A manhã começou tranquila no campus da Universidade Nova Esperança, com o sol tímido despontando entre as nuvens, iluminando o prédio principal de tijolos avermelhados. João, como de costume, estava com a cabeça baixa enquanto atravessava a praça central. Ele não era fã de multidões e fazia questão de chegar cedo para evitar o tumulto típico do horário de pico.
Vestindo seu moletom cinza com capuz, já surrado, e uma calça jeans azul-escura, ele carregava sua mochila pendurada em um dos ombros. Embora não fosse alguém que chamasse atenção, João tinha uma postura relaxada que escondia sua mente sempre agitada.
Ao chegar na sala de aula, João escolheu o mesmo assento de sempre: a última fileira, perto da janela. O cheiro familiar de café barato e livros usados preenchia o ar. A sala estava quase vazia, exceto por dois ou três alunos que cochilavam enquanto esperavam o professor.
"Mais um dia comum," pensou João, apoiando o queixo na mão e olhando pela janela.
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A Chegada de Bia
Era apenas o segundo horário quando a rotina tranquila de João começou a desmoronar.
A sala de aula estava agora cheia, com estudantes conversando e rindo entre si. O professor de literatura havia acabado de sair, encerrando uma aula que, para João, parecia ter durado uma eternidade. Ele estava prestes a levantar para pegar um lanche quando uma voz firme e decidida o interrompeu.
"João, a gente pode conversar?"
Ele ergueu os olhos, encontrando o olhar direto de Bia, uma das alunas mais populares do curso.
Bia era alta, com cerca de 1,70m, e tinha uma presença que era impossível ignorar. Seus cabelos castanhos estavam presos em um rabo de cavalo alto, e ela vestia jeans rasgados e uma camiseta preta estampada com uma banda de rock. Apesar de sua postura confiante, João notou algo diferente em seu rosto: um leve rubor nas bochechas e um olhar nervoso que contrastava com sua habitual segurança.
"Claro, sobre o quê?" — respondeu João, intrigado.
Bia respirou fundo, como se estivesse se preparando para um grande salto.
"Eu... eu gosto de você, João! Sempre gostei."
O choque foi instantâneo. João sentiu como se o chão tivesse desaparecido sob seus pés. A sala, que há poucos segundos parecia cheia de vida, agora parecia estar em completo silêncio, mesmo que a conversa ao fundo continuasse.
"Você tá falando sério?" — perguntou ele, ainda tentando processar a situação.
Bia assentiu, desviando o olhar por um momento.
"Eu sei que isso parece do nada, mas eu precisava te dizer. Não aguentava mais guardar isso pra mim."
João não sabia como responder. Ele sempre pensou que Bia era inatingível, alguém que nunca sequer notaria sua existência. Agora, ela estava ali, com uma confissão que parecia saída de um sonho — ou pesadelo, dependendo do ponto de vista.
"Eu... preciso de um tempo pra pensar," foi tudo o que ele conseguiu dizer antes de Bia assentir e se afastar, visivelmente desapontada.
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Mariana na Biblioteca
Ainda atordoado com o que havia acontecido, João decidiu fugir para a biblioteca, um dos poucos lugares no campus onde ele conseguia pensar com clareza. O ambiente era silencioso, com prateleiras repletas de livros que pareciam se estender até o infinito. Poucos estudantes estavam ali, espalhados em mesas individuais, absortos em suas leituras ou estudos.
João escolheu um canto isolado, perto de uma janela que dava vista para o jardim. Ele se sentou e abriu um livro qualquer, mais para disfarçar do que para realmente ler.
"João?"
A voz suave o fez erguer os olhos. Mariana, uma colega de curso que ele mal conhecia, estava parada à sua frente. Ela era baixinha, com cerca de 1,58m, e tinha cabelos cacheados que emolduravam seu rosto delicado. Mariana sempre parecia tímida, e naquele momento, seus dedos estavam entrelaçados em nervosismo.
"Oi, Mariana. Precisa de alguma coisa?" — perguntou ele, tentando soar amigável.
Mariana olhou ao redor, como se estivesse verificando se mais alguém estava por perto.
"Eu... eu queria te dizer uma coisa. Algo importante."
