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Chapter 2 - Capítulo 1

Vamos lá! Irei dar uma breve resumida, pois tenho certeza que vocês não querem ler a parte entediante das apresentações, mas que não deixam de ser importantes. Eu me chamo Elise Dias Viturino, tenho 19 anos, moro em Belielly, a segunda maior cidade de Alliry, um pequeno país que apesar de seu tamanho, é um dos países de maior economia do continente. 

Na minha casa vivem somente eu e meu pai, tirando alguns funcionários. Meu irmão mais velho, Thomas, está atualmente morando na capital, Elyari, cuidando de algumas filiais de nosso pai e se preparando para abrir a própria empresa. Além disso, ele acompanha a noiva, Melina, que trabalha como pediatra em um dos maiores hospitais do país. Minha mãe faleceu há 8 anos atrás, ela descobriu tardiamente uma enfermidade. Dois meses depois de ter iniciado o tratamento, ela acabou não resistindo...

Não tenho muitos amigos. Além da minha família, tem a minha melhor amiga Ana e os filhos dos empregados que de vez em quando vêm me visitar, principalmente Yohan e Amélia, pois fazemos o mesmo curso da faculdade: Economia. No mais, é isto. Encerradas as apresentações, chega de enrolação e vamos voltar ao que importa, o que vocês realmente esperam saber: L.T.T.E.

Enquanto me arrumo para o jantar irei explicá-la. A sigla é a abreviação de Loyalty To The End, que é basicamente uma organização onde herdeiros de homens e mulheres ricos, que possuem um patrimônio acima de 1 milhão, passam a viver juntos por 3 meses e conforme vão se conhecendo, laços são formados, não necessariamente amorosos apesar de ser o objetivo principal, mas também amizades, sociedades, parcerias e irmandades. É claro que rivalidades também crescem entre os herdeiros, principalmente por conta da hierarquia. Os participantes são divididos em grupos onde cada um tem como nome uma pedra preciosa.

O primeiro grupo é a pedra Opala, representada pela cor laranja, ele possui como integrantes os filhos que possuem sete dígitos no patrimônio e que não possuem tanta influência. A Garnet é o segundo grupo, representado pela cor azul e são os que possuem oito dígitos e que têm uma certa influência, mas só socialmente falando. O grupo Esmeralda, cor verde, são os de nove dígitos e que têm influência social e econômica. O Rubi, cor vermelha, são os de dez dígitos, eles possuem muita influência em todos o sentidos, mas ainda existe uma classe superior. O grupo Diamante, cor amarela, é o maior grupo, supostamente, e eles são os de onze dígitos, possuem tanta influência que a economia do país tem crescido rapidamente graças aos negócios de seus pais, mas ressalto que só há cinco famílias que possuem essa cor. Com isso, dá para imaginar a luta por poder que acontece durante esses três meses.

Agora, vocês devem estar se questionando: "De qual grupo você fará parte?" ou pensando: "Com certeza ela é Diamante ou Opala", bom, meus caros leitores, na verdade eu faço parte do grupo Rubi, o pior grupo de todos. Por quê? Simples, imaginem o quão disputado é o grupo Rubi pelos outros, já que o Diamante não se relaciona com as pessoas dos outros grupos, mas somente com os próprios integrantes. Há tantas bajulações e tentativas de chamar a atenção de um vermelho que chega a ser totalmente exaustivo.

_Senhorita Elise? - Lilian, que trabalha aqui como governanta, abre a porta do meu quarto.

_Sim, senhora Lilian - respondo terminando de passar me arrumar.

_A senhorita Ana está a aguardando no jardim - informou se endireitando ao lado da porta.

_Ana? – perguntei surpresa. A mais velha acena concordando. _Obrigada, senhora Lilian, irei encontrá-la imediatamente. - Corro para fora do quarto em direção ao jardim.

Quando eu era pequena adorava acompanhar meu irmão e meu pai nas reuniões que eles tinham com alguns sócios e colegas. Em uma delas acabei conhecendo uma garotinha de nove anos que não parava de chorar e implorar ao pai para ir embora, pois estava com sono. Meu irmão, que antes tinha quinze anos, também havia notado ela e tentou animá-la. A garotinha parou de chorar na hora. Ela estava encantada com Thomas e se apresentou como Ana Salazar. Percebendo a minha curiosidade, meu irmão nos apresentou e apesar do estranhamento no início, nos tornamos grandes amigas.

Ao chegar no jardim, procuro por Ana até que a encontro tentando subir uma macieira, a mesma estava vestida com um lindo vestido longo azul florido, com mangas bufantes e um laço na lateral direita da cintura. Seu cabelo cor de mel, mesma cor de seus olhos, estava trançado até o topo da cabeça e os seus cachinhos chegavam até a cintura. Apesar de toda a sua delicadeza, Ana calçava as famosas botas que Thomas lhe presenteou quando foram cavalgar no verão passado. Thomas sempre foi atencioso, principalmente com Ana, já que ele sempre a viu como uma irmã, então nem preciso falar que a minha amiga se apaixonou por meu irmão ao ponto de pedir aulas de piano a ele, mesmo ela sabendo tocar piano desde os seis anos. Quando meu irmão anunciou que estava noivo, Ana ficou arrasada, foram quase dois meses consolando a minha amiga e apesar de terem se passado alguns meses, ela ainda não havia superado por completo.

_Ana! – exclamei correndo em direção à mais nova, esta que após o leve susto, virou-se rapidamente e correu para me abraçar.

