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Chapter 3 - Capítulo 3: O Caminho da Preparação

O primeiro raio de sol iluminava os campos ao redor de Andurion quando Arthur voltou da floresta. Seu corpo estava exausto, com os músculos doloridos por horas de treino improvisado, mas sua mente estava mais clara do que nunca. Ele sentia algo diferente. Uma conexão que não podia explicar – como se a espada que empunhava não fosse apenas uma ferramenta, mas uma extensão de sua própria vontade.

Elara o esperava na entrada da estalagem. Seus olhos, normalmente calmos, carregavam uma centelha de aprovação quando ela o viu.

"Você foi treinar sozinho?" perguntou.

Arthur assentiu. "Não vou deixar que Kael tenha razão sobre mim. Preciso melhorar."

Elara sorriu levemente. "A determinação é um bom começo, Arthur. Mas você precisa mais do que força física. Precisa entender Myriath, sua história e o poder que existe aqui."

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Dentro da estalagem, o grupo se reuniu para o café da manhã. A mesa estava repleta de frutas, pão fresco, queijos e carne assada. Apesar do banquete, Arthur mal conseguia comer. O peso das palavras de Kael na noite anterior ainda o assombrava.

"Hoje, seguiremos para as Terras Cinzentas," anunciou Elara. "Lá, Arthur será apresentado a um verdadeiro treinamento. Precisamos estar prontos antes de enfrentar Eldoria e os perigos além dela."

"Terras Cinzentas?" perguntou Arthur, curioso.

Kael, mastigando um pedaço de carne, respondeu sem levantar os olhos. "É onde os guerreiros de Myriath vão para se provar. Antigas arenas, cavernas traiçoeiras e relíquias esquecidas. Um lugar onde os fracos não sobrevivem."

Arthur sentiu um arrepio. "Perfeito. O que poderia dar errado?"

Lyra riu. "Não se preocupe, Arthur. Se algo tentar te matar, estaremos lá para salvar você."

"Reconfortante," murmurou ele.

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'A Jornada para as Terras Cinzentas'

A viagem levou três dias. O caminho era um teste por si só, atravessando florestas densas, onde a luz do sol mal conseguia penetrar, e planícies abertas, onde o vento parecia carregar os sussurros de antigos espíritos.

Arthur começou a notar detalhes que antes lhe escapavam. Cada planta, cada pedra, parecia viva, carregada de uma energia única. Elara explicou que Myriath era um mundo em que a magia estava em tudo – não apenas nas pessoas, mas na própria terra.

Na segunda noite, enquanto acampavam sob as estrelas, Arthur teve a oportunidade de aprender com Lyra.

"Você ainda não entende o que carrega dentro de você, Arthur," disse ela, enquanto conjurava pequenas chamas dançantes no ar. "O poder que te trouxe aqui não é comum. Há algo em você que nem mesmo Elara pode explicar."

Arthur franziu o cenho. "Algo como o quê?"

Lyra deu de ombros. "Você terá que descobrir. Mas eu posso ensinar algumas coisas sobre magia básica, se quiser."

Ele aceitou, e passou a noite aprendendo a sentir a energia ao seu redor. Lyra explicou que a magia em Myriath era como um rio – sempre fluindo, mas precisando de direcionamento. Arthur, embora desajeitado, conseguiu conjurar uma pequena luz em sua palma, o que o deixou absurdamente satisfeito.

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'As Provações das Terras Cinzentas'

As Terras Cinzentas eram exatamente como Kael havia descrito: um lugar implacável. O grupo chegou a uma antiga arena, cujas paredes de pedra estavam cobertas de musgo e runas desgastadas pelo tempo. Ali, Elara explicou que Arthur enfrentaria uma série de desafios projetados para despertar seu potencial e provar sua coragem.

"Os desafios variam de acordo com o indivíduo," disse ela. "A arena sente quem você é e molda as provações para testar suas fraquezas."

Arthur engoliu em seco. "Ótimo. Então, basicamente, vou enfrentar meus piores pesadelos."

Kael deu um leve sorriso, algo raro. "Exatamente."

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'Primeira Provação: O Labirinto das Sombras'

Ao entrar na arena, Arthur foi cercado por uma névoa densa. De repente, ele se viu sozinho em um labirinto de corredores escuros, onde ecos de passos seguiam cada movimento seu. Ele segurava a espada firmemente, tentando manter a calma enquanto avançava.

A primeira criatura que encontrou era um vulto, uma figura alta e magra, com olhos brilhantes e garras afiadas. Ela se movia com rapidez, mas Arthur, lembrando-se dos ensinamentos de Kael, manteve a espada baixa e esperou o ataque. No momento certo, desviou e contra-atacou, dissipando o vulto em uma explosão de poeira negra.

"Um de cada vez," murmurou para si mesmo.

Enquanto avançava, os desafios se tornavam mais complexos. Ele enfrentava não apenas monstros, mas ilusões de seus próprios medos – flashes de sua antiga vida, do vazio que sentia, da dúvida que o perseguia. Cada golpe que desferia parecia não apenas derrotar inimigos físicos, mas também suas próprias inseguranças.

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'O Retorno'

Quando Arthur emergiu da névoa, suado e exausto, o restante do grupo o esperava na entrada da arena. Lyra foi a primeira a sorrir.

"Bem, parece que ele sobreviveu."

Kael avaliou Arthur com olhos críticos. "Não foi perfeito, mas foi melhor do que eu esperava."

Arthur deu um sorriso cansado. "Obrigado... eu acho."

Elara aproximou-se, colocando uma mão em seu ombro. "Você está começando a entender, Arthur. Esta foi apenas a primeira de muitas provações, mas cada passo o torna mais forte."

Arthur olhou para a arena atrás de si, sentindo algo mudar dentro dele. Pela primeira vez desde que chegara a Myriath, ele sentia que talvez fosse possível – talvez ele pudesse realmente fazer a diferença.

O grupo retomou a jornada, com Arthur mais confiante, mas também mais consciente do peso de sua missão. Ele sabia que ainda tinha muito a aprender, e que os verdadeiros desafios ainda estavam por vir.

Mas, pela primeira vez, ele estava pronto para enfrentá-los.