João sentiu um nó se formar no estômago.
"Ok, pode falar."
Mariana respirou fundo, suas bochechas corando instantaneamente.
"Eu gosto de você. Desde o primeiro semestre."
"Não de novo," pensou João, sentindo uma onda de pânico tomar conta de si.
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Carol na Lanchonete
Depois de escapar da biblioteca, João decidiu ir à lanchonete. Ele estava faminto e precisava de algo para se distrair. A lanchonete estava movimentada, com o cheiro de café e salgados recém-assados preenchendo o ar.
Enquanto João esperava na fila, alguém se aproximou.
"João, podemos conversar?"
Ele se virou e viu Carol, uma das alunas mais dedicadas da turma. Ela tinha cabelos lisos, castanhos claros, presos em um coque impecável, e usava um vestido azul-escuro com um cardigã cinza. Seu olhar sério e determinado era algo que sempre intimidava os outros.
"Claro, o que houve?"
Carol ajustou os óculos e respirou fundo, como se estivesse prestes a defender uma tese importante.
"Eu gosto de você, João. E não espero que você responda agora, mas precisava que soubesse."
João sentiu o ar faltar.
"O que está acontecendo comigo hoje?"
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Fechando o Cerco
No final do dia, João decidiu se esconder no jardim dos fundos da universidade, mas sua tranquilidade foi interrompida quando Letícia apareceu. Com sua energia contagiante e cabelos ondulados, Letícia usava um vestido florido que combinava com sua personalidade vibrante.
"João! Finalmente te achei!"
"Letícia, eu tô meio ocupado agora..."
"Sem desculpas! Eu gosto de você, tá? E vou lutar por você, mesmo que tenha concorrência!"
João sentiu as pernas tremerem.
"Isso não pode estar acontecendo. Quatro confissões em um único dia?!"
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A Revelação
O jardim dos fundos da universidade era um lugar isolado, escondido por uma cerca viva e cercado de árvores altas que bloqueavam parte da luz do sol. As folhas dançavam com o vento suave da tarde, mas João mal notava o cenário ao seu redor. Ele estava encostado em uma árvore, respirando pesadamente, como se tivesse acabado de correr uma maratona emocional.
"Quatro confissões... em um único dia... Isso não é normal!"
João colocou as mãos na cabeça, tentando processar tudo o que havia acontecido desde a manhã. Primeiro Bia, depois Mariana, Carol e finalmente Letícia. Ele mal sabia lidar com uma confissão, quem dirá quatro.
Foi nesse momento de pânico que ele ouviu uma risada suave.
"Você está bem, João?"
A voz feminina veio do nada. Ele olhou ao redor, mas não viu ninguém.
"Quem tá aí?" — perguntou ele, nervoso.
"Sou eu, aqui em cima!"
João ergueu os olhos e viu uma garota sentada em um dos galhos da árvore. Ela balançava os pés, sorrindo de maneira travessa. Vestia um vestido rosa claro que parecia leve como algodão, e tinha pequenas asas brancas nas costas. Seus cabelos castanhos estavam presos em duas tranças que caíam sobre os ombros.
"Que... que diabos?! Você tem asas?! Quem é você?!"
A garota pulou do galho, aterrissando com uma leveza que não parecia humana. Com um sorriso desajeitado, ela colocou as mãos na cintura e declarou:
"Eu sou Mei Tá Tá, aprendiz de deusa do Amor! E acho que você está precisando da minha ajuda."
João piscou, incrédulo.
"Deusa... do Amor? Isso é alguma pegadinha?"
Mei Tá Tá deu um pequeno salto, parecendo ofendida.
"Ei! Eu sou uma deusa de verdade! Ou melhor, uma aprendiz, mas isso não importa agora."
"Tá, e o que você quer comigo?" — perguntou João, cruzando os braços.
Mei Tá Tá suspirou e fez um gesto dramático, como se estivesse prestes a explicar algo muito importante.
"O chocolate que você comeu ontem foi o Chocolate do Cupido. Ele tem o poder de fazer os verdadeiros sentimentos de amor de uma pessoa virem à tona. No caso, qualquer garota que já tivesse sentimentos por você agora não consegue mais escondê-los."
