A noite em Seireitei parecia mais escura que o normal. As estrelas brilhavam, mas a sensação de inquietude era palpável. O desaparecimento de Aizen Sousuke havia abalado a estrutura dos Gotei 13. Reuniões de emergência eram convocadas, e as divisões entravam em estado de alerta máximo. Keiyon Arks, observando o caos ao seu redor, manteve-se em silêncio, como sempre fazia. Ele sabia que era prudente observar antes de agir, mas algo dentro dele ardia com uma sensação de urgência.
Enquanto caminhava pelos corredores da quinta divisão, agora cheios de murmúrios e especulações, ele ouviu fragmentos de conversas entre seus colegas.
— É verdade... o capitão foi encontrado morto! — sussurrou um deles.
— Não faz sentido! Quem teria força suficiente para matar o capitão Aizen? — respondeu outro.
Keiyon franziu a testa. Ele sabia que Aizen era forte demais para ser derrotado de forma tão simples. Algo estava errado, profundamente errado.
Na manhã seguinte, Keiyon foi convocado para uma reunião geral da quinta divisão. O tenente Ichimaru Gin, agora temporariamente no comando, estava à frente, com seu sorriso habitual, tão perturbador quanto encantador. Ele parecia indiferente à situação, como se o desaparecimento de Aizen fosse apenas mais um detalhe em sua rotina.
— Meus queridos companheiros, — começou Gin, sua voz carregada de ironia. — Nosso amado capitão se foi, mas não temos tempo para lamentações. Temos um trabalho a fazer, e eu espero que todos vocês estejam à altura.
Keiyon permaneceu em silêncio, analisando cada palavra, cada gesto. Ele sabia que Gin estava envolvido de alguma forma, mas não tinha provas. O olhar penetrante de Gin pousou nele por um momento, como se desafiasse Keiyon a falar. Mas ele não deu ao tenente essa satisfação.
Quando a reunião terminou, mensageiros começaram a chegar de outras divisões. A presença de Ichigo Kurosaki e seus amigos já era de conhecimento geral, e a tensão aumentava. Alguns viam os humanos como uma ameaça; outros, como aliados em potencial. Keiyon, por outro lado, sentia que esses forasteiros eram apenas uma peça em um jogo muito maior.
Naquela noite, Keiyon decidiu voltar ao 69° distrito de Rukongai. Ele precisava clarear sua mente, e nada fazia isso melhor do que revisitar suas origens. Caminhando pelas ruas familiares, ele encontrou seu irmão mais novo, Yoann, sentado na frente de sua casa, olhando para o céu.
— Keiyon! — chamou Yoann, levantando-se rapidamente. — Você ouviu? Dizem que o capitão Aizen foi assassinado. Isso é verdade?
Keiyon hesitou. Ele sabia que Yoann e os outros irmãos sempre admiraram os Shinigamis, vendo-os como símbolos de ordem e justiça. A verdade sobre Aizen seria um golpe para eles.
— Não sabemos ao certo o que aconteceu, Yoann. Há muitas perguntas sem resposta.
Yoann o observou por um momento antes de assentir lentamente.
— Você vai descobrir, não vai? Você sempre descobre as coisas.
Keiyon sorriu de leve, tocando o ombro do irmão.
— Sempre.
Enquanto caminhava pelas ruas escuras, ele sentiu a familiaridade do distrito acalmá-lo. Mas, ao mesmo tempo, havia algo diferente no ar. A noite parecia carregada, como se uma tempestade estivesse se formando. Ele parou ao sentir um reiatsu desconhecido, sutil, mas ameaçador. A mão foi instintivamente para a empunhadura de Burado Tenshis.
De repente, uma figura emergiu das sombras. Era um homem alto, vestido com um manto negro que escondia sua face. Sua voz era grave e ressoava como um eco.
— Você é Keiyon Arks, da quinta divisão?
Keiyon estreitou os olhos, sua postura mudando para uma posição de combate.
— Quem está perguntando?
— Apenas um mensageiro, — disse o homem, erguendo as mãos. — Mas os dias de paz acabaram, Shinigami. Aqueles que se escondem atrás de máscaras logo revelarão suas verdadeiras faces.
Antes que Keiyon pudesse responder, o homem desapareceu em uma explosão de reiatsu, deixando apenas um fraco vestígio de sua presença. Keiyon permaneceu parado, refletindo sobre as palavras. Ele sabia que a traição de Aizen era apenas o início. Havia algo muito maior em jogo.
Ao retornar à Seireitei, Keiyon sentiu a necessidade de se isolar. Ele se dirigiu ao campo de treinamento onde costumava treinar sozinho. Desembainhando Burado Tenshis, ele a fincou no chão e se ajoelhou diante dela. A lâmina pulsava com uma energia intensa, quase como se estivesse tentando comunicar algo.
— Burado Tenshis, — murmurou ele. — O que você vê? O que está por vir?
A voz do espírito da Zanpakutou ressoou em sua mente, mais clara do que nunca.
— Keiyon, as correntes do destino estão se quebrando. A traição não é o fim, mas o começo de um caminho banhado em sangue. Você precisará carregar o peso de seus próprios anjos.
Keiyon fechou os olhos, sentindo o peso das palavras. Ele sabia que teria que despertar poderes que há muito tempo evitava usar. A guerra estava à porta, e ele não poderia se esconder por muito mais tempo.
O dia seguinte trouxe consigo novas ordens. Ichigo Kurosaki e seus amigos haviam invadido a Seireitei e estavam avançando. Keiyon foi designado para reforçar a defesa em uma das rotas de acesso. Enquanto se preparava para partir, sentiu novamente o peso do destino. Não era apenas sobre proteger a Soul Society; era sobre descobrir a verdade por trás da traição de Aizen e o papel que ele próprio teria que desempenhar no futuro.
Antes de partir, ele olhou para sua Zanpakutou, agora embainhada, e murmurou:
— Se este é o meu destino, que ele seja escrito em sangue.