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Uma Revelação Emocional
A manhã seguia tranquila na escola. Durante o intervalo, João encontrou Bia novamente no jardim, sob a mesma árvore. Ela parecia pensativa, os olhos fixos no céu. O caderno de desenho estava ao seu lado, mas fechado. Algo na postura dela parecia diferente, mais melancólico.
"Oi, Bia," disse João, se aproximando com um sorriso hesitante.
"Oi, João." — Ela respondeu com um sorriso tímido, mas havia algo em seus olhos que revelava tristeza.
João sentou-se ao lado dela, sentindo a tensão no ar.
"Tá tudo bem? Você parece distante hoje."
Bia hesitou, mordendo o lábio antes de responder.
"Eu só... estava pensando no meu pai."
"Seu pai?"
Ela assentiu, olhando para o chão.
"Ele trabalha viajando, sempre a negócios. Faz quase um ano que não o vejo. Ele costumava estar sempre por perto quando eu era mais nova, mas agora... é como se ele fosse um estranho."
João sentiu um aperto no peito ao ouvir aquilo.
"Deve ser difícil para você."
"É..." — Ela suspirou. "Eu sei que ele faz isso para nos sustentar, mas às vezes eu só queria que ele estivesse aqui. Nem que fosse só por um dia."
Bia desviou o olhar, tentando disfarçar o brilho das lágrimas que começavam a se formar.
João ficou em silêncio por um momento, absorvendo o que ela havia dito. Ele sabia que aquilo era mais do que uma queixa; era o verdadeiro desejo dela, um sonho que ia além de qualquer coisa material.
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Conversando com Mei Tá Tá
Mais tarde, em casa, João desabafou com Mei Tá Tá.
"Então, o maior sonho dela não tem nada a ver com arte ou carreira. Tudo o que ela quer é passar mais tempo com o pai."
Mei Tá Tá estava sentada em sua mesa, balançando as perninhas no ar. O vestido rosa dela parecia mais brilhante sob a luz do quarto.
"Isso é tão fofo," disse ela, sorrindo, mas com um tom sério. "Mas também é complicado. Você não pode simplesmente fazer o pai dela aparecer, pode?"
João suspirou, deitando na cama.
"Exatamente. Como eu vou resolver isso? Não tenho controle sobre a agenda do pai dela."
Mei Tá Tá bateu o dedo no queixo, pensativa.
"Bom, às vezes, o problema não é só a distância física, sabe? Pode ser que o pai dela nem saiba o quanto ela sente falta dele. Talvez você possa ajudá-la a se comunicar melhor com ele."
João sentou-se, considerando a ideia.
"Comunicar? Você acha que só uma conversa pode resolver isso?"
"Talvez não resolva tudo, mas pode ser o começo. Às vezes, as pessoas só precisam de um empurrãozinho para perceber o que realmente importa."
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Uma Ideia Surge
No dia seguinte, João encontrou Bia novamente no jardim. Ele sentiu que precisava tentar algo.
"Bia, posso te perguntar uma coisa?"
"Claro."
"Você já disse ao seu pai como se sente?"
Bia parecia surpresa com a pergunta, seu olhar vacilando por um momento antes de responder.
"Eu... não. Quer dizer, ele sabe que sinto falta dele, mas nunca conversamos muito sobre isso. Ele sempre está ocupado."
"E se você escrevesse uma carta para ele? Algo sincero, dizendo exatamente como você se sente?"
Bia olhou para João, hesitante.
"Uma carta? Não sei... e se ele não responder?"
"Ele é seu pai, Bia. Tenho certeza de que ele se importa mais do que você imagina. Talvez ele só precise ouvir isso de você."
Ela ficou em silêncio por um momento, mas depois assentiu lentamente.
"Talvez você tenha razão. Eu poderia tentar."
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Uma Carta do Coração
Naquela mesma tarde, Bia decidiu escrever a carta com a ajuda de João. Eles se sentaram na biblioteca da escola, onde o ambiente era calmo e silencioso, com o som ocasional de páginas sendo viradas e passos ecoando pelo corredor.
"Tá, como eu começo?" — perguntou ela, segurando uma caneta com nervosismo.
"Comece dizendo o que você sente. Seja honesta."
Bia respirou fundo e começou a escrever. Palavras fluíam devagar no início, mas logo ela parecia mais confiante, despejando seus sentimentos no papel.
João observou de perto, percebendo o quanto aquilo era importante para ela. Quando terminou, Bia olhou para ele com um pequeno sorriso.
"Acho que consegui."
"Quer ler em voz alta?"
Ela hesitou, mas depois assentiu.
"Pai,
Faz tanto tempo que não nos vemos, e eu sinto muito a sua falta. Eu sei que você trabalha duro para nos sustentar, e sou grata por isso, mas... eu só queria poder passar mais tempo com você. Sinto falta das nossas conversas, dos momentos em que você estava sempre por perto. Você ainda é meu herói, pai, mas às vezes eu só quero que você esteja aqui. Mesmo que seja só por um dia."
Quando terminou de ler, havia lágrimas nos olhos de Bia. João sentiu um nó na garganta, mas sorriu para ela.
"Tá perfeito. Agora é só enviar."
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O Envio e a Espera
No dia seguinte, Bia enviou a carta por e-mail para o pai. Durante toda a semana, ela parecia ansiosa, mas também esperançosa. João ficava ao lado dela sempre que podia, tentando oferecer apoio.
Finalmente, no final da semana, ela recebeu uma resposta.
"João, ele respondeu!" — disse ela, correndo para encontrá-lo no jardim.
"E o que ele disse?"
Com as mãos tremendo, Bia abriu o e-mail e leu em voz alta.
"Minha querida Bia,
Eu sinto muito por estar tão ausente. Eu nunca quis que você se sentisse assim. Vou reorganizar minha agenda para poder te visitar na próxima semana. Prometo que faremos algo especial juntos. Obrigado por me dizer o que sente. Amo você, papai."
As lágrimas escorreram pelo rosto de Bia enquanto ela terminava de ler.
"Ele vai vir, João. Ele realmente vai vir!"
João sorriu, sentindo uma onda de alívio e alegria por ter ajudado.
"Eu disse que ele se importava."
Naquele momento, ele percebeu que o sorriso de Bia era diferente. Não era forçado ou artificial. Era real.
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Continua...
Esse segmento revisado mostra como João ajudou Bia a se reconectar com seu pai, realizando o sonho dela de passar mais tempo juntos. Ele também destaca que os sentimentos genuínos podem surgir mesmo no meio do caos causado pelo feitiço.