João ficou pálido.
"Você tá dizendo que tudo isso aconteceu por causa daquele chocolate?"
"Exatamente!" — respondeu Mei Tá Tá, sorrindo como se tivesse acabado de resolver um grande mistério.
"Isso é loucura! Eu não pedi por isso!"
"Eu sei, eu sei. Mas você foi escolhido por acaso, então agora tem que lidar com isso. Além disso..." — Mei Tá Tá fez uma pausa, parecendo hesitar.
"Além disso, o quê?"
"Tem um limite de garotas que podem ser afetadas. No máximo oito. Até agora, você já tem quatro."
João sentiu o peso da revelação.
"Então isso ainda não acabou?!"
Mei Tá Tá acenou com a cabeça, sorrindo sem graça.
"Você ainda tem quatro pela frente. Mas olha pelo lado bom, isso faz parte do meu treinamento como deusa do Amor. Então, eu vou te ajudar a resolver tudo!"
João riu, sem humor.
"Ah, ótimo. Uma deusa aprendiz desastrada vai me ajudar a lidar com oito confissões. O que pode dar errado?"
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A Primeira Solução
Depois de muita insistência de Mei Tá Tá, João decidiu tentar entender a situação. Eles voltaram para a praça central do campus, agora mais vazia, pois muitos alunos já haviam ido para casa. Mei Tá Tá, visível apenas para João, andava ao seu lado, explicando com entusiasmo como o amor era uma força mágica e imprevisível.
"Tá, mas como eu resolvo isso?" — perguntou João, ainda cético.
"Você precisa conversar com cada garota e ajudá-las a entender seus sentimentos. Algumas podem descobrir que o que sentem por você não é amor verdadeiro. Outras... bom, isso depende de você."
"Depende de mim? Você acha que eu quero escolher entre elas? Isso é impossível!"
Mei Tá Tá deu de ombros.
"Amor nunca é fácil, João. Mas eu tô aqui pra te guiar!"
Antes que ele pudesse responder, Bia apareceu novamente, caminhando em direção a ele. Mei Tá Tá rapidamente flutuou para o lado, sussurrando:
"Vai lá, é sua chance de resolver o primeiro caso!"
João revirou os olhos, mas sabia que não tinha escolha.
"Bia, oi," disse ele, tentando soar calmo.
"João, você pensou no que eu te disse mais cedo?" — perguntou ela, cruzando os braços e olhando diretamente nos olhos dele.
João sentiu a pressão aumentar. Ele sabia que não poderia simplesmente ignorar a situação, mas também não queria magoá-la.
"Olha, Bia, você é incrível. Mas eu acho que você merece alguém que realmente consiga corresponder aos seus sentimentos."
Bia pareceu surpresa por um momento, mas depois suspirou, dando um pequeno sorriso.
"Você tá dizendo que não sente o mesmo por mim?"
João hesitou, mas assentiu.
"É... eu sinto muito."
Para sua surpresa, Bia não pareceu tão devastada quanto ele esperava. Ela olhou para o chão, pensativa, antes de dizer:
"Eu acho que já sabia disso, mas precisava ouvir de você. Obrigada por ser honesto, João."
E com isso, ela se afastou, deixando João com uma sensação agridoce de alívio e culpa.
"Viu? Não foi tão difícil!" — disse Mei Tá Tá, reaparecendo ao seu lado.
"Se isso foi fácil, eu não quero nem imaginar as próximas," murmurou João, já se preparando mentalmente para o que estava por vir.
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Um Novo Desafio: Mariana
Após a conversa com Bia, João estava exausto. Ele queria apenas se enfiar embaixo de um cobertor e fingir que aquele dia nunca aconteceu. Mas, para sua infelicidade, Mei Tá Tá estava radiante ao seu lado.
"Você mandou muito bem, João! Só faltam sete garotas agora!"
"Sete? Você acha que isso é motivo para comemorar? E se alguma delas não aceitar tão bem quanto a Bia?"
Mei Tá Tá deu um sorriso reconfortante, mas desajeitado.
"É pra isso que eu tô aqui! Prometo que vou te ajudar em todas as situações, não importa o quão complicadas sejam!"