_Elise! – gritou. Apesar de mais nova, Ana é bem mais alta que eu, o que torna o nosso abraço mais acolhedor, pelo menos para mim. _Como você tem estado? Lilian me contou que você irá participar da L.T.T.E, é verdade?

_Sim - concordo desanimada. _Mas só irei para agradar meu pai, logo estarei de volta. – respondi. Ana ficou boquiaberta, demorou alguns segundos até ela absorver a informação.

_Espera, você vai mesmo participar da L.T.T.E? Você!? – ela parecia se divertir com a situação. _Já devo escolher o vestido para o seu casamento?

_Não! – exclamei. _Só para deixar novamente claro, meu pai que quis me inscrever, até parece que quero encontrar um noivo.

_Eu apoio – respondeu animada. Ana sempre foi o tipo de menina que acredita em contos de fadas. _Imagina se você conhece seu futuro esposo... – não disse? Sem a menor dúvida, se fosse ela que estivesse em meu lugar, estaria se divertindo com toda essa situação.

_Não vamos começar, 'tá? Só estou indo porque meu pai insistiu muito – interrompi minha amiga que antes estava com os olhos brilhando de empolgação. _Aliás, você quem deveria estar participando disso.

_Eu até gostaria, mas não estou com tempo para ir em busca de um romance, além disso, eu acabei de superar você sabe quem, não quero conhecer alguém para usá-lo como um "substituto", entende? – respondeu sorrindo. Ana é péssima em contar mentiras, era notório que ela não havia superado ele por completo. _Mas quem sabe na próxima? Até lá você já vai estar casada e nem adianta negar, você se faz de durona, mas se apaixona no primeiro olhar – Ana começou a rir.

_Nada a ver – reviro os olhos. _Agora me conta, o que você veio fazer aqui? Com certeza, não foi só uma visita.

_Não, na verdade meu pai veio resolver alguns assuntos com o seu, aí aproveitei para passear no jardim e encontrar minha melhor amiga. - respondeu sorridente. _Ah! Também vim te contar uma notícia incrível! – disse animada.

_Qual? – perguntei ansiosamente.

_Eu passei na faculdade de arquitetura!

_O quê!? – dou um abraço em Ana parabenizando-a por finalmente conseguir realizar o seu sonho, após anos tentando convencer o seu pai de deixá-la seguir a carreira de arquiteta. _Eu estou tão feliz por você! Quando começam as aulas?

_Próximo semestre, mas irei antes à capital para me habituar e conhecer a faculdade. – disse. Foi então que a ficha caiu, Ana irá se mudar para a capital, a única melhor amiga que tenho está indo embora para outro estado.

_Na capital? Que legal, amiga! – respondo tentando manter a empolgação. Ana nota a minha tristeza.

_Elise...

_Não, é sério. Estou muito feliz por você, finalmente seu sonho irá se realizar. – a interrompo, abraçando-a novamente.

_Mas? - perguntou retribuindo o abraço.

_Nada...Sentirei saudades. – apesar da dor que sinto ao saber que ela vai embora, sei que Ana está feliz, então eu também estou.

_Eu sentirei em dobro – ela responde me abraçando forte. _Prometo que venho te visitar sempre. - disse se afastando com um sorriso travesso no rosto. Lá vem piada. _Talvez eu nem precise, vai que você noiva, casa e vai morar lá também.

_Eu não vou me casar, Ana - respondi empurrando-a de leve. _Não agora...No futuro quem sabe. - digo pensativa. A loira começa a rir.

_'Tá bom, se você diz - respondeu levantando as mãos para o alto em redenção. _Agora chega de melancolia e vamos aproveitar ao máximo esses últimos dias, até você ir embora. 

Minha amiga acabou passando alguns dias na minha casa com a desculpa de que precisava me preparar para o L.T.T.E, pois corria um grande risco de eu estragar tudo. Até que finalmente chegou o dia de ir para o L.T.T.E. As cinco horas seguintes foram muito agitadas. Minha governanta e Ana me ajudavam a organizar minha mala. Elas ficaram falando sobre boa conduta e vestimenta. E após muitas trocas de roupas, finalmente decidimos qual seria a melhor para causar uma boa primeira impressão. Escolhi um vestido verde claro que vai até um pouco abaixo do joelho com uma fenda no lado direito. O tecido é de cetim e não é tão colado ao corpo.

_Você está linda, querida – disse meu pai entrando no quarto. _Está parecendo sua mãe – Ele vem me abraçar.

_Obrigada, pai.

_Senhorita, está na hora de ir – interrompeu o motorista que iria me levar até o aeroporto. Meu pai se separa do abraço e beija me testa.

_Vamos? – perguntou. Aceno com a cabeça.

Caminhamos até o carro em silêncio, papai se despede desejando boa sorte e pedindo para que eu me divirta. Tento lançar-lhe um sorriso animado, mas não deu muito certo. Ana me abraça pedindo que eu me permita conhecer novas pessoas e prometendo estar ao meu lado independentemente da decisão que eu tomar, apesar de segundos depois ter sido ameaçada por ela caso eu não volte com um noivo.

_Tenho que ir – falei depois de alguns minutos. _Nos vemos daqui um mês - digo com a convicção que seria somente por um mês. 

 

 

 

 

 

 

Mas mal sabia eu que não seria só um mês, não seria só uma "viagem", não seria só uma conversa, nem uma simples brincadeira e que ele não seria só um garoto...