_Papai, o que o senhor quis dizer com casar? – perguntou Elise ao pai que a olhava seriamente – O senhor está brincando, não está? – o desespero tomou conta de Elise. _ Me diga que é uma brincadeira, por favor!
_Elise, eu estava pensando e acredito que já está na hora de noiva-la e para isso, eu e Thomas decidimos inscrevê-la nesse programa – Disse o pai tentando encorajar a filha a aceitar o noivado.
__L.T.T.E? O senhor vai me inscrever nessa palhaçada? Por um acaso eu sou o quê? Um objeto a ser leiloado? E o que o meu irmão mais velho tem a ver com isso? Ele não estava morando em outra cidade? – questionou Elise cruzando os braços. _Eu não aceito me casar através desse método arcaico e podre, não aceito!
_Filha, eu sei que isso é uma surpresa para você e que não vai acontecer da forma que desejava – disse o pai ignorando a falta de modos da filha. Continuou: _Mas nunca se sabe, vai que você conhece alguém. - sorriu amarelo, contudo a filha continuava séria. _Quero dizer, tente ver pelo lado posi...
_Aí que está, não tem lado positivo, pai! – interrompeu a filha.
_Elise, chega! – ordenou o pai severamente. _Você irá e ponto final – concluiu.
_Não vou! – gritou de pé, batendo as mãos na mesa de centro. _Nunca!
_Elise Viturino! – gritou o pai se levantando. Suspirou. _Sente-se, vamos conversar.
_Já está decidido, não temos mais o que conversar sobre esse assunto, papai. Eu não irei participar disso, ponto. Com sua licença...
_Elise, fique. – ordenou Harold. _Não terminamos nossa conversa – disse. _Escute filha, apenas tente, está certo? Não irei forçá-la a se casar com ninguém, só quero que você participe do evento, não gostou de ninguém? Tudo bem, volte para casa.
_E por que não posso só ficar em casa se no final eu voltarei? – perguntou tornando a cruzar os braços novamente.
_Por isso! – apontou para a filha, o mesmo já estava perdendo a paciência. _Filha, você não sai de casa...
_Eu sou uma pessoa caseira, pai.
_Não conversa com ninguém, não tem amigos da faculdade, não tenho nem motivos para desconfiar que você está namorando escondido, porque você simplesmente se fechou para o mundo.
_Eu tenho o senhor, o Thomas, a Melina e a Ana. Além disso, o senhor deveria ser grato por ter uma filha que não sai por aí namorando escondido.
_Elise... você precisa se socializar, minha filha! Vá se divertir com outras pessoas, saia desse seu mundo onde só eu e a nossa família temos acesso.
_O senhor acha que a solução seria eu ir para esse evento cheio de adolescentes com os hormônios apurados que só pensam em prazer e riquezas?
_Não, a solução seria você conhecer novas pessoas e fazer amizades, claro que o objetivo principal seria noivá-la, mas não irei exigir tanto.
_Pai, eu estou bem assim, eu gosto da minha vida do jeito que ela está – respondeu Elise se sentando na poltrona.
_Você tem certeza? – perguntou Harold se aproximando da filha. _Elise, já fazem 8 anos que ela se foi e desde aquele dia você se fechou para tudo e todos, acreditei que seria momentâneo por conta do luto, mas já faz muito tempo, filha.
_Pai, não quero falar sobre isso...
_Eu sei que essa dor nunca passa, ela diminui, mas continua lá e eu sei disso porque também sinto essa mesma dor, mas estou vivendo, não? Eu tenho que viver, por você, por seu irmão, por ela e por mim, entende? – perguntou segurando as mãos da filha. Elise acena se segurando para não chorar. Falar sobre sua mãe ainda era um assunto delicado.
_Um mês – sussurrou a jovem após respirar fundo e refletir por alguns minutos. _Irei participar por um mês. Se ninguém chamar a minha atenção, voltarei para casa e o senhor não forçará mais um casamento. Combinado? – O pai parecia relutante com a proposta, mas cedeu ao trato da filha.
_Combinado. – respondeu a abraçando forte. _Mas tem que me prometer que se esforçará.
_Eu prometo. - disse com os dedos da mão cruzados.