Antes que João pudesse reclamar, ele viu Mariana se aproximando. Ela parecia hesitante, seus passos pequenos e indecisos.
Mariana estava com uma blusa de tricô bege e uma saia plissada azul-marinho, além de carregar uma pilha de livros contra o peito. Seu rosto já estava corado, e ela parecia lutar contra a vontade de desviar o olhar.
"João... você tem um minuto?"
João suspirou internamente.
"Claro, por que não?"
Ele olhou para Mei Tá Tá, que fez um gesto encorajador antes de desaparecer.
"Claro, Mariana. Sobre o que quer falar?"
Ela abaixou os olhos para os livros que segurava, como se fossem sua única fonte de coragem.
"Sobre o que eu te disse na biblioteca... Eu sei que foi estranho e provavelmente te deixei desconfortável, mas..." — ela respirou fundo antes de continuar — "eu não podia continuar guardando isso pra mim."
João viu a vulnerabilidade em suas palavras. Mariana era tímida, mas sincera, e ele sabia que precisava lidar com cuidado.
"Olha, Mariana, eu fiquei surpreso, sim. Mas a verdade é que eu não sabia que você se sentia assim."
Ela assentiu, ainda encarando os livros.
"Eu não espero que você sinta o mesmo. Só queria que soubesse..."
"Eu entendo. Mas... acho que você merece alguém que veja o mundo como você vê, com toda essa paixão e gentileza. E eu não sei se consigo ser essa pessoa."
Mariana finalmente ergueu o olhar, seus olhos brilhando com lágrimas que ela segurava.
"Você está dizendo que não gosta de mim?"
João hesitou, mas sabia que precisava ser honesto.
"Não do jeito que você merece. Mas isso não muda o fato de que você é incrível."
Mariana sorriu, ainda que com tristeza, e limpou os olhos rapidamente.
"Obrigada por ser honesto, João. Eu acho que precisava ouvir isso pra poder seguir em frente."
Ela deu um último sorriso antes de se afastar, deixando João com um misto de alívio e culpa.
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Uma Pausa com Mei Tá Tá
Depois de sua segunda conversa do dia, João se sentou em um banco próximo, esfregando as têmporas. Ele não estava acostumado a lidar com tantas emoções de uma só vez.
"Você tá indo muito bem!" — disse Mei Tá Tá, reaparecendo ao seu lado.
João bufou.
"Se isso é 'indo bem', eu nem quero imaginar quando as coisas ficarem ruins."
Mei Tá Tá deu um tapinha no ombro dele, seu sorriso otimista contrastando com a expressão exausta de João.
"Não se preocupe! Cada garota é diferente, mas você tem a mim. Juntos, vamos resolver tudo isso!"
João riu, sem humor.
"Você fala isso como se fosse fácil. E quanto à Letícia e Carol? Acha que elas vão aceitar tão bem quanto Bia e Mariana?"
Mei Tá Tá deu de ombros.
"Isso depende de como você falar. Mas acho que elas não vão te odiar. Bom... talvez só um pouquinho."
João encarou Mei Tá Tá, incrédulo, enquanto ela ria de forma descontraída.
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Letícia e o Jardim
Ainda perdido em seus pensamentos, João foi surpreendido pela chegada de Letícia, que se aproximava com sua energia habitual. Ela usava um vestido florido que combinava com o clima ensolarado, seus cabelos ondulados balançando enquanto ela corria em sua direção.
"João! Achei você de novo!"
"Letícia, oi..." — ele tentou sorrir, mas sabia que a conversa seria complicada.
"Então, já pensou no que eu disse mais cedo? Sobre eu gostar de você?" — Letícia cruzou os braços, inclinando a cabeça enquanto esperava uma resposta.
João olhou para Mei Tá Tá, que flutuava discretamente ao lado dele, fazendo um sinal de "vá em frente".
"Letícia, eu... acho que você é uma pessoa incrível. De verdade. Mas eu não sei se consigo corresponder aos seus sentimentos."
Letícia o encarou por um momento, surpresa. Mas, em vez de ficar triste, ela riu.
"Ah, eu já imaginava! Mas precisava tentar, né? Você nunca sabe até ouvir um 'não'!"
João piscou, surpreso com a reação dela.
