A batalha havia se transformado em um campo de gelo, sangue e almas em conflito. Os corpos dos aliados caíam um a um, não mortos, mas incapacitados pela força avassaladora de Isolde. O ar estava pesado, não apenas pelo frio intenso, mas pela aura opressora da bruxa, que parecia crescer a cada instante. Seu cetro reluzia com um brilho cortante, e seus olhos refletiam o desprezo que sentia pelos combatentes diante dela.
Keyon estava de joelhos, ofegante, segurando Cleo, cuja lâmina ainda brilhava, embora enfraquecida. Ao seu lado, Kid permanecia de pé, os braços estendidos segurando Liz e Patty, que também mostravam sinais de desgaste. As respirações dos dois guerreiros eram audíveis no silêncio que se seguiu à última ofensiva de Isolde. Todos os outros estavam caídos ao redor, envoltos em camadas de gelo que os imobilizavam completamente.
Isolde, intocada e altiva, caminhava pelo campo com uma graça cruel, o som de seus passos ecoando no gelo. Ela olhou para cada um dos combatentes derrotados, sua voz cortante como o vento do inverno.
— Vocês são tão previsíveis. Acham que coragem e união podem superar o poder absoluto? Vocês não entendem. O gelo não é apenas frio. É inevitável. É eterno.
Ela parou a alguns metros de Kid e Keyon, girando o cetro em suas mãos.
— Agora, só restam vocês dois. Querem continuar essa farsa ou aceitar a derrota?
Keyon se levantou com esforço, seus olhos fixos em Isolde. Ele trocou um rápido olhar com Kid, que assentiu silenciosamente. Ambos sabiam que essa era a última chance. Se falhassem agora, tudo estaria perdido.
— Keyon, — Cleo falou, sua voz soando em sua mente com uma determinação calma. — Esse é o momento. Se for para acabar com isso, faremos juntos.
— Não há outro jeito, Cleo. Vamos dar tudo o que temos.
Kid deu um passo à frente, ajustando Liz e Patty em suas mãos.
— Keyon, vamos atacar juntos. Não temos espaço para erros.
— Certo. Vamos acabar com isso.
Os dois se posicionaram, canalizando toda a energia restante que tinham. Kid invocou a forma máxima de Liz e Patty, transformando-as em um par de canhões brilhantes que emanavam uma aura dourada. Keyon segurava Cleo com ambas as mãos, a alabarda pulsando com a energia da ressonância entre eles.
Isolde levantou uma sobrancelha, intrigada.
— Ainda insistem? Muito bem. Mostrem-me o que são capazes de fazer.
Kid foi o primeiro a atacar. Ele disparou rajadas de energia que cortavam o ar como flechas douradas, cada uma delas com precisão mortal. Isolde bloqueou os primeiros disparos com uma barreira de gelo, mas o impacto começou a rachar sua proteção.
— Interessante, — murmurou ela, antes de conjurar estacas de gelo que voaram em direção a Kid.
Ele desviou agilmente, cada movimento milimetricamente calculado.
— Keyon, agora!
Keyon correu em direção a Isolde, sua velocidade aumentando com cada passo. Cleo girava em suas mãos, criando uma tempestade de energia ao seu redor. Ele desferiu um golpe poderoso, mirando o cetro da bruxa. O impacto foi ensurdecedor, e Isolde foi obrigada a recuar, sua expressão mudando para algo entre surpresa e irritação.
— Vocês são mais persistentes do que eu imaginava, — admitiu ela, sua voz tingida de uma leve admiração.
Mas antes que pudesse retaliar, Kid disparou novamente, desta vez mirando diretamente em suas pernas. Isolde conjurou outra barreira, mas isso deu a Keyon a abertura que precisava. Ele saltou no ar, Cleo brilhando intensamente, e desferiu um golpe descendente.
O cetro de Isolde foi atingido diretamente, e uma rachadura percorreu toda a extensão do artefato. A bruxa cambaleou, pela primeira vez demonstrando um traço de vulnerabilidade.
— Como ousam... — sibilou ela, sua voz carregada de fúria.
Isolde reuniu todas as suas forças em um ataque final, levantando o cetro rachado para conjurar uma tempestade de proporções colossais. O céu escureceu, e o vento congelante ficou ainda mais intenso. Era como se o próprio mundo estivesse prestes a desabar.
Keyon e Kid se entreolharam, ambos sabendo que não poderiam permitir que o ataque fosse concluído.
— É agora, Keyon, — disse Cleo. — Vamos acabar com isso.
— Kid, cubra-me! — gritou Keyon, avançando.
Kid disparou uma série de tiros consecutivos, distraindo Isolde por tempo suficiente para que Keyon se aproximasse. Ele canalizou toda a energia restante em Cleo, a alabarda brilhando com uma intensidade que iluminou o campo de batalha.
— Majohgari: Dança do Dragão! — rugiu Keyon, desferindo o golpe com toda a sua força.
A lâmina de Cleo atravessou o cetro de Isolde, destruindo-o completamente, e seguiu em direção ao peito da bruxa. O impacto foi devastador. Isolde gritou, um som que ecoou pelo campo como o lamento do próprio inverno, antes de cair de joelhos.
A bruxa gélida olhou para Keyon, seu olhar cheio de incredulidade.
— Vocês... realmente... conseguiram...
Ela caiu no chão, seu corpo começando a se desintegrar em partículas de luz azul. Apenas sua alma permaneceu, brilhando com um tom gélido, mas reluzente.
Keyon segurava Cleo, cuja lâmina brilhava intensamente enquanto a alma de Isolde flutuava diante deles.
— Cleo, está pronta para isso? — perguntou ele, com a voz trêmula.
— Sempre estive, — respondeu Cleo.
A alabarda absorveu a alma da bruxa, e um brilho intenso envolveu Cleo. Sua forma começou a mudar, pulsando com uma energia poderosa e renovada. Keyon sentiu a conexão entre eles se fortalecer, como se suas almas estivessem se fundindo ainda mais profundamente.
Quando o brilho diminuiu, Cleo falou novamente, sua voz cheia de uma nova força.
— Keyon... acho que finalmente conseguimos.
Ele sorriu, embora exausto.
— Bem-vinda à sua nova forma, Cleo.
Enquanto o campo de batalha se silenciava, Kid se aproximou, segurando Liz e Patty, também exausto, mas com um sorriso no rosto.
— Conseguimos. Finalmente conseguimos.
O frio começava a desaparecer, e o céu clareava lentamente. A batalha havia terminado, e a ameaça de Isolde, a rainha gélida, havia sido eliminada. Mas, para Keyon e Cleo, aquilo era apenas o começo de uma nova era de possibilidades e desafios.