistérios, fez seu coração acelerar.

Relutante, mas preferindo arriscar-se com Renier do que enfrentar a solidão entre aquelas árvores, Jennifer apressou o passo, temendo perder de vista seu "assistente". Ela murmurou algo sobre o quanto odiava situações sem controle, mas sua curiosidade, e talvez algo mais profundo, a empurraram a continuar.

Continua…