"Então... tá tudo bem?"
"Claro que tá! Não vou deixar isso me derrubar. Ainda somos amigos, certo?"
Ele assentiu, sentindo um alívio imediato.
"Claro. Amigos."
Letícia sorriu antes de se afastar, deixando João e Mei Tá Tá sozinhos novamente.
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Carol e a Verdade
Enquanto João processava o alívio de três "resoluções", Mei Tá Tá puxou sua atenção.
"Pronta pra próxima?"
João gemeu.
"Não. Mas acho que não tenho escolha."
Eles foram para a biblioteca, onde Carol o esperava. Diferente das outras vezes, ela parecia mais séria do que nunca, seus óculos brilhando à luz das lâmpadas da sala de leitura.
"João, preciso saber sua resposta," disse ela diretamente, sem rodeios.
Ele engoliu em seco, mas tentou manter a calma.
"Carol, eu admiro muito você. Sua inteligência, sua determinação. Mas eu... acho que não posso corresponder do jeito que você gostaria."
Carol ajustou os óculos, seu olhar permanecendo firme.
"Você está dizendo que não gosta de mim?"
"Não é isso. Só acho que você merece alguém que valorize você tanto quanto eu admiro, mas... de um jeito diferente."
Ela ficou em silêncio por um momento, depois suspirou.
"Eu respeito sua honestidade, João. Obrigada por ser direto. É melhor do que uma ilusão."
Ela deu um pequeno aceno antes de sair, deixando João com um peso menor nos ombros.
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O Alívio Temporário
Mei Tá Tá apareceu novamente, parecendo satisfeita.
"Você lidou bem! Quatro resolvidas. Só faltam mais quatro!"
"Isso é só a metade?!"
Ela sorriu.
"Você vai sobreviver, eu prometo."
João suspirou, olhando para o céu enquanto o sol começava a se pôr.
"Por que comigo?"
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Um Momento de Paz – Ou Não
O sol já começava a desaparecer no horizonte, tingindo o céu com tons de laranja e rosa. João, ainda sentado no banco perto da biblioteca, sentia-se exausto. Não fisicamente, mas mentalmente. Enfrentar os sentimentos de quatro garotas em um único dia era mais do que ele jamais imaginara ser capaz de fazer.
Ao seu lado, Mei Tá Tá flutuava casualmente, brincando com uma pétala que encontrara no chão.
"João, você está indo muito bem, sabia? Achei que você ia entrar em pânico e sair correndo."
"Eu quase fiz isso umas três vezes," murmurou ele, com um toque de ironia.
Mei Tá Tá riu, claramente se divertindo.
"Bom, agora você só tem mais quatro garotas pela frente! E lembre-se, eu tô aqui pra te ajudar."
"Ajuda? Até agora, tudo que você fez foi assistir enquanto eu tentava resolver tudo sozinho."
"Ei! Eu estou te dando apoio moral!"
João revirou os olhos, mas antes que pudesse responder, ouviu passos vindo em sua direção. Ele se virou e viu Sofia, uma garota que ele conhecia do clube de música.
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Sofia, a Artista Sensível
Sofia era uma jovem de 18 anos, baixa e de cabelos cacheados que caíam suavemente sobre os ombros. Ela usava uma camiseta branca com uma estampa de violão e calças jeans desbotadas, combinando perfeitamente com sua personalidade artística e descontraída. Carregava um estojo de violino em uma mão e parecia hesitante enquanto se aproximava de João.
"João, você tem um minuto?" — perguntou ela, mordendo o lábio inferior nervosamente.
"Não... por que agora?"
João respirou fundo e assentiu, tentando parecer mais calmo do que estava.
"Claro, Sofia. O que houve?"
Ela olhou para os lados, como se estivesse certificando-se de que ninguém mais os observava, e então falou em voz baixa:
"Eu ouvi rumores... sobre você e algumas garotas hoje. E... bem, achei que era minha vez de dizer o que sinto."
João congelou.
"Minha vez? Isso tá virando uma fila agora?"
Sofia continuou, seus olhos castanhos brilhando com um misto de nervosismo e esperança.
"Eu gosto de você há um tempo, João. Mas nunca tive coragem de dizer. Achei que fosse só uma paixonite, mas... acho que é mais do que isso."
João sentiu o peso das palavras dela. Ele sabia que Sofia era sensível, e qualquer resposta mal dada poderia magoá-la profundamente.
"Sofia, eu... não sei o que dizer. Você é talentosa, gentil e uma amiga incrível. Mas acho que não consigo corresponder aos seus sentimentos do jeito que você merece."
Ela apertou a alça do estojo de violino, mordendo o lábio para conter a decepção.
"Ah... entendi."
"Sinto muito," disse João, sua voz cheia de sinceridade.
Sofia forçou um sorriso, mas seus olhos traíam a tristeza que sentia.
"Tá tudo bem. Pelo menos agora eu sei, né? Obrigada por ser honesto comigo, João."
Ela se virou e caminhou para longe, seus passos leves, mas carregados de emoção. João sentiu seu coração apertar.
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Mei Tá Tá Tenta Animá-lo
Assim que Sofia desapareceu, Mei Tá Tá reapareceu ao lado de João, ainda flutuando com um sorriso animado.
"Você tá indo muito bem! Foi direto e sincero, sem deixar ninguém em dúvida."
"Bem? Eu tô destruindo os corações delas. Como isso é 'ir bem'?"
Mei Tá Tá deu um tapinha no ombro dele, embora sua mão atravessasse levemente a roupa de João.
"Às vezes, ser honesto é a melhor coisa que você pode fazer. Confia em mim, elas vão superar."
João suspirou, olhando para o céu que agora começava a escurecer.
"Eu só queria que isso acabasse logo."
"Ah, mas ainda tem mais pela frente!" — disse Mei Tá Tá, alegremente, como se fosse uma brincadeira.
João olhou para ela, incrédulo.
"Você realmente não entende o que significa 'suficiente', né?"
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Um Novo Obstáculo: Amanda
Enquanto ele tentava aproveitar um momento de paz, outra figura apareceu à distância. Era Amanda, a capitã do time de vôlei. Alta, com cerca de 1,75m, ela tinha cabelos loiros presos em um coque prático e usava o uniforme de treino do time: uma regata azul e shorts pretos. Amanda exalava confiança e força, o que fazia dela uma das pessoas mais intimidadoras que João conhecia.
"Ah, não. Por que ela?"
Amanda se aproximou, suas passadas firmes e decididas.
"João, posso falar com você?"
"Posso dizer não?"
"Claro," respondeu ele, forçando um sorriso.
Amanda colocou as mãos nos quadris, inclinando-se ligeiramente para frente enquanto o encarava com uma expressão séria.
"Vou ser direta. Eu gosto de você. E sei que não sou a única. Mas não sou do tipo que fica esperando na fila."
João piscou, surpreso com a abordagem dela.
"Eu... não sei o que dizer."
"Então só diz se sente o mesmo ou não," disse ela, cruzando os braços.
João sabia que Amanda era prática e direta, e qualquer enrolação só a irritaria.
"Você é incrível, Amanda. Sério. Mas eu não acho que posso corresponder a isso."
Ela arqueou uma sobrancelha, estudando-o por alguns segundos antes de dar de ombros.
"Bom, pelo menos você é honesto. Isso é mais do que posso dizer de muita gente."
Amanda deu um pequeno sorriso antes de se afastar.
"Se mudar de ideia, você sabe onde me encontrar."
João suspirou, aliviado por ter sobrevivido mais uma confissão.
Fim de um Dia Intenso
Quando Amanda desapareceu no horizonte, João sentiu que suas pernas finalmente estavam prestes a ceder. Ele se sentou no banco novamente, cobrindo o rosto com as mãos.
"Quatro em um dia... Isso é insano."
"Você está na metade do caminho!" — disse Mei Tá Tá, cheia de entusiasmo.
"Metade?"
Ela assentiu, rindo.
"Isso foi só o começo, João. Mas, ei, olha pelo lado bom: você tá aprendendo muito sobre como lidar com as pessoas!"
"Eu preferia estar aprendendo sobre álgebra," respondeu ele, com sarcasmo.
Mei Tá Tá apenas riu, flutuando ao lado dele enquanto a noite caía.